Os 60 anos do Sindicato do Comércio Varejista (2003)

Uma grande honra

Mais do que uma grande alegria, estar à frente do Sindicato do Comércio Varejista na passagem de seu 60o aniversário é para nós uma grande honra. Afinal, comemorar seis décadas de existência é privilégio de poucos, diante do quadro crônico de dificuldades por que passam as entidades de classe todas, sem exceção em nosso país.

O Sindicato do Comércio Varejista teve a felicidade, até o momento, de, não só conseguir se manter, como de criar em torno de si uma imagem de credibilidade, seriedade e, acima de tudo, de uma instituição atuante e participativa na comunidade.

A partir da ideia e da determinação de um grupo de comerciantes que, em uma noite de julho de 1943, fundou a associação patronal do comércio em nossa cidade, surgiu uma semente que não parou de crescer, graças ao trabalho competente de seus diretores transformando-se em uma árvore frondosa. E quantos frutos já colhemos desde então!

Sempre compromissado com a defesa dos interesses de seus associados, o Sindicato do Comércio Varejista tem procurado se manter à frente de seu tempo nas diversas áreas de prestação de serviço, com a atualização constante de equipamentos, implantação de novas tecnologias e melhoria da qualidade do atendimento.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista, José Maria de Faria.

Atualmente, a entidade oferece aos lojistas um leque de soluções que visam melhorar e dinamizar o desempenho de seus negócios. Nosso Serviço Central de Proteção ao Crédito, para ficar em um único exemplo, é um dos mais modernos do país. Funciona interligado em nível nacional, possibilitando uma informação precisa, ágil e confiável.

Porém, nenhuma categoria econômica se desenvolve sozinha, isolada de sua comunidade. É preciso que toda a cadeia, da produção ao consumo, passando pelos serviços públicos e privados, trabalhe de forma integrada.

Assim, o Sindicato do Comércio Varejista faz questão de se envolver e de participar sempre que chamado das decisões e das ações de âmbito mais amplo, como aquelas tomadas pelo poder público. Entendemos que, agindo dessa forma, somos co-autores das transformações. Acompanhamos o seu processo desde o início e contribuímos de maneira efetiva para que os resultados sejam os melhores para todos. Ou seja, não nos colocamos como meros espectadores.

Isso tudo só faz sentido quando se tem representatividade. E o Sindicato do Comércio Varejista é uma entidade sólida porque tem como alicerces a corajosa e batalhadora categoria dos empresários do comércio.

A luta diária de nossos lojistas para se manter em um mercado cada vez mais competitivo e cruel com as empresas de pequeno porte, e o seu esforço para sobreviver à carga tributária e à retração do consumo são a nossa motivação para trabalhar, sempre e incansavelmente, para que possam vislumbrar um futuro cada vez melhor.

Festa, homenagens e emoção

Emoção foi a tônica da festa que marcou o 60o aniversário do Sindicato do Comércio Varejista, no dia 19 de julho. Cerca de 700 convidados estiveram presentes ao evento, realizado no Salão Nobre do Clube de Campo Luso-Brasileiro.

O presidente da Câmara, Walter Hayashi, entrega ao presidente do Sindicato, José Maria de Faria, a Medalha Cassiano Ricardo, também os presentes, os vereadores Cristiano Pinto Ferreira, Giba e Osmar Ferreira, e o secretário geral da câmara, José Carlos de Oliveira.

Pelos relevantes serviços prestados à comunidade nestas seis décadas de existência, a entidade recebeu da Câmara Municipal, a Medalha Cassiano Ricardo. A honraria foi uma iniciativa da Mesa Diretora do Poder Legislativo, aprovada por unanimidade pelos vereadores por unanimidade. A entrega foi feita pelo presidente da Câmara, Walter Hayashi, ao presidente do Sindicato do Comércio Varejista, José Maria de Faria.

As comemorações dos 60 anos no Luso foram abertas com uma bela interpretação do Pai Nosso, pelo tenor Daniel Cardoso. Em seguida, a soprano Kelly Sanches interpretou o Hino Nacional_acompanhada pela pianista Priscila Ott Falcão.

Seguiu-se então uma série de homenagens a empresas e comerciantes, pelo diretor-presidente da Casas Bahia, Samuel Klein, e pelo presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e dos conselhos do Sesc e Senac, Abram Szajman (veja texto nesta página).

No momento em que os homenageados se dirigiam ao palco, dois telões exibiam imagens de seus estabelecimentos, algumas delas obtidas de fotos antigas, surpreendendo e emocionando convidados e familiares.

Os nomes das empresas e comerciantes de destaque surgiram a partir dos resultados de uma pesquisa realizada junto a 400 lojistas da cidade. Uma comissão julgadora nomeada pela Diretoria do Sindicato do Comércio foi responsável pela indicação final. Foram homenageados ainda os diretores do Sindicato do Comércio Varejista, os ex-presidentes da entidade, o presidente do Clube de Campo Luso-Brasileiro, Fernando B. Costa, e o gerente do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), José Paulo de Aguiar. Eduardo Cury e Teresinha Bertolini, ambos ex-diretores do Sindicato do Comércio, já falecidos, receberam homenagem póstuma.

O presidente do Sindicato do Comércio, José Maria de Faria, recebeu o título de sócio honorário do Clube de Campo Luso-Brasileiro, entregue pelo presidente da instituição, Fernando B. Costa.

Exemplo de vida

O diretor-presidente das casas Bahia, Samuel Klein.

Agradeço ao Sindicato do Comércio Varejista de São José dos Campos por esta bonita homenagem e a essa cidade maravilhosa, que sem- pre nos acolheu tão bem.”

Com essas palavras, o diretor-presidente da Casas Bahia, Samuel Klein, agradeceu ao Prêmio Caixeiro Viajante, a ele concedido pelo Sindicato do Comércio Varejista. Impossibilitado de comparecer à cerimônia de entrega do prêmio, ele gravou uma mensagem em vídeo, que foi exibida aos presentes.

Para representá-lo e receber a homenagem em seu nome, esteve presente o superintendente de crédito da Casas Bahia, Celso Amâncio.

Samuel Klein é o comerciante que todo comerciante gostaria de ter sido. Começou sua carreira empresarial como mascate, conduzindo uma charrete e vendendo colchões, cobertores e toalhas de mesa.

Hoje é dono da Casas Bahia, império que reúne 329 lojas. A primeira delas foi inaugurada em 1952, em São Caetano do Sul. De lá para cá, a empresa não parou de crescer. Em 2001, foram 28 novas lojas. Em 2002, outras 20, com investimentos de R$ 20 milhões, segundo a revista “Isto É”.

Um líder nato

O presidenteda Fecomércio-SP e dos conselhos do SESC/SENAC, Abram Szajman.

Sua brilhante trajetória como empresário do comércio já seria mais do que suficiente para justificar a homenagem prestada pelo Sindicato do Comércio Varejista. Mas ele foi muito mais além e tornou-se, além de um empresário bem-sucedido, uma das maiores lideranças de nosso país.

Abram Szajman passou a infância no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Começou a trabalhar aos 12 anos, ajudando um parente. Seu primeiro emprego foi de office boy, e, mais tarde, passou a lidar com importações e construções.

Por volta de 1966, Abram decidiu trilhar seu próprio caminho e trabalhar no mercado de ações. Em 1977, trouxe uma inovação para o Brasil: o sistema de refeição convênio. Hoje, o Grupo VR ocupa o segundo lugar no setor de refeição convênio no Brasil, com 18 mil empresas clientes, 200 mil estabelecimentos credenciados em 1925 municípios brasileiros, e 2 milhões de usuários em todo o território nacional. Pioneiro no setor de refeição convênio a utilizar a tecnologia de cartões inteligentes (com chip), teve faturamento de R$ 3,1 bilhões em 2002.

Além de suas atividades empresariais, Abram Szajman preside a Federação do Comércio do Estado de São Paulo e os conselhos do Sesc e Senac, liderando a maior federação da América do Sul e congregando 146 sindicatos do comércio em todo o Estado.

Um comerciante para cada década

Nos últimos 60 anos, grandes mudanças ocorreram em nível mundial no setor do comércio. Foi período da invenção dos shopping centers, dos hipermercados e do apogeu das redes de lojas de departamento.

Foi também uma fase de forte desenvolvimento no Brasil, com o surgimento de grandes empreendimentos comerciais. Em São José dos Campos, comerciantes tradicionais ampliaram seus negócios e, com pioneirismo e ousadia, abriram os caminhos para que a cidade se transformasse em importante centro regional de compras, serviços e lazer.

Com o objetivo de valorizar e prestigiar lojistas que foram destaque cada um na sua época e em seu segmento. O Sindicato do Comércio Varejista decidiu homenagear um representante de cada década, traçando assim a trajetória do varejo no município.

