A escola e a indústria nas metas de Juscelino Kubitschek (1960)

No município de São Bernardo do em São Paulo, situado sobre uma suave elevação, será erguida uma escola técnica, com 66 mil metros quadrados de área coberta e cujo custo final, a cargo da União, elevar-se-á a 500 milhões de cruzeiros. Ali, 600 alunos aprenderão o que há de mais moderno em matéria de eletrotécnica, metalurgia, máquinas e motores.

As estruturas metálicas da escola, já erguidas, projetam sobre o terreno um emaranhado de sombras. Uma comitiva oficial, liderada pelo Ministro Clóvis Salgado e pelo Governador Carvalho Pinto, parece examinar com carinho cada palmo do terreno. Trezentos e cinquenta milhões estão destinados a esta obra, dos quais noventa milhões já estão ali aplicados.

Segundo a opinião do Ministro da Educação, é para conservar e manobrar estas máquinas que se estão erguendo as escolas técnicas por todo o país.


— É fato que o Presidente, no seu plano de Governo, esqueceu a educação?

Lançando um olhar sobre as obras à sua volta, respondeu o Ministro da Educação:

— Nada menos exato. Desde o primeiro dia do Governo ficou claramente admitido o esforço a ser feito nesse setor fundamental ao desenvolvimento econômico, que era o objetivo colimado. Não se pode pensar em promover o progresso material apenas com equipamentos mecânicos. São indispensáveis os equipamentos humanos.

— Nesse terreno, era grande a nossa deficiência?

— Sem dúvida. A educação tradicional da mocidade tinha o endereço de uma sociedade predominantemente agrícola, vivendo de manufaturas importadas. E nós tínhamos a ambição de fabricar automóveis, navios e aviões. A escola, naturalmente, teria de dar cobertura a essa expansão industrial que se tinha em vista realizar, no ritmo de 50 em 5.

O Governador Carvalho Pinto, em São Bernardo do Campo, teve oportunidade de enaltecer a importância das construções que ali se erguem.


Além da Escola Técnica de São Bernardo do Campo há outra já funcionando, também em São Paulo, na cidade de São José dos Campos. Segundo o Sr. Clóvis Salgado, esses dois centros de ensino servirão para normalizar um capítulo importante no desenvolvimento da indústria brasileira. Técnicos formados por essas escolas, profissionalmente formados um degrau abaixo dos engenheiros, devem existir na proporção de dois para um. No entanto, observa-se o contrário: há dois engenheiros para um técnico. Justamente para corrigir essa deficiência, o Governo trabalha no sentido de elevar para 18 mil o número de alunos da rede de 23 escolas técnico-industriais, atualmente funcionando com cerca de 6 mil. Para tanto, dezenas de outras escolas no mesmo gênero serão criadas, algumas delas, como as de Santos. e Jundiaí, já estão em fase inicial de construção. Dentro de cinco anos as primeiras turmas de técnicos estarão formadas.

Jovens de todas as partes do país iniciam o seu aprendizado na Escola Técnica Everardo Passos. O Ministro aquilatou os progressos dos alunos.
1 – A comitiva oficial percorre as isntalações da Escola Técnica de São Bernardo do Campo. Os amplos pavilhões, destinados a três oficinas, já estão cobertos. 2 – Entrosada com a indústria local, a escola de São José dos Campos tem em seu curso 40 alunos da firma General Motors.
1 – Clóvis Salgado e Carvalho Pinto no almoço que lhes ofereceu o prefeito Lauro Gomes. 2 – O Ministro observa um motor fabricado na GM. É a escola a serviço da indústria. 3 – Caraguatatuba, no litoral paulista, ganhou escola artesanal e homenageou Ministro.


A Escola Everardo Passos, de São José dos Campos, está funcionando desde março do ano passado, com os seguintes cursos: construção de máquinas e motores, mecânica de máquinas, mecânica de automóveis, máquinas e instalações elétricas.

— Além dos alunos, o que tem sido feito para aumentar o número de professores especializados?

O Ministro da Educação não reluta em responder:

— Organizamos, em colaboração com a CBAI (Comissão Brasileiro-Americana de Ensino Industrial), na Escola Técnica de Curitiba, um centro para aperfeiçoamento de professores técnicos. A árvore da educação deve ser longamente regada, antes de produzir aqueles frutos suculentos de que se alimenta a nossa civilização.

Revista Manchete, 1960

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