A história que eu sei e conto!

Tendo sido procurado nos últimos dias por alunos do primeiro grau do ensino fundamental e perguntado sobre qual o fundador e a data de fundação de São José dos Campos, percebo que a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação começa a mexer um pouco com o conteúdo das matérias curriculares de nossas escolas. E isto é bom!

As mudanças que estão ocorrendo, principalmente no ensino fundamental, não serão completas se não houver maior sintonia entre o que se ensina e o mundo em que se vive. Conhecer a história da cidade a qual se habita é fundamental para que a criança viva com mais intensidade a realidade que a cerca e se torne cidadã.

Aprendi um pouco sobre a história de São José dos Campos e isto tem sido importante na minha vida. E tentando ajudar um pouco na transmissão desse conhecimento apreendido dentro de um mundo globalizado, em que os meios de comunicação social permitem atingir milhares e até milhões de pessoas ao mesmo tempo, trago aqui alguma coisa do que li e me contaram.

Os jesuítas tinham fundado São Paulo. A cidade começou a ser povoada por portugueses truculentos que escravizavam os índios. Então os jesuítas tiraram o grupo de guaianases e carijós de perto da cidade de São Paulo e os trouxeram para cá. Foram aldeados num lugar mais ou menos desconhecido ainda hoje.

Em conversas com o saudoso senador Severo Gomes, no entanto, colhi a informação que o aldeamento ocorreu na cabeceira do Rio Comprido. A nascente do Rio Comprido é na Fazenda Jardim, de propriedade ainda hoje da família do ex-senador paulista.

Da cabeceira do Rio Comprido, em meio a tantas turbulências, os índios guaianases e carijós foram levados pelos jesuítas para quatro léguas em quadra de terras, doadas, em 1642, no local onde hoje está o largo da Matriz (praça Padre João). Assim conta a geógrafa Nice Lecocq Müller, em “O Fato Urbano na Bacia do Rio Paraíba São Paulo” (edição Fundação IBGE Instituto Brasileiro de Geografia RJ 1969, série “A” Biblioteca Brasileira Publicação nº 23):

“Não havendo dúvida sobre as ligações existentes entre Mogi das Cruzes e os fundadores de Jacareí e de N. Srª da Escada (atual Guararema), cabe, completando o quadro dos núcleos seiscentistas, referência a outro aldeamento, este, segundo parece, ligado diretamente à iniciativa emanada de São Paulo de Piratininga. Trata-se de São José dos Campos, aldeamento de índios estabelecido por jesuítas, em 4 léguas em quadra de terras, doadas, em 1642, no local onde hoje está o largo da Matriz. Aí iniciou o irmão Manuel de Leão a construção de casas de taipas para os índios, começando a ordená-las em quadra, que, ao tempo do padre Belchior de Pontes, um dos primeiros missionários, já estava fechada, formando a Aldeia de São José.”

Segundo o livro 2 de Sesmarias Antigas, arquivado na Tesouraria da Fazenda Nacional, a doação foi feita por João Luiz Mafra. Como ocorre com outros centros da região, há muita controvérsia sobre a data certa da formação do aldeamento. Daniel Pedro Müller, em “Ensaio d’um quadro estatístico da Província de São Paulo”, fixa-a em 1587, mas deve-se referir ao primitivo povoado, o do Rio Comprido, que depois foi transferido para o aldeamento do largo da Matriz e passou a ser conhecido como Vila Velha.

Não há dúvidas, no entanto, que foi o capitão mór José de Araújo Coimbra quem conseguiu a elevação de São José à categoria de vila em 27 de julho de 1767, desmembrando a aldeia da vila de Jacareí. Isto acabou lhe custando a vida, assassinado ao viajar a cavalo entre Jacareí e São José. Muitos não concordaram com a sua atuação política favorecendo a fundação de uma nova vila no vale do Rio Paraíba do Sul.

E aqui termina a história que sei, conto e quem quiser que conte mais. Em especial este é um convite para os que integram o Curso de História da Univap Universidade do Vale do Paraíba. Existe muito a pesquisar e esclarecer sobre uma história que ainda não foi completamente escrita: a história de São José dos Campos!

Luiz Paulo Costa – Jornalista

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