Confira abaixo os nomes e um pouco da história desses homenageados:

Octávio Moraes Lopes – Fundador e o primeiro presidente do Sindicato do Comércio Varejista. Foi também fundador da Associação Comercial e um grande batalhador pela instalação do Senac em São José dos Campos. Foi proprietário da Farmácia Paulista, fundada em 1933 na Av. Dr. Nelson D’Ávila.

O estabelecimento funcionou até 1958, quando Moraes Lopes se mudou, com a família, para Santos, devido a problemas de saúde de sua esposa. Depois de uma passagem por São Paulo, retornou a São José dos Campos no final da década de 60.

Octávio Moraes Lopes morreu de enfarte em fevereiro 1974. Em seu nome, recebeu o Prêmio 60 Anos o seu filho Octávio Antônio Moraes Lopes.

Rui Vieira – Chegou em São José dos Campos em 1946, um ano depois a vinda de seu pai, Saul Vieira, que viera se tratar de tuberculose. Tornou-se sócio da Saul Vieira & Filhos Ltda, com o pai e mais dois irmãos, Heitor e Geraldo. Rui começou a trabalhar em 1960 na rede Savilar, pioneira na implantação de crediário com carnês. Passou posteriormente a comandar três lojas Savilar, estabelecimentos de grande credibilidade e preferência dos clientes, principalmente nas décadas de 70 e 80. Foi presidente do Sindicato do Comércio Varejista, de 1962 a 1968.

Ser comerciante é uma tradição em minha família. Meu avô foi e meu pai também foram. Hoje, meu filho continua com garra na profissão. Eu nunca me arrependi de ter entrado no comércio e me orgulho do que a Savilar representou no mercado do Vale do Paraíba e região, no setor de eletrodomésticos e móveis“, afirma.

Gaspare Jesus De Martini – Nascido em 1930, na Fazenda Brejauveira, onde hoje está instalado o CTA (Centro Técnico Aeroespacial). Seu primeiro emprego foi como motorista de caminhão. Foi pescador profissional, teve banca no Mercado Municipal e, posteriormente, abriu uma livraria e papelaria no bairro de Santana.

Transferiu seu negócio para o centro da cidade e, anos mais tarde, incentivado pelos filhos, entrou para o segmento de móveis. Gaspare Jesus De Martini tem 72 anos e é casado com D. Waldyra Maria Roberti De Martini. O casal tem sete filhos, sendo quatro homens e três mulheres. Atualmente, mantém loja de móveis na Praça João Guimarães.

Armed Mamed Chuluck – Nascido na Bahia, filho de pai árabe e mãe baiana, veio para Campos do Jordão em 1951, por motivos de saúde. Em 1954, transferiu-se para São José dos Campos e abriu, no bairro da Vila Ema, uma quitanda. O estabelecimento transformou na Casa Valença, um pequeno supermercado. Em 1965, inaugurou o Mercadinho Piratininga, no Jardim Paulista. Aos 71 anos, ainda em atividade, divide o comando das unidades do Jardim Satélite e Jardim Paulista com os filhos Ronaldo, Reginaldo e Silvana. Seu filho Ronaldo é diretor da Apas (Associação Paulista de Supermercados). Armed é casado com D. Iracema, natural de Tremembé.

Custódia Conceição Sousa – Nascida em Portugal, atua no segmento de Calçados desde 1978, quando foi fundada a primeira loja Jô Calçados, em Jacareí. Está em São José dos Campos desde 1990, de onde comanda, com a ajuda de seus filhos Maurício e André, as 13 lojas instaladas em São José, Jacareí, Taubaté, Guaratinguetá, Taubaté, Lorena, Resende e Campos do Jordão.

Recentemente, as lojas ganharam uma nova estratégia voltada à modernidade e à excelência em serviços, sem deixar de lado os aspectos sociais.

Como parte desse programa, a empresa frequentemente se volta à cultura e ao esporte como patrocinadora, para demonstrar seu apoio a projetos que incentivem práticas positivas para o desenvolvimento social.

Maurício Peneluppi – Estudou na Escola Técnica de Comércio Olavo Bilac. Começou a trabalhar aos 13 anos, na Ótica São José, como aprendiz auxiliar. Aos 20 anos, decidiu montar seu próprio negócio, a Óptica Foto Peneluppi, que viria a se transformar na Visótica. na rua Sete de Setembro, 135. Posteriormente, abriu uma nova loja na Praça Cônego Lima. Em 81, instalou sua terceira unidade na Av. Francisco José Longo. Foi presidente do Sindicato do Comércio Varejista de 1968 a 1970 e diretor da entidade até 1986. Foi também presidente da Associação Comercial e Industrial, de 88 a 92. “Até os anos 60, o comércio de São José era tradicional, pequeno. Com o desenvolvi- mento industrial, as origens do nosso comércio foram desaparecendo e dando lugar a grandes grupos e empresas comerciais vindas de outras cidades“, explica.

Prêmio 60 Anos Especial

A história desse joseense se funde com a história do comércio do município de São José dos Campos. Comerciante desde 1948, Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto, hoje com 77 anos, foi o primeiro a comercializar pneumáticos na região do Vale do Paraíba e até hoje abre seu estabelecimento antes das oito da manhã e o fecha depois das 18h, todos os dias. Incansável, ele continua à frente dos negócios, com o mesmo vigor e entusiasmo de um principiante.

Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto, o Bóia, em frente a sua loja.

Veterano no ramo do comércio e prestação de serviços, tanto em mecânica de autos quanto na compra e venda de pneus novos e recauchutados, o Bóia, como sempre foi conhecido, fundou seu negócio próprio e individual em 1950. Abriu as portas de sua oficina na rua Sebastião Hummel, em frente ao Mercado Municipal, quando ainda trocava pneu dos poucos veículos que havia no município, ao lado do meio-fio. Ali ficou até 1968.

Com a cidade crescendo e o trânsito aumentando, transferiu o negócio para a avenida Dr. Nelson D’Ávila, onde atende até os dias de hoje. Interessante observar que depois de todos esses anos, diferente do que Ocorre normalmente nas empresas familiares, as quais, depois de um tempo, seus fundadores permanecem como uma espécie de conselheiros dos negócios, Bóia continua sendo o pilar da empresa. Ele tem como seu único e importante sócio, o filho, conhecido como Boinha. Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto Júnior sempre esteve ao lado do pai, apoiando e ajudando a levar adiante o seu sonho.

Sindicato começou como Associação Profissional

A história do Sindicato do Comércio Varejista de São José dos Campos começou quando alguns comerciantes da cidade fundaram a Associação Profissional do Comércio Varejista de São José dos Campos, primeiro passo legal para requerer junto ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, seu reconhecimento oficial.

Reunidos em assem- bléia na noite do dia 20 de julho de 1943, na rua Sebastião Humel, 15, diversos comerciantes varejistas elegeram a primeira diretoria e aprovaram o projeto do estatuto da Associação.

A primeira diretoria da Associação Profissional do Comércio Varejista foi composta por: Octávio Moraes Lopes (presidente), Carlos Saloni (secretário) e Vitório Pulga (tesoureiro).

Dois anos depois da fundação da Associação, foi iniciado junto ao Ministério o processo solicitando sua transformação em sindicato.

Em 6 de dezembro de 1949, o Ministério autorizou a denominação de Sindicato do Comércio Varejista de São José dos Campos e deu a este a representatividade da categoria econômica do comércio varejista.

A primeira sede do Sindicato, então uma associação, foi em uma sala da Associação Comercial e Industrial, na rua Sebastião Humel, 15.

Quando a Associação se mudou para a praça Cônego Lima, o Sindicato a acompanhou. Instalados nesse local, os diretores do Sindicato iniciaram uma campanha para a construção da sede própria, o que resultou na compra do imóvel da rua Siqueira Campos 211, 1o andar, em cima do Palácio dos Móveis, de Olírio Costa.

Em seguida, a entidade se instalou na Galeria Pedro Rachid, em sede construída em área cedida pelo ex-prefeito Sérgio Sobral de Oliveira.

O prefeito Sobral descerra a placa de inauguração da Galeria Pedro Rachid em 1965, ao seu lado, o presidente do sindicato an época, Aldo Pires, já falecido.
A sede da Galeria Pedro Rachid, construída pelo Sindicato em terreno cedido pela prefeitura.

Em 85, o Sindicato comprou o imóvel da avenida Nove de Julho, 211, onde está instalado até hoje. O prédio que existia no local abrigava um centro médico e foi totalmente reformado e adaptado pelo arquiteto Ricardo Amado Fossatti.

A nova sede foi inaugurada em 17 de abril de 1986, com a presença do presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman.

Texto – Ana Paula Soares, Fotos – Gilberto Freitas, João Teodoro, arquivos pessoais.
Vale do Paraíba, 27 de julho de 2003

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