Em 1978, o extinto jornal Valeparaibano lançou um caderno especialíssimo sobre o an imversário do município, e esta interessante compilação será publicada aqui integralmente. Boa leitura!
Resenha de assuntos constantes de documentos do arquivo da Câmara Municipal
Abaixo seguirá uma resenha de assuntos pesquisados diretamente no Arquivo da Câmara Municipal, que apresentam interesse e curiosidade, servindo para mostrar a atividade das autoridades e da sociedade joseense em favor do progresso de São José, na preservação dos bens existentes, ampliação de serviços e adequação da cidade para torná-la uma comunidade dotada de todos os bens necessários para bem morar, garantindo a sua segurança, proporcionando trabalho a todos, promovendo o civismo e o ensino, etc.
Sua leitura poderá elucidar fases da história do Município, informar sobre costumes, dar as origens do progresso. rememorar fatos trágicos como epidemias e assolamento de pragas, demonstrar o espírito cívico e a hospitalidade do povo, etc.
A gama de assuntos é enorme, abrangendo a organização do ensino. a nomenclatura de ruas, implantação de melhoramentos de infraestrutura, preservação do ambiente, implantação de estradas, manifestações de regozijo, loteamentos de terrenos, início da imigração, a fixação dos colonos, a cultura cafeeira, o setor de lazer, a implantação de serviços públicos, o setor de saúde, o surgimento da indústria, a atividade comercial e agrícola, a política, o comportamento nos períodos revolucionários, etc.
Cada matéria pesquisada está reunida sob um título cuja clareza indicará os assuntos tratados, com observações quando elas se tornarem necessárias para melhor compreensão dos leitores.
A primeira matéria se refere às atividades religiosas seguindo-se as demais:
RELIGIÃO
Não há dúvida de que São José, como todas as cidades centenárias do Brasil, foi fundada por sacerdotes da Igreja Católica, o que se pode afirmar sem polêmica, porque a história o registra, e principalmente quando se trata de cidades multicentenárias, mesmo sem registro histórico, se pode afirmar essa fundação, por que tais fundações vêm de um tempo em que o Estado era unido à Igreja e toda expedição vinha acompanhada de sacerdotes, que construindo templos, em volta dele formávamos aglomerados humanos e o comércio, dando início às aldeias, vilas e cidades. E também, porque nenhuma Vila era ereta, sem antes se provisionar a Freguesia, ou seja, a jurisdição eclesiástica, exceção de São José que, como Vila, adiantou-se de 2 anos à Freguesia, por um lapso do Ouvidor Geral Salvador Pereira da Silva.
A prodigalidade dos reis e dos fidalgos foi doando terras para os padres, entre eles os jesuítas, foram demarcando Freguesias, por isso a Igreja chegou a possuir bens imóveis, enquanto se
mantinha pobre em dinheiro, usando as terras para a povoação das áreas, cobrando foro para manutenção da comunidade.
Em São José dos Campos, o fim desses aforamentos aconteceu recentemente, no distrito de São Francisco Xavier, com a venda definitiva dos terrenos às famílias que os ocupavam.
A Aldeia de São José, como diz a tradição e a história (Geografia do Estado de São Paulo, edição das Escolas Salesianas de 1906, de autoria de Afonso A. de Freitas que foi governador da Província de São Paulo), foi fundada pelo Padre José de Anchieta e a aldeia do planalto, pela mudança verificada. ainda foi feita por padres jesuítas. Portanto, tanto na primitiva aldeia do Rio Comprido, como na Vila de São José do planalto, está o dedo da Igreja Católica.
Quando em 27/07/1767 se elevou à categoria de Vila, o que ocorreu numa segunda-feira, quem cantou o Te Deum foi o padre Antônio Luiz Mendes, Superior da Aldeia e um assentamento de batismo realizado em 08/01/1747, trazia a assinatura do padre Francisco de Paula.
Em 1808 era vigário o padre Fabiano Martins Siqueira.
Uma estatística publicada por João Netto Caldeira dá os nomes de vários vigários, na seguinte ordem:
De 1740 a 1766, padre Francisco de Paula; 1767 padre Antônio Luiz Mendes; 1776, frei José Inocêncio Santa Maria; 1786 padre José Faria Costa: 1807 padre Francisco de Paula Teixeira: 1808, padre Fabiano Martins Siqueira; 1824, padre José Manoel Diniz Romano; 1831, padre Manoel F. da Paixão; 1834, padre Agostinho J. Fonseca Moreira: 1838, padre Bento Antônio de Barros; 1843, padre Manoel Rodrigues Melo; 1849/66, padre Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade; 1873, padre José Bueno Gonçalves; 1885/1911, cônego Francisco de Oliveira; 1911, padre Antônio Firmino Vieira; 1911/33, padre José Francisco Monteiro e 1933, padre José Fortunato da Silva Ramos (construtor da atual Matriz). A essa lista se pode acrescentar o Mons. Teodomiro Lobo, padre Geraldo Miranda e o atual vigário, cônego João Marcondes Guimarães. Na década de 30 fundou-se a Paróquia de Santana, que teve como primeiro vigário o padre Chester, sendo o atual, o Monsenhor Luiz Gonzaga Alves Cavalheiro, que quando foi temporariamente removido para a Paróquia de Tremembé (perto de Taubaté) foi substituído pelo padre Brito.
De 1950 para cá foram criadas as seguintes Paróquias: São Dimas, tendo como primeiro vigário o saudoso Mons. Ascânio Brandão, sendo o atual, o padre Ernesto Cunha (que está construindo o novo Santuário de São Dimas); São Judas Tadeu, no Jardim Paulista, tendo como primeiro vigário o padre Cyrillo Paes, dispensado depois do celibato e hoje ocupando a presidência da Câmara Municipal; Nossa Senhora da Conceição, em Eugênio de Melo, tendo como primeiro vigário o padre Marcelo: Santa Terezinha, vigário padre Luiz Bertolotti; Sagrada Família, na Vila Ema, entregue aos padres salesianos; São Sebastião, na Vila Industrial; São Benedito, no Alto da Ponte, tendo como vigário o padre Antônio, que construiu a ampla igreja matriz; Santa Rita, no Jardim da Granja; Paróquia do Parque Industrial; Nossa Senhora da Soledade, na Cidade Vista Verde, além da Paróquia São Francisco Xavier da qual foi vigário decano o padre Manzi.
Padre Firmino
No arquivo da Câmara Municipal acha-se guardada a carta datada de 17/02/1911, em que o padre Antônio Firmino Vieira, scj, comunicava ter assumido nessa data, a direção espiritual da Paróquia São José, em virtude da renúncia do Cônego Lima.
Veio o padre José Francisco Monteiro, em 23/04/1911, para suceder ao padre Firmino; renunciou em 1933, devido à pressão que sofreu, por parte de alguns católicos, para que construísse a nova Matriz no terreno onde está a centenária igreja de São Benedito, na praça Afonso Pena, com o que não concordou.
Cônego Lima
Em carta de 25/06/1917, dirigida ao presidente da Câmara, Cel. João Cursino, o cônego Francisco de Oliveira Lima, que estava residindo em Taubaté, desde sua renúncia à Paróquia de São José, agradecia o telegrama de felicitação pela passagem de suas Bodas de Ouro sacerdotais, ocorrida em 15/06/1917.
O con. Lima estimava tanto a São José dos Campos, que em 1919, vendo-se muito adoentado, veio para cá, para falecer na cidade, da qual foi vigário “encomendado”, durante 26 anos, estando sepultado na capela do Cemitério do Santíssimo.
Ele nasceu em São Gonçalo do Sapucaí, a 7 de dezembro de 1843, ordenando-se em 15/07/1867 pelo bispo D. Antônio Ferreira Viçoso, da Diocese de Mariana, de cuja Catedral foi Cura. As Ordens Menores ele recebeu em São Paulo das mãos do bispo D. Sebastião Pinto Rego. Foi vigário de São Simão-SP, vindo em 1885 para São José dos Campos. Foi professor no Seminário de Taubaté. Faleceu em São José dos Campos no dia 23 de julho de 1919, às 18:10.
Dom Epaminondas
Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva foi o primeiro Bispo de Taubaté. Em 06/12/1909 enviou o seguinte ofício, de no 72, dirigido ao presidente de Câmara Municipal:
“Tenho a subida honra de comunicar à V. Excia. que no dia 21 do mês próximo findo, fiz minha entrada solene e tomei posse desta Diocese de Taubaté“.
Carta do con. Lima, datada de 22/07/1910. ao presidente da Câmara, comunicava que, vindo de Jacareí, no dia 27 desse mês e ano, estaria em São José, chegando pelo “Expresso” da Central, o e revmo. sr. D. Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo de Taubaté, pedindo que a Câmara o hospedasse condignamente.
Carta de D. Epaminondas, datada de 24/01/1921, felicitava o dr. Nélson Silveira D’Ávila pela sua reeleição para o cargo de presidente da Câmara.
Festa do Século
Narração feita por D”. Maria Cândida Leite de Castro, deu conta que no dia 1o de janeiro de 1900 o con. Lima, juntamente com a comunidade católica, comemorou a Festa do Século, tendo sido celebrada Missa em frente ao atual cemitério, onde havia um largo com duas árvores frondosas, entre as quais foi armado o altar.
Nossa Missa, o preto Neves, que havia treinado e caracterizado de índios a um grupo de meninos de 14 anos, enfeitados de penas coloridas e trazendo a tiracolo um animal empalhado, deu a nota indígena ao acontecimento, relembrando a população primitiva de São José, que foi aldeia de índios, dançando o caiapó. Quando a hóstia foi elevada para a adoração dos fiéis, os meninos se deitaram no chão, como era costume dos índios adorarem a Deus.
Festa do Divino
Narrado por Da. Maria Cândida, soube-se que todos os anos, realizava-se a Festa do Divino Espírito Santo, com o tradicional “afogado” (prato de carne que era servido primeiro aos presos da cadeia e depois a todos que compareciam a festa, cujas barraquinhas, todas enfeitadas de flores, arcos de bambus e fitas coloridas, no largo da Matriz). Havia congadas e outras manifestações folclóricas e a monumental procissão que percorria as principais ruas da cidade, acompanhada pelo povo da zona urbana e rural.
Festa de São Benedito
Esta festa, a de S. Benedito, perdurou até bem pouco tempo.
Inicialmente, tinha como ponto central a Igreja do Rosário que ficava na atual Praça Con. Lima, mas depois passou a ser na igreja da Praça Afonso Pena, tendo como ponto remoto a capela de São Benedito existente no Alto da Ponte, na rua que leva à Vila Sinhá. Havia congadas, moçambique, quermesse, novena e leilão.
Havia, também, a festa do rei, uma manifestação folclórica antiga. O rei ia se esconder em Santana e, quando achado, era sequestrado pela multidão que o ia procurar, a qual o trazia para a cidade, tendo à frente os dançadores de congo e moçambique e os “bois-de-jacá”, que abriam alas entre o povo, para o rei passar. O rei se tornava o festeiro.
Capela de Santa Cruz da Boa Vista
Até bem recentemente, existia na rua que sai à esquerda da ponte velha e vai para a Vila Sinhá, a capela da Santa Cruz da Boa Vista, perto do morro onde está a estação de UHF e onde ainda existe a antiga caixa d’água, o chamado Morro do Cruzeiro, onde consta, segundo depoimento do dr. Tertuliano Delfim Júnior que o ouvira de um historiador idôneo, que ali o padre Antônio Vieira celebrou missa.
No livro do Tombo, n° 2, da Matriz de São José, à página 26, consta uma provisão do Bispo de São Paulo, D. Lino, para a celebração da missa nessa capela. A provisão era para 5 anos e foi concedida a pedido de Joaquim Rodrigues Moreira, em 14/04/1885.
Sagrada Família: patrona da cidade
Depoimento de dna. Maria Candida afirmou que São José, embora emprestasse o nome à cidade, não foi desde o começo o patrono da cidade. No altar-mor figuravam as imagens da Sagrada Família, que foram roubadas misteriosamente. Mas não foi somente este o roubo perpetrado, também uma magnífica lâmpada de bronze, do tempo dos jesuítas e um lustre do tamanho de um homem, que fora doado pelo fazendeiro do café, dr. José Pedro de Paiva Baracho, o mesmo que fez a doação da belíssima imagem do Senhor dos Passos, que atualmente sai nas procissões da Prisão e do encontro, foram roubadas. A antiga imagem do Senhor dos Passos foi oferta da família Leite Machado.
Igreja de São Benedito
A primeira referência sobre a construção da igreja de São Benedito, vem de 1870, mas fala sobre a área da atual praça Cônego Lima, onde existiu a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, da devoção dos escravos, que era feita juntamente com a de São Benedito, conforme está na pág. 85 do Álbum de 1934.
Mas logo em seguida, já vem a referência à igreja de São Benedito, cujas largas paredes de taipa estavam sendo feitas por José Vicente, vulgo “Taipeiro”, dizendo que esta e “segunda” construção também foi paralizada por falta de recursos pecuniários. O fato é que se tentava reconstruir a Igreja de Nossa Senhora do Rosário na atual praça Côn. Lima, enquanto se erguia também na atual Praça Afonso Pena outro templo para a devotão de São Benedito.
Então, em relação ao seu início de obras, a Igreja de São Benedito já é centenária.
O mesmo Álbum conta que João Ribeiro, do bairro do Jaguari, tendo adquirido uma casa na Rua XV de Novembro, em 1870, procedendo escavações no prédio, achou uma panela tosca cheia de barras de ouro, “concluiu as obras da Igreja de São Benedito, sendo demolidas as obras do outro templo na praça que hoje se chama Cônego Lima”.
Essa conclusão levou alguns anos, mas é certo que já estava funcionando em 1879, devido a narração sobre a exumação do corpo do cap. Miguel de Araújo Ferraz, da demolida capela de Rosário para a Igreja de São Benedito, numa de suas paredes de taipa, porque o corpo havia se mumificado e o povo o tomava como santo.
O templo foi construído por etapas: primeiro se fez aquela parte da mesa de comunhão até o altar e, nessa parte já se celebrava missa desde 1876. A construção total avançou por muitos anos.
Cemitérios
O primeiro cemitério, no tempo da aldeia do planalto, ficava no local onde hoje está a Praça João Pessoa, que era o adro da capela e o segundo ficava no terreno em que está o Cine Palácio, atravessando até a capela de São Miguel, na avenida Floriano Peixoto.
No final do século passado, o progresso da cidade exigia cemitério que ficasse mais “distante” do centro.
Então se construiu o atual, na Rua Antônio Saes, o qual foi inaugurado em 1896, com a metade do tamanho atual, tendo ao lado o cemitério do Santíssimo e um largo para o lado da rua citada, largo esse que também foi transformado em campo santo.
O novo cemitério, segundo publicação antiga foi fundado em 1882, e vê-se, portanto, que há divergência.
A ampliação do cemitério poderá ser estudada pelo requerimento da Irmandade do Santíssimo, datado de 18/07/1912, no qual o provedor sr. Benedito Chagas da Silva requeria “em nome desta Irmandade, a concessão de mais vinte e três metros de terreno, em frente da quadra já ocupada no cemitério municipal” (Arquivo da Câmara).
Em 17/03/1924, Cândida Savastano, proprietária da Casa Fúnebre, que fazia o serviço de transporte de cadáveres de indigentes, pedia à Câmara a elevação para 180 mil réis, o pagamento mensal desse serviço, uma vez que não lhe era possível continuá-lo ao preço de 120 mil réis, pois essa importância era insuficiente para custear o ordenado do cocheiro e o tratamento do animal de tração, “sabido que os ordenados e forragens estão hoje por preços elevadíssimos“.
Matriz velha e casarão
Relato de dna. Alzira Monteiro, em 1967, sobre história de São José, afirmou que a matriz velha era maior que a atual, da Praça João Pessoa, tinha duas torres e três sinos.
