A Capital da Tecnologia do Brasil (1974)

Com 260 mil habitantes e renda per capita de 2.400 dólares, esta cidade paulista é a mais rica, mais desenvolvida e menos poluída do país.

O município Paulista de São José dos Campos, situado à beira da Rodovia Presidente Dutra, é um exemplo de desenvolvimento planejado absolutamente bem sucedido, que encontra raros precedentes em outras partes do mundo. Em quatro anos, sua população passou de 130 para 260 mil habitantes. Nesses quatro anos, as autoridades municipais já tinham montado uma infraestrutura global capaz de atender plenamente às necessidades de 400 mil habitantes. Quando o município possuía 130 mil habitantes, o número de funcionários da Prefeitura era de 1.700. Hoje, com a população duplicada, a Prefeitura reduziu seus funcionários para 1.200. No ano passado, a renda per capita anual de São José dos Campos atingiu 2.400 dólares, o que faz dela a cidade mais rica do Brasil em proporção ao número de habitantes. Esta reportagem mostra como ocorreu este milagre que faz da capital da tecnologia brasileira a cidade mais desenvolvida e menos poluída do país.


É realmente estranho o papo das rodas de bares da cidade de São José dos Campos. Em vez de ficar discutindo futebol, falando de mulheres, ou batucando sambas, a rapaziada se empolga em animados debates sobre foguetes espaciais, desenhando nos guardanapos de papel complicados esquemas de engenhos dos mais variados tipos. Detalhe curioso: as garotas do grupo muitas vezes se intrometem nos debates, contestando detalhes, ou fornecendo palpites que são ouvidos com seriedade. Na realidade, a mocidade de São José vive intensamente o clima de sofisticação do maior centro tecnológico do país. À primeira vista, São José não difere muito de certas cidades ricas do interior paulista: arranha-céus espalhados pelo centro e pelos bairros da cidade, entre algumas mansões de respeitável solenidade. A impecável limpeza do asfalto contrasta com o verde das árvores e dos gramados que se estendem pelos logradouros.

Os carros correm com facilidade pelas artérias recentemente alargadas, o trânsito do município é um dos mais perfeitos do Brasil. São José dos Campos foi a primeira cidade do país a usar parquímetros de estacionamento, o que desencoraja qualquer concentração anárquica de veículos no centro urbano. A população infantil dispõe de parques recreativos em todos os setores. No centro comercial, uma classe média ascendente desfila sem parar perante lojas de surpreendente requinte, e o serviço dos bares e restaurantes denuncia um poder aquisitivo e hábitos alimentares de nível bastante superior aos das outras populações urbanas do Brasil. Até pouco tempo, São José dos Campos era apenas uma bela estância, recomendada para a cura de doenças pulmonares. Hoje ela constitui a meca dos investimentos de grandes empresas nacionais e estrangeiras, que ali procuram estabelecer industrias de alto nível de sofisticação. Por um feliz concurso de circunstâncias, o município atraiu para si um número elevado de instituições cientificas, técnicas e de pesquisas tecnológicas, cujo renome começa a chegar até aos grandes centros do exterior. Ali estão instalados, entre outros, o Instituto de Pesquisas Espaciais, o Centro Técnico Aeroespacial – que compreende o Instituto de Atividades Espaciais (IAE), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) e o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI). A empresa Johnson & Johnson mantém em São José dos Campos um Instituto de Pesquisas em Doenças Tropicais cujo prestigio já ultrapassa as fronteiras do Brasil.

São José dos Campos foi a primeira cidade do Brasil a instalar parquímetros para regular estacionamento de veículos. O Prefeito Sobral de Oliveira soube planejar o crescimento de seu município, que é atualmente a capital nacional da tecnologia, com um parque Industrial altamente sofisticado. No imenso Banhado ao lado da cidade, será construída brevemente uma réplica brasileira da Disneylândia.

A Cerâmica Weiss está instalada em São José dos Campos desde 1940, contando hoje com 500 funcionários. Sua produção atualmente, 700 itens de peças tipicamente artesanais, além de servir ao mercado interno é exportada para os EUA, África do Sul, Japão, Nigéria, Canada, Alemanha e Austrália. Em São José dos Campos visite a loja de varejo, à av. Rui Barbosa, 747.

Esta estância tem a felicidade de ser a cidade de São José dos Campos

Era uma vez uma estância no Vale do Paraíba que tinha tudo para ser uma grande cidade. Precisava somente que os homens tomassem consciência do seu fabuloso potencial, mas que não esquecessem de continuar amando e respeitando o seu próximo.

207 anos passaram pelo tempo, numa corrida na qual a comunidade foi vencedora.

São José dos Campos não pretende ser a rainha do Vale. Prefere ser apenas um exemplo. São José dos Campos mostra que é possível crescer por igual: ser uma cidade como poucas e uma estancia como sempre.

Estamos de parabéns!

Está pronto o novo Distrito Industrial de São José, que você avista quando passa pela Via Dutra. Essa magnífica área plana, maior que muitos municípios, será dividida em lotes do tamanho que você necessitar. Sobre ela passa rede de alta tensão e sob ela fica o mais rico e puro lençol de água de todo o Estado. Além disso, a cidade espera você com uma infraestrutura completa: escolas, telefones, esgotos, centros comerciais e residenciais com todos os melhoramentos urbanos. Rede internacional de Telex, Armazém Alfandegário, Cacex, Câmbio, e o código de DDD mais fácil do Brasil: 0123. Tudo isso, as distâncias encurtadas pela Dutra, pela Pedro I. pela Central do Brasil e a proximidade do Porto de São Sebastião, são os maiores incentivos para que você se decida por São José dos Campos. Dê uma olhada no mapa, e veja quem já está lá. O novo Distrito Industrial, que também será servido pelo Monotrilho de São José, está sendo vendido pela Prefeitura a preço de custo. Só há uma regra de jogo: sua indústria não pode poluir nem o ar e nem os rios. Quanto ao resto, prepare-se para receber todo o apoio e todas as facilidades da Prefeitura de São José dos Campos. A estância industrial que mais cresce com planejamento. Comece a pensar no futuro de sua indústria. Pense grande. Porque não em São José dos Campos?

Alberto Santos Dumont, brasileiro que foi o primeiro ser humano a fazer voar um aparelho mais pesado que o ar.
A. De Lavaud, o homem que, com um avião inteiramente projetado e construído no Brasil, fez, em Osasco, o primeiro voo no continente sul-americano.
A todos aqueles que idealizaram e colaboraram para a criação no Brasil de um Ministério da Aeronáutica e de um Centro Técnico Aeroespacial.
Aos industriais Henrique Lage, Guedes Muniz, Francisco Pignatari, Barros Neiva e a tantos outros pioneiros da indústria aeronáutica brasileira.
E, finalmente, as autoridades que contribuíram para a criação da Embraer Que hoje, dez anos depois de sua fundação, está entre as principais indústrias aeronáuticas do mundo, no setor de aviação geral. Que utiliza a mais moderna tecnologia e emprega 4.700 pessoas, entre engenheiros, técnicos e operários especializados. Enfim, uma empresa que participa cada vez mais do competitivo mercado internacional (hoje, já existem 60 aviões da Embraer em operação no exterior).

Tudo isso ela dedica a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, tornaram possível este anúncio comemorativo dos seus 10 anos de existência.

Revista Manchete, 1974.

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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

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