1a Semana de Arte e Cultura de São José dos Campos (1967)

Irmanados no mesmo ideal de progresso, Executivo e Legislativo soam os clarins, chamando o povo às praças para comemorar O II CENTENÁRIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS!

Elmano Ferreira Veloso
Prefeito Municipal

José de Castro Coimbra
Presidente da Câmara

1o SEMANA DE ARTE E CULTURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Patrocínio: PREFEITURA MUNICIPAL
Produção: NAGIB ELCHMER PROMOÇÕES

“…Só a pré-história da humanidade, entretanto, é que já se cumpriu: o homem jamais será condenado à imobilidade do paraíso, jamais deixará de se desenvolver. Na verdade, o homem sempre quererá ser mais do que é, sempre se revoltará contra as limitações da sua natureza, sempre lutará pela imortalidade. Se alguma vez se desvanecesse o anseio de tudo conhecer e tudo poder, o homem já não seria mais homem. Assim, ele sempre necessitará da ciência, para desvendar todos os possíveis segredos da natureza e dominá-la. E sempre necessitará da arte para se familiarizar com a sua própria vida e com aquela parte do real que a sua imaginação lhe diz ainda não ter sido devassada. (…) O homem, que se tornou homem pelo trabalho, que superou os limites da animalidade transformando o natural em artificial, o homem, que se tornou um mágico, o criador da realidade social, será sempre o mágico supremo, será sempre Prometeu trazendo o fogo do céu para a terra, será sempre Orfeu enfeitiçando a natureza com a sua música. Enquanto a própria humanidade não morrer, a arte não morrerá.”
(A NECESSIDADE DA ARTE – Ernst Fischer)

Conferências & Exposição

Dia 3 – JOÃO APOLINÁRIO
“Realismo e Povo no Teatro Brasileiro Contemporâneo”

Dia 4 – PROF. EUZÉBIO ROCHA
“Realidade Nacional e o Átomo”

Dia 5 – LUIZ ELMERICH *
Ilustrações musicais Ninfa Glasser “Chopin, Sua Vida e Sua Obra”

Dia 6 – CARLOS SOULIE DO AMARAL
“A Moderna Poesia Brasileira

Dia 7 – LUIZ SÉRGIO PEARSON
“O Moderno Cinema Brasileiro”

Dia 8 – JOSÉ GERALDO VIEIRA
“O Moderno Romance Brasileiro”

* Todas as conferências serão realizadas às dezessete horas no Auditório “Professora Maria Luiza Guimarães Medeiros”, do Colégio Comercial “Olavo Bilac” Francisco Pais n.o 84.
* Neste mesmo local, com abertura solene no dia três, às dezoito horas, permanecerá aberta à visitação durante toda a 1o Semana de Arte e Cultura, Exposição de Xilogravura de P. PERCIFAL.

Dia Três – Cinema – 20:30 – Cine Palácio

O Caso dos Irmãos Neves

Elenco:
Anselmo Duarte, John Herbert, Juca de Oliveira, Raul Cortez, Sérgio Hingst, Lélia Abramo, Cacilda Lanuza, Julia Miranda e Hiltrude Holz

Argumento e roteiro:
Jean Claude Bernardet e Luiz Sérgio Pearson

Extraído de:
“O Caso dos Irmãos Naves” de João Alamy Filho

Fotografia e Câmara:
Oswaldo de Oliveira

Edição e Montagem:
Glauce Mirko Laurelli e Luiz Sérgio Pearson

Direção:
Luiz Sérgio Pearson

CINEMA é ARTE. Como tal é uma das formas da consciência social. Entendemos por consciência social o conjunto de ideias, de teorias, de concepções sociais que refletem as condições da vida material da sociedade, o modo de produção dos bens materiais. Assim como a ciência, a arte é um poderoso instrumento de conhecimento e uma força social imensa. O caráter específico da arte é o de refletir, de reproduzir a realidade sob a forma de imagens artísticas perceptíveis por meio dos sentidos.

Em sendo uma das formas da consciência social, não se concebe uma arte desligada da realidade, um entretenimento vazio. A arte é a forma especificamente artística de compreender a realidade, captando o novo da vida, pondo-se à parte em relação a este novo e apoiando-o ativamente. A estética moderna (ciência que estuda as leis de desenvolvimento de arte, a atitude da arte para com a realidade, seu papel social e as formas e métodos da criação artística) não compreende a arte descomprometida, a arte pela arte. Toda manifestação artística está comprometida, mesmo as criações mais alienadas.

O cinema é a manifestação artística do presente/futuro. Conjuga as demais formas artísticas (música, literatura, pintura, arquitetura, etc.), isto é, o cinema é uma arte totalizante e impõe-se por um processo audiovisual. Estamos vivendo em tempo audiovisual cinético, daí considerarmos o cinema a arte do presente futuro. Quando esse cinema atinge uma linguagem universal, então, alcançamos uma forma de comunicação de ideias a mais avançada de quantas existem.

Dentro de um contexto cinematográfico internacional e uma necessidade social surgiu o CINEMA NOVO BRASILEIRO: uma tentativa de integração dessa arte à realidade brasileira e universal. O cinema novo, segundo o jovem diretor Paulo Cesar Saraceni (Porto das Caixas, Desafio, etc.), não limita-se, entretanto, aos festivais cinematográficos internacionais como muita gente imagina, pretende muito mais do que isso, procura reproduzir a realidade brasileira, buscando caminhos e participando, inclusive, de sua transformação.

O cineasta Luiz Sérgio Pearson começou analisando o problema urbano. “São Paulo S/A”, representante dessa fase, segundo o jovem cineasta é “um depoimento contra alguns dos mecanismos que conduzem ao conformismo: a automatização do indivíduo dentro da sociedade como a nossa, recém alçada ao plano de sociedade industrial que, na área econômica, ainda não está subordinada ao bem estar do próprio homem mas que faz dele apenas um dente de sua engrenagem”.

Pearson volta agora com “O Caso dos Irmãos Naves”. Ambientado em Minas Gerais, na cidade de Araguari, seu argumento feito em parceria com Jean-Claude Bernardet baseia-se em fatos reais ocorridos em 1937, quando, por um erro judiciário, dois irmãos foram condenados e cumpriram longa pena por um crime inexistente.

O filme não é um simples documentário ou ficção, mas pode ser definido como uma dramatização de documentos, nas palavras do próprio Pearson. O erro judiciário de Araguari foi utilizado para mostrar mecanismos que tornam possíveis tais injustiças em todas as épocas.

Fiel ao denominador comum do atual cinema nacional, Pearson preocupa-se menos com a forma e mais com o conteúdo de sua obra. E assim que o Cinema continua compromissado, preocupado, revoltado com o que vivemos e presenciamos. Apenas denuncia. Não é um cinema didático na medida em que não oferece soluções, mas poderá vir a sê-lo. Seus autores entendem que o importante é lutar pelo homem social agora.

MÁRIO ARNALDO convida:
Se você ainda não conhece, vá conhecer agora no bi Rancho do Bolão
Avenida Nelson D’Ávila n.o 1416 Telefone 2548

Dia quatro – Teatro – 21:00 – Cine Real

Coringa em Dois Tempos, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri

Elenco:
Gianfrancesco Guarnieri, Renato Consorte, David José, Dina Staf, Jairo Arco e Flexa, Vânya Sant’Anna, Silvio Zilber e Claudio Pucci

Produção:
Pedro Stepanenko, Miriam Muniz, Antônio Ronco e Osvaldo Cristiano

Cenografia:
Flávio Império

Iluminação:
Orion de Carvalho

Direção Musical:
Théo Barros
Compositores:
Gilberto Gil, Sidney Miller e Caetano Velloso

Músicos:
Zelão (violão), Romário (violão) e Manini (percussão)

Direção geral:
Augusto Boal

Em todas as fases de mudanças ocorrem revisões históricas. Não é coincidência, pois, a revisão que, em nosso país, começa a surgir, no sentido de rediscutir e de recolocar problemas do passado, analisados historicamente. O conteúdo desmistificador da revisão que ora se processa, assim, não caracteriza apenas o papel e a posição dos intelectuais que integram o Teatro de Arena de São Paulo. Atenderam, consequentemente, a pressão das condições da fase histórica que vivemos.

