Bonadio S.A. – Fábricas de Louças Santo Eugenio

Considerando que há apenas uma matéria extraída do Almanaque de 1921, e o depoimento de uma ex-funcionária da fábrica no site do São José dos Campos Antigamente, torna-se importante incluir esta matéria da revista especial sobre nossa história de 1951.
Acrescento também outros conteúdos já capturados anteriormente para a página, incluindo publicações da página oficial da Fábrica Santo Eugenio no Instagram, conduzida por minha amiga Agatha Bonadio.

Bonadio S.A. – Fábricas de Louças Sto. Eugenio

Vista externa da fábrica.


Quando se fizer, algum dia, o levantamento histórico de São José dos Campos e se procurar entre as muitas causas que determinaram o seu extraordinário surto de progresso, uma, sem dúvida, terá que ser ressaltada. E a indústria de louças, cujo capital ascende atualmente a cerca de 10 milhões de cruzeiros, e que contribuiu decisivamente para que o nome da terra joseense fosse mais conhecido em todas as partes do Brasil, de norte a sul.

Propaganda de 1957.

Falando-se em indústria de louças, cabe aqui abrir um parágrafo especial à BONADIO S. A., pioneira das indústrias de louças no Vale do Paraíba. Fundada em 1920 por Eugênio Bonadio, já no ano seguinte começava a funcionar, abrindo-se-lhe amplas perspectivas de êxito. A primeira diretoria que teve a Fábrica Santo Eugenio constituía-se de Eugenio Bonadio, Tito Lorenzoni, Conrado Bonadio e Antônio Cará. Não quis a sorte, porém, que o idealizador e empreendedor da gigantesca fábrica, visse coroados os seus esforços, pois veio a falecer logo depois.

Vista de uma seção da Sto. Eugenio.
A saída dos operários.
Escritório da firma.
Seção de pintura.


Hoje em dia, a Fábrica Sto. Eugenio é um nome nacionalmente conhecido, graças à excelência da sua produção. Seu capital é de 6 milhões de cruzeiros e nos trabalhos da indústria ocupam-se cerca de 400 pessoas.

Possuindo representantes em todas as capitais do país, a Fábrica Sto. Eugenio utiliza todos os meios possíveis de transporte para dar escoamento a sua produção. Para os Estados mais distantes, por exemplo, as louças são enviadas por via marítima. Possui ainda 6 caminhões próprios, que fazem transporte para as praças mais próximas.

Considerada que é a terceira indústria de louças do Brasil, utiliza na fabricação de seus artigos argila, caolim e feldspatho, dispondo para esse fim de 5 fornos intermitentes, a lenha, 2 túneis a óleo e 2 túneis elétricos. A área total utilizada pela fábrica ocupa 9.000 m2.

Rua Eugenio Bonadio. À esquerda a Praça Antônio Prado, atual Praça Presidente Kennedy, o chalé era a residência de Conrado Bonadio, onde morou posteriormente a Dona Nena (da cantina) depois de casada, atual edifício Marya Lúcia e ao fundo a Cerâmica Santo Eugenio.
As crianças provavelmente são Fernando e Beatriz Weiss. Década de 1930.
Cartão de visitas.
As duas imagens acima foram extraídas da lista telefônica de 1951.
Jornal Folha da Manhã, 7 de julho de 1935.
Envelope da empresa.
Anna Santorio (também conhecida como Anna Santorio Bonadio ou Anna Bonadio) pode ter sido, quando do seu falecimento em 1928, a primeira mulher ou a primeira mulher estrangeira a ser sócia majoritária de uma fabrica no Brasil. Isso foi antes da conquista do voto feminino em 1932.
Certidão de desembarque de Anna Santorio quando ela chegou ao Brasil com os filhos. Meu avo (Mario Coriolano) era o caçula e nasceu em São Paulo. A família veio para se estabelecer em Pedreira. Não deu certo e ele foi para Jundiaí, onde morou por 5 anos. Mas, meu bisavô, tinha a intenção de abrir uma fabrica em Pindamonhangaba. Mas, a caminho, ele encontrou com a sua única aluna de piano e o pai dela no trem. Depois que ele comentou o que ia fazer no Rio e, ao parar em SJC, o pai dessa aluna o apresentou ao prefeito da cidade. Ele convenceu meu bisavô em estabelecer a fabrica em SJC. A família Bonadio tem muita gratidão e orgulho de chamar o Brasil de lar. Por Agatha Bonadio.
Rua em São José que leva o nome de Eugenio Bonadio, é a mesma rua onde foi o endereço da fábrica, no Centro.
Rua em São José que leva o nome de Ana Bonadio, no Jardim Matarazzo. E na verdade, seu nome correto é Anna Santorio, mas sempre é escrito como na placa.


Sua diretoria, que vem se desempenhando proficientemente dos encargos a ela atribuídos, é composta pelo dr. Afonso Tosta, engenheiro; dr. Mario Coriolano Bonadio, engenheiro. O encarregado da pintura é o sr. Otaviano Cará, profundo conhecedor do assunto. A parte de escritórios está afeta ao sr. Eugenio Bonadio Cará.

Eis aí, em síntese, o que podemos apresentar sobre a Fábrica de Louças Santo Eugenio, legítimo orgulho da indústria especializada do país.

Foto da fabrica em 1o de Agosto de 1926, vista da Rua Eugenio Bonadio. A entrada era na Rua Humaitá, quando ela cruzava a Rua Eugenio Bonadio.
A planta de onde estava localizada a fábrica, cuja razão social era Bonadio & Cia. Mapa deve datar depois da Revolução de 1932, porque já existia a Rua Euclides Miragaia. Observa-se também que a Rua Humaitá já não cruzava mais a Rua Eugenio Bonadio. 

Projeto de mesa de 1o de outubro de 1938.
Anna Santoro Bonadio assumiu a Fábrica de Louças Santo Eugenio após seu marido, Eugenio Bonadio, ter falecido em Jundiaí aos 49 anos, e isso ocorrido ainda durante sua construção. Anna faleceu em 1928, sendo a primeira mulher a estar a frente de uma indústria no município, e se caso realizarmos uma pesquisa, podemos até mesmo nos surpreender pois pode ter sido a primeira do Brasil. Ambos chegaram ao pais no início do século passado vindos da Itália e deram início à uma empresa que contribuiu com o desenvolvimento de nossa cidade.
Eugenio Bonadio, ceramista italiano, nasceu na cidade de Gorgo al Monticano, na Província de Treviso, em 3 de abril de 1872. Vinda de uma humilde família, casou-se com Anna Santorio em 1892, com quem teve oito filhos (Maria, Angela Aurora, Corado, Illa Theodolinda, Ines Maria Antonieta, Armida, Sergia e Mario Coriolano). O mesmo veio ao Brasil em 1910, sem a família, para fundar na cidade de Pedreira a primeira indústria de louças do Brasil, na fazenda de Ângelo Rizzi. Apenas no fim do referido ano é que sua esposa veio para o Brasil com os filhos. Anos mais tarde, Eugenio Bonadio resolveu abrir sua própria indústria, e começou a busca de um lugar ideal para a construção de sua fábrica que, a principio, seria em Pindamonhangaba (alguns da família falam em Rio de Janeiro). Mas o mesmo recebeu o convite para estabelecer-se em São Jose dos Campos.
Foto tirada em 1926. A família Bonadio reunida.


Acesse a matéria no Globoplay feita ano passado sobre a fábrica.
https://globoplay.globo.com/v/10171353/

Veja também a matéria no canal do São José dos Campos Antigamente sobre as antigas cerâmicas do município.
https://youtu.be/t1aaB2KV-n0

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