A década de 40 constitui um importante marco na história de São José dos Campos. A construção, àquela época, do Centro Técnico de Aeronáutica, o CTA, definiu, por várias e sabidas razões, o advento de uma nova era para a cidade, por força do extraordinário surto de progresso que aquele evento propiciou.
Cite-se, a esse respeito, também a construção da fábrica da Cia. Nacional de Rayon, estabelecimento industrial de alto porte e inegável papel no nosso desenvolvimento econômico-social.
Outro fator de especial relevância para o progresso, não só de São José dos Campos, como também de todo o Vale do Paraíba, foi a abertura da Rodovia Presidente Dutra, ligando Rio de Janeiro a São Paulo.
Antes disso, São José dos Campos notabilizara-se como estação climática oficial e centro médico sanatorial famoso no que diz respeito ao tratamento de pacientes portadores de tuberculose. Para tanto, contávamos com cerca de vinte sanatórios especializados e com médicos tisiólogos do mais elevado padrão técnico científico, dentre os quais convém Nelson Silveira D’Ávila, pioneiro da cirurgia toráxica no país, José Rosemberg, João Batista Souza Soares e Amauri Louzada Veloso. A população doente distribuía-se pelos sanatórios, residências particulares e as chamadas “pensões sanatoriais”.
Com o advento da estreptomicina, em 1947, depois a isoniazida, em 1952 primeiras drogas tuberculostáticas, de ação direta sobre o bacilo de Koch, a incidência do terrível mal entrou em rápido declínio, passando a ocupar como “causa mortis”, no obituário geral, um dos últimos lugares.
Para tão brilhantes resultados, concorreram, igualmente, a vacinação pelo BCG e o exame radiológico do tórax, em massa, pela abreugrafia, inventada pelo ilustre sábio brasileiro Manoel de Abreu.
Daí por diante, o ritmo de desenvolvimento e progresso de São José dos Campos tornou-se milagrosamente vertiginoso. Estabelecimentos industriais da maior importância foram instalados. A área urbana expandiu-se rapidamente. Várias escolas superiores, além do ITA, já existente, foram criadas, como as faculdades de Direito, Economia, Engenharia, Filosofia e Letras, Serviço Social, Arquitetura e Engenharia Industrial.
No início da década de 50, a instalação do Rotary Club e do Lions Club dotou São José dos mais excelentes fatores de empreendimento e realização, constituindo-se obra de imperecível valor. A rede hospitalar ampliou-se e teve seu padrão notavelmente melhorado. O comércio e a indústria continuaram crescendo em ritmo dificilmente observável noutras regiões do país.
O resto toda gente conhece. São José dos Campos, a antiga e pobre cidade do Vale do Paraíba, transformou-se rapidamente num principais centros urbanos e industriais de todo
o Brasil. Verdadeiro milagre se operara, em tempo relativamente curto.
Nesses instantes de regozijo, ao ensejo do transcurso de mais um aniversário da cidade, é justo que se relembrem aqui, com gratidão e respeito, a memória e o esforço de todos aqueles que, de qualquer forma, contribuíram para o engrandecimento de nossa terra e para maior glória do povo joseense.
Dr. Orlando Campos – Um médico que já foi prefeito de São José dos Campos, conta como sentiu chegar o progresso à cidade, que os forasteiros ocupavam na esperança de cura para a tuberculose.
Jornal Perfil Mulher, julho de 1987
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