Essa senhora era filha do cel. José Monteiro Ferreira e disse que o seu casamento em 1900, quando ela tinha 17 anos, com o sr. Francisco Bráulio de Melo, se realizou na matriz velha e foi oficiado pelo Côn. Lima. Seu marido tinha casa comercial na única esquina do largo com a Rua Siqueira Campos.
Esse largo chamou-se Praça 19 de Março (dia de S. José), Praça Bento Bueno e hoje Praça J. Pessoa.
Falando sobre sua família, disse ser neta do português João Monteiro Ferreira, que vindo para São José, casou-se com sua mãe, da Maria Joaquina, rica viúva de 18 anos, possuidora de três fazendas e daquele grande casarão que existiu na Rua 15 e que foi desapropriado na década de 50, para fazer a ligação da Rua Sebastião Humel com a Avenida São José onde funcionou a PL-1, serviços de alto-falantes e demolido em 1955.
Seu pai, o cel. José Monteiro Ferreira que foi vereador, presidente da Câmara por muitos anos e chefe político do PRP, tendo se retirado das lides políticas, foi homenageado em vida quando seu nome foi dado à rua que parte da Praça Côn. Lima e vai até a Rua Rodrigues Alves. Seu tio, Jordão Monteiro Ferreira, que também foi vereador e prefeito, construiu o jardim da Praça Cônego Lima e a Praça João Mendes, chamado de Jardim do Sapo (antigo Largo da Valeriana) e hoje ostentando um monumento em homenagem à Bíblia.
Descrevendo aspectos antigos da cidade, disse que nas primeiras décadas do século, onde hoje está o Mercado Municipal, havia uns barracões onde se vendiam cereais, verduras, carnes, farinhas, etc. Onde está aquela igreja, na Travessa Chico Luiz, havia um mangueirão, onde ficavam os animais das tropas.
A causa do Padre Anchieta
Está entrando na fase final a causa da beatificação do Venerável Padre José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, fundador de São Paulo de Piratininga e de São José dos Campos, além de muitas outras cidades.
A comprovação de mais dois milagres bastará para que Anchieta seja beatificado e possa receber a veneração do povo. A canonização virá em consequência.
Foram levadas a efeito as comemorações do Dia Nacional de Anchieta, com a celebração de Missa pelo Cardeal Rossi, no Pátio do Colégio, onde está a multi-centenária igrejinha com as relíquias de Anchieta. Uma dessas relíquias, um osso de seu corpo, está ali exposta para a visitação pública e essa relíquia já esteve aqui em São José dos Campos, onde foi recebida pela comunidade católica local, tendo sido rezada Missa no ginásio da Associação Esportiva, assistida por milhares de fiéis, rendendo homenagem ao fundador da cidade.
Ninguém tem dúvida quanto aos inúmeros milagres operados por Anchieta, já em vida, pois a história da Companhia de Jesus registra em seus arquivos todas as maravilhas do seu apostolado no Brasil, principalmente em São Paulo de Piratininga. Do acervo dessas maravilhas, consta que até os animais bravios lhe obedeciam. Certa vez em que tinha de passar pela floresta com vários companheiros, encontrou-se com duas onças bravias e deu-lhes ordem para que voltassem e elas docilmente o obedeceram, desviando-se do caminho. Sentando-se na praia para ler o seu breviário, a maré subindo, fazia uma ilha em sua volta e lhe deixava um caminho para o retorno. Sozinho conseguia abrandar a ira de multidões de índios que desejavam atacar a sua Piratininga. Curava os índios nas florestas, sem usar remédios. Profetizava os acontecimentos e certa vez, quando um pedreiro colocava o sino numa torre, disse-lhe para que o prendesse bem, porque a primeira vez que tocasse, era para dobrar finados pela morte do próprio pedreiro e isto deveras aconteceu. Indo para a Casa da Bahia, foi recebido com desprezo, pois era corcunda e magro, porém disse aos que estavam ali, lendo-lhes os pensamentos, que e embora parecesse inútil, ia ser muito útil e seria brevemente o Superior da Casa Provincial do Brasil, o que cronologicamente aconteceu.
A canonização de Anchieta entra em sua fase final e o Vaticano está à espera de apenas dois milagres para elevá-lo aos altares.
AGRICULTURA
O território joseense, pelo menos a partir da elevação da Vila, teve uma grande preocupação pela exploração agrícola, que de início foi de subsistência dos índios, com proibição de fazendas de gado, para não prejudicar as plantações dos índios”, como disse o auto de ereção da Vila, em 1767.
Na atualidade se está comemorando o 250o aniversário da introdução do café no Brasil, a partir das mudas trazidas para Belém do Pará que só muitos anos depois veio para o Estado do Rio de Janeiro, para depois adentrar o Vale do Paraíba, em sua área média. Como na ocasião da ereção da Vila em 1767 nada haja sobre a história do café em São José e todo o seu território fosse chamado de
“sertões”, podemos situar seu aparecimento aqui, seguindo a lógica, ter sido no século XIX, com apogeu no final da metade desse século e com acentuado declínio a partir do seu final.
Então, o café foi principal produto da lavoura joseense, talvez pelo espaço de mais de 50 anos e marcou a saída do período de subsistência e sobre essa época fala um sino, o da capela do Bairro dos Souzas, em Monteiro Lobato (que foi território de São José). Esse sino tem data do século passado e servia para o sinal de hora de almoço e de saída do trabalho, sendo regularmente grande para ser ouvido muito longe, nas lavouras de café da família Corrá.
Outro fator que denuncia prosperidade através do café se tem na vinda da estrada de ferro em 1877, com duas estações de embarque: uma em Eugênio de Melo e a da cidade, porque, também, São José era centro receptor e exportador do café que vinha da Serra do Mar (Paraibuna, Jambeiro, etc.)
Passada a era cafeeira, surgidas as dificuldades de mão-de-obra com a libertação dos escravos, a agricultura declinou e toda a atividade rural situou-se na fabricação de aguardente e rapaduras, industrializando canaviais, surgiram pomares e tudo derivou para os horti-fruti-granjeiros, até que o boi acabou entrando como atividade preponderante.
No começo do nosso século, a atividade agrícola começou a tornar, com a cultura da mandioca, do milho, da batata, do arroz e depois do tomate (produto que até 1929 não era consumido, tanto que os tomateiros eram plantas de jardins e alguns até diziam ser venenoso o seu fruto). Entretanto, a pecuária leiteira continuou sendo uma atividade marcante, devido ao mercado consumidor de São Paulo e a existência da estrada de ferro para transportar o leite, havendo os célebres “trens leiteiros” que corriam com a mesma preferência dos trens rápidos, pois os latões de leite eram colocados no meio de pedras de gelo e serragem de madeira e era preciso chegar logo a São Paulo, antes que todo o gelo derretesse.
Abaixo seguem tópicos retirados de documentos do arquivo da Câmara, para ilustrar alguns aspectos do assunto:
José Antônio de Paula Santos, em 07/10/1899, dirigiu à Câmara Municipal ofício dizendo que “tendo pedido à Secretaria da Agricultura, 500 gramas a 1 quilo de sementes de algodão, para estudo dessa espécie de cultura, foram-me enviados 10 quilos”. Dizendo que a Câmara não havia recebido tais sementes mas apenas as de maniçoba (mandioca) e de fumo, em consequência do pedido que fez, pedia licença para oferecer-lhe 9 quilos de semente de algodão, não deixando que elas se perdessem, pois o Governo estava interessado na propagação da cultura dessa planta.
Indicação do vereador Jordão Monteiro Ferreira, propunha o projeto de lei cujo artigo 1o dizia: “fica garantido oficio de 6% anual ao capital de 20 contos de réis à companhia ou empresa que se organizar neste município para a exploração de produtos do abacaxi, mediante as seguintes condições: 1) ter sede em São José dos Campos; 2) o prazo para garantia de juros será de 10 anos; 3) no caso de dissolução da companhia, dentro de 5 anos que o precedam, a Câmara será credora da metade do seu ativo para todos os fins de direito; 4) desde que a Companhia dê aos seus acionistas dividendos iguais a 6%, a Câmara ficará dispensada do artigo 1o e em caso de dar a companhia menos de 6% de dividendo, a Câmara apenas completará esse dividendo”. No 4° quesito estabelecia que a Câmara nomearia, entre os vereadores, um para ser fiscal junto à companhia.
O Instituto Agronômico do Estado, em 30/11/1901, dirigiu o ofício número 232 ao “Intendente Geral” de São José dos Campos dizendo que, para poder responder à consulta feita à Secretaria da Agricultura pela Sociedade Nacional de Agricultura, precisava das seguintes informações: “1) Qual a quantidade de algodão em rama produzido pelo município no decênio de 1890 a 1899; 2) qual a área ocupada pela mesma colheita”. No caso de ser difícil conseguir as informações do ano de 1890, serviriam as informações compreendendo o decênio de 1891 a 1900.
CAFÉ: A sociedade Paulista de Agricultura cabeçadas pelo dr. L. Pereira Comércio e Indústria, sediada à Rua 15 de Novembro, no 31, em São Paulo, em junho de 1902 enviou circular à Câmara Municipal dizendo que “Agitando-se a ideia de limitar as plantações cafeeiras por medida legislativa, que obriga o lavrador por espaço de 5 anos, a Sociedade, que sempre teve em vista orientar a boa solução das questões do alto interesse para a lavoura, resolveu convocar para o dia 31 de julho de 1902, às 7 horas da noite, em sua sede, uma Assembleia Geral na qual discutiria tão momentosa questão”. Enviava formulários em que perguntava: 1) deve-se limitar as novas culturas de café? 2) no caso afirmativo, quais as medidas indicadas para a sua realização e 3) no caso negativo, que outras medidas apresenta a lavoura local para combater a crise? As assinaturas eram encabeçadas pelo dr. L. Pereira Barreto.
CRISE DO CAFÉ: Esse era o título de um arrazoado assinado por 10 fazendeiros, tendo como primeira assinatura o nome de João Manoel de A. Barbosa, datado de 1902. Inicialmente, diziam os signatários das privações que todos vinham sofrendo nos últimos anos: os lavradores e demais classes envolvidas direta ou indiretamente na valorização do café, havendo necessidade de todos intervirem, pois ninguém mais alimentava a ilusão de que a crise, abandonada a si mesma, se resolvesse a contento de todos. O momento era de suma gravidade – diziam – e não se poderia deixar passar a única oportunidade para que os interesses da classe fossem riqueza pública e privada que acautelados, para salvar essa riqueza pública e privada que era o café. Esse patrimônio tinha de ser defendido, para que não desaparecesse pela imprevidência e inércia, o que seria dar ao mundo o mais triste testemunho “de nossa capacidade intelectual e moral. Os esforços conjugados poderiam eliminar os efeitos determinados por fatores naturais”. A crise era tremenda e todos se sentiam depauperados em seus recursos, com ameaça de miséria. A inércia nessas circunstâncias seria suicídio, por isso era preciso agir rapidamente. Declarava que tinham sido os próprios cafeicultores, pela falta de iniciativa, os culpados da crise. “A pequena safra deste ano (1902) ainda nos dá alguma folga para nos precavermos contra o desastre que nos ameaça”. A causa da crise era o excesso de produção, que aumentava de ano para ano, prejudicando os preços pelo excesso de oferta. Duas ordens de medidas eram necessárias para solução da crise: uma de caráter interno, que se referia a cada país produtor e outra de caráter externo, englobando os países produtores. A de caráter externo só poderia ser aplicada em ação conjunta, tomada em uma conferência internacional, devendo o governo federal ser instado a convocá-la, para ser realizada em São Paulo, o maior produtor. As medidas internas eram resumidas nos seguintes itens: 1) suspensão absoluta de novas plantações durante anos; 2) proibição de remessa de cafés de qualidade ordinária aos mercados consumidores; 3) redução imediata de tarifas e fretes cobrados pelas estradas de ferro e 4) redução imediata do imposto de exportação. Essas medidas, se urgentemente tomadas, poderiam abrandar os efeitos da crise. O único fim da conferência seria dirigir ao “Congresso do Estado”, em nome de todas as Câmaras Municipais, uma representação pedindo a adoção das medidas discutidas e aprovadas.
FUMO: Em 09/06/1902, pelo ofício no 329, o Serviço Agronômico do Estado de São Paulo, respondendo ao ofício de 27 de maio desse ano, dizia que após examinar amostra de fumo que fora enviada, achava que o produto era bom, as folhas estavam em ótimo estado, mas a preparação foi insuficiente, deixando largas manchas verdes que as desvalorizavam. Dizia que os negociantes de São Paulo, que não tinham fábricas de charutos, visto estes serem preparados por particulares (na maior parte italianos e espanhóis), só podem comprar o fumo para caporal, pagando 10 mil réis por arroba. Informava que ia enviar a amostra à Secretaria da Agricultura, para sua remessa à Áustria, para avaliação.
MADEIRAS: Em 08 de abril de 1906, o diretor da Escola de agronomia de Piracicaba, dr. F. Dias Martins solicitava ao presidente da Câmara a remessa de madeiras de lei, as quais deveriam ser reduzidas a pedaços de 20 ou 30 cm. E dizia que quando a madeira não fosse de lei, como pau-d’alho, a sapuva-assu, a figueira branca, a jangada brava e outras, mas servissem para indicar terra de boa qualidade ou então indicassem terra de má qualidade, como a sucupira, a pindaiba, a batalha e a massaranduba, também deveriam ser enviadas, juntamente com amostras do solo. A medida visava o estudo das terras e das qualidades de madeiras existentes no Estado de São Paulo.
GAFANHOTOS: Sempre surge uma praga em proporções catastróficas, como aquela que ocorreu na década de 50 (1955 ou 1956) das borboletas que invadiram São José dos Campos aos milhões, por cima das quais passavam as rodas dos veículos e, quando o sol aquecia as pedras ou o asfalto das ruas, exalava um terrível mau cheiro. Diziam então os entendidos, que essa praga aparece de 40 em 40 anos e que se incuba nas folhas de bambus.
Os gafanhotos foram as pragas do começo do século. Circular da Secretaria da Agricultura (Comissão Superintendente de Extinção de Gafanhotos) dirigida ao Presidente da Edilidade joseense, datada de 12/01/1907: “É portador desta o sr. Pedro Brasiliense de Almeida Lara, instrutor de extinção de gafanhotos, que vai a essa Municipalidade prestar os serviços de seu cargo, conforme vosso pedido de 04 do corrente. Pede para ele esta Comissão todo o vosso apoio, para que ele cumpra sem dificuldades os seus deveres oficiais. a) Adolfo Hemfel – Presidente”.
ARBORIZAÇÃO: Em 18/01/1907, veio esta carta da Loja Japão (razão social: Garcia Nogueira & Cia) com timbre de agentes do Banco do Minho, dizendo o seguinte ao prefeito de São José: “Recebemos sua carta de 14 do corrente, a que respondemos. Os plátanos e magnólias que temos atualmente regulam a 2 metros de altura, mais ou menos, porém são plantas robustas e de desenvolvimento rápido. As vinte plantas, postas na estação da cidade, custam 80 mil réis. a) Garcia Nogueira & Cia”.
GAFANHOTOS: Da Câmara Municipal de Pereiras, datado de 05/04/1908 e assinada por seu presidente, vereador Firmino Moraes de Oliveira, a Edilidade de São José dos Campos recebeu circular que pedia a solidariedade e o concurso “a fim de que recorram aos Congressos Legislativos, lembrando a conveniência e mesmo necessidade urgente da elaboração de uma lei sobre a extinção dos ‘gafanhotos”.
CAFÉ: O dr. Alfredo Machado, prócer perrepista de Pindamonhangaba, inventou um lavador e despolpador de café, denominado “Maravilha”, que passou a vender aos lavradores valeparaibanos. Em São Paulo ele deu procuração a Rodrigo Lobato Marcondes Machado para vender os lavadores e, este, em 19/10/1908, substabelecia procuração em São José, ao Cel. José Francisco de Moura.
Ofício número 125 de 10/07/1918, do prefeito João Monteiro Júnior, dizia ao presidente da Câmara que “Em consequência das geadas caídas na segunda quinzena do mês de junho para findo, que devastaram as lavouras cafeeiras, as quais nada produziriam no espaço mínimo de 3 anos, ipso facto, desaparece o direito de cobrar imposto sobre cafeeiros, porque a taxação recai em plantações que produzam, achava de conveniência a Câmara deliberar a suspensão da cobrança do imposto sobre o café pelo espaço de 3 anos, a contar do presente exercício, cancelando os lançamentos”.
INDÚSTRIA PASTORIL: Circular da Secretaria da de Agricultura. datada 18/03/1919 e assinada pelo sr. Mário Maldonado, da Diretoria de Indústria Pastoril, dizia que “Estando o governo empenhado para que a industria pastoril no Estado se desenvolvesse”, proporcionando maiores lucros, como acontecendo estava Repúblicas Platinas e para valorizar grande quantidade de terras impróprias para a agricultura, solicitava a colaboração da Municipalidade no sentido de desenvolver-se tal atividade, isto é, a indústria pastoril, principalmente isentando-a de qualquer ônus.
CAFÉ: Medidas da Câmara de São Manoel: Da Câmara Municipal de São Manoel a Câmara de São José recebeu a circular datada de 16/07/1919, assinada por José Manuel Duque, em que comunicava a aprovação da resolução no 38, da qual enviava cópia, indicando no sentido de se oficiar ao Presidente do Estado, solicitando as seguintes medidas: 1) extinção do imposto de 5 francos sobre o café: 2) revogação pelo Congresso do Estado das disposições de leis que modificam a taxa de 700 réis para a pauta móvel; 3) que seja mantida a taxa de 700 réis para a pauta fixa; 4) aplicação de uma parte dos lucros da venda do café, de propriedade do Estado, na criação de um banco de redescontos e 5) o levantamento de estatística sobre o valor das terras incultas, cultivadas, benfeitorias, culturas fixas e gado de todo o Estado, para ser transferido o imposto cobrado sobre o café para o de propriedade rural. Pedia a adesão da Edilidade Joseense.
Em 22/09/1919, a Câmara de São José, pelo parecer dos vereadores João de Oliveira Santos e Antônio Fernandes Cruz, depois de passar por um crivo, deu como importunas as pretensões da Câmara de São Manoel e concluíam que se devia oficiar respondendo que a Edilidade joseense “confiava no critério e alta sabedoria do eminente Presidente do Estado, esperando deste as providências necessárias”.
ARROZ: Em 18/09/1919, o secretário da Câmara, Luiz Jacinto de Medeiros escreveu ao dr. Eugênio Lefèvre, diretor geral da Secretaria da Agricultura, dizendo o seguinte: “O sr. Paulo de Souza Santos, tem um terreno preparado nas imediações desta cidade, para o plantio do arroz, porém, desejando iniciar essa cultura com qualidades especiais, como por exemplo o arroz japonês, pede-me para solicitar de V. S. a fineza da remessa de sementes adequadas a esse fim”.
ABASTECIMENTO DE LEITE: Através de circular datada de 15/10/1922, dirigida ao Presidente da Câmara, a Secretaria do Interior enviava um exemplar do projeto no 1, do Senado do Estado, referente ao abastecimento de leite à população. O referido data de projeto tinha 23/08/1922, estava assinado pelo senador Luiz Piza e, em linhas gerais, dizia o seguinte:
Artigo 19: “É o governo autorizado a entrar em cooperação com a Câmara Municipal da Capital e com as outras municipalidades do Estado, com a finalidade de promover o abastecimento de leite à população das respectivas cidades”.
Nos demais artigos afirmava o projeto que o Estado e as Câmaras Municipais confeririam à empresa que se propusesse a tal fim, os favores constantes do projeto, mediante rigorosa fiscalização. O leite seria vendido por preço que não excedesse ao máximo fixado e teria todas as qualidades higiênicas e toda produção seria adquirida pela empresa; a distribuição do leite para fins industriais e culinários, alimentação infantil e para a dieta, seria feita de acordo com preceitos constantes do regulamento e atos expedidos pelo Governo e pelas Prefeituras, de modo a provocar a intensificação do consumo e impedir adulteração; todo leite que não fosse entregue ao consumo imediato seria reduzido, de mistura com café, para ser oferecido ao “consumo universal e lento, como café com leite condensado”; a empresa explo-radora gozaria de isenção de impostos estaduais e municipais; finalmente dizia que a “exportação de café com leite condensado, quando para sua preparação concorrem somente leite, café e açúcar de produção paulista, será livre de imposto de exportação, sucessivamente igual à soma das taxas e dos impostos de que se for isentando a exportação do café em grão”.
MÁQUINAS DE BENEFICIAR CAFÉ: Em 10 de janeiro de 1924, os srs. Silvio Popini Mascarenhas, Hermínio Intriere, João Marcondes Marques e A. F. Lourenço, dizendo-se contribuintes do imposto de Indústrias e Profissões sobre máquinas de beneficiar café, pediam aos vereadores ponderarem sobre o seguinte: em que pese o reconhecido critério que preside as resoluções da Câmara, temos a lamentar que uma omissão de circunstâncias, deu causa a que os íntegros edis resolvessem aprovar o lançamento de impostos sobre beneficiamento de café para o exercício de 1924, acrescidos de 150% o que se tornava uma exorbitância que não podia ter apoio em lei”. Estavam convencidos: diziam de que essa elevação não seria mantida, por confiarem no espírito de equidade dos vereadores. Para reforçar a justificativa, informaram que a produção cafeeira do ano de 1924 seria insignificante, com reflexo prejudicial sobre os suplicantes, como industriais do beneficiamento dessa “rubiácea”. A manutenção da lei era ilegal, quando não desumana e absurda, esperavam deferimento e a fixação do imposto de 250 mil réis anuais e não 500 mil réis, como se tinha estabelecido. Mas a Comissão de Finanças e Justiça, em 16/06/1924, indeferiu o pedido, pelos pareceres dos vereadores Benedito Candelária e Antônio Fernandes Cruz.
GAFANHOTOS: Da Secretaria da Agricultura, data- do de 18/12/1924, o Inspetor Agrícola do 14o Distrito dirigiu-se ao Presidente da Câmara joseense nos seguintes termos: “A fim de que o Museu Nacional possa fazer o estudo entomológico dos gafanhotos que assolam as lavouras em vários pontos do país, e a carta da distribuição e movimento as diversas espécies no nosso território, solicito-vos colecioneis alguns saltões, insetos alados e, se for possível, ovos também, conservando tais amostras em álcool de 36 ou 40 graus, toda vez que no município a vosso cargo aparecer alguma nuvem dessa praga. Tereis a gentileza de enviar tudo isso imediatamente a esta Inspetoria, com etiquetas indicando o lugar e dia em que os insetos foram apanhados e o rumo que segue a nuvem. a) Theodureto de Camargo”.
O primeiro Correio e telégrafo de São José dos Campos
Da ereção da vila em 1767, até 1830, a correspondência para São José era trazida por estafetas que iam até a Estrada Real apanhá-la com os estafetas que faziam o percurso Rio-São Paulo.
Em 1799 a população lutava pela criação do serviço postal oficial, o que nos demonstra que os estafetas joseenses eram particulares.
Em 1830 foi inaugurada a agência postal oficial e nomeado o primeiro agente, sr. João de Souza Faria.
O primeiro serviço telegráfico na cidade foi feito pela estrada de ferro São Paulo-Rio, em 1876 e, depois, pela E.F. Central.
A implantação do telégrafo oficial não tem data especificada nos documentos encontrados, mas uma crônica cita que ele foi implantado e depois extinto, sendo restabelecido em 1909. Foram seus chefes até 1934, as seguintes pessoas: Leopoldo Weiss Filho, Antônio Bonifácio de Castro, Domingos Gonçalves Netto, Evandro Costa e Saul Formiga.
Só em janeiro de 1922 os dois serviços, correios e telégrafos, foram reunidos sob a denominação de Serviço Postal Telegráfico, tendo sido a agência de São José, em 07/07/1928, elevada à categoria de 1a classe, quando tinha os seguintes funcionários: Saul Formiga (agente-telegráfico); Antônio Alves de Aguiar Fagundes (tráfego postal); João Batista de Castro Ramos; Alice de Sales Gouvea (tesoureira); os carteiros Júlio Silva Sobrinho e Ircino Messias de Oliveira; o servente José Benedito de Andrade; o condutor de malas postais, Antônio Inácio de Oliveira e os guardas-fios Carlindo Ribeiro e José Marinoni Xavier Lopes. A agência recebia malas de Santa Cruz (Caçapava), Paraibuna, São Sebastião, Caraguatatuba e Ilha Bela.
A agência funcionou por muito tempo na esquina da Rua Siqueira Campos com Avenida Dr. Mário Galvão, no quarteirão da Rua Cap. Roberto Ferreira Maldos, de onde passou, definitivamente, na década de 50, para o prédio próprio da Avenida Dr. Nélson D’Ávila (no trecho da ex-Avenida 24 de Outubro), em frente ao antigo Externato São José, hoje Instituto Synésio Martins.
A Repartição Geral dos Telégrafos de São Paulo, em 18 de maio de 1902, endereçou, ao presidente da Câmara, o ofício número 10, dizendo o seguinte: “Acuso o recebimento de vosso ofício de 15 do corrente, no qual é pedida a instalação de uma estação telegráfica nessa cidade, para a qual essa Municipalidade oferece o prédio por dois anos. Sendo o assunto a resolver, de competência exclusiva do sr. Diretor Geral, nesta data levo-o ao seu conhecimento, interessando-me para que seja aceito”.
Ofício do presidente da Câmara, Dr. Nélson D’Ávila, dizendo que, devido à extensão considerável da cidade necessitava de um carteiro. O ofício é dirigido ao administrador dos Correios em São Paulo, estando datado de 23/12/1919. O cargo de carteiro foi criado e provido, conforme documento de outra data.
Pelo recebimento do ofício número 10043, de 16/04/1920, o Dr. Nélson D’Ávila, presidente da Câmara, agradecia ao Dr. Gastão Vidigal do Espírito Santo a comunicação de que os Correios incluíra no orçamento de 1921 verba para a criação do cargo de carteiro em São José, através de ofício de 17/04/1920.
Valeparaibano, quinta feira, 27 de julho de 1978
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