O depoimento a seguir é da senhora Adelina Nozak, que junto com sua família fez parte da história da Cerâmica Santo Eugenio, na Rua Eugenio Bonadio no Centro. Hoje existe outro comercio no local, esquina com a Av. Dr. Nelson D’ávila, não tendo nenhum registro no local que faça alusão à antiga empresa. Eu seu relato a sr. Adelina também acrescentou imagens e documentos que ilustração mais esta viagem à história de São José.
Meu avô Manuel Arruda e meu pai Jorge Arruda trabalharam na Santo Eugenio, meu pai permaneceu por trinta e cinco anos (de 1938 a 1973), aposentou e continuou trabalhando por mais alguns anos. Lá trabalhou também seus irmãos Eliseu Arruda, Rodolfo Arruda e depois eu entrei, assim como meu irmão Nelson Arruda no almoxarifado (depois saiu e foi para a Kodak, após foi trabalhar na Ericsson) e meu primo Daniel Lemes, também no almoxarifado.
Eu fui trabalhar antes com o doutor Jorge Cury e seu irmão, de lá eu fui para a Santa Casa com dezesseis anos, ficando por 2 anos. Lá trabalhei com o doutor José de Carvalho Florense, muito conhecido na cidade, ele também era médico lá da Bonadio, ele conhecia meu pai desde a época da juventude. Ele me levou para a Cerâmica em 1965 pois estavam precisando de uma enfermeira por lá. Nesse período ele me ajudou muito, ele pedia ao gerente, o sr. Gilberto Cará para melhorar meu salário, pois o salário da cerâmica era bem baixo para todos.
De lá ele me levou para Ericsson em 1969 pois era também médico da empresa, onde permaneci até 1986.
O período que eu trabalhei na Santo Eugenio foi muito bom, fiz muita amizade pois a empresa não era tão grande, éramos praticamente uma família, a gente se conhecia, sabíamos a história de cada um, sabíamos o nome e o apelido de todos. Como eu trabalhava no ambulatório, todo mundo passava por lá para fazer revisão médica, tinha também o dentista, o saudoso Pedro Ives. Mantenho contato com algumas pessoas ainda, mas o restante o tempo se encarregou de levar. Já os procurei pelas redes sociais sem sucesso.
As moças que aparecem nas fotos são as pessoas do escritório, mas eu tinha contato com toda a fábrica, conhecia todo o setor aí dentro.
Meu pai era pai dez filhos, então você imagina como que foi, né? Muita correria. Quando dava o primeiro apito da fábrica as 06:40h, ele já estava na porta da fábrica, o trabalho começava as 07:00h. Todo mundo usava a bicicleta naquela época, quando abria o portão todos entravam pra bater cartão, mas ele entrava mais cedo pra poder produzir mais e ganhar mais, e quando encerravam o expediente ele saía no último apito, na hora do almoço era a mesma coisa, saia depois e chegava antes.
Ele trabalhava no torno, lixava as peças de cerâmica antes de ir para o forno. Ele e meus tios faziam isso todos os dias, pois tinham família numerosa. Entravam mais cedo para produzir mais, e quanto mais tábuas de material pronto como saladeira, pratos, jarros etc, mais dinheiro era ganho.
Um fato curioso, na época não tinha fogão a gás, e meu pai fez um fogão para queimar pó de serra, pois na fábrica tinha uma carpintaria onde faziam as caixas para as louças, inclusive para exportação. Sobrava muita serragem, caminhões lotados, ele comprava o caminhão cheio, levava pra casa e lá a gente usava nesse fogão para cozinhar. Era difícil comprar lenha ou carvão, precisávamos economizar, desta forma a serragem que queimava lentamente mantinha o fogão quente o dia todo.
Quando alguém faltava era preciso ir na casa de casa um para saber o motivo, se era problema de saúde, precisando de alguma assistência médica etc, e o sr. José Nicodemo, conhecido como Pepino era o responsável por nos levar, pois ele dirigia o Fordinho da empresa, na verdade para qualquer trabalho externo ele era nosso motorista.
Na idade que eu estou e eu tenho saudade daquele tempo.
Por Adelina Nozak.
Assista ao vídeo sobre a vida do sr. José Nicodemo.
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente