Hangar do Complexo da Tecelagem Parahyba

Aqui vemos algumas imagens do Hangar (um patrimônio do período modernista) que é da propriedade do município mas que está em área particular, a construção foi criminosamente demolida quando passava por um processo de preservação e tombamento, havendo uma ordem judicial para que o mesmo seja reconstruído. Dias após o ocorrido estive no local para fotografar suas ruínas como apresentado nas imagens.

Construção do Hangar

Atualmente como membro do Conselho Deliberativo da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, munícipe atuante no que se refere a nossa história e ferrenho defensor do Complexo da Tecelagem Parahyba em 2016, para que o mesmo fosse entregue a cidade e não à particulares como declarado pelo Governo do Estado na ocasião, trago informações de pouco conhecimento público mas de suma importância ao patrimônio municipal joseense. Projetado em 1953, pelo escritório Rino Levi Arquitetos Associados e executado em 1965, pelo Complexo Tecelagem Parahyba, com o objetivo de abrigar três aviões da Empresa. O escritório Rino Levi, após o primeiro projeto com a família, o da Residência Olivo Gomes (1952), passou a ser o principal arquiteto dos projetos da família e do Complexo.

Um projeto elaborado com clareza, visando solucionar o complexo de necessidades de um pequeno aeroporto particular. Além disto, apresentava uma solução arquitetônica original com sistema de tirantes ancorados diretamente no solo, que promoviam o espaço necessário à movimentação das aeronaves.
As portas de correr, eram constituídas de sarrafos de madeira, e seus trilhos eram sobre rodas munidas de molas, que possibilitavam uma suavidade na abertura. Em junho de 1997 foi encaminhado ao Condephaat, através do Departamento de Patrimônio Histórico, proposta de preservação do Complexo Tecelagem Parahyba, incluído o Hangar. Esta foi arquivada, sendo encaminhada outra em 1998, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, solicitando a preservação dos edifícios projetados por Rino Levi (1901-1965), Residência Olivo Gomes, Galpão de Máquinas e Equipamentos, Usina de Leite e Hangar, sendo aprovada a abertura de Processo, sob o nº 37,352/98, que assegura a preservação do prédio até a aprovação ou não do Tombamento.

Imagem do Hangar.
Construção do Hangar.

No entanto, em maio de 2002, o Hangar de Aviões “desabou”. Foram realizadas perícias técnicas, demonstrando a possibilidade de ato criminoso. Atualmente o processo está sob investigação do poder judiciário. Um Moção foi elaborada e apresentada conjuntamente durante uma reunião extraordinária do COMPHAC contra o Projeto de Lei Complementar no 25/2002 que dispõe sobre a exploração de areia para construção civil, cujo texto passa a fazer parte integrante da ata daquela reunião, e que depois de submetida a votação foi subscrita pelos Conselheiros que concordaram com o seu teor. Foi elaborado pelos Conselheiros o texto da Moção conforme texto a seguir e que foi acompanhado de vários documentos elucidativos:

“O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural – COMPHAC, de São José dos Campos, nos termos do artigo 22 de seu Regimento Interno, vem a público manifestar a sua discordância em relação ao Projeto de Lei Complementar no 25/2002, que dispõe sobre a exploração de areia para construção civil, pelo processo de cava, no município, em especial no trecho próximo ao Parque da Cidade, onde se localizava o Hangar da antiga Tecelagem Parahyba.
O Hangar, projeto do Arquiteto Rino Levi encontra-se em processo de tombamento no âmbito federal e estadual, respectivamente junto ao IPHAN e CONDEPHAAT (Doc. 01). No âmbito municipal encontra-se em processo de preservação, tramitando junto a Prefeitura.

O COMPHAC já deliberou e aprovou pela sua preservação, e aguarda as providências legais e administrativas pertinentes, a serem tomadas pela Prefeitura em conjunto com a Câmara Municipal. No mês de maio do ano de 2002, fomos surpreendidos pelo desabamento desse precioso bem (Docs. 02, 03 e 04), lamentavelmente vítima de ato de sabotagem perpetrado por pessoas inescrupulosas que, provavelmente buscam seus interesses próprios, sem se importar com o interesse de nossa sociedade. Colocam seus interesses particulares acima dos interesses da coletividade, e nessa ânsia não medem esforços sequer, para destruir um patrimônio cultural que era e ainda é símbolo de uma época importante de nossa história local, um patrimônio arquitetônico reconhecido até internacionalmente. Naquela ocasião, mais precisamente em 15 de maio daquele ano, este Conselho fez questão de denunciar o fato ao Ministério Público (Doc. 05), no sentido de se buscar a reparação devida, investigando-se as causas, sua motivação, identificando seus possíveis autores e eventuais mandantes, e responsabilizando-os pelos danos causados.

Nessa denúncia inicial não descartávamos a hipótese de sabotagem, eis que tínhamos elementos técnicos suficientes, que demonstravam a perfeita condição estrutural do prédio (Doc. 06). Nessa mesma data, o representante do IAB no COMPHAC, registrou no Quarto Distrito Policial, o competente Boletim de Ocorrência número 814 (Doc. 07), informando à autoridade policial, de que o evento do desabamento era fruto supostamente de ato criminoso.
Nossas suspeitas aumentaram quando da elaboração de um relatório técnico interno, quando coletamos vários indícios que sugeriam uma ação dolosa, que teria provocado o desabamento do Hangar.
As suspeitas iniciais foram posteriormente corroboradas pelo competente Laudo Pericial elaborado pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, através do Instituto de Criminalística, Laudo de número 023A-3894/02, datado de 19 de julho de 2002, devidamente subscrito pelo Sr. Perito Criminal (Doc. 08). Mais recentemente o próprio CONDEPHAAT também acolheu o relatório inicial do COMPHAC, e admitiu que todos os indícios apontam para um ato criminoso que deu causa ao desabamento do Hangar.
Não cabe ao COMPHAC levantar suspeitas sobre quem quer que seja, não podemos ser levianos e apontar esse ou aquele sem um mínimo de provas, mas sim acompanhar atentamente as investigações das autoridades competentes. As investigações pelos órgãos competentes, encontram-se em curso, portanto enquanto não se esclarecer definitivamente essa questão não podemos permitir a extração de areia nesse local específico, sob pena de estarmos eventualmente premiando interesses que podem estar relacionados ao desabamento do Hangar.

Nesse momento é apenas uma hipótese, mas que não pode e não deve ser descartada até a conclusão dos trabalhos das autoridades competentes. Nossa cautela pode facilmente ser explicada e entendida, eis que no caso do tombamento do Hangar pelo CONDEPHAAT, cria-se imediatamente um raio de 300 (trezentos) metros como área de proteção ao bem, área essa em que não se permitiria a extração mineral. Um círculo de raio de 300 m, encerra uma área aproximada de 282.744 m2 (duzentos e oitenta e dois mil, setecentos e quarenta e quatro metros quadrados), e que se extraído a uma profundidade de 10 (dez) metros, representam cerca de 2.827.440 m3 (dois milhões, oitocentos e vinte sete mil e quatrocentos e quarenta metros cúbicos) de areia. Nos parece relativamente óbvio, que o tombamento do Hangar pelo CONDEPHAAT impediria a exploração de areia no seu entorno, e representaria um “prejuízo” significativo em termos econômicos.
Portanto enquanto as autoridades não concluírem os trabalhos de investigação, apontando e responsabilizando os autores e eventuais mandantes de tão brutal crime contra o Patrimônio Cultural de nossa cidade, não podemos e não devemos permitir que seja autorizada a exploração de areia nesse local.”

A reunião pode ser acompanhada na íntegra aqui: http://www.fccr.sp.gov.br/phocadownload/COMPHAC/Ata/2003/23-09-2003.pdf

Depoimentos

“A nós joseenses e demais pessoas interessadas na preservação da história, no desenvolvimento e da cultura de nossa cidade, só nos resta lamentar a perda de uma edificação altamente significativa a todos e aguardar pela conclusão dos inquéritos e nos lembrarmos daquilo que um dia foi muito importante para todos, enquanto esperamos que o imóvel possa ser reconstruído em sua característica original.” Por Wilson Costa.

“Lembro desse Hangar, eu morava no final da pista de avião. Ficava olhando e admirando os aviões subindo e descendo o avião teco teco levando o avião planador e o soltava no ar.” Por Alaide Silva.

“Pelo que li é muito complicado. Como já se passaram tantos anos assim e ninguém pode ir lá? Muito estranho. Claro que só podem existir interesses e benefícios próprios, mas quem seria o proprietário? Impossível ninguém saber. História bem estranha…” Por Maria Luiza.

As coordenadas para o local são:
23°09’26.8″S 45°52’23.7″W

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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente



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