Dia 13 de Maio, é a festa de Nossa Senhora de Fátima, portanto o São José dos Campos Antigamente faz conexão com o ano de 1954, através de matéria veiculada na revista “Atualidades” daquele ano, sobre o projeto da Igreja de Nossa Senhora de Fátima que se pretendia erguer no bairro Jardim América. 

Marco de uma época. Ousada obra arquitetônica num preito de fé a Nossa Senhora de Fátima.
Em uma área de 450 metros quadrados erguer-se-á a nave majestosa com 5 metros de altura, por 11,75 de largura e 21,75 de comprimento, com capacidade para abrigar 450 fieis sentados. Ao fundo elevar-se á, imponente, uma torre com 11,5 metros de altura, por 4 de diâmetro, onde será instalado um carrilhão.
Serão empregados cerca de 3 milhões de cruzeiros. Uma obra que impressionará o país e marcará época. Ao lado da nave sem colunas elevar-se-á a torre como um farol marítimo. No planalto de S. José a iniciativa de fé da colônia portuguesa da cidade.

Marco de uma época

A iniciativa, que sem dúvida marcará época, partiu da colônia portuguesa de São José dos Campos, congregada no seio da Sociedade Luso-Brasileira Nossa Senhora de Fátima, que, em princípio, pensava somente em construir um modesto Templo em louvor àquela santa. Fizeram construir então uma Capelinha em terreno doado no Jardim Nova América, onde tem sido realizada uma missa por mês. A afluência de fieis, entretanto, foi crescendo de mês a mês, de modo a transformar as missas na Capelinha em verdadeiras missas campais. Foi quando surgiu a ideia de construir-se uma grande Igreja, que não só pudesse atender ao grande número de fiéis, mas sobretudo, constituísse uma grande homenagem a N. S. de Fátima.
E a colônia portuguesa de S. José, através da Sociedade Luso-Brasileira e tendo à frente João Lopes Simões, José Fernandes, Carlos de Oliveira Rocha, Ismael Alves Rodrigues, José Marques Loureiro e outros, movimentou-se ativamente. Não é sabia ainda, nessa altura, como seria a feição arquitetônica do novo templo, mas a colônia portuguesa de S. José estava disposta a concretizar alguma coisa diferente. E o resultado veio mostrar não só a dedicação religiosa de seus membros, como também a mentalidade evoluída que os norteia.

A visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima à cidade de S. José dos Campos, quando de sua peregrinação pelo mundo, veio dar início a uma notável obra arquitetônica em louvor àquela santa, que não só dotará aquela cidade de um templo católico de linhas revolucionarias, e ditadas pela última palavra em arquitetura moderna, o que fará de S. José um rival de Pampulha, como também tornará a mesma um ponto de parada obrigatório para todos os turistas e fieis do país e do estrangeiro, quando em transito pelo Vale do Paraíba ou em visita a São Paulo ou Rio.
A obra, orçada em cerca de 3 milhões de cruzeiros, será construída num planalto imenso, quase à entrada da cidade, em lugar da modesta, mas singela e sugestiva, Capelinha de N. S. de Fátima. A planta do novo Templo de N. S. de Fátima já foi aprovada pelo clero de S. José e agora será encaminhada ao Bispo de Taubaté afim de ser obtida a aprovação final.

O Projeto

O engenheiro Victor Palma, encarregado de confeccionar o projeto do novo templo, não idealizou as costumeiras linhas góticas ou romanas, tão comuns nos demais templos católicos. Muito pelo contrário, rompendo com os estilos gótico e romano, tão exóticos e diferentes, mas superados e incompatíveis com o conceito moderno de harmonia de linhas e conforto, idealizou um prédio para o novo Templo a N. S. de Fátima que impressiona por suas linhas simples, mas harmoniosas, cuja visão de conjunto, da nave em carco, ampla e sem colunas, à torre dos sinos, elevando-se alta e imponente como um farol marítimo a nortear os viajantes marítimos, elevar­ se-á majestosamente no imenso planalto do Jardim Nova América, arrancando exclamações de admiração dos brasileiros e impressionarão o turista estrangeiro, os portugueses perpetuarão sua fé a N. S. de Fátima no Planalto de São José dos Campos.
Para erigir o novo e majestoso templo a N. S. de Fátima, necessita a colônia portuguesa de S. José dos Campos de 3 milhões de cruzeiros. Nesse sentido, porém, vem a colônia desenvolvendo uma campanha de arrecadação de fundos entre o povo da região em geral, estando o movimento, atualmente, sob a direção de monsenhor Ascânio Brandão. Na foto a diretoria da Associação Luso-Brasileira de S. José, pioneira do movimento.

Campanha

Entretanto, para erigir essa obra monumental de fé que, mais do que a São José, pertence também ao Vale do Paraíba torna-se necessária a contribuição e a cooperação de toda a região, mormente dos portugueses, a fim de torná-la realidade no mais breve prazo de tempo possível. A campanha, por sua vez, para a arrecadação de fundos, já se iniciou em São José dos Campos, tendo a Sociedade Luso-Brasil será designado um banco para deposito das quantias e eleito monsenhor Ascânio Brandão para dirigir o movimento. Os tijolos, conforme compromisso, serão doados pela Cia. de Melhoramentos de São José, a qual já doou o terreno para construção do novo Templo. O projeto, que já obteve a aprovação do clero de São José e agora será encaminhado ao Bispo de Taubaté para a aprovação final será entregue à responsabilidade de engenheiro construtor Silvio Becker.

Festa

Ainda como parte da campanha para ereção do novo Templo a Nossa Senhora de Fátima, a colônia portuguesa de São José; através da Sociedade Luso-Brasileira, fará realizar em meados de outubro próximo uma grande festa; na atual Capelinha do Jardim Nova América, em louvor à última aparição da santa na cova da Iria, em Portugal. A essa festa serão convidados todos os portugueses do Vale do Paraíba, assim como todo o povo da região, devotos ou não de N. S. de Fátima.


Revista Atualidades, 1954

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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente