Os cinemas de São José

O fim do Theatro São José e o início do Cine Paratodos e Cine Palácio

Os textos a seguir foram retirados do jornal Correio Joseense (1920-1967) que de 1939 a 1941 enfatizaram a importância do fechamento do antigo Theatro São José, atual Biblioteca Pública Cassiano Ricardo diante seu sucateamento e o risco da tuberculose e outras doenças. Também acompanharemos o processo de desenvolvimento do projeto do novo cinema, o Cine Paratodos, atual LojasMel. A coluna Beliscões tratava o assunto de maneira diferente dos artigos do jornal, sendo mais debochada e irônica em sua abordagem. Posteriormente foi inaugurado o Cine Palácio, mas que infelizmente em uma época que o jornal não apontava tanto a cultura no município. Para melhor entendimento a grafia foi adequada aos tempos atuais.

Os favores concedidos pela Prefeitura para a construção de um Cine Theatro

A Prefeitura Sanitária faz publicar neste número, o ato n.28 e o Edital de concorrência para a construção de um prédio para cinema. Muito louvável a deliberação da Prefeitura, que demonstra assim, o desejo de dotar a nossa cidade de um teatro a altura do nosso progresso e do aumento da população.

Entretanto, animados dos mesmos objetivos da Prefeitura, não podemos nos furtar em fazer alguns reparos sobre o assumpto que se nos afigura de grande importância.

Assim, de início, achamos que a Prefeitura pediu muito para conceder pouco. Uma obra nas condições da estabelecida no edital demanda, por certo, empate de grande capital, não sendo, talvez, exagero, prever que esse dispêndio atinja quantia superior a trezentos contos de reis. Nessas condições, entendemos ser por demais pequeno o favor da conceção de isenção de imposto predial por dez anos. É muito pouco para se auxiliar uma obra “monumental” e “imponente”, como a que se pretende. Tomando se por base, para argumentar, esse dispêndio, teremos que apreciar o valor dessa isenção nos dez anos, estabelecendo os juros do empate do capital a razão de 10 % ao ano. Argumentando com esses algarismos, diremos: o valor locativo do prédio será de $30.000.000, por exemplo, em dinheiro, e isenção de taxas de água e esgotos e demais impostos municipais, excluindo o imposto de selo, é porque este não pesa sobre o empresário, e sim sobre o público. O empresário é apenas o intermediário entre a Prefeitura e o público para o recebimento dessa contribuição. Portanto, não é justo que ela reverta em benefício do construtor ou do empresário.

Os demais impostos, sim, recaem diretamente sobre o que exploram esse comércio de diversões e, portanto, devem ser abolidos em proveito dos mesmos.

Formulamos, entretanto, os nossos melhores votos, para que vingue a iniciativa da Prefeitura, mesmo sem o concurso da nossa sugestão aqui expressa.

Correio Joseense, 09 de março de 1939, Ano XV, Num. 804

Que concede isenção de imposto predial sobre edifício que for construído especialmente para instalação de um Cine Teatro nesta cidade

O Engenheiro Francisco José Longo, Prefeito Sanitário da Estância Hidromineral e Climatérica de São José dos Campos, usando das atribuições que lhe são conferidas por lei, e considerando:

a) – que essa Estância necessita de um prédio amplo, moderno e confortável para cine teatro, dotado de todos os requisitos higiênicos,

b) – que essa necessidade se acentua cada vez mais, devido ao confortador aumento da população e ao consequente desenvolvimento da cidade;

c) – que as obras que apresentam aspeto imponente concorrem eficazmente para o embelezamento da cidade;

d) – que a Prefeitura deve amparar todas as realizações desta natureza.

RESOLVE:

Art. 1.0 – Fica a Prefeitura Sanitária de São José dos Campos autorizada a conceder isenção do imposto predial pelo prazo de dez anos sobre edifício que for construído na zona Comercial desta cidade, até 31 de Dezembro de 1939, especialmente destinado a instalação de CINE TEATRO, de bom acabamento, amplo, com todos os requisitos higiênicos, que comporte lotação mínima de 1.400 lugares, devendo ter caráter essencialmente monumental, oferecendo aspecto imponente que, aliado aos imperativos de utilidade concorra eficazmente para o embelezamento da cidade.

Art. 2.0 – A isenção de que cogita o artigo anterior contar-se-á da data da inauguração do estabelecimento.

Art. 3.0 – A Estancia abrirá concorrência pública para o fim de que cogita este ato, de cujo edital constarão as condições exigíveis para a apresentação das propostas.

Art. 4.0 – A Comissão encarregada pelo julgamento das propostas que será designada pelo Prefeito, constituir-se-á de um Engenheiro indicado pelo Departamento das Municipalidades, de um Engenheiro indicado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo e do Engenheiro da Prefeitura.

Art. 5.0 – O concorrente cuja proposta for aceita pela Prefeitura deverá requerer nos termos do Art. 2.0 deste Ato à Estância, a expedição da competente patente de isenção, mencionando nome do proprietário, número da transcrição título de propriedade, situação e características do imóvel.

Art. 6.0 – Pela expedição da patente de isenção de que trata o Artigo anterior o requerente pagará os emolumentos que ficam fixados em $500.000.

Art. 7.0 – Este ato entrará em vigor na data da sua publicação na data da sua publicação, “Ad-referendum” do Departamento das Municipalidades.

 Art. 8.0 – Revogam-se as disposições em contrário.

Registre-se, publique-se e cumpra-se.

Prefeitura Sanitária de São José dos Campos, em 27 de fevereiro de 1939, Francisco José Longo, Prefeito Sanitário. Αto Νo. 28

Correio Joseense, 09 de março de 1939, Ano XV, Num. 804

Edital de concorrência pública para a construção de um Cine-Teatro na zona comercial da cidade

O Engenheiro Francisco José Longo, Prefeito Sanitário da Estância Hidromineral e Climatérica de São José dos Campos, usando das atribuições que são conferidas por lei, DECLARA aberta a concorrência pública pelo prazo de 30 dias contados desta data para a apresentação de propostas para a construção de um edifício próprio para CINE-TEATRO na zona Comercial desta cidade de São José dos Campos.

Os interessados deverão entregar na Secretaria da Prefeitura desta cidade até as 13 horas do dia 29 de março do corrente ano, as suas propostas em envelopes fechados e lacrados em que se declare o seu conteúdo.

As propostas para serem tomadas em consideração deverão:

a) ser datilografadas em vernáculo, sem rasuras ou emendas, com as firmas reconhecidas por notário público;

b) declarar expressamente que são aceitas todas as condições impostas pela Prefeitura constante do Ato n.o 28 desta data, e do presente edital, mencionando o prazo de início e de conclusão das obras;

c) vir acompanhadas:

1) da planta da construção em escala de 1:100 (3 vias);

2) do respetivo memorial descritivo (3 vias);

3) da planta da situação do imóvel (3 vias);

4) seções longitudinais e transversais 1:50 (3 vias);

5) planta da fachada em escala 1:50 (3 vias);

6) uma perspectiva exterior cônica (3 vias);

7) especificação circunstanciada dos materiais;

8) orçamento da construção;

9) de minuta do respetivo contrato.

d) O concorrente deverá ainda declarar expressamente que se incumbirá da fiscalização da obra, profissional legalmente habilitado.

Fica estipulada em $2.000.000 a caução que os proponentes deverão prestar na Tesouraria da Prefeitura no momento de fazer a entrega de suas propostas, em dinheiro de contado, cheque visado ou títulos da dívida pública Federal, Estadual ou do Município.

A caução do concorrente cuja proposta for aceita ficará retida na Prefeitura até a conclusão das obras e as dos demais serão, imediatamente após o julgamento das propostas, restituídas.

Caso o concorrente cuja proposta for aceita pela Prefeitura se recusar a assinar o respetivo contrato perderá a sua caução em benefício do erário público municipal.

No dia 31, as 14 horas, no Gabinete do Prefeito Sanitário, na presença deste ou de quem suas vezes fizer, de dois funcionários da Prefeitura designados no momento e dos concorrentes que queiram comparecer, serão abertas as propostas apresentadas, lavrando-se, em seguida, o respetivo termo legal. Os concorrentes serão convidados a rubricar com o Prefeito as propostas referidas.

As exigências mínimas que deverá conter o prédio são as constantes do Art. 1.0 do Ato 28.

A comissão que se encarregará do estudo e julgamento das propostas tomará em considerações, especialmente, os seguintes elementos, além dos outros que lhe ficam afetos:

Estética e valor Arquitetônico do Prédio

Localização

Valor da construção.

A Prefeitura se reserva o direito de não aceitar a proposta que apresente maior valor bem como o de recusar todas as que forem apresentadas, anulando a presente concorrência.

São José dos Campos, 27 de fevereiro de 1939.
Francisco José Longo, Prefeito Sanitário

O problema da tuberculose e o cinema local

Agora que a nossa terra vai entrar em uma fase de propaganda educativa preventiva e científica, no que diz respeito ao problema da tuberculose, não seria lícito que nos mantivéssemos silenciosos em face de fatos e coisas que atentam contra a saúde pública.

Neste caso incluímos o prédio onde funciona o cinema local, de propriedade da Prefeitura, por ser, pelas suas péssimas condições de conforto e higiene um dos maiores e mais perigosos focos de disseminação da tuberculose.

Prédio de construção antiga, sem ar e sem luz, está fatalmente condenado pela voz da razão e do bom senso.

No entretanto, por uma condescendência inexplicável, aquela casa de diversões vem funcionando livremente, sem o menor incomodo por parte das autoridades competentes, com graves e incalculáveis perigos à saúde pública, sabido como é, frequentarem aquele local centenas de doentes na mais perniciosa promiscuidade com o público que fica por espaço de horas inteiras respirando, dentro de um ambiente precário, um ar viciado e impregnado de toda espécie de bacilos.

Um estabelecimento daquela natureza necessita de ar renovado, de luz e de ventilação, para afastar os perigos que acima apontamos.

E, uma vez que se vai entrar num período de renovação de costumes higiênicos, para o bem da população sadia, é justo, é lógico e é humano que se dê começo a luta contra o perigo da tuberculose, iniciando-se as providencias por aquele próprio municipal.

 Correio Joseense, 22 de junho de 1939, Ano XV, Num. 815

O fechamento do cinema local

Ao que estamos informados, o Centro de Saúde, por seu médico chefe Dr. Raul Flórido, adotou a única medida que o bom senso indica para se remover um dos maiores focos de transmissão da tuberculose com o fechamento imposto ao Theatro São José, cujas condições de higiene são precaríssimas, e daí os perigos inevitáveis para a coletividade.

O Centro de Saúde que se empenha num movimento de educação sanitária visando o bem da população local, não poderia iniciar os seus trabalhos, deixando de lado em franco funcionamento aquela casa de diversões que prima pela mais completa falta de asseio, situação esta agravada pelas condições de construção do prédio que não oferece o menor conforto ao público. Prédio de construção antiga, antiga, não tem luz direta, ambiente impregnado pela impossibilidade de renovação de ar, torna-se evidentemente nocivo á saúde pública.

Ademais, se medidas como essa não forem postas em prática, jamais teremos uma casa de diversões a altura do nosso progresso e do nosso desenvolvimento. Assim, a medida exigida pelo Centro de Saúde tem ainda um outro mérito, qual seja o concorrer para que se dê a nossa terra uma casa de diversões em estilo moderno e confortável sob todos os pontos de vista, porquanto os interessados se movimentarão para a realização desse empreendimento, uma vez fechado o Theatro.

Enquanto predominar, como até aqui tem sido feito, o espirito de tolerância de transigência e mesmo de protecionismo, nenhuma medida séria será adotada para a reforma daquele próprio municipal ou para a construção, em outro local, de um prédio próprio para cinema e diversões congêneres.

Correio Joseense, 03 de agosto de 1939, Ano XV, Num. 819

A Cortina do Theatro

Depois de três anos, e nas vésperas do fechamento cinema, a Empresa do Theatro São José fez o “supremo sacrifício” de mandar substituir a cortina que “embelezava” a entrada daquela casa de diversões.

O acontecimento é tão notável, que não podemos nos furtar ao prazer de notificar o “grande melhoramento” que ali acaba de ser introduzido.

Pena foi a Empresa não ter promovido uma grande festa para dar ao facto o realce merecido…

Também a cortina retirada estava caindo aos pedaços!

 Correio Joseense, Beliscões, 19 de outubro de 1939, Ano XV, Num. 828

Ventiladores do Theatro

Mais um notável acontecimento se constatará por estes dias, no Theatro São José, pois informam-nos que a Empresa “sempre desejosa de bem servir ao público, vai substituir os pedaços dos ventiladores que estão dependurados nas clássicas colunas do recinto do Theatro por outros… pedaços que devem vir de Jacareí. Não se poderá negar que seja uma melhoria, porquanto os “restos” e as “sobras” do cinema daquela localidade sempre estão em melhores condições que o material existente no cinema local.

Aliás, a Empresa pensou muito bem em substituir os aparelhos de ventilação, notadamente nesta época de grande calor. É verdade que tais aparelhos naquela casa de diversão são “quase dispensáveis”, dada a farta ventilação que entra pela porta da frente nas costas do paciente espectador e, não raro sapeca-lhe um resfriado daqueles…

E, dizer-se que o cinema vai fechar, após “tantos” e “consideráveis melhoramentos” que estão sendo ali introduzidos!

Ontem, as cortinas, amanhã os ventiladores e, depois, as pulgas. Que pena!

Correio Joseense, Beliscões, 29 de outubro de 1939 – Ano XV, Num. 829

E a banda de música tocou… no Theatro São José dos Campos

Sábado da semana passada registrou-se no Theatro São José o maior acontecimento deste ano: foi lavado o seu recinto! Parece à primeira vista que esse facto é por demais curial, não merecendo nenhum registro e muito menos a importância de que se revestiu, não faltando a banda de música para dar ao ato, o “merecido destaque”.

Passávamos despreocupadamente por aquele local, quando tivemos a nossa atenção despertada pelo taratachim, taratachim da banda de música que estacionava a porta do cinema. porta do cinema. Em seu redor, grande massa popular contemplava o grande e inédito acontecimento. Indagamos a razão da presença da banda de música e de tanta gente ali, e fomos informados de que o Theatro São José estava sendo lavado! Obtemperamos que esse corriqueiro fato não merecia tanto alarde, pois qualquer “frege mosca” é lavado semanalmente e ninguém dá por isso. Mas é que o Theatro este ano ainda não foi lavado nenhuma vez, atalhou o nosso interlocutor, daí a razão de tanta festança.

Para maior “brilho” da festança, não faltou o foguetório, o que achamos esquisito e nos causou a maior surpresa. Entretanto, fomos ainda mais uma vez satisfeitos em a nossa curiosidade por outro espectador: o foguetório é para espantar as pulgas, os ratos, as baratas e os morcegos que transformaram aquele recinto em linha “Marginot” e se entrincheiraram de tal maneira que, uma simples lavagem não os desalojam da “inexpugnável” trincheira.

Diante das explicações convincentes, demo-nos por satisfeitos ao assinalarmos o ocorrido, felicitamos a “esforçada” Empresa pelo seu, aliás, “reconhecido interesse” em beneficiar o público.”

Correio Joseense, Beliscões, 05 de novembro de 1939, Ano XV, Num. 830

Beliscões… (1)

Como é do conhecimento público, notadamente dos “habituais” do cinema local, a Empresa que o explora tem se mostrado “incansável” no sentido de dotar aquela casa de diversões dos mais “modernos e eficientes melhoramentos, visando e isto é o mais belo e unicamente o conforto e bem estar do público”.

Primeiro, mandou substituir a cortina verde da porta de entrada, que por sinal estava caindo aos pedaços e já não tinha, em verdade, mais cor, tal o grau de sujeira que a havia atingido. Depois, o projeto de substituir os pedaços dos ventiladores, por outros pedaços, é verdade…, mas que se recomendam por serem os restos do cinema de Jacareí. Prosseguindo na sua “formidável e útil reforma”, mandou lavar o salão térreo com água sem sabão e sem creolina para não espantar as pulgas e os demais animaizinhos inofensivos que ali repousam e, a noite, completam o espetáculo mordendo os espectadores.

O galinheiro e o balcão, por enquanto, não foi possível serem beneficiados com uma “aguinha”, a não ser aquela que certos espectadores ali despejam nas horas de espetáculo, para refrescar a cabeça do espectador cá de baixo.

E, prosseguindo nos serviços de “reformas”, a Empresa acaba de colocar ali uma centena de poltronas “moderníssimas” e “novas”, adquiridas, segundo a abalizada opinião do Corneta, da grande fabrica “Santo Ângelo” do Estado da Conchinchina.

Atendendo a “reconhecida boa vontade” e aos “relevantes melhoramentos” que a Empresa vem executando naquela casa de diversões, é justo, justíssimo mesmo, que não mais se feche o Theatro.

Tanto é justo que, segundo informações fidedignas, vae se constituir uma comissão para homenagear o Empresário e solicitar de quem de direito um título honorifico de cidadão sãojoséense para s.s.

Correio Joseense, Beliscões, 19 de novembro de 1939, Ano XV, Num. 832

Beliscões… (2)

Muito de proposito, quando noticiamos as “formidáveis” e “gigantescas” reformas porque tem passado o cinema local, não incluímos no seu jardim zoológico o bacilo de koch que ali estabeleceu seu quartel general, aproveitando- se dos ventiladores, da impermeabilização do solo, das amplas janelas que dão para as ruas e do processo ultra-moderno de luz direta que a Empresa ali introduziu e do qual tirou patente!

Essa bicharada, que é julgada inofensiva, merece um capítulo todo especial. É que ela ali está para prevenir males maiores, sabido como é ser a mesma uma necessidade para a coletividade ainda virgem das suas mordeduras nos pulmões. Quando aquele invisível e “útil” bichinho ataca o paciente pela primeira vez e este resiste, ipso factum in totum, está imunizado! De sorte que o cinema local é uma espécie de incubadora e o público representa, muito respeitosamente o dizemos, o papel de cobaia.

As experiencias vêm sendo feitas com o maior cuidado pelos técnicos especializados na matéria, e, ao que parece, os seus resultados têm sido surpreendentes, motivo pelo qual não se quer importunar tais bichinhos.

É sabido que esses bichinhos gostam de pó, e por isso, a Empresa que tem demonstrado o “maior interesse pela saúde pública”, colocando os seus em plano secundário, quando mandam varrer o recinto recomenda aos seus serviçais o máximo cuidado: – tirem o pó do chão e coloquem-no nas cadeiras, porque dessa maneira os espectadores levam-no nas respectivas indumentarias, como si estas fossem espanadores… Mas, em todo o caso, os bichinhos não são sacrificados! Já é ter coração, não há negar. Que vão os dedos e fiquem os anéis…

Solidários que temos sido com todas as “boas iniciativas” da Empresa, não poderíamos deixar de manifestar a nossa inteira e irrestrita solidariedade a esse gesto altamente “nobilitante e humanitário”, com o qual se procura conservar vivos, e bem vivinhos, esse inocentinhos bacilinhos que os modernos mestres de tisiologia condenam.

Correio Joseense, Beliscões, 26 de novembro de 1939, Ano XV, Num. 833

Beliscões… (3)

Já passamos em revista todas as belezas que caracterizam o cinema local e fazem-no, talvez, o melhor do mundo!

Em matéria de higiene, de conforto, de pulgas e outras coisas mais, incontestavelmente o Theatro São José supera todas as casas de diversões da zona e, talvez do Brasil. Eis Porque, não nos cansaremos de apregoar e difundir o mais possível o que a nossa terra possui de melhor e faz com que o seu nome e a sua fama atinjam os mais longínquos países do planeta, notadamente, Buquirinha, Pau de Saia, Cabeça de Boi e tantos outros lugares cultos e adiantados que fazem inveja a nossa São José dos Campos. E tão certa está a Empresa de cinema local do grau de adiantamento e prosperidade desses grandes países, foi se inspirar para nos dar essa preciosidade, que está armada em nossa via pública principal – Rua XV de Novembro, como que para provocar o despeito de tantos colecionadores de coisas raras. Houve mesmo um apaixonado de objetos e coisas raras e históricas que chegou a estudar a possibilidade de transportar daqui tal qual como se encontra, o prédio, os inigualáveis aparelhos de projeção e falante, os ventiladores, as pulgas e aqueles bichinhos que fazem a fama de nossa terra.

Mas chegou à conclusão que era impossível e, por isso, desistiu de tamanha empreitada, privando-se de enriquecer o seu famoso museu.

Na impossibilidade de levar avante tão grotesco projeto, o homem das coisas raras vai tentar adquirir pelo menos as poltronas do cinema de Jacareí que forma jogadas para o público que frequenta o cinema local, não podendo levar o Máximo leva o mínimo…

Correio Joseense, Beliscões, 03 de dezembro de 1939, Ano XV, Num. 834

Beliscões… (4)

Banana da Terra, foi o filme que alcançou no cinema local, o maior sucesso deste ano. A galeria e mesmo a plateia, ficaram tão entusiasmadas com as bananas que lhes deu o máximo ensejo de apreciar os notáveis artistas nacionais, os mestres dos sambas e das canções brasileiras, através de una exibição perfeita, edificante mesmo. O entusiasmo foi tão grande e eletrizante, que a assistência prorrompeu em vivos aplausos e gritos ensurdecedores acompanhados dos indispensáveis e clássicos assobios, não faltando bate pé para completar e determinar o auge de alegria e de expansão que predominaram aquela modelar casa de diversões. O filme não tinha letreiro que muito contribuiu para pôr em relevo as qualidades particulares dos artistas que, sendo brasileiros deviam cantar em brasileiro. Mas não cantaram, e aí é que está o maior mérito do filme, aliás, o valor do ultra moderno aparelho alto falante que tem o privilégio de inverter a linguagem dos artistas para uma língua desconhecida! E que eles cantaram para além túmulo com certeza.

Além da “nitidez” da projeção e da suavidade melódica” das vozes, das letras e das músicas, que ninguém entendeu, o filme era frequentemente cortado: Muita gente achou esquisito esse fato que se tornou “inédito”. Entretanto, como tudo tem a sua explicação, essa “interessante” particularidade também tem a sua. Diz-se, por exemplo, que esse filme foi passado aos pedaços, para não dar tempo aos namorados de se entusiasmarem no escuro, com a música, a letra e os requebrados de Aurora Miranda e que provocavam constantes cala frios… O fato é que Almirante, Orlando Silva, Aurora Miranda, Dircinha Baptista, Carlos Galhardo e tantos outros astros da tela e do rádio, cantaram em língua que eles desconhecem porquanto, monumental e moderníssimo aparelho do cine local tomado de espíritos desconhecidos falando em língua desconhecida. E como não houvesse ali um medium para fazer a tradução, o público ficou na mesma.
Terminado espetáculo, indagamos de um assistente qual sua impressão sobre o filme. Este respondeu-nos em matéria de coisa ordinária, “nunca vi coisa melhor!”. No dia seguinte, a pedido dos espíritos; o filme foi reprisado com o mesmo sucesso, ficando o público cheio das “bananas da terra”, e a Empresa com os cobres…

Correio Joseense, Beliscões, 10 de dezembro de 1939, Ano XV, Num. 835

O Cinema Local

Quando esteve à frente do Centro de Saúde o Dr. Carlos Vieira de Moraes, esta autoridade levando em conta as péssimas condições de higiene e de conforto do Theatro São José, onde funciona o cinema local, achou por bem conceder um prazo para o fechamento daquela casa de diversões, única solução que lhe parecia compatível com os verdadeiros interesses da saúde pública.

Antes, porém, de espirar o prazo que havia concedido, foi transferido para a capital do Estado, assumindo a direção do Centro o Dr. Raul Ribeiro Flórido que, constatando a procedência dos motivos que haviam levado o seu e antecessor a adoptar aquela medida extrema, mas acertadíssima, apoiou-a e sustentou-a, embora tivesse concedido vários prazos que lhe foram requeridos pelo Empresário interessado no funcionamento do cinema, por uma questão, já sê vê, de interesse próprio.

Finalmente, em meados do mês findo o Dr. Medico Chefe do Centro de Saúde mantendo ainda o seu ponto de vista em relação a precariedade das condições de higiene do prédio, se comunicou com a autoridade policial, solicitando desta a sua atenção no sentido de NÃO FORNECER ALVARÁ para o funcionamento do cinema a partir de 1.o de janeiro de 1940. A autoridade policial, por sua vez, atendendo ao ofício da autoridade sanitária, deu ciência a Empresa de que não mais lhe CONCEDERIA ALVARÁ para funcionar aquela casa de diversões.

Zombando de tudo, e tão certo estava de que com o seu apregoado “prestigio”, todas aquelas medidas ficariam reduzidas a zero, o Empresário do cinema não lhes deu a menor atenção. Tanto assim, que em seus programas distribuídos de 24 a 30 de dezembro, ele anunciava para o dia 1.o DE JANEIRO UMA SURPRESA para os frequentadores do cinema. Se a Empresa não estivesse convencida da inutilidade das “investidas” do Centro de Saúde, por certo não teria procedido dessa forma. E, é de notar-se que por essa ocasião ela já havia sido notificada pela polícia de que a partir de 1.o de janeiro não poderia funcionar!

Afinal, chega o dia 1.o de janeiro e, em verdade, o cinema conservou-se fechado, tendo muita gente acreditando nas medidas enunciadas pelo Centro de Saúde. Entretanto, no dia 2, o aspecto da questão mudava inteiramente. O Centro de Saúde que vem se mostrando tão exigente para assuntos que deveria ter até a sua colaboração, contenta-se em que o Theatro seja tão somente pintado para poder funcionar!

Se era essa a única coisa de que necessitava o Theatro, porque se fez tanto barulho em torno de um caso que seria, nessa hipótese, de uma futilidade digna do mais profundo silêncio.

Era bastante uma intimação ao Empresário, e o assunto teria ficado resolvido, como ficou, sem alarde e sem barulho.

Finalmente o ilustre Dr. Prefeito Sanitário solucionou o caso com acerto e justiça, dentro dos termos legas das leis que regem o assumpto: – Concedeu 90 dias de prazo para o fechamento do cinema, e determinou fosse feita ao Empresário, sr. Albano Máximo, a competente notificação judicial para o mesmo desocupar o prédio dentro daquele prazo.

 Correio Joseense, 07 de janeiro de 1940, Ano XVI, Num. 837

Beliscões… (5)

Quia! Quia! Quia! Quia!

A reforma do Theatro… Quia! Quia! Quia!

A reabertura do Theatro… Quia! Quia! Quia!

Uma simples e rala caiação… Quia! Quia! Quia!

E o cinema funcionou… Quia! Quia! Quia!

E as pulgas estavam famintas… Quia! Quia! Quia!

E os expectadores foram quase devorados… Quia! Quia! Quia!

Os morcegos protestaram… Quia! Quia! Quia!

As baratas se lamberam o os bacilos de koch também… Quia! Quia! Quia!

E a função continua… Quia! Quia! Quia!

Hoje tem marmelada… Quia! Quia! Quia!

Também tem goiabada… Quia! Quia! Quia!

A bicharada tá lá dentro… Quia! Quia! Quia!

Esperando a rapaziada… Quia! Quia! Quia!

Correio Joseense, Beliscões, 14 de janeiro de 1940, Ano XVI, Num. 838

Novo Cinema

Está em exposição em um estabelecimento comercial da rua XV de Novembro, um desenho colorido que se pode denominar de perspectiva da fachada do cinema que o sr. Joaquim de Alvarenga pretende construir nesta cidade, segundo é voz corrente. Aliás, também ao que nos consta, aquele senhor já adquiriu o terreno para a localização do prédio, dependendo o início das obras de se completarem alguns detalhes.

O desenho em apreço, conquanto não demonstre tratar-se de uma obra monumental, ao que parece, satisfaz plenamente, pelo menos no seu aspecto externo. E, se assim nos referimos, é porque desconhecemos a planta do edifício a ser construído, não podendo, portanto, imitir ou precipitar comentários, o que nos reservamos para oportunidade melhor.

O certo é que, atendendo as exigências da Prefeitura e a boa vontade do sr. Alvarenga é de presumir-se que a nossa terra vae ser dotada, finalmente, de um cinema à altura do seu progresso e do seu adiantamento.

Nós que vimos nos batendo pelo fechamento do atual cinema, não só pelo rebaixamento que nos coloca aos olhos de todos quantos nos visitam, mas também pelas suas péssimas condições de higiene e de conforto, para não se falar nas suas instalações e nos seus aparelhos que são de uma inferioridade ofensiva, sentimo-nos muito à vontade para elogiar a iniciativa do sr. Joaquim de Alvarenga, a quem São José dos Campos ficará devendo um melhoramento de grande envergadura e com o qual se integrará a nossa terra dentre as que possuem um cinema condigno, sob todos os aspectos.

Correio Joseense, 21 de janeiro de 1940, Ano XVI, Num. 839

Centro de Saúde Requerimentos despachados

Albano Máximo; concedo, a título precário, o prazo de noventa dias a contar de cinco do corrente. Findo esse prazo o interessado deverá interromper o funcionamento, sem mais aviso, sob pena de multa, além de outras penalidades previstas pela legislação em vigor;81940.

Correio Joseense, Beliscões, 21 de janeiro de 1940, Ano XVI, Num. 839

Beliscões… (6)

Há muito tempo que vimos implicando com o sistema adoptado pela Empresa do cinema, no que se refere aos preços das localidades nos dias destinados a “soirée das moças”. Em toda a parte, principalmente nos cinemas da capital, nos dias destinados as “soirées das moças”, as respectivas empresas reduzem de 50% o preço habitual para as senhoras e senhorinhas e mentem os preços normais para cavalheiros, demonstrando com isso o desejo efetivo de favorecer as damas a atraí-las às sóirèes que lhes são dedicadas. Os marmanjos “gemem” nos preços habituais e só levam a vantagem de estarem frente ao maior número do elemento feminino.

Aqui, como tudo é diferente, a Empresa mantém para as damas os preços de todos os dias, $1.500, e eleva para o preço de entrada para o sexo forte! Talvez a razão do sexo tenha influído no critério da Empresa. Quem é forte paga mais, quem é fraco paga a mesma coisa que nos dias normais!

De sorte que as “soirées das moças”, torna-se um ótimo pretexto para a elevação dos preços para os “marmanjos” para terem o máximo prazer, não de assistir aos filmes, mas contemplarem os rostinhos formosos das suas eleitas… Mas, acontece que muita gente já foi “eleita” e tem que espernear nos “doizão” que é o “mínimo” estabelecido pela “despretensiosa” empresa que visa, tão somente, com esses espetáculos beneficiar o belo sexo!

Muito bem! Apoiado! Bis!”

Correio Joseense, Beliscões, 28 de janeiro de 1940, Ano XVI, Num. 840

O fechamento do Cinema. Enquanto funcionar o atual, ninguém se aventurará a construir outro

Estamos a vinte dias da data fixada pela Prefeitura, e a 17 dias da data imposta pelo Centro de Saúde para o fechamento do Theatro São José, em consequência das suas péssimas condições de higiene e da mais completa e absoluta falta de conforto para os que fazem o supremo sacrifício de frequentar aquela casa de diversões.

Medida que se impunha há muito, vinha sendo protelada em consequência dos reiterados pedidos de adiamento por parte da Empresa que sempre arranja uma desculpa e uns protestos para justificar a sua choramingação aos poderes competentes, o que contribuiu para que essa situação se prolongasse por mais de um ano!

É de convir, entretanto, que o único culpado por essa situação, é o próprio Empresário, porquanto, durante os quatro longos anos que o seu cinema ali funciona, nunca teve a menor preocupação em introduzir alguns melhoramentos, por pequenos que fossem, numa demonstração de atenção para com o público. Se não podia reformar o prédio, porque este não lhe pertencia, poderia ao menos mandar lavar o aquele recinto ao menos uma vez por semana; poderia ter substituído aquelas cadeiras furadas e quebradas que oferecem aquela casa de diversões um aspecto vergonhoso e deprimente para uma cidade culta; poderia ter colocado no interior da plateia alguns ventiladores que suavisassem a situação do público nos dias quentes; poderia ter mandado substituir aqueles pano e quadro de projeção que estão imundos; poderia ter melhorado os aparelhos de projeção e o alto falante de maneira que se pudesse ouvir e entender em filme falado em português; poderia mandar colocar no soalho, todos os dias, ou pelo menos duas vezes por semana, um pouco de creolina para espantar as pulgas e outros nocivos bichos que ali se criam; poderia ali manter, como já houve em outros tempos, uma sala de espera decente. Mas nada disso fez a Empresa, numa demonstração eloquente e irretorquível de desprezo para com o público de São José dos Campos.

Apenas, quatro anos depois, o que até parece mentira a Empresa substituiu a cortina de entrada do recinto, e isto mesmo porque estava caindo aos pedaços e não tinha mais cor, tal o grau de sujeira que a havia atingido, e mandou – pasmem os nossos leitores – lavar o teatro uma única vez! Eis tudo quanto a Empresa fez em favor da saúde pública! Este menosprezo chega a tocar as raias do desaforo, não há dúvida!

E mais: quando o sr. Albano Máximo adquiriu o cinema, prometeu introduzir ali melhoramentos dignos na nossa plateia e do nosso público, mas não cumpriu com a promessa. O que se fez, foi comprar para o seu cinema de Jacareí aparelhos novos, transferindo os velhos aparelhos que ali funcionavam para o cinema local, e, ainda nos ludibriou dizendo que tais aparelhos eram novos, e nós que não conhecíamos a sua força chegamos a acreditar, noticiando o fato!

Em Jacareí ou em outra localidade qualquer a Empresa não teria procedido dessa forma, porque a população teria reagido a altura. Aqui, e isto é por demais entristecedor, promove-se um abaixo assinado em favor da Empresa para que esta continue funcionando! Consola-nos, entretanto, o fato altamente significativo de se constatarem inúmeras recusas ás pretensões da Empresa que, mais uma vez, por intermédio de pessoas cheias de boa fé, assinam o documento mais em atenção a pessoa que pede, do que propriamente visando o fim ali estabelecido. E esta referência nós a ouvimos de várias pessoas que firmaram o abaixo assinado que será entregue ao ilustre Dr. Prefeito Sanitário.

E agora que ventilamos o assunto em todos os seus pormenores, aguardamos o desenrolar dos acontecimentos, certos de que o ilustre Dr. Prefeito Sanitário, cuja atuação foi decisiva quando mandou notificar a Empresa para desocupar o prédio dentro de noventa dias, não voltará atrás e manterá a sua decisão, não só na defesa do prestigio da sua autoridade, mas também como um desagravo ao menosprezo que a Empresa devotou a nossa cidade e a nossa população durante esses quatro anos decorridos.

Correio Joseense, 17 de março de 1940, Ano XVI, Num. 844

O Fechamento do Cinema

Ao que estamos informados, o Dr. Raul Ribeiro Flórido, medico chefe do Centro de Saúde local, oficiou ao Dr. Delegado de Polícia solicitando o não fornecimento a partir do dia 8, de alvará para o funcionamento do cinema local. Precisamente nessa data, vence o prazo estabelecido pela Prefeitura para o fechamento daquela casa de diversões e consequente entrega do prédio que é de sua propriedade.

Tudo indica, pois, que desta vez, teremos fechado o maior e mais pernicioso foco de transmissão de moléstias contagiosa existente nesta cidade.

E, podem estar certas as autoridades, que essa decisão tem o apoio quase que unanime da população, com excepção, já vê, de algumas pessoas que veem no fechamento daquela casa de diversões prejudicados os seus interesses particulares.

Correio Joseense, 07 de abril de 1940, Ano XVI, Num. 840

O fechamento do Cinema

Conforme anunciamos em detalhada notícia, a Prefeitura Sanitária notificou a empresa do Theatro São José para, no prazo de noventa dias, desocupar o prédio, não só porque ela necessita do mesmo para as suas instalações, mas principalmente em virtude das suas péssimas condições de conforto e de higiene, e ainda porque, construído há quase trinta anos não mais se adaptava ao nosso meio.

De início, conforme é do conhecimento público, aplaudimos sem reservas o ato do ilustre Dr. Prefeito Sanitário, porquanto entendíamos, como entendemos, não ser possível, sobre nenhum pretexto, a continuação do funcionamento daquela casa de diversões que se transformou em um foco perigoso de transmissão de moléstias contagiosas, não só pelas condições do prédio, mas também pelo descaso da Empresa que timbrava por manter em alto grau de sujeira todas as dependências do cinema.

Ora, uma situação destas não poderia continuar e, mister se tornava uma atitude enérgica e desassombrada para resolve-la. E, essa atitude, teve-a o ilustre Dr. Francisco José Longo, prefeito sanitário, que bem pesando a responsabilidade de seu elevado cargo e desprezando as insinuações e abaixo assinados, determinou o fechamento do cinema local que, ao invés de ser uma casa de diversões, era antes uma incubadora de micróbios de toda a natureza, com o infernal pulgueiro ali criado e tratado com tanto carinho pelos encarregados da “limpeza” da casa.

Estamos, pois, diante de um fato consumado e, não seria justo que o dissemos por encerrado sem positivar a atitude do ilustre Dr. Prefeito Sanitário e ao mesmo tempo felicita-lo pela sua acertada deliberação. É o que vimos de fazer, com os nossos melhores e calorosos aplausos.

 Correio Joseense, 14 de abril de 1940, Ano XVI, Num. 847

O Novo Cinema

É com especial prazer que registramos o início da construção do prédio destinado ao novo cinema, cuja iniciativa se deve ao sr. Joaquim de Alvarenga. A nova casa de diversões, segundo a planta que se acha exposta em uma vitrina de uma casa comercial da rua 15 de Novembro, oferece aspecto moderno e obedece aos mais rigorosos princípios de higiene e de conforto exigíveis para as casas de diversões, além de dispor de uma capacidade compatível com o desenvolvimento e progresso de nossa terra.

Assim, dentro de alguns meses, estaremos em condições idênticas às mais prosperas e adiantadas cidades desta zona que possuem suas casas de diversões modernas e higiênicas.

E, não seria mesmo justo que a nossa terra se mantivesse naquela rotina, sustentando uma casa de diversões que era antes de mais nada um centro pernicioso de transmissão de moléstias contagiosas e que primava pelo desasseio.

Um pouco de espera e um pouco de sacrifício serão compensados dentro em breve com a instalação de uma casa de diversões à altura do nosso meio.

Nós que fizemos cerrada oposição ao funcionamento do cinema do Theatro São José, estamos muito à vontade para aplaudir, como aplaudimos, a iniciativa do sr. Joaquim de Alvarenga, que se tornará credor da nossa admiração e da estima do nosso povo pelo inestimável serviço que prestará a São José dos Campos.

Correio Joseense, 26 de maio de 1940, Ano XVI, Num. 851

A Prefeitura vai ser instalada no prédio da Theatro

São José dos Campos, pelo seu crescente desenvolvimento, e ainda pela condição especial de estancia oficializada, estava de há muito tempo requerendo para a sua administração um prédio a altura das suas necessidades, o que não poderia ser feito em face dos grandes dispêndios que teriam de ser feitos para se obter um próprio condigno e confortável.

Com o fechamento do Theatro São José, a Prefeitura achou oportuno reformá-lo para as suas instalações, dando início as obras de acordo com a planta que tem elaborado. Pela reforma, o referido próprio municipal ficará inteiramente modificado na sua parte interna, ficando provido de amplas salas e salões para todos os misteres. Ao que estamos informados, na parte superior ficarão instalados o gabinete do sr. Prefeito, a sala do secretário e a secção de contabilidade, e na parte baixa, as secções arrecadadoras inclusive a coletoria estadual.

Como se vê, a transformação será radical e satisfaz plenamente o objetivo. Além disso, não se pode negar ser o prédio do antigo Theatro, na sua parte externa, de aspecto agradável e estar situado no melhor ponto da cidade. Por tudo isso, a iniciativa do sr. Prefeito só merece os melhores encômios. Resta, tão somente, que as obras sejam atacadas com o máximo rigor para que tenhamos no mais curto prazo possível realizado esse importante e útil melhoramento.

Correio Joseense, 14 de julho de 1940, Ano XVI, Num. 854

Surto de Progresso

É com particular satisfação que registramos o novo surto de progresso que vem se verificando em nossa terra, nestes últimos meses, como um reflexo da nossa prosperidade em todos os ramos de atividade.

A construção do edifício destinado ao cinema, por exemplo, não só reparará uma lacuna, em virtude de não possuirmos uma casa de diversões, mas irá contribuir para por em relevo a nossa capacidade artística e cultural, pois que em uma cidade rotineira ninguém se aventuraria a erigir um prédio do vulto do que se está construindo para o cinema local.

O prédio também em construção, da veterana Associação Esportiva São José, será outro fator a atestar o nosso adiantamento esportivo e social, de vez que na sede daquela entidade, registraram-se os mais notáveis acontecimentos esportivos, culturais e recreativos. Prédio confortável, dispondo de amplos salões para o recreio festivo de seus associados, será um dos mais belos ornamentos arquitetônicos da nossa principal artéria.

A Prefeitura por seu turno, empenha-se em levar a bom termo o seu gigantesco projeto de transformar a Rua São José em uma ampla avenida, tendo, para isso, desapropriado um elevado número de prédios localizados no lado par daquela via pública. Realizado esse projeto de largas proporções, a nossa terra possuirá um logradouro público que fará inveja ás mais adiantadas cidade de nosso Estado, quiçá do Brasil. E isto, pela situação excepcional do planalto que serve de base a nossa cidade.

Em paralelo prossegue o serviço de abastecimento de água à cidade, o qual, uma vez concluído, diante das perspectivas, induz-nos a afirmar que será um dos melhores, não só pelo apreciável volume do liquido como pelas disposições técnicas de todo o seu aparelhamento, desde a captação até a filtragem e preparo para a distribuição.

Ainda por iniciativa da Prefeitura, o antigo prédio do Theatro está passando por uma radical transformação para ser aproveitado para a instalação de todas as dependências e secções da Prefeitura. Concluídas as obras deste próprio municipal, terá a nossa terra, sem exagero, um prédio digno de sua tradição de cidade progressista.

Além desses grandes melhoramentos, notam-se os de iniciativa particulares, pois não será exagero admitir-se a existência de uma centena de prédios em construção e perspectivas, os quais primam pela elegância de suas linhas, numa porta silenciosa de exibição arquiteta que fará da nossa cidade uma das mais belas entre as mais adiantadas.

São fatos concretos e dignos de registro, porque eles falam à nossa alma de filhos desta terra.Correio Joseense, 04 de agosto de 1940, Ano XVI, Num. 857

A mudança da Prefeitura para o prédio da Rua XV

Mais um importante melhoramento acaba de ser realizado nesta cidade. Referimo-nos ao prédio do antigo cinema, o qual, reformado inteiramente, apresenta hoje um aspecto agradável, a par do conforto com que foi dotado na sua adaptação para se instalar ali a Prefeitura e suas dependências.

A parte interna, transformada em dois amplos e higiênicos salões, está destinada às várias secções da Prefeitura, instalando-se o gabinete do Prefeito e de seu secretário no salão da frente do prédio, para esse fim também adaptado. E assim, graças a feliz iniciativa do ilustre Dr. Francisco José Longo, a nossa terra possui mais um edifício que a eleva, ao mesmo tempo que oferece aos funcionários e ao público o conforto e higiene tão necessários em repartições dessa natureza.

Com quanto ainda estejam sendo feitas as instalações internas, divisões, etc, pode se prever desde já os benefícios desse empreendimento, com a circunstância muito favorável de ser instalada a Prefeitura no centro da cidade, ponto acessível a todos quantos tenham negócios ali a tratar.

É, pois com grande prazer que registramos o fato, consignando os nossos parabéns pelo seu acerto, ilustre Dr. Francisco José Longo. Prefeito dessa Estância.

Correio Joseense, 02 de fevereiro de 1941, Ano XVI, Num. 877

O Novo Cinema

Está em vias de conclusão, o grande edifício destinado ao cinema local, construído pelo sr. Joaquim Lopes Chaves Alvarenga, capitalista aqui residente. Não nos foi dada a oportunidade de visitar o modelar estabelecimento, internamente, mas, o seu aspecto externo nos autoriza a admitir que o “Cinema Para Todos”, pois assim se denominará, será o melhor desta zona e poucos serão os de outras localidades que com ele poderão competir em beleza, estética, conforto e capacidade.

Obra de grande vulto, enriqueceu a nossa terra que se sente satisfeita e orgulhosa de possui-la, não só pelo que ela apresenta de beleza no seu conjunto, mas pelo que ela vai contribuir para elevação do nosso nível artístico e cultural.

A inauguração da grande e confortável casa de diversões está anunciada para breve, e, estamos convencidos, esse acontecimento se revestirá de grande imponência, dada a ansiedade com que está aguardada.

Correio Joseense, 22 de junho de 1941, Ano XVI, Num. 894

Cine Para Todos

Um grande, um belíssimo estabelecimento de diversões vai ser inaugurado em nossa cidade, no próximo dia 1.o de julho, embelezando-a ainda mais.

Trata-se de um monumental cinema, construído a proposito e a capricho, de propriedade do dr. Joaquim Lopes Chaves Alvarenga, espirito de larga visão progressista que de boamente quis coadjuvar o desenvolvimento urbanístico de São José dos Campos, dando-lhe a casa de espetáculos cinematográficos mais importante da zona vale-paraibana e uma das melhores de todo o Estado. Por isso o seu nome vai ligar-se á legenda da cidade como um dos seus grandes beneficiadores.

Construção primorosa, a cargo do conhecido e competente engenheiro- arquiteto a Tadeu Giuzio, com escritório central em São Paulo, foi executada sob os mais rigorosos princípios de segurança e estética, à base de concreto e aço, podendo-se afirmar ser a mola arquitetônica mais grandiosa e estável de toda a região norte-paulista.

O telhado dessa majestosa construção é de feitura especial, não tendo nenhum igual em toda a vasta zona banhada pelo Paraíba! É de patente exclusiva da firma Kauf & Cia., de São Paulo, com matriz em Berlim. O seu privilegio consiste na segurança e no ótimo acabamento, apropriado aos grandes edifícios as enormes áreas cobertas. O seu custo total foi de $29.000.000, servindo de admiração aos construtores indígenas pela rapidez com que foi feito e pelas linhas elegantes que apresenta.

O conjunto do edifício é surpreendente, tomadas todas as providencias no sentido de resultar belo, eficiente e seguro. Sua feição moderna, de linhas sóbrias e âmbito espaçoso, não atentou contra a estética, como se vê alhures em construções similares. É um todo harmônico, imponente e dado a preencher todas as suas finalidades de essência.

Posto num dos flancos da linda praça Conego Lima, o logradouro mais poético da cidade, com o encantamento do seu jardim inglês e das quatro árvores colossais que o sombreiam, na exuberância vegetal da nossa gleba maravilhosa, o “Cine Para Todos” mais se avulta na sua beleza e no seu aspecto senhorial, impondo-se ao olhar dos que passam calma ou apressadamente.

Custou um pouco mais de $700.000.000.

A sua sala de exibição, toda pavimentada de tacos de madeira, obedeceu aos mais modernos requisitos da simetria e do conforto. Os balcões e plateia tornam se um ambiente agradável pela disposição dos seus móveis e de seus adornos. Dispostas em inteligentes diagonais, num declive suave e sistemático, veem-se 1830 poltronas modernas e confortáveis, atestando o bom gosto de quem as adquiriu e dispôs. Consultando o bem estar dos futuros frequentadores dessa importante casa de diversões, o seu esclarecido e diligente proprietário mandou aplicar ás poltronas uma pequena lâmpada elétrica, vermelha, que assinala as que estão desocupadas. Essa inovação constitui mais um requinte de técnica e de conforto oferecido ao público. O seu mecanismo é facílimo: ao descer o assento das poltronas o contato dos fios elétricos se desfaz e a lampadazinha apaga-se, ficando patente que as vagas estão assinaladas com a luz vermelha. Nada mais prático, nada mais fácil para indicar aos frequentadores tardios, aos que chegarem às escuras do salão, quais as cadeiras vazias, sem o incomodo recurso da lâmpada elétrica a perturbar a perfeita exibição dos filmes.

A firma Knauer instalou nesse ambiente de fino gosto a sua aparelhagem de ar renovado, permitindo esse sistema seja a atmosfera mudada de 2 em 2 minutos, sem o inconveniente do processo do ar condicionado, já hoje, repelido pelos ditames da Saúde Pública por ocasionar constantes resfriados pneumonias… No salão de exibições do “Cine Para Todos” o ar é substituído de quando a quando, não o deixando aquecer ou impregnar-se das impurezas provindas da respiração de muitos pulmões em salas fechadas. Esse aparelho de pequeno custo, $42.000, é mais eficiente e higiênico que os tais de ar condicionado, que, além de muito mais caros, não são aconselháveis sob o ponto de vista profilático, tanto mais quanto numa estância climática, de ar afeiçoado à cura da tuberculose…

A máquina cinematográfica, com todos os seus pertences, uma das mais possantes e modernas de todo o Estado é de fabricação Zeiss, o que equivale dizer, ótima. Dotada de poderosas lentes, de quatro alto falantes e de dispositivos ultra técnicos, oferece perfeita garantia de funcionamento, custando $135.000.000.

Mediante um Contrato, lavrado sob todos os princípios de equitatibilidade e de direito, a Empresa A. C., exploradora de vários cinemas em São Paulo, arrendou o notável edifício e suas moderníssimas instalações para o comercio de exibições de filmes de todas as grandes marcas, americanas e europeias, inclusive nacionais. O preço do arrendamento é de $13.000.000 por mês. A Empresa arrendatária obriga-se a exibir aqui todas as películas passadas no écran dos cinemas que explora na capital e no interior do Estado.

Merece ilimitados elogios a atitude cavalheirosa do dr. Joaquim Lopes Chaves Alvarenga, incluindo no Contrato de arrendamento uma clausula, na qual a Empresa arrendatária se obriga a não cobrar ingressos a mais de $2.300 e nem menos de $1.500. Homem bom, conhecedor das condições econômicas da maioria dos joseenses, fez questão de beneficiar a bolsa do público, dando-lhe diversão barata, num ambiente de luxo e de conforto.

Por tudo que fez em prol do embelezamento de São José dos Campos e mais por esse gesto de equanimidade para com o povo de parcos recursos da cidade e dos distritos, o sr. dr. Lopes Chaves é credor da nossa gratidão e estima.

Assim, nós enviamos ao adiantando proprietário e bem fasejo capitalista os nossos aplausos e os nossos votos de merecida prosperidade.

Eduardo Santos Maia (Inspetor federal do Ensino Secundário)

Correio Joseense, 29 de junho de 1941, Ano XVII, Num. 895

Não está certo

A Empresa que explora o cinema local usando de um direito que lhe assiste, bem o sabemos, vem impedindo a entrada naquele recinto de todos quantos, em outros, inclusive nós, da imprensa, se julgavam com direito a essa concessão que sempre tinha um motivo para justifica-la. Dizemos direito, porque em verdade, a não ser os funcionários do fisco, autoridades policiais e juiz de menores, que têm a sua entrada garantida por lei, as demais concessões são oriundas de um motivo de cortesia recíproca, tal como pontifica a Light, em seus bondes, em São Paulo CORTESIA OBRIGA CORTESIA.

A Empresa do novo cinema, entretanto, fugindo à essa regra, quer, receber, favores e cortesias mas se julga no direito de não os corresponder, criando em torno de, si um ambiente de antipatia, por causa de alguns palitos, de fósforos… Ora, quem quer manter uma atitude dessas, deve primar pelo exemplo de não pedir e não receber favores. Mas, o que está acontecendo é bem o contrário disto, conforme procuraremos demonstrar:

Estabelece o artigo 105. da Lei n.o. 16, de 1.o de dezembro de 1938, que, o imposto será de 15% calculado sobre o custo ou valor de cada entrada, elevado para 100 réis as frações dessa importância Como se sabe, e é evidente, a Empresa vem se furtando ao cumprimento dessa

obrigação e, de maneira injustificável, vem arrecadando o imposto devido à Prefeitura, mencionando em seus boletins de propaganda os preços COM IMPOSTO INCLUSO, declaração esta, no caso presente, inócua, porquanto, com ela ou sem ela, o imposto é devido e cobrável da mesma forma. Ora, positivamente, isto não está certo, de vez que é do domínio público, que tal imposto não está sendo recolhido à Tesouraria da Prefeitura, como deveria ser. No entanto, o público o está pagando, o que constitui, sem dúvida, abuso injustificável.

A Empresa poderá pretender sofismar a legalidade desse seu ato com o fato de ter requerido à Prefeitura a isenção do pagamento desse imposto. Mas, esse seu provável argumento ruirá por terra ao saber-se que o ato dessa concessão é privativo do sr. Presidente da República e que, o funcionamento de jogos, espetáculos, bailes e QUAISQUER DIVERSÕES PÚBLICAS, só será permitido mediante a expedição do alvará e pagamento do IMPOSTO conforme a tabela respectiva.

Muniu-se a Empresa do alvará e dos selos que correspondem ao pagamento do imposto, aliás, pago pelo público? Não.

E, como a cobrança de impostos não tem efeito suspensivo, ainda que lhe seja concedido aquele favor, o que pomos em dúvida, a obrigação da Empresa é recolher aos cofres da Prefeitura a taxa que vem arrecadando do público, para, mais tarde, se concedido lhe for o favor solicitado, requerer a sua devolução. Isto sim, está certo. Tudo que sair daí NÃO ESTÁ CERTO.

Correio Joseense, 13 de julho de 1941, Ano XVII, Num. 897

Cine Bar

Ontem, as 18 horas, com a presença de representantes da imprensa e demais convidados, foi inaugurado no edifício do Cinema Paratodos, ao lado, um, bem montado bar de propriedade dos srs. Lucas & Miragaia, sob a de nominação de Cine Bar. Agradecendo a gentileza do convite que pessoalmente nos fez o sr. Lucas, socio daquela firma, desejamos ao novo estabelecimento toda sorte de prosperidades.

Correio Joseense, 03 de agosto de 1941, Ano XVII, Num. 900

Desde o episódio de junho de 1944 (Não está certo, como pode ser lido acima) até no ano de 1945 não houveram mais citações ao Cine Paratodos, apenas estes anúncios de programação, só em 2 de setembro de 45 aconteceu uma nota, uma denúncia na verdade, sem sequer citar o nome do cinema:

NO CINEMA

Várias têm sido as reclamações que recebemos contra o procedimento de certos casais que frequentam o cinema local, não para assistirem o espetáculo, mas para praticarem cenas que atentam contra a moral, aproveitando-se para isso do escuro, quando são exibidos os filmes.

Evidentemente, essa situação precisa ser atenuada em benefício das famílias que ali comparecem para se divertirem, não sendo lícito que suas atenções sejam desviadas em prejuízo do seu bem estar e dos motivos determinantes da sua presença naquela casa de diversões.

Urge; pois, uma, providencia enérgica contra os casais de namorados que ali se portam tão indignamente, afrontando a moral e os bons costumes. E essa providência precisa ser toma da simultaneamente pela direção do estabelecimento e das autoridades competentes, para que seja benéfica e salutar.

Correio Joseense, 02 de setembro de 1945, Ano XXI, Num. 1093

Apenas em abril de 46 temos uma nova nota sobre o cinema referente ao vandalismo e em outubro novamente uma crítica:

Vandalismo no Cinema

Em uma ligeira visita que fizemos às dependências do balcão do Cine Paratodos, constatamos o incrível estado em que se encontram as poltronas: umas recortadas a canivete, outras com os braços quebrados e ainda outras com os assentos deslocados! É incrível que em uma cidade civilizada existam indivíduos que se dedicam à prática desses atos, que reputamos de vandalismo, tal a sua estupidez e grosseria. Tais indivíduos se apanhados em flagrante mereciam um castigo bastante severo, única hipótese de refrearem as suas arremetidas destruidoras.

Certos de que estão praticando um crime, cercam-se dos necessários cuidados e daí o êxito da sua obra nefanda de destruição.

Correio Joseense, 07 de abril de 1946, Ano XXI, Num. 1117

COM O CINEMA

Muitas tem sido as reclamações que nos tem sido endereçadas sobre o Cinema local. Umas, referentes aos preços que a empresa vem cobrando, preços esses que foram elevados numa proporção de cinquenta por cento; de vez que os preços anteriores eram de três cruzeiros para as sessões domingueiras e dois cruzeiros para os dias de sema na. Mas, tudo isso não teria grande importância, se a empresa ao mesmo tempo que elevou de seus preços, oferecesse ao público fitas que agradas. sem e correspondessem, enfim, aos sacrifícios do público. Entretanto, raro é o dia em que o espectador não sai decepcionado do Cine Paratodos, tendo em vista a inferioridade dos programas.

Ora, tais reclamações, que partem de centenas de pessoas, são por nós endossadas, razão pela qual as registamos endereçamos a empresa, afim de que ela, levando em conta a atenção que o nosso público tem dispensado procure, também, dentro das suas possibilidades, melhorar os programas se não preferir reduzir os preços das entradas, isto é, faze-los voltar aos primitivos. dois e três cruzeiros.

Outro assunto que tem dado, motivo de sérios comentários, é o que se refere ao aparelho de projeção, que não está correspondendo à sua finalidade, desconhecendo-se os motivos da alteração que vem sendo notada para pior, o que agrava por sua vez, o aspecto do filme, quando já bastante precário, em sua classe, como aconteceu domingo último quando grande parte do público abandonou o recinto, pela impossibilidade de ver, ouvir e compreender o filme…

Correio Joseense, 06 de outubro de 1946, Ano XVII, Num. 1138

Quase um ano depois uma nova nota referente ao cinema, uma nova reclamação:

NO CINEMA

Há tempos, endereçamos uma reclamação a autoridade competente, no sentido de adotar providências contra o mau hábito de certas pessoas, que não querem se dar ao trabalho de ficar na fila para adquirir os seus ingressos, importunando aqueles que ali se encontram e que por delicadeza, não se negam em atender aos que não compreendem que estão, prejudicando o público e contribuindo para as reclamações e atritos que surgem com certa frequência: Ora, essa gente que não quer se dar ao trabalho de ficar na fila deve se, prevenir com antecedência, adquirindo os bilhetes antes do acúmulo de povo no guichê. Terá dessa forma se poupado ao sacrifício de esperar a sua vez e terá também contribuído para a boa ordem da venda de ingressos, sem molestar aqueles que não querem preferências e ficam firmes na fila, como qualquer mortal a espera de sua vez. Entretanto, de vez que essa gente não quer compreender que a indisciplina e fator de todas as desordens, compete a polícia as providencias, atinentes.

E, pois, à ela que nos dirigimos, solicitando medidas compatíveis, para a boa ordem e em benefício do próprio público.

Correio Joseense, 10 de agosto de 1947, Ano XXII, Num. 1173

Quase 3 anos se passaram e enfim uma nota sobre o cinema, mas novamente, o problema das filas:

A FILA NO CINEMA

Uma situação que, a nosso ver, precisa ser estabelecida, é a que se refere a fila do cinema. Em determinados dias a fila é estabelecida no passeio em outros ela se estende pelo meio da rua. Queremos crer que o mais acertado seria estabelecer-se em definitivo que a fila para aquisição das entradas no cinema se localizasse no passeio, por ser mais conveniente ao público e dos transeuntes. Em certos dias as filas se alongam de tal forma que chegam atingir o lado oposto da via pública, impedindo o trânsito tanto dos pedestres como dos veículos que são permitidos por concessão especial por ali passarem, causando não pequeno incomodo aos que aguardam a sua vez para a compra de ingresso.

Correio Joseense, 15 de janeiro de 1950, Ano XXV, Num. 1280

No dia 16 de abril de 1950 surge uma nota de rodapé sobre a programação, na verdade, enfatizando um grande sucesso da época, e novamente no dia 23 outra, As coisas estariam mudando? Não muito, apenas mais duas notas de rodapé, cada vez mais simples, foram publicadas no ano de 1950.

Cine Paratodos

Hoje, domingo, será apresentado ao público, no Cine Paratodos o grande filme Os Três Mosqueteiros, colorido, da Metro, como os principais artistas, Gene Kelly, June Alisson e Van Heflin. Amanhã o mesmo programa.

Correio Joseense, 16 de abril de 1950, Ano XXV, Num. 1292

16 de abril (1950)
8 de outubro (1950)
1950

Começamos o ano de 1951 no número 1328 com uma uma nota de rodapé na última página na lateral direita inferior, e assim seguiu até o mês de maio, com a nota de programação voltando a se adequar em “qualquer lugar” em mais uma oacsião daquele ano sem mais citações

Segunda semana de janeiro de 1951

Desde meados de 1951 não houve nenhuma citação ao Cine Paratodos, e incrivelmente, mesmo com este evento com cineastas no município o cinema não foi citado, leia:

Em São José dos Campos a Cidade do Cinema, MAIS UMA GRANDE CONQUISTA Visita de um grupo de cineastas à Cidade

Realizou-se em São Paulo, nos dias 15, 16 e 17 de abril corrente, o primeiro congresso Paulista do Cinema Brasileiro, o qual, como se sabe pelo noticiário da imprensa paulistana, revestiu-se de grande êxito, tendo comparecido ao mesmo não só os profissionais e amadores do nosso cinema, mas autoridades e convidados especiais em grande número.

Dentre os convidados estiveram presentes alguns representantes da nossa Câmara Municipal que assim tomaram contato e tiveram conhecimento dos propósitos que animam os diretores das empresas nacionais, no sentido de centralizarem, a exemplo do que ocorre nos grandes países onde o cinema já é uma realidade, os estúdios cinematográficos para melhor aproveitamento na produção dos filmes, podendo, por isso, num futuro próximo, pleitear algo que beneficie tais iniciativas em favor não só do cinema nacional mas, também, em proveito do progresso de nossa terra.

E esse critério se justifica tanto mais que algumas empresas já adquiriram glebas de terra nesta cidade para centralização da grande indústria, o que será um fator preponderante em favor do nosso engrandecimento, pelo que se justifica plenamente que se dispense aos interessados todo o concurso e todas as facilidades para o completo êxito dessa arrancada que marcará mais uma etapa de prosperidade no já crescente progresso de nossa São José dos Campos.

Retribuindo a gentileza de que foi alvo o poder legislativo naquele certame, nas pessoas dos vereadores presentes. a Câmara fez um convite aos cineastas para uma visita a nossa cidade, oferecendo-lhe, por essa ocasião um coquetel no Bar do Parentes, no quilômetro 78. que por sinal de fronte com os terrenos já compromissados para a fundação da Cidade do Cinema em nosso município.

Essa visita realizou-se no dia 19, notando-se a presença de grande número de profissionais do cinema, dentre os quais as seguintes: Carlos Ortiz, critico cinematográfico da Folha da Manhã e diretor de Alameda da Saudade, e Luzes na Sombra, Ortiz Monteiro, produtor cinematográfico e Semanário de Cinema do Museu de Arte. Manoel Poluffo, diretor e produtor do filme Meu Destino é Pecar, Tito Batini, diretor geral da Mosa Filmes, Sinésio Serroni, diretor da cinematográfica Vila Rica, Heitor Pinto Tameirão, diretor da Lotus Filmes, Alberto Atilio, diretor da Vulcania Cinematográfica, George Tamarski, conhecido cinegrafista europeu, atualmente radicado no cinema nacional, Léo Ribeiro de Morais, urbanista atualmente interessado na construção da Cidade Cinema em São José dos Campos, representantes da imprensa paulistana, atores de cinema e radialistas.

A recepção aos excursionistas estava marcada para as 15 horas, no quilometro 78. A essa hora, naquele local, encontravam-se presentes grande número de pessoas convidadas para o coquetel que seria oferecido aos profissionais do cinema nacional. dentre as quais podemos anotar as seguintes: Dr. Ricardo Couto, juiz de direito da comarca, Dr. Benoit de Almeida Vitoretti, prefeito sanitário, Dr. Donato Mascarenhas Filho, presidente da Câmara Municipal, Dr. Sebastião Henrique da Cunha Pontes, vice-presidente da Câmara Municipal, cap. Onadir Marcondes, secretário da Câmara: os vereadores José Ferze Tau, Mario de Paula Ferreira, José de Paula Ferreira, Candido Bertolini. Benedito Matarazzo, Bento Barbosa de Queirós, Hamilton de Matos. Cel. Osvaldo Nascimento Leal, superintendente da COCTA. Elmano F. Veloso, Dr. Jorge Zarur. Dr. Genaro Guerreiro. Alípio Silva Viana e senhora, Mario Porto, Noêmio de Arruda Carvalho, José Monteiro Sobrinho, Enio Otaviano Cará, Arnaldo Santos Pinto, Gregório Guerich, Arlindo Fernandes, José Tadei, prof. Moacir de Souza, Dr. Afonso Tosta, Lineu de Moura, Joaquim Braulio de Melo, Gilberto Cará, Dr. Francisco Faria, José Carlos Zanini. Dr. Ernesto Tol, Cel. Roosewel Silva, Mario de Oliveira, Anis Mimessi, Jayms Pavid, Fausto Pinoti, Tonico Pereira, Domingos Santos Pinto Filho, Odemar Gomide Santos dos jornais São José dos Campos e Diário de São Paulo, Oswaldo Ricci, da Folha da Manhãs, Altino Bondesan, do Estado de São Paulo, Napoleão Monteiro, diretor do Correio Joseense, Breno de Moura. José Silan e Sidney Lira, da Tribuna de Taubaté, Mario Ottobini, da Voz do Vale do Paraíba, Miguel Andreata, cinematografista do SESI e tantos outros cujos nomes não nos foi possível anotar. No Bar do Parentes, onde foi oferecido o coquetel, tomaram assento à mesa as pessoas acima citadas, tendo o dr. Benoit A. Vitoretti, como governador da cidade, dado a palavra ao Dr. Sebastião Pontes, que saudou os caravanistas, pronunciando feliz e oportuna oração, salientando e pondo em relevo a arte do cinema, estendendo-se em considerações sobre o assunto, encerrando a sua oração prognosticando o mais completo êxito do cinema nacional, à frente do qual se encontram valores reconhecidos e de larga experiência.

Falou depois o dr. Carlos Ortiz, que fez uma análise sobre o cinema nacional, demonstrando à saciedade o valor da fundação da Cidade do Cinema, onde se reunirão todas as empresas produtoras, a exemplo do que vem sendo feito em quase todos os países do mundo. Falaram ainda, os srs. Leo Ribeiro de Morais, Ortiz Monteiro e por último o sr. Manoel Poluffo.

Todos os oradores foram calorosamente aplaudidos, reinando a maior cordialidade no decorrer do coquetel. Várias fotografias foram tiradas quando falavam os oradores e, posteriormente nos terrenos. compromissados construção da Cidade Cinema, também foram fotografados vários grupos e aspectos do grande acontecimento.

Correio Joseense, 27 de abril de 1952, Ano XXV, Num. 1391

No número 1392 foram publicadas algumas imagens do evento com os cineastas.

Infelizmente o que foi aventado acima acabou não se realizando no município…

Em janeiro de 53 temos uma informação muito importante, um vídeo feito sobre o município do ano de 1952, que apesar das deficiências apontadas (como não ter imagens dos espaços citados?) é um documento bastante importante ainda não revelado, mas que certamente será buscado para publicação no canal do YouTube do São José dos Campos Antigamente. Leia:

Um filme de São José dos Campos

Sexta-feira, dia 23, o Cine Paratodos exibiu um complemento, produção de Albatroz Filmes do Brasil Ltda., focalizando aspectos de nossa cidade e município.
Várias propriedades agrícolas, fábricas, ruas, praças e edifícios públicos foram filmados, constituindo um documentário do que somos e das nossas possibilidades.
Entretanto, notamos algumas falhas, a nosso ver, de grande relevância, oriundo da ausência de muitos logradouros públicos e mesmo de bairros como o de Santana do Paraíba.
Essa falha é possível que se justifique pela ausência de cooperação do poder público, o que de fato é de se lamentar, porquanto, pelo que vimos, esse seria um dos mais eficientes meios de propaganda de nossa terra e serviria para anular a impressão que existe lá fora de que aqui é uma cidade doente.
Muitas fábricas não figuram nesse filme. Praças como a Cônego Lima, edifícios da Escola Normal, Mercado, Prefeitura e tantos outros não foram localizados, o que não deixou de ser uma grande e lamentável falha, pela qual não responsabilizamos a empresa produtora.
De resto, a filmagem este boa e agradou bastante no seu conjunto.

Correio Joseense, 25 de janeiro de 1953, Ano XXV, Num. 1430

Em abril de 53, uma nota triste, uma grande fatalidade:

Grave desastre ocorrido com os artistas das Rádios Bandeirante e Nacional, um morto e vários feridos

Quinta feira passada estava anunciado no Cine Paratodos um espetáculo em beneficio da Festa de São José, espetáculo esse do qual compartilhariam por iniciativa de nosso conterrâneo radialista Paulo Lebrão, vários artistas das Rádios Nacional e Bandeirante.

O Cine estava superlotado quando chegou a triste notícia do desastre ocorrido na estrada Dutra, no kilometro 37 e do qual resultou a morte de um dos artistas e ferimentos graves e leves em outros passageiros da Perua que era conduzido pelo senhor Roberto Martins de São Paulo para esta cidade.

Segundo nos informou uma das vitimas, ou seja, o consagrado artista Nuno Rolan. da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. O desastre ocorreu em virtude de ter rompido o pneumático de umas das rodas traseiras do veiculo que corria a uma velocidade não superior a oitenta quilômetros.

O condutor do veiculo, empregou todos os meios ao seu alcance para evitá-lo e isto teria sido conseguido se a fatalidade não se antepusesse quando surgiu pela frente do carro desgovernado uma caminhonete de Jundiaí, na qual viajavam o seu proprietário Frank Nobrega e o condutor Nelson Zandona, que adotou a melhor providência no sentido de evitar o choque, brecando o seu carro e encostando à direita. Entretanto, a Perua no seu desgoverno foi justamente de encontro ao veiculo tombando espetacularmente.

Passados os primeiros minutos de pânico, e com auxílio de várias pessoas, a Perua foi levantada e dela retiraram os passageiros que estavam feridos, constando-se desde logo que dois deles haviam sofrido ferimentos gravíssimos, os srs. Nelson Martins e Roberto Martins. Levantada a Perua, sob a mesma achava-se também o popular artista Nelson Teixeira Franco. mais conhecido por (Baiano), o qual estava em estado de choque, apresendo desde logo um aspecto desolador. Além destes três feridos, os mais graves, ainda foram feridos levemente os seguintes passageiros do carro: Paulo Lebrão, Borges de Barros, Nuno Rolan Wilson Afonso Vieira, todos artistas da Rádio que tomaria parte no festival.

Removido para a Santa Casa local, o artista Nelson Teixeira não resistindo aos ferimentos veio a falecer cerca das 20 horas e 20 mimutos. O sr. Nelson Martina Pereira e sr. Roberto Martins continuam hospitalizados, sendo o estado de ambos de inspirar sérios cuidados notadamente o sr. Nelson Martins Pereira.

O corpo do inditoso radialista Baiano foi removido na mesma noite para São Paulo, acompanhado de colegas inclusive diretores das Radio Nacional e Bandeirante que para aqui se transportam tão logo tiveram conhecimento da triste ocorrência. Uma verdadeira romaria dirigiu-se ao hospital a fim de tomar conhecimento do estado dos feridos, numa demonstração eloquente do espírito de solidariedade para com as vítimas.

Acompanhado da Comissão de Festas de São José e de Benoit de Almeida Victoreti, prefeito Sanitário, no Cine Paratodos comunicou à enorme assistência a grave ocorrência, inclusive a morte de Baiano, pelo que o anunciado show não se realizaria. Esse triste comunicado consternou a todos que dali se retiraram lamentando a fatalidade que roubou a vida de um grande artista e ferimentos graves em outras pessoas que de tão boa vontade estavam colaborando para o êxito da festa.

Correio Joseense, 12 de abril de 1953, Ano XXV, Num. 1440

14 de junho de 1953
21 de junho de 1953
28 de junho de 1953

De junho até a metade de novembro a programação do Cine Paratodos foi veiculada semanalmente, voltando em janeiro de 1954, com algumas interrupções em algumas semanas, indo até o fim daquele ano, sendo que a última publicação foi apenas o contato telefônico para o público se informar da programação.

Ainda havia a crença que São José seria a cidade do cinema… 31 de outubro de 1954.
Dezembro de 1954
No dia 1o de janeiro de 1955 é anunciado o aumento no valor do ingresso.

Com o Cine Paratodos

Frequentadores do Cine Paratodos, vem notando a quase impossibilidade de distinguirem a fisionomia dos artistas dos filmes exibidos na atual tela panorâmica.

Esse fato vem provocando comentários desfavoráveis à empresa, mesmo porque, segundo os entendidos, essa anomalia poderia ser removida desde que a empresa empregasse lâmpadas de maior capacidade tornando mais nítidos os filmes. Além da deficiência apontada, ainda o fato tem outro aspecto, talvez mais grave qual seja o mal que produz na vista do espectador, que terá de despender um esforço anormal para divulgar as figuras.

Se, de fato, essa falha decorre da insuficiência da lâmpada de projeção, parece-nos a empresa bem poderia em atenção ao grande público que frequenta aquela casa de diversões, adotar providências compatíveis com o que também as beneficiaria.

Correio Joseense, 12 de janeiro de 1955, Num. 1528

E segue a programação semanal do cinema ao longo de 1955

Espetacular!

Todo o Elenco da Rádio Record para uma Noite de Festas! Mais de 30 Artistas
A 10 de abril No Cine Paratodos
Alô, São José dos Campos!
Fala, Rádio Record de São Paulo

Prosseguindo na sua vitoriosa campanha de conteúdo social, por todos os municípios do Estado, estará nesta cidade, no dia 10, domingo de Páscoa, a Caravana artística da Rádio Record, para o sensacional SHOW DA BOA VONTADE que aquela emissora, em colaboração com as Autoridades locais, oferece ao povo de São José dos Campos, às 8 1/2 da noite no Cine Paratodos.

Os ingressos estão à disposição da BOA VONTADE de todos e a renda, deduzidas as despesas, será distribuída às diversas casas de caridade deste município.

Patrocinando este apelo a Prefeitura Sanitária conclama todas as famílias joseenses a dar o seu apoio e prestigiar a campanha da BOA VONTADE da Radio Record, visando ao nobre intuito de reforçar os movimentos de assistência social em terra.

NÃO SE ESQUEÇA: DIA 10 DE ABRIL AS 20.30 NO CINE PARATODOS

Correio Joseense, 20 de março de 1955, Num. 1538

Ao longo do ano de 1955 a programação semanal do Cine Paratodos seguiu e esta especificamente foi mais robusta, ocupando uma área maior na página, certamente um investimento maior. Ao longo do ano a programação foi divulgada no formato padrão.
Em 1o de janeiro de 1956 a programação inicia de maneira tradicional no jornal, e assim seguiu até dezembro de 1967.

Abaixo, a última publicação anunciando um evento no Cine Paratodos:

O policiamento na porta do Cinema

Domingo passado a polícia brilhou na sua conduta: restabelecendo a ordem e a disciplina até então gravemente prejudicadas pela incompreensão do público que se aglomera à porta da entrada, causando com essa atitude dificuldades de toda a nаtureza, além de por em perigo a integridade física dos que participando da aglomeração tentam a todo o transe, furar a fila causando atropelos e anarquizando tudo.

A polícia em boa hora deliberou agir, restabelecendo ali a normalidade da fila que deve ser respeitada em beneficio do próprio publico.

Que a medida adotada seja posta em prática todos os domingos e dias de grande afluência àquela casa de diversões, são os votos que formulamos.

Correio Joseense, 25 de março de 1956, Num. 1585

No Cine Paratodos

Deverá apresentar-se ao público desta cidade nos dias 23 e 24, no Cine Paratodos, o Prof. Rodolves, com seu número de hipnotismo que vem merecendo referências elogiosas da imprensa, conforme documentário que nos foi presenteado pelo seu representante sr. Geraldo Magela Rodrigues Alves, que nos visitou.

Correio Joseense, 20 de outubro de 1957, Num. 1664

Cine Palácio

Após a última nota relacionada ao Cine Paratodos, 4 anos depois começavam a ser veiculadas as informações sobre o novo cinema que chegava, o Cine Palácio.

Será festivamente feita a cobertura do novo Cinema

Dia 13, as 16.30 horas, terá lugar festivamente a cobertura do novo cinema que a Companhia de Cinemas do Vale do Paraíba está construindo na Praça Afonso Pena, 99, sob a denominação de Cinema Palácio. Nessa oportunidade será oferecido aos convidados um coquetel. Gratos ao convite.

Correio Joseense, 9 de abril de 1961, Num. 1813

A cobertura do prédio do novo cinema

Com a presença dos diretores da Companhia de Cinemas do Vale do Paraíba, srs. João Luiz de Aguiar Neto, João Silva Nilos Mattos, realizou-se festivamente a cobertura do prédio onde se localiza cinema Palácio sito a Praça Afonso Pena. Referido prédio que está sendo construído para um novo, confortável e moderno cinema, que será dotado dos mais modernos equipamentos, inclusive a plateia que terá uma capacidade para mil e seiscentas pessoas, cujas poltronas estofadas, com sinais luminosos para terminar e localizar as que estiveram vazias durante a projeção dos filmes, terá ainda ampla sala de espera, corredores laterais para saída, tudo indicando que a nossa cidade terá em tempo não muito remoto, um cinema a altura do nosso adiantamento, mesmo porque a empresa julga poder inaugurar a moderna casa de diversões em outubro deste ano, antecipando-se ao término da construção do prédio que tem um conjunto de apartamentos, cujas obras prosseguirão sem prejuízo do funcionamento do Cinema Palácio, que será a sua denominação.

Ao ato estiveram presentes apreciável número de convidados, representantes da imprensa, sendo nessa oportunidade oferecido um coquetel a todos os presentes.

E, assim, nos é grato admitirmos que em breve tempo nossa cidade terá um cinema à altura do seu desenvolvimento e do seu grande progresso.

Correio Joseense, 16 de abril de 1961, Num. 1814

Dia 14 a inauguração do Cinema Palácio

Será inaugurado dia 14, à Praça Afonso Pena, 99, o Cine Palácio, construído pela Companhia de Cinemas do Vale do Paraíba, que não poupou esforços nem recursos para dotá-lo dos mais modernos equipamentos, maquinário, iluminação, mobiliário, enfim tudo quanto a técnica moderna prevê e aconselha para uma casa de diversões de primeira classe.

Dispõe o salão de nada menos de 1600 cadeiras estofadas, pulmas, para conforto da assistência, além de outros melhoramentos, ar condicionado, ventilação ampla, procurando, dessa forma, a empresa de Cinemas do Vale do Paraíba corresponder ao apoio que lhe tem dado a população em relação ao Cine Paratodos que pertence a sua cadeia de casas de diversões, e ainda, compartilhar do progresso de nossa terra.

Nesse mesmo dia, às 19:30, serà inaugurado o cinema com a exibição do grande filme Anáguas à Bordo.

Correio Joseense, 12 de novembro de 1961, Num. 1840

Inaugurado o Cine Palácio

Dia 14, conforme fora anunciado, teve lugar a inauguração do Cine Palácio sito à Praça Afonso Pena, com a presença de autoridades, convidados especiais, representantes da indústria, comércio, lavoura e imprensa.

As 15 horas, com a presença de diretores da empresa que sediada em Taubaté, um deles, o Dr. Raul Guizar, em breves palavras fez a entrega simbólica da majestosa casa de diversões a cidade, na pessoa do sr. Elma no Ferreira Veloso, prefeito da cidade. Em nome deste, falou o Dr. Jamil Matias de Oliveira, que após de fazer considerações elogiosas aos srs. Diretores da Empresa de Cinemas do Vale do Paraíba, pelo magnifico presente dado a cidade, que hoje possui um grande Cinema à altura do seu progresso, congratulou-se com os srs. Diretores pelo gosto arquitetônico do prédio e do Cinema, em particular, porquanto esta casa de diversões nada fica a dever às melhores de São Paulo, o que quer dizer do Brasil.

Nessa oportunidade foi oferecido um beberete, aos, convidados Whisky, Gin, Champagne, refrigerantes e salgadinhos.

Em seguida, foi proporcionado aos convidados a oportunidade de visitar o amplo salão e demais dependências do Cine Palácio, assim como assistir a exibição de dois jornais, um nacional e outro estrangeiro, para a apreciação da técnica e dos seus novos aparelhos, cuja exibição, foi feita através da grande tela que tem cerca de 17 metros.

Tem o novo cinema, como frisamos acima, todas as condições para proporcionar ao público o maior conforto, com ar condicionado, magnífica aparelhagem sanitária, água filtrada, bar e bomboniere, farta iluminação, poltronas confortáveis, estofadas, e belos painéis decorando o interior do salão.

Estão de parabéns os srs. Diretores da Empresa de Cinemas do Vale do Paraíba, assim como a nossa São José dos Campos, ao contar com uma casa de diversões que bem corresponde ao progresso da cidade.

Correio Joseense, 19 de novembro de 1961, Num. 1841

A partir de 3 de dezembro de 1961 passou a ser veiculada a divulgação de programação mista.
Em 29 d ejulho de 1962 a programação passou a ser de 4 cinemas da cidade.
A posse do prefeito Marcondes Pereira foi realizada no Cine Palácio, veiculado no Correio Joseense em 3 de outubro de 1962.
Foto de 27 de julho de 1963.
Chegamos ao ano de 1965 apenas com a divulgação da programação dos cinemas, até que no dia 11 de abril o Correio Joseense divulga essa nota, voltando na edição seguinte.
Mensagem de fim de ano em 1965.
última publicação com a programação cinematográfica e um tímido anúncio do encerramento das atividades do jornal.

Ao longo dos anos a abordagem cultural foi perdendo fôlego no jornal até seu último número no dia 27 de julho de 1967, data e ano em que o município completou seus 200 anos. Com abordagens político-partidárias cada vez mais enfáticas e unilaterais, infelizmente, ao menos neste circular, não foi possível obter mais informações das salas de cinema tão lembradas no município, mas sigo a pesquisa abordando outras publicações da cidade, que em breve estarão presentes aqui no site do São José dos Campos Antigamente.

Veja outra matéria referente ao Theatro São José e Cine Paratodos aqui do site:

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