Um dia alguém vai contar a história do rádio em São José! E quando isto acontecer pelo menos dois radialistas, tenho certeza, serão lembrados por terem conseguido os maiores índices de audiência. E conviveram juntos por uns bons tempos na antiga Rádio Clube, na Avenida Mário Galvão nº 463, e depois na Rádio Piratininga. O saudoso jornalista Álvaro Gonçalves com o “Comandos do Ar”, cuja sirene ao meio dia era ouvida pelo som dos rádios sintonizados em toda a cidade, tamanha a sua audiência. Na abertura, o chamamento diário “Reclame que é o seu direito, falando com o rádio repórter Álvaro Gonçalves”. No encerramento, repetindo Hamlet de Shakespeare: “E o resto é silêncio”.

Sou testemunha, juntamente com o assessor jurídico da Câmara, Dr. José Rubens Barbosa, falecido, um dos maiores administrativistas que conheci, quando visitamos o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Robson Marinho. Na ante sala, a sua secretária cinquentona, quando apresentada ao radialista Álvaro Gonçalves, perdeu o fôlego ao lembrar de seus tempos de juventude em São José: “Eu não perdia o Comandos do Ar! A cidade inteira escutava. A sirene ecoava por toda São José”.

E Álvaro Gonçalves, além de apresentar também o “Ford Informa”, um programa de entrevistas no início da noite (depois substituído pela Rotativa E-5 com o jornalista Joacyr Beça), criou na Organização Rádio Jornal (Rádio Clube e jornal Valeparaibano) o Departamento de Filantropia para atender as pessoas mais carentes da cidade. Só no governo do prefeito José Marcondes Pereira (1962/66) a sua esposa, professora Célia de Jesus Moreira Pereira (Dona Célia Marcondes), institucionalizou o serviço social como política pública no município com o DAS (Departamento de Assistência Social) da Prefeitura Municipal. Álvaro Gonçalves encerrou as apresentações do “Comandos do Ar” na Rádio Piratininga. Como professor foi diretor do DEMEC (Departamento Municipal de Educação e Cultura) da Prefeitura Municipal.

A história do rádio em São José também tem a presença garantida do jornalista Antônio Leite, por ter revolucionado o rádio jornalismo com o seu “Tele Informativo Volkswagen”, na Rádio Clube e, posteriormente, na Rádio Piratininga, intitulado “Antônio Leite Livre”, abrindo o microfone para entrevistas no estúdio e para a participação dos ouvintes pelo telefone. O dinamismo do tele informativo passou a ser marca registrada de Antônio Leite, embora tenha sido adotado depois por outros radialistas da cidade.

Outros saudosos jornalistas joseenses pontificaram nas emissoras de rádio como José “Silan” Anconi com o rádio jornalismo humorístico na Rádio Clube e o informativo “Jornal do Meio Dia” na Rádio Piratininga, Joacyr Peniche Portugal Beça com o informativo “Rotativa E-5” na Rádio Clube, Edward Simões (que foi o principal responsável por trazer e editar como diário o jornal Valeparaibano em São José) com o noticiário de hora em hora na Rádio Piratininga. O rádio jornalismo esportivo de Matarazzo Filho, Aurélio Monteiro de Barros e Alberto Simões, é um capítulo à parte.

Todos contribuíram para o rádio jornalismo joseense e serão lembrados por quem vier a contar a história do rádio em São José, porém Álvaro Gonçalves e Antônio Leite, sem dúvida alguma, foram os campeões de audiência em rádio jornalismo na cidade. Como a cidade cresceu e os meios radiofônicos também se multiplicaram, é difícil imaginar hoje a repercussão que o “Comandos do Ar” de Álvaro Gonçalves e o “Tele Informativo Volkswagen” de Antônio Leite, alcançaram em seus áureos tempos, mais quase nada acontecia na cidade que toda a cidade não ficasse sabendo e comentasse ouvindo o rádio jornalismo da época. Primeiro apenas pela ZYE-5 Rádio Clube e, a partir da década de 1960, também pela Rádio Piratininga. São José era uma verdadeira aldeia global pelas ondas sonoras das duas emissoras de rádio. 

Luiz Paulo Costa – Jornalista

Ouça um programa completo da Rádio Clube com Álvaro Gonçalves

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