Quando fui convidado pelo jornalista Antônio Augusto de Oliveira para integrar a equipe que elaborou as edições especiais de relançamento do jornal “ValeParaibano”, em 1977, confesso que fiquei agradavelmente surpreso com o que encontrei. Desde a funcionalidade do prédio projetado e construído especificamente para a publicação de um jornal moderno até os equipamentos “off-set” de recente geração. Sem dúvida alguma, um dos empreendimentos jornalísticos mais corajosos do País na época que, combinado com o ambiente de abertura política que vivia o Brasil, só poderia resultar no grande jornal regional que é hoje o “ValeParaibano”.
Surpresa mais agradável ainda tive com a equipe que encontrei, desde a redação, passando pelo departamento comercial e indo até as oficinas. Ali estava reunida uma equipe valorosa e de qualidade, disposta a fazer um grande jornal e criar condições para atrair outros profissionais de imprensa competentes e de qualidade para a região. Sentia longe o tempo em que me iniciava no jornalismo, nos idos da Organização Radiojornal, em 1965, na Avenida Mário Galvão, onde o jornal “ValeParaibano” dividia o prédio com a Rádio Clube ZYE-5. Quanta mudança! Conversava com o saudoso amigo, o folclorista, professor e jornalista Francisco Pereira da Silva, o “Chico Triste”, fundador do jornal em 6 de janeiro de 1952, no vizinho município de Caçapava.
Depois, a transferência do jornal para São José dos Campos pelas mãos do jornalista Joacyr Beca, que também era um dos responsáveis pela nova fase, uma vez que atuou na transferência de proprietários do jornal, da Rádio Bandeirantes, Aniz Mimessi, João Jorge Saad, para Ferdinando Salerno, Aquilino Lovato. Pensava, ainda, na fase áurea de “O ValeParaibano”, na época do chumbão, ao tempo do saudoso jornalista Edward Simões, que me iniciou no jornalismo fazendo substituí-lo na elaboração do noticiário da Rádio Piratininga.
Antônio Augusto de Oliveira, ao me convidar explicou que o fazia pelo trabalho que eu havia desenvolvido em 1972, e que recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo em Equipe: a edição especial da revista “Realidade” sobre as “Nossas Cidades”, que marcava a passagem do Brasil de um País predominantemente rural para urbano.
Eu havia feito a reportagem da principal matéria daquela edição especial da extinta revista da Editora Abril. Esta matéria focalizava a primeira megalópole dos trópicos, que se formava no eixo Rio-São Paulo, a supercidade que chamamos de “Pasangua” (PA de São Paulo, SAN de Santos e GUA de Guanabara). E o Vale do Paraíba, situado entre as duas metrópoles brasileiras, era a área em que o “ValeParaibano” passaria a circular.
Tratava-se de ampliar e aprofundar aquela reportagem com os recursos humanos e materiais da melhor qualidade, que o “ValeParaibano” colocava à disposição. Até ali, no entanto, o material recolhido tinha apenas o caráter informativo, meramente acadêmico. Foi preciso pautar a edição especial. Verificou-se, em seguida, a dificuldade técnica para a execução de uma única edição especial que reunisse todo o material previsto no projeto jornalístico. Decidiu-se, então, pelo lançamento de uma primeira edição especial, seguida da publicação diária de cadernos especiais com a edição normal.
Foram dias e noites indormidas. Mesmo assim, a primeira edição de relançamento saiu com ligeiro atraso. Porém nos dias subsequentes o jornal começou a entrar em seu ritmo diário e os cadernos especiais representaram a maior reportagem que algum jornal ou revista já fez sobre o Vale do Paraíba, destacando-se não só as reportagens e os textos, como também verdadeiros ensaios fotográficos da região, de sua gente e de suas cidades. Todas as cidades da região foram objeto de reportagens. Os problemas regionais foram apresentados e discutidos. Uma das regiões mais estudadas e planejadas do País passava a contar com um jornal capaz de mostrar e debater o seu passado, o seu presente e o seu futuro. O futuro do homem valeparaibano. O “ValeParaibano” demonstrava que a sua modernização ocorria para contribuir com a modernização do próprio Vale do Paraíba. Acabava o ciclo das “Cidades Mortas” descritas por Monteiro Lobato e se iniciava o ciclo das “Cidades Cósmicas” da poética de Cassiano Ricardo. (1994)
Luiz Paulo Costa – Jornalista
Traga sua história para ser contada!
Digitalização de fotos, vídeos, áudio, documentos, recortes de jornais, gravação de depoimentos, cartas, etc.
Mídias Sociais: sjcantigamente
WhatsApp: (12) 99222-2255
e-mail: sjcantigamente@gmail.com
Nosso grande mestre, LUIZ PAULO COSTA. 👏👏👏👏👌👌👌👌⚘