Escola Normal Livre e Colégio João Cursino

CRIAÇÃO DA ESCOLA NORMAL

Discutido em 1929, na Câmara Municipal, um projeto de criação da Escola Normal Livre, nesta cidade, mereceu o mesmo a ventura de, aprovado, ser convertido em lei.

À vista dessa lei, constituiu-se uma Sociedade Civil para manter um instituto de ensino nos moldes do decreto lavrado.
A Municipalidade cedeu-lhe, por escritura pública, o prédio municipal à Praça Afonso Pena, n.o 1, para nele ser instalada a Escola.
A Sociedade Civil organizou o quadro de funcionários, sobre os quais estaria a direção do estabelecimento, contando do mesmo quadro o sr. Dr. Adelmar Ferreira, como diretor e Benedito Fernandes Cesar Leite Júnior, como secretário.

EXAMES DE ADMISSÃO

Aberta de acordo com as leis vigentes, a inscrição de candidatos aos exames de admissão, verificou-se, findo o prazo, terem acorridos 53 jovens.

A banca examinadora foi constituída dos srs. Professores Galaor Nazareth de Araújo, inspetor geral, Francisco Lopes de Azevedo, inspetor escolar e Alfredo Vieira de Moura, diretor do 2o. Grupo Escolar.

INSTALAÇÃO

Julgado suficiente o número de candidatos aprovados, a Sociedade Civil organizou o corpo docente assim: D. Maria Luíza Guimarães Medeiros, Lente de Português e califasia, e interinamente de francês, Ayres Amacio de Moura, lente de matemática, D. Alaíde Cursino, lente de geografia e cosmografia, D. Juraci F. de Albuquerque, professora de desenho e ginástica, D. Leonor M. Pereira, professora de música, Manuel Patarra Filho e D. Otávia Raimundo da Silva, professores de trabalhos manuais, Deodato Ramos, logo substituído por José de Paula Galvão, de ginástica.

Estabelecido o horário, devidamente viado pelo professor fiscal Claudinor Trench, instalou-se a Escola, no dia 1.o de Fevereiro, de 1930, com a matrícula de 37 alunos. Para o funcionamento da Escola, a Sociedade Civil, adquiriu previamente todo o mobiliário e material escolar de mais urgência, além dos livros de escrituração.

EXAMES DE ADMISSÃO E MATRICULA EM 1931

Em março deste ano, realizaram-se, após finda a inscrição, os exames de admissão, cuja banca se constituiu dos srs. Prof. José Vieira de Macedo, inspetor escolar, Prof. Felício Savastano e Professora D. Jurací F. d’Albuquerque.
Dos 50 candidatos inscritos, foram aprovados apenas 15.
À matrícula ocorreram 17 alunos para o 1.o ano e 30 para o 2.o.
Deste estabelecimento transferiram-se do 2.o ano três alunos e para o mesmo transferiram-se da Escola Normal de Jacareí que se tinha dissolvido, duas alunas.
Em novembro de 1931, a Prefeitura resolve municipalizar a Escola, pelo ato n. 94, mantido pelo ato 126, de novembro de 1932.

Professores do Curso Fundamental da Escola Normal de São José dos Campos em 1933.

GABINETE E LABORATÓRIO

A Escola adquiriu para as aulas das cadeiras de física e química e Biologia, matérias ministradas pelo Prof. Everardo M. Passos e Dr. Ivan de Sousa Lopes respectivamente, o necessário material no mínimo indicado pela seção técnica da Diretoria Geral de Ensino.

CURSO COMPLEMENTAR

De acordo com as instruções recebidas da Diretoria Geral do Ensino, criou-se a Escola Complementar, em cuja matrícula, depois dos exames de admissão, inscreveram-se 31 candidatos, tendo-se iniciado as aulas em Julho.

Edísio Del Santoro
Vista interior da Escola em 1937.
José de Moura Candelária, Inspetor Federal.
Professor Jorge Baroosa

CURSO DE APLICAÇÃO

Para a prática dos alunos do 2.o ano, criaram-se classes primárias, que estiveram a cargo das professoras normalistas, D. Carmem Madureira de Moura, D. Maria Aparecida Silva e D. Odila Cursino.

EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

Extinta a Sociedade Civil, a Prefeitura decretou a municipalização da Escola Normal, readquirindo o prédio e todo o material existente na mesma. Por meio de assinaturas e de um festival adquiriu um piano de meia cauda (que por sinal até hoje se encontra no prédio).

O atual corpo docente da Escola.

MUSEU E GABINETE

Em 1933, foram adquiridos, para o ensino de História Natural e anatomia, um museu e um microscópio. Também foram adquiridos mais aparelhos de física.

EXCURSÕES

Neste mesmo ano foram realizadas duas excursões: a primeira à Fábrica de Tecidos Tecelagem Paraíba S/A; e a segunda à Fábrica de Juta, Cia. Paulista de Fibras.

Professor Domingos Macedo de Custódio
Professor Joaquim Moura Candelária
Professor Simão Chuster

SARAUS

A Escola instituiu certames de um cunho literário e artístico, não só para o desenvolvimento do estímulo aos alunos, como também, para o interesse das famílias. Na 1a. fêz uma conferência sobre a Música, o Revmo. Pe. Eurico Galicho; na 2a., o Revmo. Pe. Dr. Leopoldo Ayres, sobre a psicologia do momento atual; na 3a.”, o Revmo. Pe. Antônio de Morais Júnior, sobre a mulher; e na 4a., o Revmo. Pe. Eurico Galicho, discorreu sobre a arte. Também foram comemoradas as datas de 15 e 19 de novembro com festival esportivo e literário.

MENSALIDADES

Os alunos da 1. série e os da 2.a série pagavam a mensalidade de 30$000, e os de outras séries, inclusive os do Curso Profissional, pagavam 50$000. Durante o ano houve 5 alunas gratuitas e depois de junho mais 1.

A PRIMEIRA COLAÇÃO DE GRAU

A 22 de Dezembro de 1934, realizou-se festivamente, no salão do Grupo Escolar, a primeira colação de grau dos professorandos formados pela Escola Normal. Presidiu essa seção, o Professor José Vieira de Macedo, como representante do Delegado Regional. Paraninfou os diplomandos a assistente da 1a. seção, sura. d. Maria Luíza Medeiros, tendo orado em nome da turma, o Sr. Jorge Barbosa Moreira. Após a entrega dos diplomas, realizou-se conforme programa, um espetáculo lítero-musical sob a direção da mesma assistente e de d. Isolina Olival Mascarenhas, professora de música do estabelecimento.

O festival que se coroou de pleno êxito contou com a presença de várias autoridades, civis, militar e eclesiástica.

Professor Ayres de Moura

CURSO GINASIAL

Após um tenaz e ingente esforço da Prefeitura Municipal, a Escola Normal Livre, conseguiu, por ato de 26 de Março, a inspeção preliminar federal para o curso fundamental, existente desde 1933.

De acordo, porém com a autorização do então Superintendente do Ensino Secundário, esta diretoria promoveu a inscrição de candidatos ao exame de admissão.

Os alunos das 5 séries foram submetidos às 4 provas parciais, não tendo sido feitas as finais em virtude do decreto federal que as promoveu por média, quando esta tivesse, em conjunto, a nota 40.

PRIMEIROS DIPLOMANDOS DO CURSO FUNDAMENTAL

Os alunos da 5a. série, que concluíram o Curso Fundamental, solenizaram à 19 de Dezembro o encerramento do ano letivo, com um sarau lítero-musical. Serviu de paraninfo o Prof. Everardo M. Passos, Secretário e lente de Física e Química; pela turma orou o quintanista José Francisco de Oliveira. Pela manhã, houve em ação de graças pela conclusão do curso, missa solene.

Leopoldo Machado

CAMPANHA DO LIVRO

Para desenvolver a Biblioteca da Escola, uma comissão de alunos e de lentes organizou a Campanha do Livro, em cuja festa gentilmente proferiu uma. conferência o Revmo. Pe. Geraldo Miranda.

Nessa campanha adquiriram-se 500 volumes, aproximadamente, achando-se todos, com os existentes adquiridos por compra, convenientemente catalogados.
O Gabinete de Física e o museu de História Natural viram-se enriquecidos com a aquisição de apare- lhos e animais empalhados.

REDUÇÃO NOS VENCIMENTOS DO FUNCIONALISMO

Ainda no ano de 1944 houve várias reuniões da Congregação, em que foram tratados interesses da Escola. Para auxiliar a Prefeitura nas despesas de fiscalização do curso ginasial, os funcionários, com excepção de alguns, permitiram uma redução de 10% nos seus vencimentos mensais. (Só mesmo noutros tempos).

Professor Helio Bevilacqua

SUBSTITUIÇÃO

Em substituição aos professores Dr. Rodolfo dos Santos Mascarenhas e Breno ( Moura, que se exoneraram a pedido das cadeiras de Biologia e Sociologia, respectivamente, foram nomeados os Drs. José Rosemberg e Antônio Moreira Vita.

GRÊMIO “CASSIANO RICARDO”

Com o intuito de se reunirem para fins educativos e culturais, os alunos do Ginásio fundaram um grêmio estudantil, que teve a denominação de Grêmio “Cassiano Ricardo”, em homenagem ao conhecido poeta joseense. O referido Grêmio levou avante a realização de diversas festas escolares e fundou um jornal, cuja direção e colaboração estão unicamente a cargo dos estudantes.
Exercia as funções de Inspetor Federal, o Dr. Paulo Barbosa Lima.

Aspecto dos exames orais e a bancada examinadora.

MARATONA INTELECTUAL

No ano de 1938, o Ginásio tomou parte na Maratona Intelectual realizada em Novembro representado por 11 alunos que conseguiram colocá-lo no 7o lugar entre os Ginásios do Estado de São Paulo.

BIBLIOTECA

Até 15 de Abril de 1939 a Biblioteca contava com mais de 780 volumes.

Orientadoras educacionais: Maria Judite Mercadante e Yara Neves Galvão.

APARELHAMENTOS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA

A 7 de Setembro de 1940, foi inaugurada Praça de Esportes com diversos aparelhamentos para Educação Física, tais como: Pórtico, Paralelas, Pistas e cocho para adultos, quadra de Bola ao Cesto e Vôlei, etc.

O Colégio Estadual João Cursino e a Escola Normal ‘Cel. João Cursino” de São José dos Campos

O Colégio Estadual Normal “Cel. João Cursino” foi fundado em 1929, como “Sociedade Escola Normal Livre de São José dos Campos”, pela lei 213 de 31/7/1929, sendo prefeito da época O Ten. Cel João Alves da Silva Cursino, figurando como seu 1.o diretor o Dr. Adelmar Ferreira. 1932 foi municipalizada assumindo a prefeitura os encargos para a sua manutenção. Passaram pela Diretoria da Escola Normal os seguintes professores, Ayres Amâncio de Moura, Everardo Miranda Passos, Waldemar Ramos, Maria Clara Mercadante, Benedito Zoroastro de Vasconcelos Dirce Saloni e Hebe Teixeira Leite. Pelo decreto-lei 14.562 de 26 de Fevereiro de 1945, foi criado o Ginásio Estadual sendo o prof. Alberto Rovai nomeado seu primeiro diretor, seguindo-se José de Almeida Feio, Adalberto Menezes, Rubens Machado e de Setembro de 1947 em diante o Prof. Edésio del Santoro. O primeiro corpo docente do ginásio foi constituído pelos Profs. Ayres Amâncio de Moura, Maria Luíza Guimarães Medeiros, Antonieta Leme Ribeiro, Alaíde Cursino, Leonor Moraes Pereira, Octávia Raimundo da Silva, Cira Gaia, Juraci de Albuquerque, Manoel Patarra Filho e Dario Nunes Rodrigues.

Pelo Decreto-Lei 17.129 de 13/3/1947 foi criada a Escola Normal Oficial, sendo a mesma oficialmente instalada em 1948, pelo atual diretor, por determinação do diretor do Ensino Secundário Prof. Andronico de Melo. A criação do Curso Colegial Oficial em nossa cidade foi trabalho realizado pelos srs. Edésio del Santoro e José Madureira Lebrão, que após redigirem o projeto de lei levaram-no a casa do deputado José Milliet Filho, que apresentou-o a Assembléia Estadual, conseguindo a sua aprovação, sendo então pelo Governador do Estado sancionado a lei 618 de 4/1/50 que criava o segundo ciclo em nossa cidade, propiciando dessa forma, mais uma escola na ascensão cultural dos nossos estudantes.

José M. Lebrão, Teresa Cardoso, Juvenal P. Cunha, Dulce Pinto e José Nicodemo, funcionários da Secretaria do Colégio Estadual.

Assumindo a direção em 1947, tem o Prof. Edésio Del Santoro, procurado imprimir a orientação do estabelecimento, de acordo com as normas da técnica da pedagogia moderna, procurando interessar desde o início os pais dos educandos ou responsáveis, com reuniões, distribuição de boletins mensais com indicações aos responsáveis; em 1948, em companhia dos srs. Dr. Ricardo Couto, Prof. Domingos de Macedo Custódio, Dr. Antenor Nascimento e outras pessoas gradas da sociedade local, para atender ao aumento de alunos, instituiu uma campanha para a construção de duas amplas salas de aula. Por meio de folhetos, excursões a S. Paulo, à Taubaté e outras cidades feitas desde 1948 tem procurado interessar os alunos em seus estudos. Com a instalação do colégio o labora- tório foi remodelado, sendo adquirido material necessário para que as aulas de química, física e história natural sejam realmente uteis.

Em 1951 culminaram as atividades da escola no setor educacional, sendo nosso estabelecimento classificado em 1.o lugar no Vale do Paraíba; durante este ano foram feitas excursões educativas às cidades de Taubaté onde foram visitados o Senai, C. F. de Juta, Biblioteca e Clube I. C.; em nossa cidade o ITA, Posto de Puericultura, Serviço Metereológico, Dispensário de Tuberculose, Serviço de Água, Sanatórios; em S. Paulo Good Year, Secretaria da Agricultura, Butantã, Museu do Ipiranga, Escola de Formação Familiar, Instituto de Educação, Conservatório Musical, Museu de Arte Moderna, a Bienal de Arte, Manicômio Judiciário do Prof. Silveira Bueno, e as aulas inaugurais e dadas pelo Prof. Domingos Custódio e Suzana de Barros, Estado, Escola ‘de Artes e Ofícios, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (as duas secções), Secção de Fibra da Secretaria de Agricultura, Departamento Zoologia, a C. I. Matarazzo, os jornais A Gazeta e o Diário. Na cidade a escola organizou e patrocinou com a cooperação dos profs. as seguintes conferências: Monsenhor Ascânio Brandão, A Escola continuação do Lar; Tito Lívio Ferreira de Silva, sobre os Sertões; J. M. Monsineaux, O existencialismo no critério de Gabriel Marcel; Prof. Domingos de Macedo Custódio, O estudo honesto, Dr. Oton Mercadante, A ação do prof. primário como educador sanitário, Prof. Antônio Cândido de Velo, e Sousa, e Laerte Ramos de Carvalho, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de S. Paulo; Padre José Fortunato Ramos sobre Roma dos Cesares e dos Papas, Hermogena Oracles de Jesus sobre o Petróleo.

Professor Benedito Zoroastro de Vasconcelos, Vice Diretor.

Foram instalados no colégio o Clube de Francês, Inglês e Português com bons resultados para os educandos, sendo que o primeiro a funcionar foi o Estudos Vernáculos sob a direção do Prof. Domingos de Macedo Custódio; na instalação do Clube de Francês esteve na cidade o Cônsul da França R. Valeur sendo contemplados com o “Palmes Academiques” os profs. Domingos de Macedo Custódio e João Batista Boneti e com bolsas de estudos os alunos José Roberto Oliva e Judite de Azevedo Mercadante, e o prof. João Batista Boneti. A prof. Carmem ministrou três aulas sobre educação sexual; foram projetados oito filmes educativos no cinema local sobre vários assuntos; na cadeira de História foi organizado a sessão do juri simulado, com grande brilhantismo.

A diretoria do colégio com o objetivo de incentivar os alunos distribuiu no ano corrente e nos anteriores livros aos alunos promovidos de uma série para outra e aos alunos que ingressaram na escola com os nota mais alta.

Participaram das excursões feitas os profs. Domingos de Macedo Custódio, Simão Chuster, Hermogena, Odília Palomo Gomes, Maria Suzana Elizier de Barros, Adelaide Peters Lessa.

Professores da Escola Normal

Izolina Olival Mascarenhas
Maria Luiza Medeiros
Moacyr de Souza

O Orfeão sob a direção da Profa. Maria Bernadete Loureiro Mendonça se apresentou com grande êxito várias vezes ao povo joseense. O Curso Primário sob a direção do prof. Waldemar Ramos teve também parte ativa no corrente ano sendo organizadas duas festas, e o escotismo com resultados altamente educativos, sendo que na instalação oficial esteve em nossa cidade o chefe-geral do escotismo em S. Paulo. Em Educação Física, o diretor do Colégio, por determinação do Departamento de Esportes do Estado, organizou o torneio Regional de Educação Física, participando nosso estabelecimento desse torneio com êxito, vencendo os torneios regionais de cestobol e voleibol feminino e cestobol masculino.

Edésio del Santoro formado pelo Colégio Estadual de Sorocaba, diplomado professor primário pela Escola Normal Oficial de Sorocaba, e prof. de Educação Física pela Escola Superior de Educação Física do Estado. Nomeado fez concurso de títulos e provas, prof. efetivo de Educação Física do Colégio Estadual Monteiro Lobato de Taubaté.

Presidente da Associação de Escoteiros; Presidente da Comissão Municipal de Esportes e Secretário do Órgão de Colocação Familiar.

Almanaque de 1951

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