Décio Segreto – uma história de vida em São José

“Sou um Homem feliz!”

Carioca, Técnico em Comércio, nascido dia 28 de agosto de 1934. Filho de José Segreto (Padeiro e comerciante) e Ângela Blaso Segreto (Filha de comerciante, o dono da padaria onde Décio trabalhou). Casou-se com Antônia Pires de Oliveira Lima Segreto contra a vontade do pai dela. Foram casados por 51 anos e está viúvo desde 2018. Comerciante, pai de 3 filhos, avô de 6 netos e amigo de muitas pessoas!

Décio Segreto
Os pais José Segreto e Ângela Blaso Segreto.


O sr. José Segreto era um artista, seus doces, divinos! Chegou a ser primeiro confeiteiro na Colombo, no Rio de Janeiro. Ele criava receitas, as escrevia em seu livro, mas a parte final, para a finalização dos doces, ele guardava na sua cabeça, um estrategista.
Casados e já com 4 filhos, seu pai decidiu ir embora do Rio de Janeiro, procurando lugar melhor para “fazer a vida”. Levou seu filho Décio, com ele, foram parar no interior de São Paulo. Chegaram em Pindorama, cidadezinha do oeste paulista. Trabalhando numa pequena padaria, um caixeiro viajante, vendo a perfeição do trabalho do seu pai, indicou ao sr. José uma padaria maior, em Novo Horizonte. Mudaram-se para a cidade vizinha, e lá seguir seu trabalho como padeiro. Trouxe então sua esposa e os outros filhos para Novo Horizonte.

O salário de padeiro não era suficiente para cuidar da família. Seu pai pediu então, para que os três filhos mais velhos, Dayse, Décio e Dirce, que, se encontrassem tijolos e ou pedaços de tijolos na rua, que levassem para casa; pois ele iria construir um forno à lenha, para poder fazer pães em casa, vender na rua, e assim complementar sua renda. Seus pães caseiros estavam fazendo sucesso, e isso incomodou os comerciantes estabelecidos da cidade, que fizeram uma reclamação à prefeitura. Após uma fiscalização, seu pai, o sr. José, foi proibido de continuar a fazer pães em casa.

Essa história é importante, para a maioria de vocês entender o que é a família SEGRETO aqui no Brasil, sua origem, e por quê todos são tão trabalhadores!
O Sr. José Segreto escreveu uma carta ao então Presidente da República, Getúlio Vargas.
Contou o que havia acontecido, que fazia os pães em casa para complementar sua renda, pois queria criar seus filhos com dignidade.

O Presidente GETÚLIO VARGAS respondeu a carta, AUTORIZANDO O SR. JOSÉ SEGRETO A CONTINUAR A FAZER SEUS PÃES EM SUA CASA!

O forno de barro, depois de muito trabalho, transformou-se na padaria, onde vemos o sr. José Segreto, a D. Ângela e Décio. A família passou a importar barricas de vinho da Itália, engarrafar e vender em litros; também importavam frutas da Argentina.

E engordavam um “capado”, e, no dia do seu abate, montavam uma linha de produção, com os menores tirando rolhas das garrafas, outros lavando com água quente, outro engarrafando, outro colocando rolha, mais um colocando cera quente… Todos aproveitando para tomar vinho, terminavam o dia bem felizes, dos menores aos pais!… E o capado, destrinchado, tinha suas partes armazenadas em latas, com banha.


Sua mãe, a D. Nininha, como era carinhosamente chamada por todos, foi especial em sua vida, e na vida de muitas pessoas!

Ao todo, a família tinha 10 irmãos. Todos com nomes iniciados em “D”. Dayse, Décio, Dirce (IM), Dulcinéa (IM), Délio, Delcy (IM), Dario, Dóris e Dante. Numa homenagem aos filhos, o sr. José Segreto inventou um biscoito, e deu o nome de “10 D”.

Com 15 anos, sua mãe aconselhou-o a seguir sua vida. Voltou para o Rio de Janeiro, desta vez, sozinho. Morou na casa de uma tia, onde sobreviveu a “pão e banana”, até conseguir emprego num banco. Tinha um único paletó de lã, bem inadequado para o clima na capital fluminense… Sozinho e distante da família.

Como bancário, além da sua rotina diária no banco, também tinha uma função importantíssima de ir para uma choperia próxima para reservar mesa para os demais colegas de banco.

Com a veia comercial, descobriu uma confecção de camisas muito boas no interior do rio, comprava, tirava a etiqueta, vendia aos amigos com “monograma” bordado no bolso. Ganhava muito bem com essa transação.

Como bancário, além da sua rotina diária no banco, também tinha uma função importantíssima de ir para uma choperia próxima para reservar mesa para os demais colegas de banco.

Com a veia comercial, descobriu uma confecção de camisas muito boas no interior do rio, comprava, tirava a etiqueta, vendia aos amigos com “monograma” bordado no bolso. Ganhava muito bem com essa transação!

Trabalho, salário, dinheiro!!!

Em pouco tempo começou a desfrutar das benesses do trabalho e do seu próprio salário. Paletós de corte inglês, sapatos de cromo alemão, tinha de todas as cores. Frequentava o “Café Nice” em suas noites de boemia. Com esse seu esforço, montou uma casa completa, e trouxe a família toda de volta para o Rio de Janeiro!!! Altruísmo, uma de suas virtudes.



Novos desafios

Convidado pelo seu melhor amigo de infância, Hovanês, mudou-se para SP, para ser gerente da loja, a casa Teletron. Essa empresa existe até hoje, mas há alguns anos deixou de ser da família do seu amigo. Pensem em alguém disposto a ajudar! A resolver problemas… o sr. Décio, é assim! Sempre foi assim!
Numa das passagens em seu trabalho na casa Teletron, um navio no porto de Santos, precisando zarpar, contudo, sem comunicação de rádio, estava impedido de partir.


Ao receber a “missão”, o sr. Décio identificou um componente similar que resolveria a falha do rádio. Elaborou uma logística sensacional e conseguiu enviar a peça em tempo hábil.
Recebeu convite para conhecer a empresa no RJ, através de uma carta do capitão do navio, destinada ao funcionário tão eficiente, mas essa carta não lhe foi entregue, soube disso muito tempo depois…


Casamento

Casou-se com a Antônia em 29 de abril de 1967, e neste mesmo ano mudaram-se para São José dos Campos. Conseguiram em 2017 realizar um grande sonho dos dois. Completaram e fizeram a festa das Bodas de Ouro!


Iniciou suas atividades na cidade, ao comprar o Cine Bar, o bar, ao lado do Cine Paratodos, que ficou famoso pelos petiscos servidos, Almôndegas, Rã, Codorna, mesa de petiscos em sistema self-service, ao final do expediente, formavam uma roda de seresta, e com o bar fechado, iam até altas horas da madrugada.

Ponto onde foi o Cine Bar.


Baby Lanches

Na inauguração, em 15/11/1968, de costas, atirou as chaves do bar no chafariz da praça Padre João, em frente à Igreja Matriz. Já que o bar iria funcionar 24 horas, não precisaria de chaves para as portas… Serviam, lanches e pratos executivos no balcão, na estufa ovos coloridos (amarelos e vermelhos). No Baby Lanches, inovou ao lançar o Hambúrguer na cidade!
O sr. Décio foi até SP, e fez um curso para produção de Hambúrgueres no “Chico’s Hambúrguer”, comprou a “maquininha” de prensar a carne e realizou o lançamento desse lanche em São José!
Estrangeiros que vinham para São José dos Campos e hospedavam-se no Hotel San Remo, vinham até o Baby Lanches e pediam “caipirinha” com sotaque norte-americano, pois quem vinha para a cidade, conhecia o Baby Lanches, ao retornar para seus países, indicava para os seus amigos! É… o Baby Lanches criou fama internacional!
Fez amizade com vários taxistas do ponto que ficava na praça e com toda a PM de São José. A “segurança espontânea” provida pelos estimados amigos policiais sempre foi sensacional.

Também em 1968, o Délio e o Zizo inauguraram a “Delícia”, sendo o Décio incluído posteriormente na sociedade. A Doceira na praça Cônego Lima, a “praça do telefone”, tornou-se o ponto de encontro dos casais de namorados da cidade.

Caneca de Prata

Um investimento grandioso, foi feito no restaurante Caneca de Prata em 1969, a casa tinha um violinista recepcionando os casais nas noites de sábado. Torres de camarão lindíssimas eram montadas. A música ao vivo, do Caneca de Prata, aos domingos, era transmitida para toda a cidade pela rádio Piratininga. Era uma casa refinada demais, para os padrões da cidade àquela época, e isso inibia a entrada de fregueses… como forma de superar essa dificuldade, acreditamos, foram precursores no lançamento de um “Ticket refeição”!

Imprimiram vales e ofereciam isso aos funcionários do comércio no centro da cidade, para ter o valor descontado posteriormente nas suas folhas de pagamento.


“Olha eu e meu pai Dr Sinésio Sapuchay na segunda foto! Nossa família e a família Segreto viemos da cidade de Novo Horizonte para o vale do Paraíba na mesma época . Lembro muito bem desta festa de inauguração. A família Segreto em NH tinha um bar chamado La Cumparcita, e aqui deu continuidade e hoje existe o bar do Coronel, sempre na família.” Por Naia Sapucahy.

“Eu era moleque ainda mas conheci o Caneco de Prata, ao lado do Cine Palácio. Muito bonito e frequentado pela sociedade joseense!” Por Jandir Bertolini.

Outros comércios

Explorou a Lanchonete do estádio Martins Pereira em 1973. O sr. Décio foi dono da Lanchonete na Associação Esportiva São José, também em 1973.

Em 1974 inaugurou a NUTRIBEM, uma cozinha industrial com matriz em São José dos Campos e filiais em Guararema e Paraibuna. Forneciam refeições para a obra de implantação da REVAP, Petrobrás. Serviam cerca de cinco mil refeições por dia.

Em 1974, passou pela experiência de investir numa fábrica de blocos, no distrito de Eugênio de Melo.
Também teve uma pequena confecção aqui na cidade! A “Match” – uma marca de agasalhos esportivos.

Foi dono da lanchonete da Odonto UNESP, em 1980. Era a Lanchonete Diretório Acadêmico XXVIII de março.

Nesta época manteve fornecimento de refeições para a IBECASA, empresa que construiu o bairro Vista Verde.
Em 1981 assumiu a lanchonete do Clube Vista Verde, trabalhava com sucesso a venda de batidas, porções e refeições.
Já em 1984, foi trabalhar na Lanchonete Tênis Clube. Como Gerente, movimentou bastante a realização de eventos no clube, com festas e recepções diversas e encantava a imensa maioria de associados com a sua cordialidade e atenção.

Entre os anos de 1984 e 1985, teve um mercadinho na Vila tesouro.
Entre 1986 e 1990, assumiu a lanchonete da ADC Johnson & Johnson, onde, acreditamos, conseguiu experienciar seus melhores momentos enquanto empreendedor, gestor e relações públicas!


De uma simples lanchonete de clube, aplicando muita estratégia de marketing pessoal, empatia com seus clientes, “POC’s”, provas de conceito ao promover almoços, jantares e festas para as pessoas certas; conseguiu ser homologado como fornecedor de festas e eventos para a renomada companhia norte americana! Chegando a atender churrascos para até 5.000 (cinco mil) pessoas!

Não poderíamos deixar de citar o trabalho prestado, com louvor, em três edições da INESC, que era uma olimpíada onde participavam os funcionários da J&J, durante cerca de 2 meses, entre treinos e competições. Nestes eventos, aos finais de semana quando ocorriam as provas, num sábado, o sr. Décio foi capaz de estruturar uma operação onde eram servidos para o público presente, num único sábado.

12.000 (doze mil) lanches, 1.000 (mil) engradados de refrigerante e 400 (quatrocentas) caixas de cerveja!

Ahhh que tempo bom! As diversas amizades firmadas e consolidadas neste período, nos permitem, hoje, termos a presença de pessoas que lá estiveram para participar, junto com o sr. Décio e sua família, de todos estes prazeres que, uma oportunidade de negócio, o trabalho árduo e a dedicação podem proporcionar!

Deixou a Lanchonete na Johnson após vender sua operação para a própria ADC, que interessou-se em assumir os trabalhos. Na sequência, foram dois “anos sabáticos”, com dinheiro aplicado e vivendo de juros.

Reformou sua casa, comprou carros… Decidiu retornar ao trabalho, formou uma sociedade com seu irmão mais novo, Dante, que estava estabelecido com uma quitanda, na esquina das ruas Coronel Monteiro e Francisco Rafael. Idealizaram o projeto, o sr. Décio investiu na reforma do local, foi muito caprichoso ao construir parte do balcão com um “telhadinho” interno, envidraçar a cozinha e azulejar o bar todo, e enfim o estabelecimento foi reformado! Aqui, denominamos este empreendimento como “Bar Rafael”.

Décio e Dante inauguraram o bar em 1992 e trabalharam até 1994, neste ano venderam o comércio para o Benê e a Dóris.


Em 1994, assumiu Restaurante Casserole, na Avenida Dr. Nélson D’Ávila. Vendeu em 1995, o comprador não pagou… Tempos difíceis.
Em 1998 montou uma pequena casa de massas, perto da sua casa.

Quem gosta de trabalho, como o Décio, não consegue ficar parado!!!

Já em 2010, vivenciando os prazeres de ser avô há alguns anos, foi convidado pelo seu filho mais velho, para trabalhar na Panorama, a empresa montou um restaurante para os funcionários e o sr. Décio foi devidamente contratado, para ser o gerente do restaurante.

Trabalhou bastante até abril de 2018, quando um AVC, tirou-o momentaneamente das suas atividades. Ficou com a perna e o braço esquerdos paralisados, locomovendo-se em cadeira de rodas, auxiliado por enfermeira e cuidadora, Jaqueline e Ana Paula.

Os filhos Décio Segreto Junior, Frederico Segreto e Gláucia Aparecida Segreto Dourado.
Dona Antônia. Sua esposa é o exemplo de mulher forte, dócil, amável e fraterna! Foi o pilar de sustentação da família durante os tempos mais difíceis!


Acima, Décio Segreto, de camisa branca e seu compadre, Guaracy Horta, de bigode. Este churrasco foi na casa do Guaracy, onde hoje está o “CEDDA”, na avenida São João. O Guaracy era delegado do ministério do trabalho aqui em São José dos Campos. Não temos notícias dele há muitos anos…
Meu pai, nessa época era dono do Baby Lanches, na esquina da rua XV de Novembro com a praça da Matriz e da NUTRIBEM, cozinha industrial que atendeu a PETROBRÁS, na época da construção da REVAP.

Título de Cidadão Joseense

A vontade de viver do sr. Décio, é algo admirável! Trocou a cadeira de rodas por uma bengala, e já consegue fazer quase tudo sozinho!
No dia 07 de dezembro de 2018 o sr. Décio recebeu o Título de Cidadão Joseense, onde veremos abaixo suas palavras durante aquela solenidade:

“Obrigado a todos vocês presentes, a quem não pode vir, a todas as pessoas que passaram pela minha vida e me ensinaram e ajudaram a chegar até aqui.
Agradeço e homenageio todos os meus amigos, citando o nome de três: Aleixo, Maurinho e Edson Bergamaschi. Muito obrigado por tudo!

Muito obrigado ao pessoal do cerimonial da Câmara e à equipe do Vereador Fernando Petiti, a atenção e carinho de vocês para conosco foi sensacional!
Sou muito grato a essa cidade, que me acolheu de braços abertos e me deu a oportunidade de exercer meu empreendedorismo, formar a minha família e conquistar muitos amigos!
Prezado Vereador Fernando Petiti, você encheu o meu coração de alegria, obrigado por me homenagear em vida!
Boa noite a todos!”



Traga sua história para ser contada!
Digitalização de fotos, vídeos, áudio, documentos, recortes de jornais, gravação de depoimentos, cartas, etc.
Midias Sociais: sjcantigamente
Whatsapp: (12) 99222-2255
Email: sjcantigamente@gmail.com

Comente se há informações extras, escreva suas recordações ou mesmo o que achou desta publicação. Agradeço por sua participação!