Restaurante Costela & Cia – anos 90

Abaixo vocês terão acesso a uma matéria veiculada na Ticket em Revista, uma publicação de 1997 sobre o restaurante Costela & Cia que existiu na rua Euclides Miragaia, em frente a SABESP.


A Câmara Municipal de São José dos Campos, Estado de São Paulo, em 20 de agosto de 1996 em Sessão Solene foi aprovado por unanimidade o requerimento do vereador Florivaldo Rocha, parabenizando os donos e funcionário do restaurante Costela & Ca pelo bom serviço e atendimento especial à comunidade. Era o reconhecimento oficial das qualidades que tornaram o estabelecimento famoso naquela cidade de muitas indústrias de tecnologia avançada, inclusive a Embraer, fabricante de aviões.

E o que tem este restaurante, que só serve costela de boi, de tão especial? Segundo os vereadores, conforme diz o texto do requerimento, o serviço e o atendimento são seus maiores atrativos. Para os donos, funcionários e os clientes do dia a dia, porém, a casa tem um algo a mais que leva sua fama por todo o Vale do Paraíba e além do churrasco de filé de costela, a costela desossada, temperada e assada com grande maestria.


Mas vamos a 1978, quando os jovens irmãos Carlos e Helder Macedo, paulistas, resolveram aprender a fazer churrasco, uma comida tão adorada desde criança. Logo lembraram do tio Archimedes Audi, um gaúcho com fama de bom churrasqueiro, e nas festas de fim de ano lá foram os dois para o Rio Grande do Sul. Viveram ali dias de muitas festas e muito aprendizado.

Não descolavam um minuto do tio Archimedes. Ficavam atentos a tudo e, a cada dia, surgiam novidades para aprender. Uma delas chamou ainda mais a atenção dos rapazes, uma carne que não fazia muito sucesso em São Paulo, e era simplesmente a favorita dos gaúchos. Uma carne bem mais saborosa do que as conhecidas picanha, maminha e alcatra, tradicionais dos churrascos paulistas. Dizia o gaúcho que a verdadeira carne para um bom churrasco era a costela de boi, só que tinha um problema, dava muito trabalho, exigia mais atenção do churrasqueiro e um tempo muito maior no fogo até ficar no ponto para servir.

A CARNE AGRADOU

Carlos Macedo, então com 18 anos, lembra esses dias com muita saudade. “Foram inesquecíveis. Os ensinamentos do tio Archimedes foram importantes. Naquelas férias passamos a entender que fazer churrasco era uma arte digna de grandes mestres.” E voltaram para São Paulo com toda a pompa dos churrasqueiros iniciantes. Até o palavreado dos Pampas eles passaram a usar. Jamais diziam “assar carne”, o certo era churrasquear. E a cada fim de semana exibiam os conhecimentos para familiares e amigos.

Mas eram amadores nessa arte. Carlos, o mais velho, estudava para ser engenheiro mecânico e nas horas vagas era atleta da equipe de hóquei sobre patins do Palmeiras, chegando a ser tricampeão paulista. Helder sonhava com a publicidade, seu mundo era a criação, a imagem. Os dois concluíram a faculdade e tornaram-se profissionais em suas áreas. O primeiro foi trabalhar na Rhodia, em seguida Johnson, onde completou dezessete anos de casa. Nesse período morou pela primeira vez em São José dos Campos. O segundo seguiu o caminho das agências de publicidade. A ideia de ser dono de restaurante não passava pela cabeça deles.


Em 1990, Carlos voltou a trabalhar em São José, dessa vez preferiu morar fora da cidade. Alugou uma fazenda para estar perto da natureza e poder fazer grandes reuniões de amigos e parentes, com pelada e churrasco nos fins de semana. O churrasco ali era à moda da região, assavam vários tipos de carne, que o pessoal comia rapidamente. A costela. Que demorava para assar, acabava ficando para os de casa, os convidados de barriga cheia, nem chegavam a experimentá-la. Um dia, disposto a fazer com que todos sentissem a delícia, Carlos resolveu fazer um churrasco só de costela. “A carne agradou em cheio. Um amigo perguntou porque eu não montava um restaurante pra vender esse prato, e gostei da ideia, meu irmão Helder ficou feliz com a ideia, porque não aguentava mais viver em São Paulo. Queria fugir da cidade grande e, quando surgiu o desafio, topei na hora. A ideia de montar uma restaurante e virar caipira muito me atraía. Hoje sou um caipira com muito orgulho.”


Os dois começaram por procurar um ponto de bom movimento. “Descobrimos um casarão com cara de casa de fazenda. Não era um ponto apropriado para um restaurante, mas tínhamos a certeza que os fregueses iriam para onde a gente estivesse.” Lembra Helder.

Ao mesmo tempo, faziam experiências com diversos pratos à base do filé de costela. Chegaram a dezoito formas diferente de servi-lo. Algumas ficariam mais famosas, como a costela acebolada. No dia 24 de novembro de 1993, inauguraram o Costela & Cia.

Carlos recorda que, no início, ele mesmo e o irmão cuidavam de assar a carne e, assim, acabavam pecando um pouco no atendimento. “Há uma diferença entre você estar na sua casa servindo os amigos e num restaurante aberto ao público, trabalhando comercialmente. Ai entendemos que tínhamos de profissionalizar todos os setores, a começar pelo churrasco, cujos segredos ensinamos aos nossos cozinheiros.”


Somado ao espirito criativo e profissional, os irmãos Macedo se orgulham de ter procurado sempre trabalhar com fornecedores confiáveis. “Da empresa que fornece o alho até o Ticket Restaurante, que nos garante um grande percentual de fregueses, buscamos parceiros com uma filosofia parecida com a nossa: inovação profissionalismo e seriedade”, diz Carlos. Hoje o restaurante funciona a todo vapor, e o casarão está pequeno para o número de clientes na hora do almoço.

O sucesso do Costela ultrapassou as fronteiras do Brasil. Dos seis empresários que já procuraram os irmãos Macedo propondo a abertura de franquias, um deles é de Orlando, nos Estados Unidos. Mas os Macedo estão cautelosos quanto a isso. Helder acha que as franquias virão, mas devem começar pelo Vale do Paraíba, para que eles possam acompanhar de perto o fornecimento e até a forma de assar a costela “Existe todo um processo em cima disso. Não é só você pegar uma costela e enfiar doze ou quinze horas na churrasqueira direto. Tem todo um ritual nessas quinze horas – e as vezes chega a vinte horas. dependendo do tamanho da peça. O segredo e não ter pressa”. garante

Enquanto não abrem para as franquias, Carlos e Helder procuram aprimorar a cada dia o seu restaurante. Tem um nome a zelar e já fazem parte da história comercial de São José dos Campos Os vereadores apenas oficializaram o que toda cidade já sabia.


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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

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