São Francisco Xavier
A base eleitoral do vereador Pedro David era o distrito de São Francisco Xavier e com o crescimento da cidade a participação daquele colégio eleitoral proporcionalmente diminuía, tornando difícil a eleição de um vereador apenas com os votos do distrito. Pedro David percebia isto a cada eleição. Era cada vez mais difícil a sua reeleição. Até que na última vez que concorreu, em 1959, o desgaste era visível e muitos de seus eleitores migravam para candidatos de outras regiões, com possibilidade de serem eleitos. Percebendo isto, Pedro David no dia da eleição foi fazer boca de urna em São Francisco Xavier. Lá, fora do perímetro eleitoral, distribuía sua propaganda.
Conversava com uma pessoa sobre a dificuldade que era sua reeleição, quando um eleitor que acabava de votar se aproximava. Pedro David disse ao interlocutor: “Veja bem como minha reeleição está difícil! Este que vem vindo aí sempre votou em mim! Quer ver uma coisa?!”
O eleitor, ao se aproximar, foi logo tirando o chapéu e saudando: “Olá “seo” Pedro! Bom dia! O meu voto já está lá!” Pedro David estendeu a mão e fez menção de pegar o título de eleitor que aparecia no bolso da camisa do eleitor, afirmando: “Então deixa eu ver em quem você votou?” O ex-correligionário foi logo botando a mão no peito e dizendo: “Isto não “seo” Pedro, o voto é secreto!” Como se pelo título de eleitor pudesse ser descoberto o seu voto…
Daí o vereador Pedro David vira-se para o amigo com quem conversava e confirma: “Viu como desta vez eu não emplaco?!”
Luiz Paulo Costa – Jornalista
Orêia foi feita pra ponhá bita de cigarro!
Preocupado com a limpeza pública da “estância climática” de São José dos Campos, em fins da década de 50, o saudoso vereador Nadim Rahal (PTB), um dos pioneiros da radiofonia joseense como locutor da Rádio Clube, apresenta projeto de lei proibindo os munícipes de jogarem ponta de cigarro na rua. Talvez tenha sido este também o primeiro projeto antitabagismo apresentado na Câmara Municipal, pelo constrangimento que causaria aos fumantes. A maioria aplaudiu a iniciativa, mas o projeto de lei dependia do parecer da Comissão de Finanças e o relator era o rigoroso e inesquecível vereador Pedro David (1948/1951e 1955/1959).
O parecer não demorou! Mas logo depois de lido pelo autor, este concordou com o arquivamento do projeto, sem contestação! O parecer dizia: “Arquive-se com urgência o presente projeto de lei, antes que o prefeito Veloso comece a nomear fiscais para multar os munícipes que jogarem ponta de cigarro no chão. Ademais, “orêia foi feita pra ponhá bita de cigarro!”. Assinado: Pedro David. E ponto final!
Luiz Paulo Costa – Jornalista
Boi sem barrigada
O Matadouro Municipal, no final da Rua Siqueira Campos (onde hoje se encontra o prédio da Escola Estadual Suely Antunes de Melo), jogava fora a barrigada dos bois que matava, porque não tinha valor comercial. Esta barrigada, no entanto, era disputada pelas camadas sociais de baixa renda que usavam os miúdos como mistura. Em fins da década de 50, os miúdos de boi passaram a ter valor comercial e a não serem mais jogados fora.
O então vereador Pedro David resolveu fazer uma investigação no Matadouro Municipal, para verificar se as barrigadas estavam sendo vendidas ou não. Depois de uma semana de investigação, subiu à tribuna da Câmara Municipal para dar conta de sua investigação e foi logo avisando: “Acho que as vacas e os bois de São José estão nascendo sem barrigada!”
É que ele contou o número de vacas e bois que deram entrada e saída do Matadouro Municipal e comparou com o número de barrigadas vendidas. O número de bois era bem maior do que o de barrigadas. Daí a sua conclusão!
Luiz Paulo Costa – Jornalista
A contagem dos paralelepípedos
O prefeito Elmano Ferreira Veloso enviou o Projeto de Orçamento Anual à Câmara Municipal prevendo uma dotação para o calçamento à paralelepípedos da Rua Sebastião Hummel. O vereador Pedro David, embora com apenas o quarto ano do curso primário, era o que mais conhecia os meandros do orçamento municipal. Discutia dotação por dotação, rubrica por rubrica, não deixando nada sem conferir.
Vai daí que um dia encontram o arguto vereador de trena na mão medindo a Rua Sebastião Hummel de fora a fora. No dia da discussão do orçamento municipal ele apresentou a sua conclusão: “O Prefeito Veloso está pedindo muito dinheiro para calçar a Rua Sebastião Hummel. Eu medi de ponta a ponta e dividi pelo tamanho do paralelpípedo e cheguei a esta conclusão. Portanto, vamos cortar a dotação prevista no orçamento!”
E dito e feito, a verba orçada estava acima da despesa com o calçamento à paralelepípedos da Sebastião Hummel, que foi inaugurado com grande alarde no final da década de 40.
Este mesmo procedimento o Vereador Pedro David adotou em relação à verba destinada à coleta de lixo. De madrugada, ele subia na boléia do caminhão que recolhia o lixo na cidade, marcava a quilometragem e depois fazia as suas contas para verificar se a dotação orçamentária prevista era suficiente ou estava além das despesas com o serviço. Não é à-toa que ele foi também um dos pioneiros do processo de industrialização de São José: possuía uma fábrica de meias na rua 7 de setembro, que ajudou a manter a sua numerosa família por muitos e muitos anos.
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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