Lembram-se do suplemente infantil chamado BRINCAR do jornal Valeparaibano, lançado em 1987?
O jornalzinho deixou a criançada do final dos anos 80 em furor, meus amigos e eu sempre participávamos da sessão de cartas, com desenhos e solicitações, no intuito de manter o suplemento sempre vivo para alegrar nossas manhãs de Domingo. Semanalmente lá estava eu, em frente a banca de revistas e jornais que existiu em frente ao posto Tropical no Parque Industrial, marginal da Via Dutra. O Tropical deixou de existir há muito tempo… Inclusive no período que ali morei vi a construção do viaduto e da passarela sobre a Dutra que conectam os bairros.
Na redação estava o Denivaldo Piaia e na arte Waldemar Cullen, o Dema. Em um trabalho hercúleo eles conseguiram desenvolver com muita luta mais de 100 edições, um marco em nossa cidade e esquecido, sem qualquer referência hoje em dia.
Naquela época eu deixei de conversar com um amigo muito querido de infância, eu não sabia como chegar até ele e utilizei o suplemento para retornamos o contato, fui muito positivo! Após isso fui em uma ocasião fui com ele esperar o Dema na redação do jornal entusiasmados para conversar sobre o universo artístico, mas claro, sem combinar nada, achamos que seria fácil (risos).
O suplemente em um período passou a publicar também fotos das crianças além de seus desenhos, era como nossa rede social na época. Alguns destes desenhos transmitiam uma forte identidade joseense como poderão ver nas imagens abaixo:
Revendo alguns exemplares de minha coleção, pude encontrar o desenho do meu amigo Leandro, conhecido como Shell aqui na cidade, mas só fui conhecê-lo anos depois em bares de rock do município.
Com 2 anos de jornalzinho foi publicado um texto em que o autor mostrou-se bastante feliz com o resultado atingido com a publicação, que assim como eu, acredito que muitos se projetaram mais ao artístico diante tal vivência. Leia abaixo:
Não foi nem um pouquinho fácil, deu um trabalhão danado mas, no dia 8 de março de 1987, o BRINCAR nº 1 estava nascendo e trazendo com ele todo aquele mundo que só as crianças e pessoas puras como elas, sabem que existe e o compartilham.
Ele nasceu tímido, pequeno, mas com a certeza de que muita gente esperava por ele. A partir deste dia, as crianças passaram a ter novos e leais amiguinhos, uma centopeia chamada Nóia que sempre toma as iniciativas, dá bons conselhos e lidera o grupo nas decisões que precisa tomar.
Veio também uma minhoca chamada Nonoca, muito medrosa e tímida. Mas muito alegre e pronta e entrar nas brincadeiras.
O sossego e a tranquilidade eram características de um caramujo que se chama Juba e que por todos os lugares que vai, sempre leva consigo sua casinha nas costas.
Mas nem tudo era sossego. Conhecemos também um vaga-lume, Pisca-Pisca, daqueles bem elétricos que está sempre aprontando alguma com seus companheiros mas sempre levando a pior e aprendendo uma nova lição.
Brincando no seu lago, preguiçosa, apareceu a libélula Lola. Um amor de libélula que também nunca se recusa a entrar numa boa brincadeira. Mas se a Lola é preguiçosa, essa qualidade já não pode ser dada a saúva Soraia, uma formiga muito trabalhadora que está sempre preocupada em guardar alimentos para quando as coisas ficarem difíceis. Para ela o trabalho vem antes da diversão, e com toda razão.
Será que faltou alguém? Mas como poderíamos deixar de lembrar da Nina?!! É a joaninha mais fofinha que já se viu em qualquer jardim e que está o tempo todo preocupada em ajudar os amigos. Aliás, ela prepara um chazinho que é um santo remédio para todos os problemas de saúde. Mas que bichinho mais bonzinho! E isso acabou dando à ela o titulo de “personagem mais querido do BRINCAR” numa eleição que realizamos entre nossos leitores, lembram-se?! Sem dúvida foi um título muito bem dado e até mesmos os outros bichinhos concordaram com o resultado da eleição. Assim nós ficamos conhecendo os personagens que vivem naquele mundo que, antes do dia 8 de março de 1987, só o Dema (criador e desenhista dos personagens) conhecia, mas agora ele pertence a todas as crianças.
E agora uma dica só para vocês: Querem conhecer como é a personalidade do Dema? É só pegar todos os bichinhos, misturar bem e pronto! O Dema é exatamente todos eles juntos: um líder decidido como a Néia, tranquilo como o Juba, às vezes preguiçoso como a Lola, mas também (quando precisa), trabalhador como a Soraia, ágil e malandrinho como o Pisca, tão camarada como a Nina e, quando está sozinha, medroso como a Nonoca.
Logo nos primeiros números descobrimos que realmente as crianças estavam esperando por alguma coisa como o BRINCAR. O incrível volume de cartas que passamos a receber é prova disto. Cartas com desenhos, sugestões, críticas construtivas, colaborações e muitos. Mas muitos elogios.
Quem foi que disse que sonho não se transforma em realidade? Há vários anos atrás existia um sonho no ar. Um menino magrinho e alto vivia seu sonho particular, num mundo que era só dele. Um mundo no qual todos nós, crianças e adultos, sonham em viver.
Esse mundo já existia há muito tempo para o Dema e nesse mundo ele vivia muito feliz. Mas apesar disso, sentia que ainda faltava alguma coisa. E depois de muito pensar e procurar o que estava faltando para completar o seu mundo particular, acabou descobrindo: faltava dividir esse mundo com outras pessoas, mas pessoas que assim como ele, tinham sensibilidade suficiente para saber que a felicidade está nas coisas pequenas e simples, na natureza, num gesto de amizade, na ingenuidade de uma gota de orvalho. Não havia mais dúvidas: essas pessoas eram as crianças.
Outro amigo que fiz tempos depois, já via rede social foi o Mauricio Rett, o vencedor do desenho mais bacana enviado ao jornalizinho infantil Brincar para aquela edição de natal, eu também participei deste concurso! Que falta faz um suplemente infantil na região…
No dia 21 de maio de 1989 o Brincar lançava a edição 115, seu último número, deixando uma despedida esperançosa, mas seus idealizadores já sabiam que não teria volta, porém tiveram o cuidado de não apagar o sonho daquelas crianças que acompanhavam semanalmente o suplemento, e que certamente continuaram suas historinhas com aqueles personagens por muitos anos, seja na mente ou no papel.
Esta foi uma breve recordação de um jornalzinho que fez parte da vida de muitas crianças e adultos, sim adultos! A leitura e a arte eram uma delícia, cativantes, e certamente agradou quem nunca sepultou a criança que lhe habita.
Traga sua história para ser contada!
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente