Duas perdas que vão fazer falta mas deixam os seus legados: Moysés da Costa Oliveira e Fernando Rodrigues Nunes. Pouco antes de completar 79 anos, o cirurgião dentista e produtor rural Moysés da Costa Oliveira nos deixou com extensa folha de serviços prestados à cidade de São José dos Campos. Estivemos em lados opostos durante a ditadura militar – ele dirigente da ARENA, o partido oficial, e eu do MDB, da oposição democrática, mais ambos sem perder o foco no interesse da cidade. Tanto que com a redemocratização estreitamos nossa amizade a ponto dele participar das tradicionais feijoadas que promovia para patrocinar minhas campanhas eleitorais. Em 1977/78 tivemos um embate público. Ele assessor do prefeito Ednardo José de Paula Santos e eu vereador do MDB. O prefeito enviou à Câmara projeto de lei autorizando-o a contratar empréstimo de Cr$200 milhões para as obras do Anel Viário. Constatei que ele precisava apenas de Cr$140 milhões. Com o apoio da Bancada do MDB apresentamos um substitutivo destinando Cr$60 milhões para construções nas áreas sociais, da saúde e educação. O prefeito vetou o projeto de lei e sancionou o projeto original. Ameaçamos impetrar mandado de segurança. Com receio de que a discussão judicial poderia durar muito tempo, o prefeito Ednardo destacou os seus assessores legislativo Moysés da Costa Oliveira e jurídico Bráulio Novaes de Castro para conversarem com a oposição. Como não poderia deixar de ser a imprensa, em especial o jornal “Agora”, repercutia diariamente o episódio.
O “Agora” chegou a publicar duas páginas centrais de uma edição. Uma página em que eu defendia a contrapartida social para o empréstimo das obras viárias e outra página com o Moyss defendendo a exclusividade do empréstimo para o Anel Viário. Com a valiosa contribuição do Dr. Bráulio Novaes de Castro chegou-se a um entendimento. E o prefeito Ednardo de Paula Santos enviou novo projeto de lei à Câmara Municipal destinando Cr$140 milhões do empréstimo às obras do Anel Viário e Cr$60 milhões para as obras das áreas sociais, inclusive com o aporte de Cr$80 milhões de recursos orçamentários em três exercícios para equipará-las. Já o sindicalista Fernando Rodrigues Nunes, 81 anos, do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, nos deixa um grande legado em sua área de atuação.
A ditadura militar em 1964 afastou as lideranças sindicais mais combativas, inclusive com a prisão do líder sindical Francisco Moreno Ariza. E pouco tempo depois, já como advogado trabalhista, Ariza coordenou o movimento pela retomada dos sindicatos joseenses pelos trabalhadores. E Fernando Rodrigues Nunes chegou a encabeçar a chapa de candidatos no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados (Alpargateiros), e depois chegou a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, onde atuou até o seu falecimento. Ele também foi um ativo participante como filiado e militante do MDB/PMDB/PSB.
02 de outubro de 2017
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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