O gerente da fábrica compra algumas meias de seda, no Badue Curi, estimado comerciante da Rua Siqueira Campos. Badue, do seu balcão, dominava a rua, e, vendo passar a esposa do industrial, corre a perguntar-he se gostou do presente. – “Que meias!” Percebendo a mancada, o negociante envia a “encomenda” à casa de dona Nenê, desculpando-se, porque: “Imagine, seu marido esqueceu as meias lá em cima da escrivaninha”.
Altino Bondesan

César, o alfaiate, é dos que vão a São Paulo às segundas e se demora comprando aviamentos. As filhas o vão esperar na Central, no expressinho, conforme ele havia ajustado. Não encontram ninguém… Mas, chegando á casa, topam com o velho, muito bem posto, queixando-se do cansaço da viagem.
Há, na vizinhança, a certeza de que ele pertence à turma do “viajou”.
Altino Bondesan

0 fotógrafo português faz constantes viagens à Capital, onde vai buscar hipo sulfito de sódio e outros ingredientes profissionais. Seu filho chega em casa, anunciando que viu o tal, na Rua Vilaça. Dona Olpimpia mune-se de um pau e pede ao filho que mostre a casa. E, em lá chegando, foi dando pauladas em quantos encontrou. O marido, inclusive, que daí em diante, deixou de viajar…
Altino Bondesan

Antônio Rodrigues de Moraes era orador oficial de tudo quanto fosse aniversário, casamento, recepção etc. Foi quem saudou o padre Geraldo Miranda, ao concluir o curso no Seminário de Taubaté, bem assim, anos depois, o dr. Dorival Dellias, que se formara médico.

Sendo escolhido para saudar Arnaldo dos Santos Cerdeira depois deputado e político influente, Moraes passou a decorar seu speech, pela manhã, nos fundos de seu quintal, que divisava com a casa de Bueninho. Enfurecido, este jurou pregar uma peça no orador, cujo discurso começava assim: “Senhores, haveis escolhido o mais humilde dos presentes, para saudar…”

No banquete, Bueninho pede a palavra, antes que esta seja dada ao tribuno oficial e vai declamando: “Senhores, haveis escolhido o mais humilde.. “Moraes, à falta de outra saída, desmaiou e nada disse..
Altino Bondesan

24 de agosto de 1954. Udenistas acordam cedo, para festejar a queda de Getúlio Vargas. Oscar Strauss, José Pinotti, Danilo Monteiro, Jamir David e outros saem conduzindo um caixão, promovendo o enterro do presidente. Neste instante surge, desesperado, Mariano e dá uma ordem singular:

“Suspendam o enterro. O homem suicidou-se!”
Altino Bondesan

Um comerciante de Santana nota que sumiu o arreio exposto à porta do seu estabelecimento. Zé Cândido, o contador, sugere-lhe uma saída genial: debitar o arreio para todos os fazendeiros, clientes da casa. O que não reclamasse seria o autor do “descuido”.

– O resultado foi inesperado, conta o negociante. “Recebi mais de trinta arreios, só dois ou três reclamaram.
Altino Bondesan

Até fins dos anos 30 o comércio de São José funcionava aos domingos, até 14 horas. Fechava na segunda, dia que os comerciantes aproveitaram para ir a São Paulo, fazer compras. Adelino Figueiredo Pinto, muito correto e estimado, dirige-se à estação da Central e é recebido com amável zoada. Perdera o trem. O expressinho partira alguns minutos antes… Sem perder a fleuma, Adelino pede uma passagem para Caçapava, cujo trem partia logo em seguida. Fechou a boca dos maledicentes e teve lucro, já que naquela cidade lhe contaram da morte de Chiquita, uma prostituta, que tinha muitas dívidas mas deixava propriedades. Os comerciantes estavam se habilitando na Justiça. Adelino volta a São José, remexe velhos papéis e, no fim, recebe preciosa grana comentando: “Ainda dizem que os lusos não são inteligentes…“
Altino Bondesan

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