Antiga Residência da João Guilhermino

Enfim tive o privilégio de entrar nesta residência que desde a infância mexia com meus sonhos, e estou certo que muito dos leitores tinham a mesma sensação. No sábado, 7 de Agosto de 2021 pude entrar na linda residência que ainda possui elementos arquitetônicos do Século XIX. Localizada na Av. Dr. João Guilhermino, que faz esquina com a Coronel Madeira, em frente à Praça Kennedy, no Centro.

De acordo com o Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, não há registro preciso da data de construção da Casa dos Padres. Estima-se que seja da primeira década do século 20. Entretanto, o casarão possui elementos arquitetônicos do século 19. 

O casarão centenário conta com fachadas para a Praça Presidente Kennedy e para a rua Coronel Madeira com lambrequim -elemento decorativo de arremate junto ao telhado-, óculo para ventilação do forro, portão de entrada com grade de ferro e elementos decorativos, esquadrias de madeira e vidro com veneziana de abertura externa e azulejo decorado das janelas, entre outros.

A Casa dos Padres foi tombada em 2014 pelo Comphac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural) e FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo). Com o reconhecimento de seu valor histórico, o imóvel foi classificado na categoria elemento de preservação EP-2, que mantém a arquitetura das fachadas e a volumetria, mas permite mudanças internas. Informações obtidas no site Meon.

Parte externa

Fotografada ainda com a carranca para segurar as janelas em 2010. Todas foram roubadas.
Em 2016
João Guilhermino quando ainda de terra, e a residência já estava lá.

Em 2018 (fotos abaixo), em uma espécie de vigilância pelo bem desta residência, fiz alguns registros da mesma em uma noite de domingo. Foi a primeira vez fotografada no período noturno, mas não foi a primeira parada em frente dela durante a noite. Nesta visita que realizei, deu pra ver que pessoas acessam o quintal para tomar cerveja e sabe-se lá mais o que.

“A casa era da família da sra. Antônia do Amaral Mello irmã do Monsenhor Geraldo, do Mariano e Ricardo, ela foi presidente da Legião da Boa Vontade entre 1948 e 1950. Passei um tempo da minha infância brincando no quintal dessa casa.” Por Adriana Buck.

Quando vim morar em São José dos Campos, no ano de 1945, minha mãe alugou uma casa na Av. João Guilhermino, quase pegado a essa casa. Aliás era igual a ela. Entre minha casa e a da esquina havia mais uma casa também, igualzinha. Eram todas iguais. A do meio era uma pensão para tuberculosos. A da esquina, que ainda está lá, morava uma família muito religiosa: Família Amaral Mello. Eu conheci quase todos os membros dessa família, a mãe era conhecida pelo apelido de Nha Chuta. Os filhos, Marianinho, Antônia, e mais um que não lembro mais o nome (acho que era Benjamim), eram solteiros, um já era padre e um outro era seminarista. Eu, ainda adolescente ia quase diariamente conversar com Nha Chuta. Nha Chuta morreu bem velhinha e continuamos frequentando a casa de D. Antônia e Marianinho. Éramos amigos. Os dois também morreram e a casa ficou fechada. Soube por outra família que a mesma foi doada para uma organização religiosa. Nunca mais a vi aberta. Quando passo por lá, muitas lembranças me vem a mente e as saudades são muitas… principalmente da Nha Chuta.Por Angela Savastano.

Echos do Carnaval de São José dos Campos
O automóvel As Borboletas Azues da família do Dr. Carlos de Azevedo Sobrinho, que, no último Carnaval, obteve o primeiro premio de belleza. Revista O Pirralho, 1915

Parte interna

São José Perdida

A avenida Nelson D’Ávila guardou durante muitos anos um dos meus sonhos de criança: a casa perfeita. No centro da cidade, com uma varanda enorme, jardim e, como se não bastasse, um lago artificial.

Ficava ali entre os números 210 e 212. Ficava, porque entre 2003 e 2005 ela foi demolida. Primeiro parcialmente, para dar lugar a uma loja de sapatos; depois, completamente.

Patrimônio. O medo do dono do imóvel da possibilidade de perder o direito de propriedade sobre o bem foi o responsável portal demolição.

“Na verdade, isso é um mito do processo de tombamento. Inclusive, dependendo do valor histórico, o dono do imóvel pode conseguir verbas que o ajude na restauração”, afirmou Rosana Tavares, membro do COMPHAC (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural).

Memória afetiva. De acordo com Antônio Carlos de Oliveira da Silva, historiador da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, a cultura preservacionista é bastante recente.

“Podemos dizer que embora tenhamos o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1937 e o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), da década de 1960, a iniciativa municipal é da década de 1980. Ainda assim, nem todos os municípios tem áreas de preservação”, disse.

Para ele, demolir um patrimônio é como apagar a história. “Ocorre um desenraizamento nas pessoas. E como se alguém que tivesse morado muitos anos em um lugar e foi embora, quando volta, percebe que as coisas já não estão mais no mesmo lugar. Perdesse a identidade”, disse. Fato.

Em tempo. A casa de que eu tanto gostava já foi apagada da memória de muitas das pessoas que, inclusive, conviveram comigo na época.

No entanto, descobri recentemente que a casa que povoou os meus sonhos era conhecida como Residência Nicanor Camargo Neves, cujo projeto era de 1957, dos arquitetos José de Campos de Almeida e Luciano Salgado.

Ela foi demolida na ocasião em que o arquiteto Robson Bernardo organizou um levantamento sobre o centro histórico de São José. Na ocasião, os seus proprietários, com receio de um possível tombamento, a demoliram antes que o processo de preservação fosse finalizado no COMPHAC. Infelizmente…

Por Paula Maria Prado para o jornal O Vale, em 21 de novembro de 2013.

Nesta foto de 2013 podemos ver que as carrancas para as janelas ainda estavam lá.

“Minha avó era cozinheira dessa família, minha mãe tem muitas histórias dessa família, ainda temos presentes que essa família dava em datas de comemoração.” Por Celina Bueno.

Nesta casa tinha um pé caqui, fui pegar subindo no muro e cortei o pulso, tenho a marca até hoje!” Por Lucimar Campanato Silveira.

Acima, com a criança no colo (Neco d’ávila) Margarida Teixeira d’Avila, dona do conservatório Santa Cecília, sentada está a proprietária da residência da João Guilhermino, Antônia do Amaral Mello, de óculos ao centro o Padre Ruy e o Monsenhor Geraldo, ambos moradores da casa, atrás do Monsenhor Regina d’Avila e por último, à direita, Nelson Geraldo d’Avila (marido de Margarida), filho do dr. Nelson Silveira Dávila que deu nome à avenida. Foto realizada em fevereiro de 1985, na residência da Rua Pio XII no Jd. Esplanada I.

A residência é um bem imóvel que por suas características históricas, artísticas, paisagísticas, culturais, arquitetônicas e arqueológicas deve ser preservado, e suas características devem ser mantidas de acordo com padrões pré-estabelecidos pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Paisagístico e Cultural de São José dos Campos, SP (COMPHAC).

Interior da residência

Podemos notar que em cada um dos 7 cômodos as luminárias são diferentes entre si, um curioso detalhe. É visível a necessidade de sua restauração, um patrimônio que valoriza muito o município. Infelizmente muitas já foram abaixo e outras que ainda restam passarão pela mesma situação, o que não é o caso desta diante sua preservação pelo COMPHAC.

“Passei boa parte de minha infância frequentando esta casa, da família Amaral Mello, os sobrinhos da D. Antônia, vinham passar as férias aqui em São José, a gente brincava no terreno ao lado (havia um portão), também nadávamos na casa do Sóstenes Miranda, que ocupava um quarteirão da Adhemar de Barros, onde hoje fica o Icbeu, bons tempos.” Por Oswaldo Couto Junior.

“Construída em 1902 pelo imigrante italiano Graciano Facchini, que na mesma avenida, com o primo Romeu Carnevali, construíram também outras residências.Por Henrique Sebastião.

Porão

Foto feita pela Irmã Patrícia Souza que me acompanhou durante o registro.
Sergia Bonadio Weiss no interior da residência.
Sergia Bonadio Weiss no interior da residência.
Sergia Bonadio Weiss no interior da residência.
Sergio Bonadio Weiss e Fernando Weiss.
Sergio Bonadio Weiss e Fernando Weiss.
Interior da residência.

“Minha avó morou nessa casa nas décadas de 30 e 40. Minha mãe nasceu aí. Estas fotos foram feitas nessa casa por meu avô Mario Weiss.” Por Marcelo Weiss.

Morei por 22 anos na Coronel Madeira. No natal D. Antônia abria uma das janelas desta casa e dava presentes para as crianças. Eu ganhei uma roda gigante, com umas bonequinhas e ela ficava girando. Lembro de um trenzinho de lata, muito bem feito. Bolas, cordas para pular, tamboretes etc… Tempo bom que não volta mais… Saudades! Brincávamos na rua de queimada, taco, pular corda, pula pneu de bicicleta, futebol, barrabol, etc.” Por Maria Nazaré Santana Ribeiro.

“Acima, a Primeira comunhão de Bernadete, sobrinha de D. Antônia Amaral Mello na igreja do Sanatório Maria Imaculada.” Por Kleber Soares.

Quintal lateral e varanda

ÁREA ESTIMADA: 525,00m² DE TERRENO E 172,00m² DE CONSTRUÇÃO (CASA PRINCIPAL + ANEXOS NOS FUNDOS E LATERAL).

Logradouro: PRAÇA KENNEDY, 88 – CENTRO DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS.

CARACTERÍSTICAS E LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL:

• Casa antiga, em terreno de topografia plana, situada em área COMERCIAL;

• Sua fachada, conforme mencionado antes, deve ser mantido as características, mas necessita de “restauração”, bem como possui considerável espaço interno que há também a necessidade de reparos para uso, sendo este destinado ao uso COMERCIAL;

• Trata-se de imóvel composto de 07(sete) ambientes sendo 6(seis) deles para salas/escritórios e 1(um) para cozinha/copa, 2 (dois)banheiros de uso social, hall de entrada e hall de distribuição interna, cômodo nos fundos (despejo), amplo quintal nos fundos que dá possibilidade de abertura no muro para estacionamento de até 10(dez) veículos pequenos ou podendo ser destinado a jardim;

• O imóvel encontra-se localizado em beira de PRAÇA, possuindo calçada nos moldes ordenados pela Prefeitura local (calçada segura);

• O imóvel encontra-se de frente à Avenida Dr. João Guilhermino o qual é via importante para locomoção na região Central e de grande visibilidade comercial, ressaltando assim a situação privilegiada de localização. A região é constituída essencialmente por comércios, mas detém também prédios de uso residencial que agregam e dão força ao comércio geral. Além de dotada de toda infraestrutura e serviços públicos;

ÁREA EXTERNA:

• Imóvel necessita de “Restauração” em todos os pontos; Paredes, telhado, forro do beiral, esquadrias (portas e janelas), área dos fundos (jardim e muros de delimitação), corredor lateral e pintura geral;

ÁREA INTERNA:

• O teto encontra-se com grande necessidade de reparos, tanto de telhado como dos forros (forro de madeira) e pintura se quiser manter o padrão em que se encontra;

• As paredes de todos os cômodos precisam de reparos em vários pontos (trincas e rachaduras) e pintura;

• Das paredes úmidas (cozinha e banheiros):

– Os azulejos são antigos havendo necessidade de troca, faltam algumas peças em vários pontos alguns estão estufados e trincados;

• O piso de madeira de todo imóvel está em bom estado estrutural, porém necessita de tratamento de raspagem e aplicação de sinteco ou algo parecido para maior conservação.

Já nos lugares onde são de piso frio, há necessidade de troca;

• As esquadrias (portas e janelas) de madeiras são antigas, devem passar por restauração, se for o caso de substituição, deve-se manter o mesmo padrão devido restrições de tombamento histórico:

• A parte hidráulica que pode ser vista é antiga e pode apresentar defeitos, já a tubulação interna às paredes se mostra antiga o pouco eficiente para uso:

• A instalação elétrica se faz ineficiente para uso uma vez ser visivelmente antiga e fora dos padrões em vigência. Há necessidade de troca geral.

Então é isso, este foi o primeiro de outros conteúdos referentes à esta casinha que nos fez sonhar por tanto tempo. E sim, o primeiro, ainda será produzido um vídeo contando sua história por pessoas que por ela já passaram, e este está sendo o primeiro grande passo para acontecer uma verdadeira restauração.
Me recordo da casa com a janela da frente aberta e na parede da sala, um grande quadro com o fundo vermelho e a imagem de Jesus Cristo ao centro, e D. Ana ali na janela, sorrindo para o dia ensolarado.
Agradeço à Irmã Patrícia Souza e ao Sanatório Maria Imaculada por viabilizarem este registro, estejam certos que trabalharemos juntos para esta restauração acontecer, e ao consultor de negócios Carlos Andrade por fornecer as informações técnicas.

A conclusão da missão foi celebrada na Praça Afonso Pena com um delicioso Acarajé!

Traga sua história para ser contada!
Digitalização de fotos, vídeos, áudio, documentos, recortes de jornais, gravação de depoimentos, cartas, etc.
Midias Sociais: sjcantigamente
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

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