Cara, esta faz tempo…
Lá pelos idos dos anos 80 em São José dos Campos (SP), quando a cidade adormecia, a galera das cinquentinhas se reunia ao lado do amarelinho para mais uma de suas doideiras.
Saímos a toda, mais ou menos, 20 motos, cada um com uma mina na garupa, sentindo-se o dono do mundo, com direção ao retão do seminário, uma reta longa e escura, pois ainda não existiam moradores no local apenas eucaliptos, uma estrada que ligava nada a lugar nenhum, acompanhada de uma descida surreal onde o mergulho e o frio na barriga era inevitável, uma coisa sinistra… só entrava quem não tinha juízo ou era imortal, ou ainda não tinha quinze anos.
A galera aparecia do nada, em poucos minutos, já eram mais de 200, gritando e deixando todos com os nervos à flor da pele, instigando e induzindo os mais corajosos a enfrentar seus adversários, parecia duelo de gladiadores, depois de muita provocação da torcida, que mais torcia para o tombo do que para o vencedor, saíamos em disparada para, mais uma corrida.
Um cara mais animado tirava a camisa, e ela virava uma bandeira quadriculada servindo de bandeira para a grande viagem, que durava uma eternidade pois, eram apenas cinquentinhas, depenadas, com dimensionados, tomazelis, corneta no carburador e uma gasolina verde, que um cara arrumava lá no CTA e misturava em galões com naftalina, veneno para espantar baratas, aumentava a octanagem, ele dizia… valia tudo para ser o melhor nesta corrida maluca.
A corrida começava e subíamos em direção ao Posto da Gruta, chegando lá era feito o retorno no melhor estilo e a volta era eletrizante, pois a rapaziada estava esperando agrupada no meio da pista e não existia luz e a gente só via a rapaziada quando o farol de 6 volts começava a clarear e era muito perto, todos saiam da pista e as motos passavam…
Chegar ao final da reta não era o mais difícil, complicado era parar, quando se chegava ao inicio da descida e o frio na barriga era certo, não tinha lona de freio e nem pensamento positivo que segurasse o guidão, o jeito era acelerar e aproveitar os minutos de barriga fria e adrenalina que se seguiam na derradeira viagem que só terminava quando começava a subida do seminário.
Depois, era rebocar a mina mais bonita e viajar na maionese, lá no postinho ao lado do amarelinho contando a emoção de descer o seminário, sem juízo, sem freio, sem medo e… sem capacete.
Um abraço.
Nelson Oliveira
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente