Jornal da Noite Nº 8

Hoje é dia de jogo do Brasil!

A partir das 12 horas, em casa ou onde tiver um aparelho de televisão, a cidade pára, recolhida à frente do vídeo, para torcer por mais uma vitória do Brasil na Espanha. A Argentina, adversário de estreia da seleção de Telê Santana nesta segunda fase, é perigosa e vai requerer um cuidado muito especial dos brasileiros.

É bem verdade que a Argentina ainda não convenceu. Os dois desastres, para a Bélgica e Itália, e o pobre futebol apresentado até aqui, deixam sérias dúvidas sobre seu futuro na Espanha e há até quem diga que a equipe de Menoti deverá regressar a Buenos Aires bem antes do que imaginava. Os analistas internacionais acreditam que a Argentina está com o moral baixo para enfrentar o Brasil o que, evidentemente, não facilita em nada as coisas. Pelo contrário:- é provável que eles tentem mostrar contra o Brasil, seu maior rival sul-americano, a arma que deixaram na concentração no último jogo com os italianos.

Por tudo isso, o jogo será difícil. Talvez, mais até do que foram soviéticos e escoceses. Afinal, estará em campo a supremacia do futebol da América Latina que, após a conquista da Copa, em 78, os argentinos julgam detê-la. Eles poderiam transferi-la a qualquer outro, menos para o Brasil.

Pelo que já mostrou o Brasil é o grande favorito desta Copa. Está jogando um futebol consciente e tem um elenco que sabe o que quer. Tem mais: jogadores que desequilibram e de uma tal maneira, são capazes de fazer de adversários duros e aguerridos – caso dos escoceses – uma presa fácil.

Até ontem o técnico Telê Santana não sabia ainda se poderia contar com Leandro na lateral direita. Se não puder atuar, o que é pouco provável, Edevaldo, com fome de bola, entra em seu lugar. O Brasil deverá jogar com Valdir Perez; Leandro (Edevaldo), Oscar, Luizinho e Junior, Cerezo, Zico e Falcão; Sócrates, Serginho e Eder.

Para quem não puder chegar em casa à tempo, um recado: vários restaurantes e bares da cidade têm TVs instaladas em seus recintos. Quer dizer: não há desculpa para se deixar de assistir esse jogo que será como chegaram a sugerir alguns comentaristas, “a antecipação da final da Copa do Mundo.”
C.J.B.

Crônica – Testamento

Sinto que o senhor Deus, todo-poderoso, já me chama para o reino de sua glória, onde há de agasalhar-me por todo o sempre, amém. Por isto, colocarei minha vida agora em ritmo de Fórmula 1, correndo sempre para poder fazer alguma coisa, que deixe, ao menos, uma pegada minha nesta pobre existência de boêmio, e escritor sobrevivente do cotidiano urbano.

É natural que eu queira fazer alguma coisa, mas, não sou o tipo que se pretende um homem realizado na vida, apenas por causa de um porém, nunca fiz plano algum, nunca estabeleci metas. Portanto, tudo que possa ser feito será sempre alguma coisa que foi feita. É, mais ou menos, como diria o poeta português Fernando Pessoa – “Nunca fui nada, não posso e não devo querer ser nada”. É isso aí. Como sou uma pessoa, um homem, que nunca teve grandes planos para o futuro, não resta, senão, fazer planos para enfrentar a morte, esta companheira temível e ternurosa, que nos acolhe em seus braços e corta nossas esperanças com seu alfange de aço. Bem-vinda, irmã morte, como diria este outro louco genial chamado Francisco de Assis, que conversava com os pássaros e chamava os lobos de irmãos. Irmão Sol, Irmã Lua.

Faço questão de deixar bem explícito que não deixarei nada, além de uma ternura imensa pelo pessoal que eu amo. Dívidas, creio que há. Mas, confio que algum parente generoso vá pagá-las, para que, depois de morto, eu ainda tenha ficha limpa no SPC. Só não quero que acertem o meu imposto de renda, mesmo porque não tenho nada a acertar com o “leão”.

