A inauguração da Circus!

Este foi um material nada fácil de ser recuperado, mas esta é a missão do São José dos Campos Antigamente, tirar dos escombros da história o que há muito permanecia oculto dos olhos dos joseenses. e com vocês, a Gran Circus Discothèque!

Circus – a chegada de uma nova era

O Shopping Centro tornou-se o ponto das atenções na quinta-feira passada com a inauguração da Gran Discothèque, da Companhia Rosa Ltda. E muitos puderam conhecê-la em pleno funcionamento, em que os seiscentos convites à venda foram esgotados.

A estréia monumental da Gran Circus Discothèque surpreendeu a todos pelas suas características peculiares. A Companhia Rosa Ltda., não só surpreendeu com a montagem da discoteca como as diversas atrações feitas com efeitos especiais, fazendo os participantes presenciarem malabaristas e mágicos, ainda com a alegria dos palhaços de forma inacreditável.

O colunista social Ivan Quadros, do Valeparaibano e Sueli Loto.
O ator Zanone Ferreti e uma fã.
A movimentação animada da Circus Discothèque na noite de quinta-feira sob 7.500 watts.
Eis a movimentação contagiante que tomou conta da noite.
Uma amostra da Gran Circus Discothèque.
As primeiras apresentações do malabarista encantou aos presentes na inauguração da Circus.
O aspecto externo do shopping com a chamada luminosa.
Presenças marcantes joseenses.
Duas jovens joseenses, Maria da Glória e Simone na inauguração.
A cabine de som da Circus, suspensa sobre a pista de dança.
Ao fundo conversam Edilene Ribeiro e Evani Santo. Na mesa, Ana Cláudio e sua irmã Renata.
Maria Clara e Marcelo, da paulicéia, na Circus.
O casal de namorados Maria Gaia e Ricardo Magno Ducini, dançando ao som da Gran Circus Discothèque.
Os donos do mundo circense, Sérgio Rosa e Ernani.

Foi muito disputado cada espaço e detalhe da Gran Circus Discohèque, um ambiente indescritível, com os posters com a cenografia de CYro Del Nero, com a autêntica paisagem do mundo do circo.

Com este formidável fator preponderante não deixou a desejar nos demais aspectos. O trabalho de Luis foi o de montar um aparelho que suportava sete mil e quinhentos watts de potência, muito explorados pelos disque jóqueis na noite da grande inauguração, num show de mixagens das mais recentes músicas tocadas nas grandes casas do mundo todo.

Há quem diga que o som da Gran Circus Discothèque é superior às mais potentes discotecas do Brasil, e era realmente anormal a sensação. Os fotógrafos e jornalistas tiveram um trabalho cansativo, A Rede Globo de televisão e o cinegrafista Antônio Prado filmaram todos dentro e fora da casa noturna joseense, que superlotada alegrava a monumental plateia.

São José dos Campos a partir de então vive uma nova era, a discotèque que supre a necessidade de lazer e qualidade.

Valeparaibano, Maio de 1978

Depois da inauguração da Circus Discothèque, seus proprietários, irmãos Antônio Sérgio e Ernani preocuparam-se em selecionar da melhor maneira o ambiente. Para isso, elevaram o preço do convite para trezentos cruzeiros por casal, medida das mais acertadas, e que vem evitar a presença de pessoas que possam denegrir o ambiente, o que houve no dia da estreia monumental, quando fatos lamentáveis foram registrados.

Ainda na noite de sexta-feira, o primeiro dia após a inauguração, MOMENTO constatou que a atitude dos irmãos Rosa veio em cima da hora e a noite não poderia ser melhor, não só com presenças marcantes de nossa sociedade, bem como de Taubaté e São Paulo.

Os jovens Maria Clara e Marcelo, residentes e curtidores na grande paulicéia vieram conhecer a Gran Circus Discothèque. De Taubaté, Cristina Balbi, com um simpático grupo de amigos.

Ivan Quadros, Coluna Momento do jornal Valeparaibano, 1978

Entrevista com os irmão Sérgio e Ernani Rosa

Bazar – Você tem alguma experiência anterior em administração de discoteca?

SérgioNão. A experiência que a gente tem é em frequentar discotecas. Em seis anos de São Paulo eu tenho seis, meu irmão tem cinco a gente não saia das discotecas, do Papagaio, principalmente, que era na época (antes era o Hipopotamus e outras) um negócio incrível! Quando inaugurou o Papagaio foi um negócio incrível, sabe, eu entrei no Papagaio você sabe quando você entra num lugar e leva um choque? Você vê um negócio que jamais pensou ver e nem sequer podia imaginar? Então, eu levei um choque, senti uma abertura incrível, um deslumbramento! Daí eu não perdia uma noite, e, por causa disso, nasceu o meu amor pelas discotecas, passei a achar que era e continua sendo o local ideal para o jovem de hoje se divertir.

Bazar – Quantos anos, Sérgio?

SérgioVinte e oito.

Bazar – Não é mais nenhum jovenzinho, então.

SérgioNão, eu sou quase coroa.

Bazar – E em você Ernani, como é que surgiu a ideia?

ErnaniBom, é o seguinte, fora isso que o Sérgio falou, a gente tinha ido para São Paulo estudar Comunicações e, por coincidência, a gente acabou estudando na mesma Faculdade, Objetivo, e trabalhando no mesmo ramo de atividade, Propaganda.

SérgioPlanejamento de vendas.

ErnaniNa mesma área, na mídia. Você sabe, a mídia é que escolhe os meios de comunicação para veicular as mensagens.

SérgioSó que ele numa agência e eu em outra.

ErnaniDaí, como a gente gosta muito de frequentar essas casas, chegou um dia em que eu falei para o Sérgio: estou pensando em abrir uma casa desse gênero, criar um produto novo não só um produto novo, mas um produto nosso! Para lançar no mercado. Daí, foi amadurecendo a ideia, até que chegamos à realização.

Bazar – Você trabalhava em que agência?

ErnaniDPZ.

SérgioE eu, Mauro Salles. Agora, a ideia surgiu mesmo e tomou corpo, porque a gente trabalhava sempre no lançamento e sustentação de produtos novos. Então por que não lançar e sustentar o nosso próprio produto?

ErnaniPrincipalmente num mercado inexplorado como o de São José dos Campos.

Bazar – Quer dizer, então, que a escolha de São José não se deveu apenas a questões familiares, já que seus pais residem aqui?

ErnaniNão. A princípio, não. Tornou-se depois um fator importante, mas só depois da ideia curtida, elaborada, planejada.

SérgioVocê sabe, discoteca é um produto de moda. Atualmente é moda, não sabemos até onde vai, mas sabemos que vai durar ainda algum tempo. E depois vou falar a verdade para você, a gente gastava muito dinheiro em discoteca!

Bazar – Uniram o útil ao agradável.

SérgioÉ, decidimos não pagar mais para frequentar discotecas. Decidimos frequentar a nossa própria discoteca.

Bazar – Fora a família, que outros fatores levaram a escolha de São José?

ErnaniO mercado inexplorado, em primeiro lugar. Mas, antes de decidirmos por São José, nós elaboramos um trabalho completo de pesquisas. Fomos saber das pessoas ligadas diretamente com discotecas. Por exemplo, entrevistamos porteiros, barmans, discotecários, relações públicas… Entramos em contato com os donos, com as pessoas que conheciam o dono, procurando saber sempre o que eles faziam, quais os contatos que eles tinham, como eles tinham conseguido aquele “merchandising”, qual era a frequência, etc e tal.

SérgioNa época, o Banana Power estava em construção. Então nós chegamos perto para saber de tudo, principalmente como o Banana estava sendo construído e quanto se estava gastando.

ErnaniA gente queria saber como eles tinham conseguido o call center, quais as vantagens que tinham obtido. Enfim, o planejamento todo. Só depois de colhidas todas as informações é que partimos para o planejamento de “marketing” e esse planejamento indicou São José como o lugar mais viável, no momento, para a instalação de uma discoteca de alto nível.

SérgioA gente também estava cansado de ser empregado. Você sabe, todo mundo na vida tem vontade de ser dono de alguma coisa, e a gente estava a fim de ser dono de discoteca. Só que, antes, eu estava tentando montar uma peça de teatro e, como adoro musical, Dercy Gonçalves é o máximo para mim! – resolvi montar um musical norte-americano, chamado “Aplauso”, que fazia muito sucesso na Broadway. Porém, queria a Hebe Camargo no papel principal, sob medida para ela, mas ela não topou. Foi o balde de água fria nas minhas pretensões teatrais. Desisti da ideia, me concentrando daí em diante apenas na montagem da discoteca.

ErnaniA maior frustração do Sérgio é não fazer parte do teatro.

SérgioÉ, eu queria produzir grandes musicais…

Bazar – Voltando ao assunto, vocês fizeram pesquisa de mercado em São José?

ErnaniFizemos. Fizemos não só em São José mas no Vale do Paraíba todo. Da pesquisa resultou uma tabulação de duas mil entrevistas, que traduzem objetivamente o perfil do mercado. Quero dizer, uma amostra bastante representativa. Inclusive, a pesquisa contou com a colaboração da Supervisora de Marketing da DPZ.

Bazar – Qual o resultado mais expressivo?

SérgioO que a região não só São José não conta com uma casa de alto nível que se equipare as melhores de São Paulo.

ErnaniA pergunta mais importante foi: se tivesse uma discoteca de alto nível na cidade, você frequentaria assiduamente? A resposta: eu me lembro, foi de entusiasmar, deu um percentual de 88% afirmativo!

SérgioTinha outra pergunta muito importante: por quê você não frequenta mais as casas da região? A maioria respondeu que não ofereciam muito em matéria de diversão, poucas novidades.

ErnaniA maioria declarou que frequenta lanchonetes e restaurantes.

Bazar – Acreditam mudar este hábito joseense?

ErnaniVamos fazer força!

Bazar – Vocês são daqui?

SérgioDe Monteiro Lobato.

Bazar – Tudo capiau, então?

ErnaniÉ, tudo caipira!

Bazar – Isso é bom. Evita aquelas “arrogâncias” de muita gente que vem para cá pensando conquistar a cidade de uma hora pra outra e acaba dando com os burros n’água. São José, a gente precisa entender.

SérgioA gente entende. Fomos criados aqui.

ErnaniA gente tá sabendo. A gente tá sabendo que não vai ser aquele sucesso estrondoso, que vai ter de “trampar” para acertar na mosca. E, depois, humildade não faz mal pra ninguém.

SérgioA gente tá sabendo que não adianta chegar para você, principalmente para você! E dizer que a partir do mês que vem tudo vai modificar, que tudo vai ser maravilhoso! É um trabalho paciente que pretendemos fazer, a longo prazo, para que daqui a um ano, vamos dizer, você chegue na sua coluna e diga: alguma coisa mudou aqui em São José! Mas essa mudança você não vai ver na primeira semana nem no primeiro mês! As coisas irão mudando gradualmente, através de um trabalho consciente. Olhe, muita gente chegou pra nós e disse: isso aí não vai dar certo! O povo de São José não é disso! Mas eu digo que é engano, porque o pessoal daqui gosta de sair, mas só sai se lhe forem oferecidas opções diferentes, novidades. Você quer ver uma coisa? A Festa do Horror, por exemplo, o pessoal adorou! Até agora estão comentando! Foi uma opção diferente! A Festa “Isto é Hollywood”, que vai acontecer no mês que vem, está despertando o maior interesse. Já estão procurando convite e tem gente até fazendo as fantasias! Isso é uma coisa diferente! E não é só a faixa jovem, não; pessoal de meia-idade também está participando! Tenho certeza que vai ser o maior sucesso!

ErnaniAinda mais com o Bazar apoiando!

Bazar – E a Maria Helena também, não é ô meu!?

ErnaniÉ isso aí, a conexão…

SérgioE, depois, não há motivo para o pessoal frequentar a capital, se a gente vai oferecer uma casa tão boa quanto as melhores de São Paulo.

ErnaniE tem outra: nós estamos fazendo uma casa, nós vamos trazer o pessoal de São Paulo, ou seja, eles virão a São José para ouvir a Circus.

Então não vai ser nada vantajoso a pessoa sair daqui para ir se divertir em São Paulo, mas se isso continuar acontecendo, o pior é que pode haver é empate, pessoal daqui em São Paulo e pessoal de São Paulo aqui.

SérgioAcho que vai acontecer como a “Apocalypse”, de Campinas: cada vez mais e mais paulistanos preferem se deslocar até lá para se divertir.

Bazar – Vocês estão divulgando a Circus em todo o Vale?

ErnaniEstamos começando a campanha de divulgação em pequena escala, mas depois que inaugurar pretendemos nos lançar numa campanha maciça de divulgação e sustentação do produto. Por enquanto, a divulgação é mínima, apenas para não ficar em brancas nuvens, mesmo porque não tem sentido ficar oferecendo um produto que ainda não está pronto.

Bazar – Mas pretendem investir violentamente?

ErnaniClaro! Principalmente no Vale, Litoral Norte e Campos do Jordão, além de São Paulo, Porque, eu acho que nosso maior público vai sair desses mercados.

SérgioEu, ao contrário, acredito muito no mercado de São José. Acho, ainda, que se o pessoal foge daqui é por falta de opções diferentes.

Bazar – A cidade já não está saturada de discoteca?

SérgioDe jeito nenhum! Veja o que acontece por aí, com discotecas colocando quinhentas pessoas num lugar onde cabem cem! E, também, quanto mais discotecas houver, melhor para todo mundo. porque cria o hábito de frequentar, além de ensinara o consumidor a escolher qual a melhor opção. Concorrência é saudável para qualquer negócio, você sabe disso.

Bazar – E quanto a promoções especiais, o que vocês pretendem?

SérgioTemos algumas ideias novas que pretendemos aproveitar, como uma festa junina em junho com a presença do Cascatinha e Nhana animando as quadrilhas e comestíveis como quentão, paçoca, batata-doce, etc e tal.

Bazar – Você fica falando e acaba entregando ouro aos bandidos!

ErnaniÉ por isso que não gosto de ficar falando muito em promoções especiais.

Bazar – E festas sofisticadas?

SérgioPretendemos montar, pelo menos duas por ano, na base do traje a rigor. Aliás, tem aquela que você está marcando para setembro…

Bazar – “A Personalidade AGORA do Ano”.

ErnaniUma ideia espetacular!

SérgioJulho é um mês bom para uma festa super elegante.

ErnaniÉ, na base do “fondue”, vinhos raros, uma atração sofisticada.

Bazar – Acho bom. Desde que vocês não contratem como atração especial o “Trio Quéops, Quéfren

e Miquerinos,” tudo bem…

SérgioHá!há!há!há…

ErnaniHá!há!há!há…

Bazar – Vocês estão rindo, mas o negócio é sério paca!

Geraldo Soares Leite para a Coluna Bazar, Jornal Agora, Abril de 1978

E não irá parar por aqui não, novas matérias sobre a Gran Circus Discothèque em breve!

Traga sua história para ser contada!
Digitalização de fotos, vídeos, áudio, documentos, recortes de jornais, gravação de depoimentos, cartas, etc.
Mídias Sociais: sjcantigamente
WhatsApp: (12) 99222-2255
e-mail: sjcantigamente@gmail.com

Comente se há informações extras, escreva suas recordações ou mesmo o que achou desta publicação. Agradeço por sua participação!