Zapata foi a primeira casa noturna de São José dos Campos, um inesquecível ponto de encontro anos 70. Existiu na Av. Nelson D’Ávila, próxima ao Hotel Modena, CopCentro… Mais precisamente, onde foi a Garden Music nos anos 80 e 90.
Abaixo você acompanha uma matéria feita pela jornalista Renata Del Vecchio para o jornal O Vale em 2013.
Em tempos de balada e azaração tecnológica há quem se recorde da primeira casa noturna de São José: a Zapata Disco Club. Fundada por volta de 1975, o local era ponto de encontro para quem queria passar a noite ao som de ritmos como bolero, tango e samba-canção, bem diferentes dos atuais.
O advogado Antônio Nunes de Moraes Neto, um dos proprietários da boate ao lado do sócio Fábio Egídio de Carvalho, conta que o espaço inaugurou a vida noturna da cidade. “A Zapata foi a primeira boate de São José, era muito bem frequentada e recebia toda semana seu público fiel”, afirma.
Aberta de terça a domingo, o dia da agitação na casa noturna era o sábado. Para entrar o público pagava 30 cruzeiros, o que dava direito a dois drinques. “Os dias quentes eram sexta e sábado. Com capacidade para 300 pessoas a boate ficava lotada. Além das bebidas também eram servidos quitutes”, diz Antônio Nunes.
Localizada na avenida Doutor Nelson D’ávila, espaço onde antes funcionava o restaurante “Bolão”, a boate contava com bar, pista de dança e mesas ao seu redor. “Assumimos a casa, melhoramos a iluminação e os equipamentos. O som que era fraquinho, ainda com fita K7, foi substituído por um potente discotecário.”
Durante seu auge a Zapata recebeu atrações como Vinícius de Moraes, Toquinho, além de artistas locais. “Chegamos levar a escola de samba Bafo de Onça para se apresentar na Zapata. Foi um show de passistas e fantasias”, lembra Nunes.
Badalação. O endereço da diversão noturna era tão badalado que havia até colunistas sociais para retratar a presença de promotores, empresários e funcionários públicos que frequentavam a boate.
Com a chegada da disco music, no fim dos anos 70, a Zapata ganhou Luiz Sobral como terceiro sócio e juntos os proprietários transformaram o espaço em uma verdadeira discoteca. “Trocamos todos os equipamentos de som, colocamos luz negra, foi uma festa. Fomos modernizando de acordo com a época”, diz Nunes Neto.
A Zapata encerrou suas atividades em junho de 1979 e as atrações daquela noite especial foram o musical Esquema Dez e Bandinha Junina.
Nostálgico, o proprietário da boate pioneira destaca que hoje o conceito de agito noturno é outro. “Ainda encontro pessoas que recordam com saudade da Zapata. Foi um tempo marcante. Sempre gostei da noite, de dançar e ser proprietário de uma casa noturna marcou minha vida”, afirma.
Terceiro da esquerda para a direita, o conhecido garçom de apelido Corintiano sorridente para a foto, um dos garçons mais queridos de São José.
Depoimentos
“Dancei muito lá, era toda espelhada, eu morava no CTA e íamos em 5/6 casais as vezes até fechamos a boate se fossemos em mais casais. Tempo bom.” Por Regina Bernardo.
“Nossa! Zapata era muito bom. Lembro uma vez, cheguei cedo, entrei pedi uma cerveja no balcão. No fundo do salão à meia-luz, ainda quase sem ninguém, tinha 2 caras sentados tomando Whisky. Foi quando o garçom me falou: sabe quem são eles: Toquinho e Vinícius de Moraes, eles tem um show aqui em São José amanhã num clube. Não acreditando, me aproximei e realmente eram os dois poetas. Somente acenei com um oi de cabeça e voltei para o balcão. Mais tarde virou a Garden Music do meu grande amigo Edinho Veneziani. Saudades!” Por Augusto Amado.
“Acho que todos que viveram nessa época curtiu o Zapata… nunca esquecerei… era tudo de bom…” Por Tereza Duque de Oliveira.
“Fui atropelado ali em frente ao sair de uma festa de 15 anos de uma amiga. Isso em meados da década de 70. Um opala táxi me pegou em cheio quando eu atravessava para pegar carona do outro lado da avenida, que tinha duas mãos de direção. Fato preocupante, fiquei uns dias internado na Santa Casa, inclusive. Saudade do Zapata. Saudade de São José dos Campos (o chão que eu adoro) de antigamente.” Por Ivan JG Quadros.
“Nossa! Comemorei meu aniversário lá! O Heitorzinho, o Marcão e o Marmita organizaram e amigas me deram o bolo de presente. Amigos dos anos 70! Época boa da faculdade!” Por Suely Silva.
Outro proprietário que o Zapata teve foi Ottorino Hitalba, e abaixo uma foto e uma nota do jornal Valeparaibano de março de 1977.
Um dos proprietários da Zapata, Ottorino Hitalba falava de sua satisfação de ver a boa frequência do seu restaurante dançante. Para se comer bem e por preços módicos, o Zapata tem um dos melhores cardápios de nossa cidade e para quem gosta de ouvir música ou dançar, o Zapata tem um repertório de deixar muita gente com água na boca, pois Ottorino tem sempre um zelo especial para com seus fregueses. Sempre sorridente, transmitindo alegria, Ottorino Hitalba e sua equipe de garçons, diziam que, com um tipo de restaurante dançante como é o Zapata, é permitida somente a entrada de casais.
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente