Companhia Rhodosá de Raion S/A

Em outubro de 1946, várias carroças iniciaram o serviço de terraplanagem dos 35 alqueires da antiga chácara do comerciante Pedro Rachid, em Santana, para a construção da Cia Rhodosá.

A primeira fábrica da Rhodia se instalou no Brasil em 1920, atual município de Santo André, para a produção de lança-perfume. Em 1929, começou a sua atividade no setor têxtil – a Companhia Brasileira de Setas Rhodiaseta – oferecendo fios artificiais, quando o mercado girava em torno dos fios naturais, principalmente de algodão.

Na Segunda Guerra Mundial, decidia, devido ao conflito, produzir cana e álcool, numa Fazenda, a São Francisco, próximo à Campinas, em 1944.

Construção do complexo

Imagens aéreas

Em 1949, retorna novamente à produção têxtil, com a fundação, em 29 de Agosto, da Cia. Rhodosá de Raion S/A, na cidade de São Paulo. Transferiu-se no mesmo ano para a nossa cidade, São José dos Campos. Com ela inicia-se novo processo industrial no município, com a vinda das multinacionais, empresas com sede em outro país, instalando suas filiais aqui.

Fabricava fios têxteis artificiais: raion, fibrane, segundo o processo chamado de “viscose turbina”.

Visita à Rhodosá de Raion

Eu dias da semana passada, tivemos a oportunidade de visitar a grande indústria Rhodosá de Raion S.A. sediada no distrito de Santana, visita essa que fizemos em companhia do dr. Benoit de Almeida Victoretti. prefeito sanitário e do vereador sr. José de Paula Ferreira. Com quanto a nossa visita se prendesse a assunto estranho a nossa profissão, nem por isso ela deixou de merecer de nossa parte a maior atenção e o maior interesse, de vez que não conhecíamos aquela grande organização.

Fomos ali recebidos pelos srs. dr. Henri Latreille, diretor gerente e o dr. Cristian Riener, engenheiro técnico chefe da grande indústria.

Os dois ilustres diretores foram de uma gentileza ímpar, proporcionando-nos a oportunidade de conhecermos todas as suas dependências quando em franco funcionamento. Assim, ficamos conhecendo as suas diferentes secções, desde o preparo até o acabamento do fio, suas câmaras, depósitos, secção de acabamento, empacotamento e expedição.

Os seus maquinários, segundo explicações que nos deram os ilustres dirigentes, são os mais modernos sendo acionados por grandes turbinas geradoras próprias e força fornecida pela Light, trabalhando os seus operários protegidos e munidos de luvas c roupas adequadas conforme o departamento.

Tivemos de tudo quanto nos foi dado observar a mais agradável impressão da notável indústria que é sem dúvida alguma, um dos grandes fatores de progresso de nossa terra.

Registramos também, com particular agrado a maneira altamente gentil daqueles diretores no trato dispensado aos visitantes e de um modo particular ao diretor desta folha.

Correio Joseense, 12 de julho de 1953, Ano XXV, Num. 1453

Visita do Consul Geral da França em São Paulo, Dr. Roberto Valeur à Rhodosá junto do diplomata Dr. Latreille, um dos diretores da companhia.

Localiza-se em Santana, entre o Rio Paraíba do Sul e as linhas da antiga Central do Brasil, em antiga chácara do comerciante Pedro Rachid, tendo como primeiro diretor, Henry Latreille.

Ramal ferroviário construído pela empresa no interior da Fábrica na década de 40.
Foto de almoço de confraternização na década de 1960.

A inauguração do Estádio Dr. Roberto Moreira da Rhodosá Atlético Clube

Realizou-se dia 7 de Setembro com toda a solenidade, a inauguração do Estádio Dr. Roberto Moreira, do Rhodosá Atlético Clube, tendo comparecido ao ato grande número de pessoas gradas da cidade e do distrito de Santana do Paraíba, onde está localizado o grande, moderno e confortável Estádio.

A entrada do Estádio, que ostentava as bandeiras do Brasil, França. Estados Unidos e do Clube, falaram os seguintes oradores que enalteceram. com justiça, a grandiosa obra que seria pelo seu tamanho, dispositivos oficiais e conforto, a mais completa praça de esportes do Vale do Paraíba. Mario Paula. em nome do Rhodosá Atlético Clube: fazendo referências oportunas e justas, aos diretores da Rhodosá de Raion S. A. justificando, também a razão da homenagem prestada ao Dr. Roberto Moreira, presidente daquela Companhia.

No seu feliz discurso, o orador focalizou a personalidade do ilustre homem público, como um exempla dignificante da política do passado, e como homem de negócios: Prefeito Elmano Ferreira Veloso, cm nome da cidade: Dr. Rui Dória, em nome da Câmaга Municipal: José Benedito: Monteiro e Benedito Matarazzo, Delegado Regional do A. P. I. no Estado de São Paulo, respondendo ao final paга agradecer as homenagens que vinha de receber o Dr. Roberto Moreira, que se reportou ao seu passado político e a sua atuação fora deste âmbito, de vez que está afastado das lides partidárias, atribuindo a homenagem mais a generosidade dos fundadores do Estádio da diretoria da Rhodosá, estendendo-se ainda em considerações outras, para afirmar a sua afeição a este Vale do Paraíba de onde descendem os seus pais. Em seguida o Revmo. Padre Luiz Alves Cavalheiro ao descerrar a placa com o nome ilustre homenageado promoveu ao benzimento do Estádio, sendo oferecido aos presentes um fino coquetel acompanhado de deliciosos salgadinhos.

A tarde, como parte das festividades da inauguração realizou-se no confortável Estádio, o anunciado jogo entre as equipes do Rhodosá e do Taubaté, o qual terminou com a vitória do Taubaté pela contagem de 6 a 0.

Correio Joseense, 09 de setembro de 1956, Num. 1608

Veja mais sobre o estádio e o time aqui:

Conheça um pouco sobre o time Rhodosá Atlético Clube

Produzia 340 toneladas por mês, com 15.000 m² e 750 operários. No local foi construído um terminal ferroviário exclusivo para a fábrica.

Em 1994, houve a união, entre a já chamada Rhodia, com a Celbrás, passando-se a chamar Rhodia-Ster, com 71.000 m² de área construída e 540 empregados.

Vista parcial da empresa e o Rio Paraíba do Sul.

RHODOSÁ – Do raion à fibra acrílica

Inaugurada as primeiras máquinas em 1949, a RHODOSÁ, que tem cerca de 1600 funcionários, prepara-se para fabricar fibra acrílica.

Atendendo à solicitação formulada já em 1935-36, por diversas tecelagens, a COMPANHIA RHODIACETA estudou a possibilidade de iniciar no país a fabricação do raion-viscose. Entretanto, a política mundial, relativamente sombria e bastante incerta naquela época, atrasou consideravelmente os projetos, de maneira que foi somente em agosto de 1946 que a RHODIACETA conseguiu fundar a sua filial: “COMPANHIA RHODOSÁ DE RAION S/A”.

O lugar escolhido em São José dos Campos apresentava condições ótimas procuradas para a futura fábrica, isto é: abundância de água a ser fornecida pelo Rio Paraíba; proximidade de uma estrada de ferro de primeira ordem, a EFCB; topografia e resistência do terreno excelentes para edificação dos pavilhões.

Os trabalhos de construção e de instalação foram rapidamente levados a bom termo, e, em fevereiro de 1949, foi feita a inauguração das primeiras máquinas. Normalizada esta primeira fabricação, a RHODOSÁ aos poucos se ampliou. Em 1954, ela lançou no mercado brasileiro o fio-pneu que tanto sucesso alcançava nos EUA. O êxito se confirmou com a melhoria constante das características deste fio, que chegou rapidamente a alcançar as mesmas qualidades do fio norte-americano.

Muitas dificuldades foram vencidas para alcançar este resultado. O pessoal evidentemente não tinha conhecimento de indústria de fibra artificial e precisava ser completamente formado para este novo ofício. Graça à sua especialidade natural, um resultado bem satisfatório foi alcançado, e a qualidade produzida pela RHODOSÁ é de padrão internacional. As refeições distribuídas pelo restaurante foram um ponto favorável ao desenvolvimento industrial do pessoal, pois proporcionam uma alimentação equilibrada. Assistência das mais completas, maternidade, creche, grupo escolar, cooperativa, clube esportivo… veio amparar e alegrar funcionários e seus familiares, de todos os níveis da hierarquia.

RHODOSÁ, com cerca de 1.600 funcionários, está produzindo uma média mensal de 1.400 toneladas de fios têxteis ou pneumáticos e fibras diversas.
Ao grupo de engenheiros que veio construir esta fábrica, juntam-se agora novos engenheiros formados no ITA, ou em outras escolas do país.
RHODOSÁ não se encontra parada; há para a fábrica de raion diversos projetos em curso. A casa das caldeiras e máquinas diversas está em plena ampliação, prevendo o futuro.

Uma nova fábrica anexa à de raion está sendo montada para produzir fibra acrílica, uma fibra moderna, ainda não fabricada no Brasil, porém bastante conhecida na Europa e nos EUA. O processo, já em uso com sucesso nas fiações brasileiras, é caracterizado nos artigos que, quando homologados em laboratórios de controle, recebem a marca de qualidade de Crylor.

Revista O Cruzeiro, 11 de novembro de 1967

Uma nova filosofia de gerenciamento

Com um faturamento anual de US$ 75 milhões, a unidade de São José dos Campos da Rhodia-Ster S.A. é responsável por mais de 20% do total da empresa produzindo fibra acrílica (17 mil toneladas/ano), fibra viscose (11 mil toneladas/ano), bidim (32 Mm2/ano), sulfato de sódio anidro (7.800 t/ano) e sulfeto de sódio (900 t/ano). Destes totais, 10% da fibra acrílica vai para o mercado externo, principalmente para a China. Oito por cento da fibra viscose e 11% do bidim são exportados para a América do Sul. A fábrica de fibra acrílica possui uma das mais modernas instalações industriais têxteis da América Latina. Seu produto destina-se a artigos de malharia, novelos, cobertores e carpetes. A fibra viscose é matéria-prima para artigos de casa e vestuário. O bidim é um geotêxtil produzido a partir de filamentos contínuos de poliéster e apresenta-se como uma manta não tecida que tem várias aplicações em construção de estradas, barragens, drenos, base de aterros, reforços de impermeabilização, isolamento termoacústico, filtros industriais e base para carpetes. Instalada em um terreno de 745 mil m2, com uma área construída de 71 mil m2, com 19 mil m2 disponíveis, a unidade de São José dos Campos possui 540 empregados.

A fachada da empresa em São José, como o novo logotipo: fusão da Rhodia com a Celibrás para enfrentar a concorrência internacional, principalmente dos asiáticos.

Rhodia-Ster S.A. Desde maio de 1994 este é o nome da nova empresa que uniu numa joint venture a Rhodia, do grupo francês Rhône- Poulenc, e a Celbrás. A Rhodia- Ster já é considerada uma gigante na área de poliéster, começando com um faturamento de US$ 400 milhões e o anúncio de um investimento de US$ 250 milhões nos próximos cinco anos.

A união das empresas surgiu para enfrentar a concorrência internacional, principalmente dos asiáticos, em particular na área de fibras e filmes, e para aproveitar o crescimento mundial do mercado de poliéster.

Na fusão, a Rhodia entrou com a produção de PTA, o insumo básico para poliéster, fibras e filmes de poliéster e bidim, uma superfície de poliéster feita em fibra, também chamada de não tecido. A Celbrás leva para a associação a unidade de fibras de poliéster e o complexo de PET, a resina usada para a fabricação de garrafas plásticas. No faturamento de 94 da Rhodia-Ster, por negócio, cada um destes produtos entra com as seguintes porcentagens: garrafas PET (33%), fibra poliéster (32%), fibra acrílica (14%), filme (10%), fibra viscose (6%), bidim (4%), PTA (1%).

A Rhodia-Ster tem seis unidades fabris no Brasil, em Santo Amaro, Paulínia, Cabo, Camaçari e Poços de Caldas, além de SJC, gera 2.300 empregos e tem uma capacidade de produção de 380 mil toneladas por ano.

Nas três fotos acima, as três fases da linha de produção de fibra acrílica, uma das mais modernas da América Latina, que produz, 17 mil toneladas/ano de fios destinados a artigos de malharia, novelos, coertores e carpetes.

Sintonizada com o futuro, a unidade da Rhodia-Ster em São José dos Campos, adotou com sucesso uma nova filosofia de gerenciamento, na qual a confiança e a complementaridade são essenciais.

Não há mais controle de cartão de ponto, vale-refeição, almoxarifado, veículos. A forma clássica de organização de uma empresa, baseada em regras burocráticas e na distribuição de tarefas foi abandonada. Agora, o que se busca é o envolvimento e a participação de todos nos planos e objetivos da empresa.

A nova filosofia busca trabalhar com o racional (conceitos e entendimento), o emocional (ambiente na empresa) e o físico (prazer de fazer e regras) do homem, além da complementaridade, isto é, na nova organização, o chefe sabe algumas coisas e o operário outras, um complementa o outro. É um princípio indispensável para se conseguir a participação e a negociação em busca de um objetivo comum.

Além disso, foram criados os Times Auto-Gerenciados (TAG’S), grupos que buscam o aperfeiçoamento da nova organização que tem como principais desafios a mudança do papel do líder, o desenvolvimento de novas formas de remuneração, a formação básica dos trabalhadores, aumentar a competência técnica, criar estruturas mais dinâmicas e intensificar a comunicação na empresa. Os TAG’S serão implantados em todos os níveis da indústria.

Uma das primeiras indústrias a se instalar em São José dos Campos, a Companhia Rhodosá de Raion S.A. começou a terraplanagem da área de 35 alqueires localizada entre o rio Paraíba e as linhas da antiga Central do Brasil, em Santana, em 29 de outubro de 1946, dia em que a primeira carroça de terra entrou no terreno, a antiga chácara do comerciante Pedro Rachid. O pioneirismo da indústria ficou registrado também no terminal ferroviário que a empresa instalou em sua área fabril.

A Rhodosá foi fundada com 80% de capital da Rhodiaceta e 20% do Comptour e filiados. Seu primeiro diretor foi Henry Latreille, que depois passou para as unidades de Santo André e Campinas.

A produção de raion foi iniciada em fevereiro de 49 com capacidade de 340 toneladas por mês com um tear fibrane e um tear raion, com a equipe comandada por Maquart, Desgeorges e Kiener. No ano seguinte, a empresa começou a produzir fibrane e depois fio pneu (1954), acrílico (1968), sulfato anidro (1970), bidim (1971), e fio tapete (1975).

Sob o comando do médico José Florence, foi criado um regime alimentar e higiênico para adaptar os primeiros empregados da indústria às condições de trabalho da empresa. Depois foram instalados refeitório, dispensário, maternidade e a creche Pio XII.

Atualmente, a unidade de São José dos Campos possui uma escola com curso supletivo de primeiro e segundo graus, aberta a todos seus funcionários e empregados das empreiteiras que prestam serviço à empresa.

Histórico extraído do livro São José dos Campos o Comércio e o Desenvolvimento de 1994, doado ao São José dos Campos Antigamente pelo presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista) José Maria de Faria.

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