Adalbert Bógsan, o Mister General Motors

A matéria a seguir, foi enviada pelo senhor Moraes Faria ao grupo SJC Antigamente, referente ao Sr. Adalbert Bógsan, o mr. General Motors, um antigo gerente da GM. A matéria é original do jornal Ato Vale do Paraíba – Ano VIII – nº 9 – Março de 1989.


Bógsan chegou ao país com a GM, trabalhou nela 50 anos e festeja 30 anos da fábrica que ajudou a montar em São José



Mais da metade de sua vida foi passada dentro da General Motors. Começou como ajudante de mecânico em 1926 e foi o primeiro gerente geral da fábrica de São José dos Campos, inaugurada em 1959. Hoje, uma imensa coleção de fotos, filmes, presentes e uma vasta coleção de gravatas ajudam a fortalecer o elo que, por meio século, ligou à GM esse húngaro de 83 anos, naturalizado brasileiro. No dia 10 de março, quando a fábrica estiver completando 30 anos, Adalbert Bógsan também estará em festa – para ele, a unidade é como uma “filha” que acompanhou desde o nascimento.

Adalbert Bógsan, de mecânico a gerente da General Motors.


Nas fotos da inauguração da fábrica, Bógsan é visto ao lado do presidente Juscelino Kubitschek, ambos sorridentes com o “salto” que a indústria automobilística nacional dava naquele momento. Há 63 anos, o mesmo Bógsan, um rapaz de 20 anos, começou a trabalhar na fábrica da General Motors, do bairro do Ipiranga, em São Paulo.


Na empresa, participou ativamente de quase todos os projetos. Boa parte deles documentada em fotos antigas – como os carros adaptados para ambulância e os ônibus movidos a carvão vegetal e à lenha, criados em 1943/44, nos difíceis anos da Segunda Guerra. Contrastando com os 310 Chevettes produzidos diariamente hoje em São José dos Campos, naqueles anos, era considerada uma façanha a produção de um só desses ônibus por dia. Bógsan entregou também o primeiro motor fundido, forjado e usinado no Vale do Paraíba – um ano antes da inauguração, em 1958.

E, dez anos mais tarde, ele estava integrado à montagem do primeiro carro com motor à gasolina produzido pela GM no país, o Opala.


Depoimentos

“Amigo de meu avô, morava na R. Major Antônio Domingues, adorava bater um papo, tinha uma biblioteca e muito da história da GM em sua casa, sem falar da oficina nos fundos.
O primeiro Kadett GSI fui ver na sua garagem, ele foi me chamar em casa a pé e fomos caminhando, só revelou o que era quando estávamos perto.”
Por José Zanine Caldas Filho.

“Adalbert Bógsan, um senhor gerente. Trabalhei na GM e via como ele comandava a empresa, um gentleman. Bógsan como era mais chamado marcou história em nossa cidade.” Por Antônio Vasconcelos.

“Ninguém acredita mas quando eu tinha 5 anos eu achava chato ir ao clube dentro da GM e ter que dar aquela volta, entrar na portaria e voltar um trecho, chegando lá um dia meu pai encontrou Sr. Bógsan e na conversa de 10 minutos eu lembro que perguntei a ele porque não havia um portão para a entrada do clube, ele me disse ” poxa que ótima ideia”, tirou um broxe de alfinete com símbolo Chevrolet e colocou na minha camisa, depois de uns 2 meses estava lá e até hoje lá esta a portaria.” Por Nigel Smith.

“Sr. Adalbert Bogsan, foi pioneiro da GM em nossa cidade. não tive o prazer em conhece-lo, mas tive sim, o privilegio da amizade de sua esposa Dona Maria. uma pessoa espetacular.” Por Eduardo Gaudio.


De pai para filho

Adalbert Bógsan chegou ao Brasil em 1925 junto com a família. Seu primeiro emprego foi na Light, graças a um curso de Técnico em Mecânica feito ainda na Hungria. Um ano depois, entrava na General Motors (instalada no país em 1925, ano da chegada dos Bógsan). Dentro da indústria, fez de tudo – sempre com uma marca registrada, o jeito irreverente e brincalhão.

“A GM é minha segunda família” afirmou. Uma grande família, pelo jeito – dela fizeram parte seu filho e o neto. Três gerações da família passaram pela empresa, o que motivou até um anúncio da própria General Motors na época em que comemorou 25 anos de instalação em São José dos Campos. No anúncio, em baixo da foto dos três Bógsan juntos, um texto dizia: “Se não fosse a senhora Bógsan, essa foto não teria sido possível”. Atualmente, o filho de Bógsan, que tem o mesmo nome, Adalbert, trabalha na unidade da GM de São Caetano do Sul como engenheiro de estilo e o neto deixou a empresa recentemente para ser piloto de avião.

Adalbert Bórgsan foi casado com Maria Bógsan há 50 anos – ele brinca que nada em sua vida dura menos de meio século -, Adalbert adotou São José dos Campos como segunda terra natal. Ajudou a criar o primeiro Corpo de Bombeiros e também a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Em 1961 recebeu o título de Cidadão Joseense, outorgado pela Câmara, e em 1972 acabou, ele mesmo, sendo eleito vereador, com 1.293 votos.

Quando fala do passado, só cita passagens alegres. Diz que a General Motors é um excelente lugar para trabalhar – “lá impera a disciplina”. E fala que o Brasil é o melhor país do mundo. “Bendito o dia em que meu pai, atendendo a uma propaganda que oferecia serviço aos imigrantes, deixou a Hungria e veio para cá”, comentou. Sem isso, toda essa história de dedicação e trabalho não teria sido possível. “E sem a GM – diz ele – o Brasil também não seria tão bom e tão moderno.”

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