Ao atingir o curso profissional da Normal, antevê a normalista, através dos dois anos de estudos a vencer com ardor, para ser-lhe o diploma conferido título sempre ambicionado para o ideal a que se propusera, – a casinha nova, por entre a garoa gélida das manhãs paulistas… a casinha nova da escola rural, plantada à base da pirâmide verde do cafesal intermino.
Pelo cérebro dança-lhe a imagem das crianças formando a colmeia policrômica que o patriotismo e a dedicação a levaram a tratar, lá no sertão distante, isolada do bulício do mundo, mas perfumada pela flora paulista amiga.
Antevê, ainda, á distancia, a estrada sinuosa que liga a escolinha, de paredes brancas, claras como a alma da criança, à residência do cavalheiro de hospitalidade fidalga, mui brasileira, e que a acolhe com o desejo de ver preparados para a vida aqueles botõezinhos humanos.
Mas presente já, não obstante os longos anos que ainda lhe faltam para o início da missão sagrada, os agridoces acúleos da saudade dos entes queridos que terá que deixar para ir a recantos desconheci. dos. E pensa… Entre duvidosa, ao pensar no porvir para ela ignoto, entre animada com laivos de alegria na alma, ao pensar na alegria de educadora, em que dará à criançada confiada Tao seu carinho a própria vida para que a nossa gente nova viva a vida feliz, ela, a normalista vê, correndo os dias, chegar o primeiro exame parcial do curso.
O Num novo cenário mental, vê… livros, cadernos, examinadores, em confusão estonteante. · De longe… os prazeres da família acenam-lhe convidativos, insinuantes. E a tentação deles lhe produz ímpetos de tudo abandonar e correr para os afagos do lar. E em sua alma cambia, então, o hesitar perturbador: caminhar para o ideal de educadora ou retroceder para a vida simples do interior familiar. Mas, aquele ideal, móvel de sua invocação, quebra o desânimo do retrocesso, e num esforço jubiloso subjuga a indolência ameaçadora como o anelo de triunfar sobre vicissitudes de tal natureza.
A normalista, repelindo assim os embates da indecisão, recolhe-se a seu quarto de estudos e manuseando livros e cadernos, estudando com afinco, se vê logo aparelhada para a primeira prova parcial, cujo resultado, verificado na época legal, lhe compensou brilhantemente as fadigas.
Tal será na segunda e na última com o mesmo êxito da primeira e assim mais esperançada para atingir ao seu ideal sonhado, acalentado, no são desejo de entrar na sacrosanta campanha da educação da infância, magno problema de nossa querida Pátria.
Jornal Aretê, 30 de julho de 1935
Diretor: Flavio B. Macedo
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