Arena Conta Tiradentes é uma peça que procura ambientar-se tanto no presente como na época em que se passa a ação. O rigor histórico permanece quase que somente como espinha dorsal da obra, tendo como decorrência muito importante a sua identificação com o homem de nossos dias, convulsionado por transformações sociais. Malgrado, entretanto, a sua localização no tempo, a peça é antes de tudo atual e sob certo ponto de vista necessária.

Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, seus autores, preocupam-se precipuamente em desmitificar o herói absoluto e, seguindo trilha aberta por Bertolt Brecht, procuraram diluir entre os personagens o heroicismo, quase que sempre incidente num único ente. Além disso, Guarnieri e Boal contrastaram periculosa- mente o pejo com a seriedade e conseguiram um genial entrosamento entre ambas as partes.

Usando palavras de um crítico famoso: “As constantes idas e vindas entre a gravidade e a brincadeira não diminuem o novo trabalho de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, mas ao contrário, servem para salientar a variedade e a diversidade, determinando, através de algumas coordenadas conhecido das aproximativas, tensão dialética entre a emoção e a satira, entre o empenho da sensibilidade e o recuo proporcionado pelo pensamento critico, que define o caráter e a tonalidade. Poderíamos descrevê-la talvez como uma farsa profundamente séria ou como um panfleto político com inflexões burlescas”.

Bertolt Brecht disse: “Nosso teatro precisa estimular a avidez da inteligência e instruir o povo no prazer de mudar a realidade”. Podemos divergir do Arena Conta Tiradentes ou mesmo ser pela manutenção do “statu quo” da sociedade brasileira. Devemos convir, entretanto, que: “Se todos os homens pensassem igual, não haveria necessidade de ciência, nem de arte, nem de debate, nem de liberdade, e as criaturas seriam como os pregos, feitas em série, aos milhões, ou conservadas iguais sob pressão, como os pregos ainda, sob a percussão do martelo”.

Oswaldo Martins Teledo (médico) congratula-se com as autoridades municipais pela realização da 1o SEMANA DE ARTE E CULTURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS.

Dia Cinco – Música Erudita – 21:00 – Cine Palácio

Musikantiga

1a parte
1o número – Greensleaves To a Ground (anônimo do século XVIII)

2o número – Recercada V (de Diego Ortiz)

3o número – Fantazia (de Anrriquez Valderravano)

4o número – Partita No. 2 (de G. P. Telemann)

5o número – Ária (de John Adson)

2a parte
1o número – Lacrhimae Antique (de John Dowland)

2o número – Pavana e Galharda (de W. Byrd)

3o número – Trotto (anônimo do século XIII)

4o número – Galharda (de O. Gibbons)

5o número – Sonata No. 5 a 3 (de P. Brovo)

O conjunto “MusiKantiga” começou a ser idealizado em janeiro de 1966. Milton, ex-colaborador do Coral de Camara e do Colégio dos Músicos, geólogo profissional e músico nas horas vagas, reuniu quatro amigos, dois amadores e um profissional, e ensaiou um concerto com músicas da Idade Média, da Renascença e do Barroco.

O lançamento do conjunto foi feito no Ponto de Encontro; um concerto em benefício do Teatro Oficina deu continuação às suas atividades. Depois estiveram na Aldeia de Arcozelo, apresentaram-se na TV (programa de Maisa) e no Beco das Garrafas (onde se deu a retomada do movimento renovador da música popular brasileira e o aparecimento do Sexteto de Sérgio Mendes).

Os musikantigos fazem questão de reproduzir os sons da Idade Média da forma mais autêntica possível.

RICARDO – Flautista doce, mestre em instrumentos antigos de sopro. 19 anos de idade, formado pela Sociedade Americana de Instrumentos Antigos de Sopro. E professor na Pró-Arte, membro do Colégio dos Músicos. E, também, flautim da Orquestra Filarmônica de São Paulo.

MILTON – Começou os estudos de música com violino, mas prosseguiu com flauta doce. Membro do Colégio dos Músicos, tocou no Quarteto de Cordas, onde se desenvolveu musicalmente. Geólogo. Considerado pela crítica de música erudita como um dos melhores na arte da fuga de Bach, é o principal elemento do conjunto, do ponto de vista da organização.

PAULO HERCULANO – Veio da música moderna e participou do concerto de música aleatória organizado pelo maestro Diogo Pacheco, no Teatro Municipal. E’ fundador do Colégio dos Músicos, da Cantoria Sacra, e considera-se aluno da Escola Livre de Música. Toca cravo, piano e órgão e é professor na Pró-Arte. Dirigiu a parte musical dos textos teatrais “Oh! Que Delícia de Guerra”, “As Troianas” e “Marat/Sade”.

DALTON DE LUCA – Aluno da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, vinte e três anos. Toca desde os cinco anos. Seu instrumento é o violoncelo.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, com à realização da 1a SEMANA DE ARTE E CULTURA, na qual reuniram-se altas expressões do movimento artístico e cultural do Estado, consolida definitivamente sua liderança no Vale do Paraíba. Realmente, até agora, nenhuma comunidade dessa região havia aberto com tanto entusiasmo os limites de sua luta às atividades culturais. As esporádicas realizações que são feitas em outras comunidades, quando se apresentam um ou outro artista, uma ou outra representação ou musical, não chegam a caracterizar, na realidade o conteúdo e o contexto de um movimento mais profundo. O que São José dos Campos está realizando com a 1a SEMANA DE ARTE E CULTURA, é mostrar que pode sem receio, fixar uma linha mais permanente, na valorização de seus habitantes, colocando-os em contacto com a realidade cultural. O distanciamento que vivem as populações das cidades interioranas das manifestações culturais, não somente é prejudicial à vitalidade do processo evolutivo da criação artística como também significa uma das razões pelas quais é moroso o processo de renovação de valores.

As plateias de Interior tem que ser atingidas pela cultura que elas ajudam a criar, mas que não recebem o mínimo de benefício por esta contribuição. A nossa tarefa é criar nas comunidades movimentos culturais com suficiente força real valor, para incentivar de forma mais objetiva o aparecimento de novos valores e sua radicação nas suas cidades. Não nos parece importante criar estes valores e vê-los submergir depois no complexo sistema de vida das cidades grandes (Capitais). É preciso criar condições para que estes valores criem seu trabalho absorvendo a realidade de suas cidades, manipulando artisticamente as aspirações das e vitalizando a criação gentes do local, e vitalizando a criação para uma cultura genuinamente brasileira.

O Vale do Paraíba, depositário de tradições e de valores consagrados, pode ter em São José dos Campos, onde existe uma efervescência estudantil e universitária, o grande marco para a renovação e consolidação desta cultura nacional que tanto aspiramos. Não se veja nesta nossa afirmação, tendência de jacobinismo ou nacionalismo prejudicial. Recebemos e assimilamos a cultura universal, temos agora que dar nossa contribuição ao processo evolutivo do Homem, caracterizando o que pensamos e o que queremos em termos de Brasil.

No entretanto, e para que São José dos Campos possa assumir esta sua missão, é mister que o Poder Público Municipal, a quem prestamos agora nossa homenagem, na pessoa de seu Prefeito Municipal, Senhor Elmano Ferreira Veloso, e na pessoa do Senhor Dr. José de Castro Coimbra, presidente da Câmara Municipal, pela acolhida entusiasta que deram à realização da I SEMANA DE ARTE E CULTURA, construa o Teatro Municipal desta cidade. Velha aspiração de todos aqueles que vêm se interessando pelo movimento cultural em São José dos Campos, será o templo da cultura e a casa do saber.

Que toda a população nos ajude na empreitada, que juntos haveremos de encetar para dotar São José dos Campos desse benefício, pois temos certeza que tão logo o Teatro se conclua, São José dos Campos atingirá sua maioridade cultural e artística.

Aproveito a oportunidade para expressar os nossos agradecimentos a Mário Ottoboni, pelo inestimável apoio que deu à iniciativa, e a todos aqueles que nos ajudaram, direta ou indiretamente, para o sucesso do empreendimento.
NAGIB ELCHMER, Coordenador da 1a SEMANA DE ARTE E CULTURA

Dia Seis – Música Popular – 21:00 – “Gynasium” da AESJ

Chico Buarque de Holanda (show)

Francisco Buarque de Holanda, filho do casal Sérgio Buarque de Holanda (historiador) e de Dona Maria Amélia de Holanda, nascido aos dezenove dias de junho de 1944, já conquistou, embora com a pouca idade (23 anos), um lugar de destaque ao lado dos grandes da Música Popular Brasileira. mente, convidado pelo Museu da Imagem e do Som, da Guanabara, prestou interessante depoimento sobre as origens e a problemática de suas músicas.
Aos cinco ou seis anos, Chico, levado pela família, passou a residir em São Paulo. Da capital paulista só saiu quando seu em Roma, pai ocupou cargo diplomático por dois anos. Muito embora ele considere como “apenas um estampido”, o Brasil passou a conhecer Chico Buarque depois que “A Banda” venceu (com Disparada de Geraldo Vandré) o Festival da Música Po- pular da TV Record. O próprio Chico conta de suas primeiras influências:

“Minhas primeiras influências musicais, além das cantigas de roda e marchinhas de São João, foram Ataulfo Alves e Noel Rosa, principalmente este de quem meus pais gostavam muito. Lembro-me muito destes versos: “São Paulo da café/ Minas dá leite/ E a Vila Isabel dá samba”, que eu mesmo cantava por volta dos meus oito anos, quando já fazia minhas musiquinhas, especialmente marchinhas de Carnaval, tudo a título de brincadeira.

“A essa altura de minha vida, minha irmã, Luísa Maria, hoje casada com João de violão, Gilberto, já tocava um pouco compositores trazendo para junto de mim um pouco de música. Quando surgiu a Bossa Nova, por volta de 1958, comecei a interessar-me por música, e foi nessa ocasião que fiz minha primeira composição fora do ambiente familiar e da roda que frequentava. Um amigo meu chamado Olivier e eu fizemos músicas mais ou menos à Ataulfo, mas sem violão, usando apenas o ritmo, batucando apenas. Meu amigo Olivier é paulista, e hoje é baterista.

“Foi em São Paulo que comecei a tocar violão, ouvindo a batida do violão de meu futuro cunhado João Gilberto. Era a batida típica da Bossa Nova, que me influenciou grandemente. Compus minha primeira música aos 15 anos, cantando, acompanhando-me e compondo à João Gilberto. Essa recordação não me agrada muito. Quando saiu o Barquinho, de Menescal e Boscoli, ainda era um entusiasta da Bossa Nova. Mais tarde voltei às recordações de minha infância, como fonte de inspiração (isso aos 15 anos), compondo então o samba Canção dos Olhos.

“Aos 16/17 anos, já tocava em shows de colégios, cantando minhas próprias composições. As influências da Bossa Nova acabaram não me lembro bem em que ano, quando fiz uma marchinha, que considero minha primeira composição não bossa-novista.

“Há dois anos, começou minha nova fase de compositor, quando fiz Sonho de Carnaval, e além dessa mais duas ou três, todas já isentas das influências bossa-novistas, uma das quais é Marcha de um Dia de Sol. Foi com Pedro Pedreiro que me senti mais integrado na minha atual fase. Considero Pedro Pedreiro o verdadeiro marco de minha nova fase.

“Minha infância foi como de qualquer outro garoto: jogava peladas nas ruas de São Paulo, ia ao circo, era enfim moleque de rua. Não sei qual o pedreiro que me inspirou no Pedro Pedreiro, pois o samba saiu de um só jato, de repente. Já Olê Olá teve inspiração mais ou menos inconsciente, não sei por que. Considero Olê Olá a filha de Pedro Pedreiro mais ou menos em sentido diferente. Fiquei três meses com Olê Olá engavetada, sem saber se a composição era boa ou não. Geralmente, faço primeiro a música, ou então música e letra a um só tempo.

“A marcha Tamandaré é mais ou menos de setembro/outubro de 65. Minha primeira experiência apenas como músico foi musicar Os versos de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, O que se deu em princípios de 65, quando Roberto Freire me convidou para musicar o poema. Fiz música também para a peça infantil O Patinho Preto, mas antes já tinha composto a música de Os Inimigos, de Górki, para o Teatro Oficina, de São Paulo. Fiz também música para um filme de Dionísio Azevedo. Agora tenho, também, de minha autoria, a música da peça Pedro Pedreiro, da Renata Palotin”.

o povo chamou a praça de Jardim do Gregório. Frente à praça (que é do povo) Mário Porto instalou a CANTINA DO MÁRIO, Praça Afonso Pena n.o 230 Telefone 3357

Dia Sete – Coral – 21:00 – Cine Palácio

CORAL DO CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO DA FACULDADE DE DIREITO DO LARGO SÃO FRANCISCO

Os poderes públicos joseenses e os organizadores da 1a SEMANA DE ARTE E CULTURA homenageiam o poeta CASSIANO RICARDO o mais ilustre dos filhos de São José dos Campos.

Dia Oito – Balelet – 20:30 – “Gynasium” da AESJ

O deputado Benedito Matarazzo ao ensejo das comemorações do bi-cenário vem reafirmar sua esperança e certeza no destino promissor da Terra de Cassiano Ricardo renovando ao prefeito do progresso e aos vereadores sua inabalável decisão de contribuir empenhando-se integralmente para a solução dos problemas da Capital do Vale do Paraíba.

Fauze Metne felicita as autoridades municipais pelas comemorações do bi-centenário e a promoção da 1a SEMANA DE ARTE E CULTURA e saúda os companheiros médicos e universitários.

Conjunto Ballet de Camâra

ELENCO: Marika Gidali, Marilena Ansaldi, Peter Hayden e Victor Aukstin

COREÓGRAFOS CONVIDADOS: Anton Garces e Marlene Diamante

BAILARINOS CONVIDADOS: Renée Gunniel e Anton Garces

PROGRAMA

1a PARTE

1o número – RAPSODIA com Marika Gidali, Anton Garces. Música de Rachmaninnoff. Coreografia: Anton Garces.

2o número – CAIM ABEL com Vitor Aukstin, Peter Tayden. Coreografia de Renée Gunniel.

3o número – PAS DE DEUX NEO CLÁSSICO com Marlene Diamante, Anton Garces. Música de Bizet. Coreografia: Anton Garces.

4o número – PAS DE DEUX c/ Marilena Ansaldi, Victor Auskstin. Música de Paganini. Coreografia: Anton Garces.

5o número – PAS DE TROIS com Marika Gidali, Victor Austin, Marilena Ansaldi e Peter Hyden.

Música de Percussão. Coreografia: Victor Aukstin.

2a PARTE

1o número – HUIS CLOS com Marika Gidali, Mariela Ansaldi, Peter Hyden. Inspirada na peça de Jean Paul Sartre. Música de Romuald Vandelle. Coreografia Renée Gunniel.

2o número – TARANTELLA com Marlene Diamante, Anton Garces. Coregrafia: Anton Garces.

3o número – HERMA com Marika Gidal. Inspirada na peça de Garcia Lorca, sem música. Coreografia: Renée Gunniel.

4o número – LIBERDADE com Marilena Ansaldi. Música de Scriabim. Coreografia: Anton Garces.

5o número – FINAL com todo elenco. Coreografia: Victor Aukstin.

O BALLET de Câmara foi fundado em 1966. Atuou em teatros como o Cacilda Becker, Ruth Escobar e Bela Vista. Já foram realizados um total de vinte espetáculos. E intenção do grupo realizar de duas a três temporadas anuais, além de excursionar pelo interior. São José dos Campos é a terceira cidade do interior a ser visitada pelo Ballet de Câmara. Foi fundado pela equipe de bailarinos Marika Gidali, Marilena Ansaldi, Peter Hayden e Victor Aukstin, todos com funções de coreógrafos e diretores.

MARIKA GIDALI

Nascida na Hungria, veio pequena para o Brasil. Iniciou estudos de danças com Serge Mulchatoff. Ingressou no “Ballet do IV Centenário de São Paulo” quando apresentou-se em diversos espetáculos. Contratada pelo Municipal do Rio, dançou diferentes papéis, com coreografias de Massine, Lichine, Veltchek, Schewezoff, Leskowa e outros. Voltando a São Paulo, fez parte do “Ballet” do Teatro de Cultura Artística e do “Ballet Amigos da Dança”. Em maio de 1964, integrou-se no Ballet Contemporâneo Brasileiro”, no qual alcançou êxitos e encontrou a definição de sua personalidade artística. Em 1965 representou o Brasil no “Festival de Colônia”, na Alemanha, onde obteve ofertas de contrato para dançar na Europa.

VICTOR AUKSTIN

Iniciou carreira com a professora Marai Plenewa. Em 1953 foi contratado com bailarino do “Ballet do Rio de Janeiro”, trabalhando com os coreógrafos Leonice Massine, Igor Sherazrff, Tatiana Leskowa, Maria Makarowa e Nina Verchina. Em 1957 foi contratado por esta última como primeiro bailarino e “partner”, viajando por todo o Brasil e pela América do Sul, até permanecer um ano em Bogotá, a convite da TV Nacional. Desde janeiro de 1965 integrou-se no “Ballet Contemporâneo Brasileiro” onde fez grandes criações. Em 1963 e 1965 esteve nos Estados Unidos e Japão, como coreógrafo e bailarino.

MARILENA ANSALDI

Formou-se pela Escola de Bailado da Prefeitura de São Paulo. Em 1953, tornou-se primeira bailarina do Corpo Municipal de Bailado. Teve como professoras Maria, Olenewa, Marilia Franco, Halina Liernacka e Maria Mellot. Apresentou-se em Helsinqui (Finlândia), 1962, tendo recebido convite para atuar na União Soviética, e dançado nas Repúblicas de Armênia, Azerbajão e Georgia, e finalmente em Moscou. Com o sucesso alcançado, recebeu uma bolsa de estudos de dois anos no Teatro Bolshoi. Ao término de seu estágio, sua maestra Sulamita Messerer prepaou-se para dançar Zarema, papel principal de “A Fonte de Bakhhisaray”, no Ballet Bolshoi, e tendo como “partner” Lapauri, passando 9 meses em Paris, estudou com Olga Morossava e atuou na TV francesa. De volta a São Paulo, dançou “A Dama das Camélias” e “Scheherazade” no Municipal.