Amar, sempre amei na vida, e não são poucos os amores que deixarei pendentes por aí. Amar sempre me foi inesgotável fonte de energia. Perdoem-me, meus amores, se hoje sou forçado a abandonar todo mundo. O apocalipse de cada um é drama pessoal. Não tenho culpa, por exemplo, de minhas coronárias resolverem dar um crepe aos vinte e cinco anos de existência. Só garanto uma coisa: não vou entrar em regime nenhum para prolongar a vida. Aliás, sempre arrisquei a vida lutando contra o regime. Político, é claro. Agora lutarei também contra o regime culinário. Pelo menos meu apetite ainda não tem nenhum censor para controlar. Morrerei anarquista. “Hay regimen? Soy contra”.
Joaquim Costa

(poesia) Bem aventurado os bêbados

No balcão, a cachaça faz o sonho de quem a toma no gesto preciso de uma esperança imaginária que se repete dia a dia.

O bar se abre como um templo da solidão do homem. Mesa a mesa a transparência dos copos refletem o rosto cotidiano dos que procuram cerveja numa esquecer o compromisso com isso e aquilo.

Bêbado, beberei o vinho da noite no doce cheiro do seu sexo adormecido na embriaguez dos lençóis. Anjo noturno, te quero com o hálito forte de quem bebeu o aroma do gim.
Dailor Varela

Amanhã, Olé Brasil no Estrela

Muita alegria e torcida pela seleção brasileira marcarão o grande baile”Olé Brasil”,neste sábado a partir das 23 horas no Estrela D’Álva, com a orquestra Brazilian Show Superstar, considerada uma das melhores do País.

Aloísio, o simpático animador do Estrela D’Alva, promete um salão bonito e decorado em cores verde, amarela e azul. O traje para o Olé Brasil também poderá ser nestas cores e o participante que estiver melhor caracterizado ganhará um prêmio especial oferecido pelo clube. O Aloísio está anunciando boas mudanças no Estrela D’Alva para melhor atender aos frequentadores do clube.

● Contaram para a corujinha que a Festa Junina do Panela de Ferro em Paraibuna esteve “um barato”, e que o noivo Joca parou o comércio com seu traje de gala. Pena que não ficou para a lua-de-mel. Aguardem que ainda temos muito que fofocar sobre a festa.

● E por falar em Paraibuna, o Zezinho Daher esteve tomando uma cerveja em São José dia 30, quarta-feira. Ele foi visto no Chopp Nhauer ao lado de quatro jornalistas da city.

● Outra noite no Girassol, os amigos Donizetti e Joca aparecem muito bem acompanhado por duas colunistas sociais da cidade e com um assessor de imprensa de São Paulo. A conversa girou em torno do Jornal da Noite até a chegada do Geléia, com suas poesias de final de noite. Para quem não sabe, Geléia é um guarda noturno que já faz parte da boemia da cidade, entrando de bar em bar declamando, inspirando nos refrigerantes que bebe. Geléia saboreou os deliciosos pastéis preparados pela Lena.

● Neste sábado, o aniversário da Eunice Aparecida Ribeiro Soares. A turma do Jornal da Noite vai estar presente e espera-se um bom consumo de cerveja.

Marlene

● Quem anda circulando muito pela cidade é a Regina Maria Ribeiro. Contaram para a corujinha que outro dia ela foi vista no “Quintal”, muito alinhadinha. Também pudera, ela é da academia de ginástica “Evolução”. Regina, seu príncipe encantado anda por aí.

● Rute, a enérgica gerente do La Cave, reclamando que a Corujinha não falou do “cobiçado” Julinho, na semana que passou. Parece que o dito-cujo anda querendo saber urgentemente quem morre de saudades por ele. Por enquanto não conto! Também tem uma outra pessoa, do sexo feminino, que está muito enciumada com toda essa estória.

● Circulando por Paraibuna em sua possante Norton inglesa alguém muito paquerado também em São José. Realmente ele é um charme, mas será que não é a moto a causa de tudo isso?

● O “Zezinho”, garçom do Girassol, toda vez que pede “mais uma” para o Fernando, é abordado pelo Lúcio que o diz: “Cuida- do, Zezinho! Sua dose pediátrica já se esgotou”.

● Dito, do Chopp Nhauer, não sabemos porque, parece preocupado com o movimento das outras casas noturnas. De vez em quando ele é visto circulando rapidamente pela frente de outros bares. Não se preocupe não, Dito. Sua casa é muito concorrida na cidade.

● O Rodolfo precisa tomar muito cuidado com sua motoca. Outro dia ela o deixou na chuva, imagine, na Dutra. Rodolfo, de vez em quando um reparo no motor é bom.

● Beto, Luizinho e Lúcio, são os responsáveis pela boa música ao vivo lá do Girassol. Para quem não sabe, Beto e Luizinho também gostam de saborear um chopinho que o Fernando tira com muito bom gosto.

● A Elaine, reunindo as amigas no Chopp Nhauer todos os dias, e, escrevendo suas poesias nos guardanapos.

● Por falar em Chopp Nhauer, outro dia após a participação de “Os Valetes”, o Lúcio e seu conjunto deixou o Girassol por algum tempo e foi dar uma assessorada ao Dito. Cantaram muito bem.

● Navegante, Ulpiano e Rubens, que compõem “Os Valetes”, vão tocar hoje no Girassol, por gentileza do Dito. Eles estão para lançar um LP e a contracapa vai ser escrita pelo Joca e diagramada pelo Donizetti.

● Logo mais, hora do jogo do Brasil, não deixe de tomar sua cervejinha. Gelada é claro!

● O “Snoopy Snack”, a nova lanchonete que começa a marcar como ponto de encontro, oferece além de saborosos petiscos, um ambiente super acolhedor. Dizem as más línguas que o Carlão é sócio do Giovani e do Tulio. Não é verdade. Somente existe grande amizade.

● O Restaurante do Tio, na esquina da João Guilhermino, agitando a noite da city com muita música ao vivo. Para quem não sabe, o “Tio” é o nome mais tradicional da noite joseense. Aliás, muitos confundem porque: depois que ele lançou o nome “Tio” na cidade, muitos outros também partiram para essa. Mas os outros chegaram depois, não tem importância, também foram adotados pelos boêmios. Qualquer hora no Jornal da Noite, uma matéria mais extensa com o “Tio”.

● A Beth, do Girassol, após um bom papo com os selecionados clientes da casa, vai embora de Passat. O Lúcio vai de moto como co-piloto.

● Gilberto e Ironita promovem sempre um churrasquinho na casa do simpático casal.

● Para um bom cardápio de final de noite, vale a pena dar uma chegadinha no Restaurante Pilão que permanece aberto até alta madrugada. Nos contaram que Mauro fica sempre atento, controlando quem entra e quem sai. Uma boa maneira de selecionar o ambiente.

● Tem muita gente indo ver o jogo da Copa no telão do Tênis Clube.

● Alguém do Bar do Canário anda preocupado com uma visita que possa chegar do Rio de Janeiro. O coração bateu mais forte. Enquanto isso o jeito é continuar oferecendo aos fregueses as especialidades do bar. Codorna sempre é uma boa pedida, sem falar da costela muito saborosa.

● Alguém outro dia queria pagar a conta lá no Dito com mil pesos. Ele disse que só aceitaria se a Argentina ganhasse o jogo de hoje. A julgar pelos jogadores brasileiros, acho que o Dito vai receber é em cruzeiros mesmo.

● Neste domingo é bom levar a criançada para ver “O Fantasmão Bonzinho” no Teatro São José. Com direção de Sidney Fróes, e Nice Goulart no elenco. Sessões às 10h30 e 15h30.

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