A arte de bem viver nos campos de São José (1973)

São José dos Campos desfruta de uma posição geográfica privilegiada, no Vale do Paraíba, a 84 quilômetros de São Paulo e 320 da Guanabara. Situada entre a Mantiqueira e a Serra do Mar, apenas 60 quilômetros a separam de Campos do Jordão, o mais famoso centro de turismo de inverno do país. Por uma estrada nova, a mesma distância, estão as praias de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba. O aeroporto internacional de Viracopos fica a menos de duas horas e já há planos para a construção de um outro, próprio para aviões supersônicos, a poucos minutos da cidade.



O arquiteto Ulisses Burlamaqui explica ao diretor-superintendente da Condado, Alonso Bortoni, o seu projeto urbanístico. Acima, um dos diversos modelos de residências do Jardim das Colinas, a ser lançado em setembro, que introduzirá um novo conceito de viver bem em São José dos Campos.

Acesso a São José pela Via Dutra.


Ligada a todos os pontos do Brasil por uma variada rede rodoviária e ferroviária, com nove faculdades dentre as quais o Instituto Técnico da Aeronáutica e três adiantados centros de pesquisas, não foi por acaso que São José dos Campos se tornou a terceira maior cidade paulista, excluídas as cidades da Grande São Paulo, com 207 mil habitantes e 283 indústrias. Destas, só as 15 maiores, com linhas de produção sofisticadas, empregam mais de 18 mil pessoas. Outras 11 empresas de grande porte estão ali edificando seus parques fabris. Dentre elas, a Petrobras. cujas instalações custarão Cr$ 1,4 bilhão, produzirão 190 mil barris diários de combustível e disporão de equipamentos especiais para evitar a poluição da atmosfera e dos rios.

A extraordinária expansão de São José dos Campos está bem apoiada em critérios técnicos de planejamento da sua administração municipal. Os serviços públicos de saneamento básico estão sendo ampliados através de obras que alcançam a soma de Cr$ 50 milhões para atender até 400 mil habitantes, praticamente o dobro da população atual. Além do seu clima excepcional, do seu ar leve de montanha, a cidade se orgulha também de dispor, no subsolo, de água bacteriologicamente e quimicamente pura. No setor das comunicações, há cinco agências postais, uma central de telex e, em dezembro do próximo ano, os terminais telefônicos deverão atingir o total de 10 mil unidades.

Parahyba, Johnson, Kodak, GM, Ericsson, Rhodia, Alpargatas, Matarazzo, Eaton, Kanebo, Hitachi, National, Fiel, Providro, Engefusa Industrial, esta última associada do Grupo Condado, são apenas algumas das importantes empresas instaladas em São José. Acima, o campo de golfe do clube que fica ao lado do Parque Santa Rita.

Praça da Matriz



Com o seu parque Industrial em explosiva expansão, sede de instituições como o Centro Técnico Aeroespacial, da FAB, do Instituto de Pesquisa Aeroespacial, da CNPq, e do Instituto de Doenças Endémicas, da Johnson & Johnson, abrigando um número cada vez maior de especialistas de alto nível, naturalmente cresce continuamente a demanda de moradias. Para que se tenha uma ideia concreta do boom imobiliário decorrente do progresso de São José dos Campos, basta dizer que, em maio último, a sua prefeitura aprovou 19 projetos de edifícios de mais de 20 andares. A maioria das grandes construtoras paulistas já está em ação ali: Guarantã, Hindi, Envil, Grupo Rockefeller, Garant, Rácz e Ambiente.

Agora, estão presentes dois outros poderosos grupos, com uma nova filosofia da arte de bem morar: uma Condado, Administração e Empreendimentos S.A. e suas coligadas a Construtora Fundamenta Ltda. e a Rofran Imóveis Ltda. a outra, a Delfin SA Crédito Imobiliário, empresa que vai financiar os empreendimentos das outras três. Este pool de empresas investira, nos próximos cinco anos, cerca de 100 milhões de dólares no Vale do Paraíba. Na primeira etapa, a Condado lançará no Bairro Jardim Esplanada, o mais sofisticado de São José dos Campos, um empreendimento classe A: o Jardim das Colinas, desenvolvido pelo arquiteto Mário Ferrer, num total de 500 casas, com projetos diferentes. Elas terão 4 quartos, duas salas e dois banheiros sociais, e todas as dependências, em terreno de 450 metros quadrados, e serão vendidas ao preço de cerca de Cr$ 180 mil. Apesar do acabamento de alto luxo e a localização em área a ser rasgada por grandes avenidas e muitos jardins, o preço do metro quadrado construído dessas residências será inferior ao cobrado pelos incorporadores de edifícios no centro da cidade, oferecendo assim um nova opção de moradia aos técnicos e administradores que chegam a São José em quantidades cada vez maiores.


Nos próximos meses, será lançado também pela Condado um empreendimento que será ainda mais sofisticado: o Parque Santa Rita. O arquiteto Ulisses Burlamaqui, autor do projeto, depois de enumerar as deficiências habituais na maior parte dos bairros existentes, as quais comprometem iniciativas Imobiliárias em prejuízo da integração do homem ao meio fala das soluções encontradas para evitar esses inconvenientes e das qualidades da área onde será erguido o Parque Santa Rita:

-Na topografia pouco acidentada do Parque, destacam-se de um lado, o velho e bonito rio Paraíba, e do outro os gramados repousantes do clube de golf local. Para os rumos Norte e Oeste perfila-se no horizonte a cadeia de montanhas da Mantiqueira, nessa estrutura plana, impunha-se implantar um rico sistema viário para melhor distribuir os lotes e as massas das habitações.
Concebendo a planta dessa forma, a planície perde a imagem de uma chapada monótona e, ao invés de esquematizar a circulação na uniformidade do traçado em xadrez, estimulando o corre-corre dos carros, as ruas vão e vem, formando quadras fechadas, as vezes dentro de círculos labirínticos, outras vezes dentro de formas livres com retornos em cul-de-sac. Haverá também vielas gramadas e arborizadas nos fundos de algumas quadras e, em outras, calçadões ajardinados. A iluminação pública, em vez de ser em posteamento vertical feio e perigoso, será no chão, entre as folhagens. Como espinha dorsal do plano, haverá amplas avenidas com calçadas largas, jardim no centro com pérgulas cobertas por trepadeiras densas. A diversificação dessas rotas e estilos de movimentos suprime a simples função de levar ou trazer, transformando-as em vias agradáveis para maquinas, mas também para passear a pé, de bicicleta ou a cavalo. Serão abertos espaços para a escola, o anfiteatro ao ar livre, tea-house, restaurante e comércio local mínimo para as necessidades básicas. Mais adiante, continua o arquiteto Burlamaqui: – A densidade de população foi mantida propositadamente baixa, na faixa de 315 habitantes por hectare, assegurando-se assim moradias próximas da cidade, mas com características de habitat organizado para o lazer. O Parque Santa Rita terá 244 habitações de alto luxo. Cada casa terá aproximadamente 300 metros quadrados de área construída, em lotes com o mínimo de 1000 metros quadrados. Há 40 projetos diferentes, à escolha dos compradores. Cada proprietário terá direito a um título de sócio do clube de golfe vizinho.

Faculdade de Direito.

A exemplo do Parque Residencial Flor do Vale, que o mesmo pool de empresas está construindo em Taubaté, com grande sucesso de vendas a primeira etapa, num total de 600 casas, deverá ser entregue nos próximos dois meses Jardim das Colinas e o Parque Santa Rita são empreendimentos à altura do vertiginoso desenvolvimento de São José dos Campos, permitindo aos técnicos e executivos desse processo, moradias próximas ao trabalho, mas ao mesmo tempo representando a tranquilidade, o relax e o prazer necessários a higiene física e mental que muitas vezes não são mais possíveis nas cidades em crescimento descontrolado.


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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

One comentário em “A arte de bem viver nos campos de São José (1973)

  1. wagner ribeiro : sugiro que faça uma ATUALIZAÇÃO COMPLETA deste seu BELÍSSIMO TRABALHO. Vivi, de 1965 a 1969 em SJ dos Campos, enquanto estudava no ITA, e tenho por ela e seus habitantes a maior admiração e afeto. É uma cidade com um maravilhoso futuro em todos os aspectos.

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