Conheci o colega Jornalista Jorge Lemes nos idos de 1960, quando levava ao jornal “O Valeparaibano” os press releases do CTA (Centro Técnico de Aeronáutica). Ele gostava das minhas aparições, principalmente aos sábados pela manhã, porque era responsável pelo fechamento da primeira página do jornal. Naquele sábado, no entanto, entrei na redação de mãos vazias. O Jorge me disse que estava em dificuldade porque não tinha mais notícias para fechar a primeira página do jornal.
Tentei ajudá-lo na caça de notícias por telefone, mas nada consegui. Ele providenciou alguns “calhaus” (pequenos textos usados para preencher espaços vazios na paginação do jornal), mas ainda faltava uma notícia para um espaço de três colunas por uns vinte centímetros, bem no meio da primeira página.
Coloquei uma lauda de papel na Remington da redação e pensei em inventar uma notícia qualquer para ajudar o Jorge Lemes. Tinha lido na coluna “Miçangas” do Jornalista, Professor e Folclorista Francisco Pereira da Silva, o Chico Triste, um texto sobre lobisomens. O Plínio Ramos, apelidado no CTA onde também trabalhava de “Plínio mentiroso”, contou-me uma estória do aparecimento de lobisomens na cidade. Logo nasceu a notícia “Lobisomem na Parada Lima” contando o desespero de uma mulher que foi acordada, de madrugada, com uns barulhos em seu quintal. Chegando lá deparou com um enorme Lobisomem, saindo de seu galinheiro, levando algumas penosas.
Na falta de outra notícia, Jorge Lemes aproveitou o texto e fechou a primeira página do jornal “O Valeparaibano” e saímos para beber umas e outras no Bar do Português, na esquina da Estação. Comprei a edição de domingo na banca do Vicente Sciamarella só para ler a notícia do aparecimento do Lobisomem na Parada Lima. Para surpresa minha depois por vários dias passou a sair notícia da aparição de lobisomens em São José. Era na Vila Ema, Vila Maria, Alto da Ponte, Santana do Paraíba. Liguei para o Jorge Lemes e ele contou que não parava de receber telefonemas na redação da aparição de lobisomens em todos os lugares da cidade. E ele, como bom jornalista, não deixava de noticiar. Somente anos depois aconteceu caso semelhante com o jornal “Notícias Populares” do Grupo Folhas ao publicar a notícia da aparição da famosa Loura da Dutra…
No dia seguinte de uma das sessões de Câmara Municipal de São José dos Campos, nos idos de 1989, recebi este bilhete do jornalista Carlos F. Karnas comentando minha atuação. Não me lembro bem de qual projeto ou posicionamento ele se referia. Acredito que tenha sido sobre a minha proposta de criação de um Ombudsman (Defensor do Povo) no município, totalmente independente dos Poderes Executivo e Legislativo. Baseada em exemplo da iniciativa de século antes na Suécia. Ela teve ampla repercussão. Inclusive internacional. O advogado e ex-presidente da OAB-SJC, Luiz Carlos Pêgas, em viagem a Buenos Aires, contou-me que constatou a minha proposição comentada em livro argentino em uma livraria portenha. Tempos depois do jornalista Carlos Karnas ter deixado a Rede Globo em São José, tornamo-nos bons amigos. Aqui na foto, o testemunho do nosso grupo de amigos que passou a se reunir frequentemente, constituído por ele, o professor e jornalista Luiz Gonzaga Guimarães Pinheiro, o jornalista Ruy Lopes (ex-editor-chefe do jornal Folha de S.Paulo), o jornalista e escritor Joaquim Maria Botelho e eu. Saudades do amigo Carlos Karnas, que viajou recentemente fora do combinado.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José dos Campos – Em sessão solene realizada no Cine Teatro São José é fundado nos idos de 1963 o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Na mesa diretora dos trabalhos sindicalistas como Francisco Moreno Ariza, presidente do Sindicato dos Têxteis, vice-prefeito eleito e vogal dos trabalhadores na Junta de Conciliação e Julgamento, Lauro Pinto Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação e o prefeito José Marcondes Pereira, entre outros. Vê-se ao lado da mesa o Jogral liderado pelo professor Luiz Gonzaga Guimarães e formado com alunos do curso clássico do Colégio Estadual João Cursino, que interpretou na ocasião o poema de Vinícius de Moraes “O Operário em Construção”. A sede do sindicato foi invadida por militares durante o Golpe de Estado de 1964 que levaram o livro de atas e todos os documentos de formalização da associação que recebeu a sua carta sindical. A junta governativa do sindicato teve de obter uma certidão do Ministério do Trabalho para conseguir o seu registro. E até hoje o sindicato não recuperou os documentos (inclusive a ata) de sua fundação.
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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