Dia Nove – Teatro Infantil – 10:00 – Cine Real

VIAGEM DO FAZ DE CONTA

TEATRO DE GRUPO DE GRUPO apresenta

Viagem ao Faz de Conta, dois atos de WALTER QUAGLIA

ELENCO: JUCA: Pedro Luís Vergueiro

PURPETA: Stan Blazko

FLORISBELA: Maria Helena Sampaio

PRINCESA DAS BOLAS DE GÁS: Vitória Nívea

FOLHISBERTO SABITUDO e CHICO ALFINET: Eraldo Rizzo

VOZ: Fernando Rocha Moreira

CENÁRIOS E FIGURINOS: José Carlos Proença

COREOGRAFIA: Marika Gidali

MÚSICA E LETRAS: César Roldão Vieira e Milton Nascimento

ARRANJOS E DIREÇÃO MUSICAL: Paulo Herculano

CENOTÉCNICO: Jarbas Lotto

EFEITOS DE LUZ: Manoel Ribeiro

PRODUÇÃO: Eraldo Rizzo

CONFECÇÃO DE FIGURINOS: Telier Elina

ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Beatriz Berg

DIREÇÃO GERAL: Roberto Vignati

GRANDE ESPETÁCULO CIRCENSE- 14h00 “GYMNASIUM” DA AESJ

*Trata-se do maior espetáculo circense já apresentado nesta cidade. Os portões do “gymnasium” da Associação Esportiva permanecerão abertos a partir das quatorze horas para todas as crianças da cidade. Preços populares. O circo funcionará ininterruptamente até as dezoito horas.

AUTORIDADES

Prefeito Municipal:

Elmano Ferreira Veloso

Vice-Prefeito:

Jorge Vieira da Silva

Presidente da Câmara:

Dr. José de Castro Coimbra

Juízes:

1.a Vara: Dr. Eduardo de Campos Maia Netto

2.a Vara: Dr. Alberto Gentil de Almeida Pedroso Filho

3.a Vara: Dr. Geraldo Carlos de Almeida Camargo

Promotores:

1.a Vara: Dr. Antônio Faria da Rosa

2.a Vara: Dr. Benedito Quadros

3.a Vara: Dr. Olney Borges Pinto de Souza

Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento:

Dr. Carlos Eduardo Figueiredo

Delegado Regional de Polícia:

Dr. Arlindo Toledo

Delegado Adjunto:

Dr. José Oswaldo Pereira Vieira

Delegados Substitutos:

Dr. Osmani Pinheiro Machado

Dr. Haroldo Segamarchi

Dr. Reinaldo Sartorello

Dr. Dorival de Freitas

Dr. Carlos Sbarro Puteri

Vereadores:

Antônio Sebastião Pereira, Argemiro Parizotto de Souza, Benedito Pinto da Cunha, Donato Mascarenhas Filho, Felisbino Franco Rodrigues, Francisco Pereira de Faria, Geraldo Marcondes Cabral, Getúlio Orlando Veneziani, Jorge Pinto de Souza, José de Castro Coimbra, José Clementino de Faria, José Ferze Tau, Luiz Carlos Veneziani, Nadim Rahal, Paulo Akira Nakamura, Pierino Rossi, Sebastião Teodoro de Azevedo.

A Fundação Valeparaibana de Ensino, o maior núcleo educacional do Vale do Paraíba, congratula-se com as autoridades locais pela promoção da 1a Semana de Arte e Cultura de São José dos Campos.

“…realmente, no futuro, as máquinas finalmente substituirão os homens na execução de todo trabalho mecânico que venha a ser considerado indigno do esforço humano. Mas, na exata medida em que as máquinas se forem tornando mais eficientes e mais perfeitas, tornar-se-á igualmente claro que a imperfeição é a grandeza do homem. Tal como as máquinas cibernéticas, o homem é um sistema dinâmico que se aperfeiçoa a si mesmo; no entanto, não chega jamais à auto-suficiência, abrindo-se sempre para a infinitude. Não lhe é possível tornar-se criatura de pura razão, obedecendo exclusivamente às leis da lógica. “Quod nunc ratio est, impetus ante fuit”, escreveu Ovídio. (“O que agora é razão, antes foi impeto”). E é esse “impetus”, essa paixão, essa imperfeição criadora que sempre distinguirá o homem da máquina”. (ERNST FISCHER)

ESCOLA TÉCNICA “EVERARDO PASSOS”

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