Duas das personalidades mais marcantes em minha vida foram o Mário Scholz e o Dr. Tertuliano Delfim Júnior, o Doutor Tuta. Eram diferentes em quase tudo, mas convergiam quando se tratava do interesse público e da ética política. Considero-me um discípulo dos dois, assim como de outras grandes figuras do cenário político e social de São José dos Campos.
Doutor Tuta, então promotor público aposentado, a cidade deve a preservação do Horto Florestal. A Fazenda Boa Vista, 850 alqueires de floresta natural, resquício da Mata Atlântica em recomposição, de propriedade do município, estava para ser vendida pela Prefeitura, em 1973, quando aflorou à tribuna da Câmara o vereador Dr. Tertuliano Delfim Júnior com um inflamado e candente pronunciamento contra a alienação anunciada pelo prefeito Sérgio Sobral de Oliveira.
E não ficou só no pronunciamento da tribuna legislativa. Pagou por sua publicação nos jornais da cidade. A opinião pública rapidamente se formou e o prefeito desistiu da medida. A austeridade do Doutor Tuta era tão grande que, quando prefeito em 1950, só autorizava a compra de vassoura quando o servidor municipal apresentava a vassoura gasta a ser substituída.
Já Mário Scholz, de competente pintor de paredes, tornou-se um líder político de sabedoria e coragem testadas e aprovadas. Foi vereador em duas oportunidades nas décadas de 50 e 70. Chegou a presidência da Câmara nos anos de 1975/76. Como presidente atendeu mais de dez mil munícipes, resolvendo problemas de toda a natureza, inclusive brigas de vizinhos.
Em 1975, a cidade já apresentava vertiginoso crescimento populacional em virtude de sua industrialização e com ele surgia a necessidade de a Câmara ter pelo menos um carro oficial. Demonstrou esta necessidade, adotando uma velha bicicleta como veículo oficial da Presidência da Câmara. Não tardou para o Prefeito Ednardo de Paula Santos transferir para a Câmara um Opala que estava encostado na Prefeitura.
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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