Entrevista com Antônio Leite

Em 1980 fui responsável pelo conteúdo jornalístico do site da Direct Net. Antônio Leite era um dos maiores entrevistadores radiofônicos e depois até da televisão. Mas nunca tinha sido entrevistado. De posse de um gravador adentrei ao estúdio da Rádio Piratininga onde apresentava o seu programa diário e entreviste-o. Eis aqui a entrevista que chegou até a ser publicada na revista Via Vale da época.

São José no Ar entrevista Antônio Leite

SÃO JOSÉ NO AR – Agora gostaria de saber como começou esta sua paixão pelo rádio? Parece que foi em Taubaté, não é?

ANTÔNIO LEITE – Não foi não. Foi em Pindamonhangaba em 50. Eu era muito jovem! Muito jovem, cabeludo, muito cabelo! Durante o dia eu trabalhava numa alfaiataria. Naquele tempo com 14 anos de idade tinha que aprender uma profissão. Hoje, não! Antigamente os pais já punham a criança para ser tintureiro, barbeiro, alfaiate. Então aprendi a profissão de alfaiate e nas horas vagas falava no serviço de alto-falante de Pindamonhangaba. Naquele tempo se falava em alto-falante. Hoje é rádio-pirata. Comecei então a falar no alto-falante. Quatro anos depois estava na rádio de Pinda. E como a rádio de Pinda era de Taubaté também, daí nós fomos para Taubaté. E aí nós encontramos o Sérgio Moreira (Cid Moreira é que era seu irmão). Já tinham saído de lá a Hebe Camargo, Mazzaroppi. E eu era o mais novo deles. Então em 54 já estávamos lá em Taubaté, que dominava a região todinha.

Aqui comecei a ganhar dinheiro

SÃO JOSÉ NO AR – E São José dos Campos?

ANTÔNIO LEITE- Em 59, aqui em S. José só tinha a Rádio Clube. Tinha o Comandos do Ar do Álvaro Gonçalves, com sua sirene, que dominava a cidade. Tinha também o programa do Aniz Mimessi e do Joacyr Beça, o Ford Informa. Esses tinham audiência. Mas no resto, a Rádio Difusora de Taubaté dominava a audiência. A Rádio aqui era 250 watts, em Taubaté era 1.000 watts. Então a Rádio de Taubaté dominava S. José e a região! Então o Aniz, com aquele seu jeitão, pensou: “Como é que nós vamos fazer? Eu chego em casa e o pessoal está ouvindo aquele tal do Antonio Leite!” Eu fazia o Discolândia, de manhã. O Aniz então mandou o seu ajudante de ordem, que era o Joaquim Fernandes, conversar comigo. Eu ganhava naquela época 150 mil cruzeiros. Dinheiro pra burro, né! E daí o Aniz me ofereceu um pouco mais: 220 mil cruzeiros! Dava quase o o dobro. E tinha mais comissões. Lá não pegava propaganda porque não deixavam. Os corretores tinham exclusividade. Aqui comecei a corretar, fazer o Clube dos Maiorais, o Clube Mirim. Comecei a ganhar dinheiro! Tanto dinheiro que até comprei um Gordine. Aí em 61, o saudoso Aniz, muito vivo, falou assim: “Este Antônio Leite tá ganhando mais do que o gerente! Vamos dar um jeito nele!” E lá fui eu de novo pedir emprego na Difusora de Taubaté! E o Silva Neto, que era o gerente, disse: “Tá difícil!” Mas acabou arrumando duas horas depois do almoço eu fiquei lá. Mas eu tinha me acostumado em S. José.

SÃO JOSÉ NO AR – E como você voltou pra S. José?

ANTÔNIO LEITE – Voltei pra cá sem largar Taubaté! Vinha pra cá de manhã. Em 64, já tinha a Piratininga. O Paulo Pereira era o gerente. Aí comecei na Piratininga. Mas o Aniz viu que a Piratininga estava crescendo em publicidade. E muito vivo me levou de novo pra Rádio Clube, onde fiquei até 71. Antônio Leite, veterano do radiojornalismo no Vale. Foto: Marcelo Magano / Via Vale

SÃO JOSÉ NO AR – E foi na Rádio Clube que você criou um novo tipo de programa radiofônico informativo. Era o Tele Informativo Volkswagen.

ANTÔNIO LEITE- É verdade! Tinha o gillette-press (referindo-se ao jornalismo radiofônico baseado apenas no noticiário dos jornais). Antes era um jornalismo frio, gelado. Eu fazia um programa na Rádio Clube das 7 ao meio-dia. Mas aí pensei: “Mas só música!?” Daí inventei um negócio chamado tele informativo Volkswagen. Não tinha nada que ver com televisão. Era tele de telefone mesmo! A telefônica naquele tempo era na rua 7 (hoje o calçadão). E a telefonista tinha que enfiar o plug no buraquinho. Ela ouvia a conversa da gente. Acumulava de tal forma as ligações para o tele informativo que a telefônica reclamou pro Aniz. Nós queríamos audiência! Mas também dois anos depois já virou telefone de disco. Eu telefonava para o Pronto-Socorro na Santa Casa, no SAMDU onde o Guido Cardoso era motorista, ainda não era vereador, o doutor Frediano Bianchi, o pessoal da velha guarda. O tele informativo permaneceu durante muitos anos. Em 71, no entanto, nova pressão na Rádio Clube de que eu estava ganhando muito dinheiro. Ganhava mais do que o gerente! Eu sempre ganhei mais do que o gerente! O Semi (Jorge, concessionário da Rádio Piratininga) não reclama porque sabe que eu ganhando bem ele ganha muito mais do que eu.

SÃO JOSÉ NO AR – Aí você voltou pra Piratininga?

ANTÔNIO LEITE – É! Nova ciumeira e tive de sair da Clube. Mas aí tinha a Piratininga! A Rádio Piratininga não tinha crédito nenhum! Pra comprar uma agulha ninguém queria vender! Tava pior que a Rádio Vale! Daí eu vim prá cá! Eu implorava pra voltar pra Rádio Clube e nada. Daí o Sobral (o prefeito nomeado Sérgio Sobral de Oliveira) queria tomar de assalto a Rádio e colocou aqui aqueles dois cablocos: o Valter Sampaio e o Henrique Lobo! É mole? E o Semi já tinha comprado a Piratininga. Eu não tinha nada com a Revolução! E aí fiquei na Piratininga até hoje.

SÃO JOSÉ NO AR – E por que você acabou com o tele informativo?

ANTÔNIO LEITE – Um belo dia liguei para uma enfermeira da Santa Casa e perguntei: “Quantos nasceram hoje?” – Hoje nasceram cinco, três meninas e dois meninos. “Quem são os pais?” E ela relacionou os nomes do pai e da mãe de cada um. Eu fazia isso todo dia, anos e anos. No meio deles tinha um pai que era casado e a moça colocou o nome do pai no para o registro de nascimento. Não é preciso dizer a confusão que deu na casa do cabloco! O cabloco pegou a mulher, fez o filho e o nome dele foi colocado para o registro. E ninguém saberia se a Rádio Piratininga não tivesse noticiado! A partir daí acabou o tele informativo. A enfermeira foi mandado embora. E a partir dali não se podia mais dar o nome dos pais. Perdeu a graça! Quantos filhos nasceram? Nasceram tantos meninos e tantas meninas. Mas não davam o nome dos pais.

“Eu tinha ouvido o Trabuco do Vicente Leporace!”

SÃO JOSÉ NO AR – E como começou o Jornal das Sete?

ANTÔNIO LEITE – Eu fazia o programa das sete ao meio dia. E a Piratininga continuava crescendo! Em 73 quando o Semi Jorge assumiu já estava no ar o Jornal das Sete. Estava lá comigo a jornalista Rita de Cássia, magrinha. Estava sem emprego, tinha sido mandado embora do jornal. E jornalista gosta mesmo é de meter o pau. Então ela falou: “Vamos meter o pau em todo mundo?” E aí começamos. E o prefeito é sempre o pau de bater roupa! Ele vira notícia sempre. Aí eu tinha ouvido na Rádio Bandeirantes o “Trabuco” do Vicente Leoparece. Ele já tinha morrido! Ele lia o jornal e comentava de uma forma espetacular! E era ouvido em São Paulo inteirinho. Então comecei a ler a Folha, o Estado, Notícia Popular e comentar a notícia tal qual o Vicente Leporace. Não é preciso ter voz, nem nada. Era preciso apenas de interpretação e graças a Deus isto eu tenho. Tenho leitura rápida! Pego um documento, passo os olhos e já está lido! Só que o Vicente Leporace lia a notícia e comentava sobre aquele assunto. Eu não! Comento a notícia e já emendava e emendo até hoje com outras coisas. Conheço a cidade inteira. Tem 600 e tantos mil habitantes. O IBGE diz que tem quatrocentos e pouco. Não sei onde ele achou isto? Tem 320 mil eleitores. Vamos ver se agora o novo censo consegue chegar aos 600. Então a gente conhece morador, nome de rua, quem é o filho de quem, vereador, candidato, não é isto? Então nós fazemos um noticiário que nenhum outro consegue fazer. E aí vieram outros e disseram: Vamos acabar com a Piratininga! E a Piratininga sempre crescendo. E eles querendo acabar, querendo acabar, querendo acabar! Deu no que deu: a audiência é da Super Rádio Piratininga! O IBOPE está aí. E todas as outras pesquisas. Os ouvintes estão tão acostumados que mesmo eu não fazendo o Jornal das Sete no Sábado, a audiência é a mesma! É igual o Jornal Nacional. Pode sair o Cid Moreira. O Adriano (Guimarães) fica aqui e eu até posso chegar às oito horas que a audiência se mantém. Então foi assim que nasceu o Jornal das Sete. Só que o Vicente Leporace tinha um bacamarte e eu tenho uma metralhadora mexicana!

SÃO JOSÉ NO AR – Será que os seus ouvintes também não poderiam fazer perguntas a você, Antônio?

ANTÔNIO LEITE – Podem sim!

VILMA – Eu sou a sua fã número “0”, não é nem número “1”. Onde você acha força para ser do jeito que você é? Isto é uma lição de vida!

ANTÔNIO LEITE – Eu vou responder! Aliás, quando eu chego aqui, já encontro o Adriano. Ele levanta às quatro horas da madrugada. Vem de Jacareí de ônibus, não deu pra comprar um carrinho ainda! Eu chego aqui às vezes sem ter o que falar! O que eu falar hoje? Como vou abrir o programa? Leio todas as manchetes e aí sempre surge alguma coisa para falar! Alguns acham que o jornal é feito com o prefeito, os vereadores. Não! Aí é jornalismo chapa branca. O programa tem que ser feito com o povo! E são justamente os ouvintes que me dão força! E agora completo 50 anos de jornalismo. São bodas de ouro em jornalismo. E a força nunca falta, não!

BENTINHO (jornaleiro) – Parabéns! Você está de parabéns! Em todos os lugares que vou só dá Jornal das Sete. Você merece até um troféu pelo trabalho que você faz na cidade!

A ditadura não resolveu nada!

VALQUÍRIA – Você que passou pela ditadura e agora está na democracia, diga o que é melhor: a ditadura ou a democracia?

ANTÔNIO LEITE – A ditadura foi uma dentadura! Não resolveu nada! Olha eu atravessei a ditadura inteirinha, aqueles problemas todos! Eu estava na Rádio Piratininga um dia ouvindo a Missa da Matriz e até espantei: será que eu estou trabalhando nesta rádio, meu Deus?

Antônio Leite no estúdio.

Em meados de 64, o Silan (o saudoso jornalista José Anconi), o Ibraim (o cronista esportivo José Ibraim Vieira), o Luiz Paulo Costa, todos já tinham saído da rádio, que quase foi invadida porque achavam que o Miguel Leuzzi, suplente de senador do PTB, era comunista. E eu ouvi o querido e saudoso Padre João falar assim: Olha, não namorem ninguém da Rádio Piratininga que lá todos são comunistas! Daí entrou o Sobral na prefeitura, já era 70, 71, e ele acabou com o “footing” na rua 15 e proibiu a procissão na cidade. Não podia enfeitar a rua para a procissão passar porque ele achava que era imundice aquilo. Eu atravessei 64. De vez em quando o Tenente Dinamite vinha na rádio e falava umas bobagens. E aí o CTA mandava um tenente que era amigo meu pegar uma fita magnética pra levar lá pra ouvir. Mas eu mesmo metia o pau em todo mundo. Metia o pau no Sobral. Olha os corajosos de araque que tinha na cidade. Era eu na Piratininga, que estava fecha ou não fecha, e o Robson Marinho na Câmara. Então nós fazíamos uma média desgraçada e o resto se mijava na calça de medo do brigadeiro Sobral na Prefeitura. Morriam de medo do Sobral. Eu metia o pau no Sobral no que ele fazia de errado. Criticava o Sobral no que ele estava errado. E elogiava no que ele estava certo. Ele tinha programa só na Rádio Clube. Ele odiava a Rádio Piratininga. Porisso ele queria que o Henrique Lobo e o Valter Sampaio tomassem a Rádio Piratininga do Grupo do Semi Jorge, que já tinha comprado a Piratininga mas não tinha assumido. Atravessei a Revolução inteirinha e não fui processado. Uma vez o Sobral mandou alguém lá em Pinda saber de minha vida. E falavam ainda que eu era agitador. Uma vez na Câmara meu amigo Faria (ex-vereador Francisco Pereira de Faria) apresentou um requerimento dizendo que eu era um dos agitadores porque o criticara. Daí foram em Pinda a pedido do Sobral. Tinha a Arena e o MDB. O MDB era esquerda, mas esquerda festiva. A única coisa que conseguiram foi que eu devia para o meu amigo Samahá – o que eu devo até hoje, não paguei até hoje, um par de sapatos, couro de porco. Quando eu era alfatiate e radialista em Pinda, em l954, comprei e não havia pago. Daí o meu amigo Samahá falou: “Vocês querem pagar!” Eles disseram: “Pagar, não!” Foi a única coisa que conseguiram saber sobre mim!

SÃO JOSÉ NO AR – Mas o Sobral foi o inventor do telefone sem fio?

ANTÔNIO LEITE – O Sobral é quem inventou o telefone sem fio! Uma vez me chamaram. Sabiam que não podiam comigo e o Robson Marinho. O Robson já tinha sido eleito deputado por meter o pau no Sobral. Meter o pau no prefeito dá voto! E audiência! Tanto que eu metia o pau no Jornal das Sete, quando ela não tinha nem força lá na Matriz para sair da praça. Quando ela estava no ar! Ou quando a Light não cortava a energia elétrica. O pastor Colombani foi quem pagava três ou quatro programas adiantados para pagar a Light. Daí um belo dia o Sobral me chamou lá na prefeitura, às seis e meia da tarde, eu me lembro até hoje. Eu pensei: Ele vai mandar me prender! Lá fui eu e o Fernando Garcia Biruel, já falecido, também que havia sido cortado da “Folha”. O Sobral pediu a cabeça dele! “Biruel, eu disse, como nós já estamos funhanhados mesmo, vamos lá pedir perdão pra ele e pelo menos ele dá um emprego pra você!” O Sobral, muito vivo, recebia por pessoa. Igual a médico, um de cada vez. No que eu entrei, eu pedi pro Sobral perdoar o Biruel. E o Sobral ligou na hora para o Frias (Otávio Frias, diretor proprietário da Folha de S. Paulo): “Frias, como vai? Eu quero pedir pra você readmitir o Biruel. Ele agora é nosso amigo!” O Biruel estava lá fora esperando a vez dele. Daqui a pouco o Sobral fala: “Espere um minutinho, caro jornalista, que eu preciso ligar pra Brasília falar com o Médici!” E aí discou: “Como vai, Médici? Tudo bem?” Eu pensei: “Ih! Agora ele vai mandar me prender!” Desceu um suor frio em mim! De repente ele fala com o presidente pra fechar a rádio e eu enfrentando esse homem! “Ó Médici, estou preocupado com o aeroporto do CTA! Acabei de falar com o Frias aqui e ele esta preocupado porque o aeroporto está crescendo e vai matar as suas galinhas na Granja Itambi. Eu disse: “Nossa! Ele falando de granja com o Médici. Se ele fala pra fechar a rádio, o presidente fecha na hora!” Mas daí eu estou olhando assim… O telefone naquele tempo era ligado por um plug na parede. Eu olho no pluf e ele estava desligado! Ele não estava falando com ninguém! Estava apenas me assustando! E ele falou uns dez minutos com o presidente da República! Só de araque! “Um abraço, Médici. Qualquer dia eu vou a Brasília. Não tenho tido tempo.” E deu um sorriso. E aí desligou o telefone! “Jornalista, era o Médici!” Mas ele não viu que eu vi que o telefone estava desligado.

SÃO JOSÉ NO AR – Antônio, mais um espaço para seus ouvintes falarem:

ZÉ CARLOS – Parabéns, Antônio, por sua coragem!

JAIRO PINTOS – Eu estou ligando para parabenizar você pelo seu jornalismo. E você conhece a cidade como a palma de sua mão e faz parte do progresso de São José. Parabéns!

DEMARTINE – Parabéns, Antônio Leite, pelos seus 50 anos de jornalismo!

GERALDA FAGUNDES – Os estudantes iam fazer festa de formatura mas não tinham meios. Então o Demartini arrumava cartolina para fazer cartazes anunciando a brincadeira dançante para arrumar fundos para a formatura. E colocava um cartaz na Casa Diamante, outro na Casa Verde, mais outro na Casa Confiança. E foi você até que falou com o “seo” Linneu de Moura, presidente da Associação Esportiva São José, para emprestar o salão para a brincadeira dançante, além de anunciar na Piratininga.

OUVINTE NÃO IDENTIFICADA – Como a sua rádio tem muito jovem trabalhando gostaria de saber se você é o professor deles, se você tem paciência e se existe também alguém que te imita?

ANTÔNIO LEITE – Que imita, imita, não tem. Tem Ratinho, que tinha um programa radiofônico em Jandaia, lá no Paraná. Um dia eu estive lá e ouvi o Ratinho: “Nossa, olha aqui o Antônio Leite piorado!” Era piorado e é piorado na televisão. É diferente do que eu faço! Quando vem um casal reclamar alguma coisa aqui, eu não deixo falar! Vai lá na Justiça e se vira lá.

SÃO JOSÉ NO AR – Mas o seu programa é muito copiado!

ANTÔNIO LEITE – Muito copiado. Mas quem copia nunca é original. Morreu o Chico Alves, mas o João Dias não conseguiu ocupar o lugar dele. O Ricardo Braga, meu amigo, imitava o Roberto Carlos. Não conseguiu. Sílvio Santos lançou o Gugu, mas não é igual. Quem imita nunca é como o original. A ouvinte perguntou da rapaziada. Eu e o Adriano, tem também o Coquinho, somos os mais velhos aqui. Eu não gosto de velho porque velho não aprende. Então quando o jovem entra aqui eu já rezo o mandamento. Não pode beber. Não pode fumar. Fumar só escondido lá no banheiro. Lá é um cheiro desgraçado. Um metro e meio. Fume aí e morra aí. Daí começa a largar de fumar. “Esse velho!” E quando a gente chega perto eles falam: “Não estamos falando de você, não!” E a rapaziada acaba fazendo aquilo que eu determino, e vem com idéias novas e vamos continuando. É uma escola, não tenha dúvida. Em S. José quase todos os radialistas passaram pela Piratininga. Alguns até desistiram do rádio. Na Rádio Piratininga tem de fazer o que o público gosta de ouvir. Não fez, tchau e benção e até logo! Se for coisa boa para o ouvinte, vamos fazer.

OUTRA OUVINTE – Você não acha que tem muitos pedintes pela cidade?

ANTÔNIO LEITE – Outro dia uma moça bonita lá na Avenida Nelson D’Ávila deu um real para um meninozinho de seis ou sete anos. Errou, errou. Está induzindo o menino a não trabalhar jamais quando crescer! Ela pensa que ganhou o reino do céu? Não! Dá para uma entidade. Dá para uma igreja, como se fosse o dízimo! E ajude e colabore! Que acaba com os que pedem na rua. Eles estão viciados a pedir na rua, minha gente!

SÃO JOSÉ NO AR – Uma mensagem final, Antônio!

ANTÔNIO LEITE – Olha, eu até não tenho uma mensagem final! Ah! preciso dos meus netos. Tenho três netinhos. Dois são gêmeos. O Bruno e o Vinícius, cara de um focinho do outro. E dizem que são parecido comigo. E tem o João Vitor lá em Taubaté, que esteve comigo neste final de semana em Caraguá. João Vitor é da Ana Paula. O Bruno e o Vinícius são da Leila. A Viviane que eu chamo de Leila até hoje. São os meus netos do meu filho Carlos Alberto e da minha filha Ana Paula. Dizem: mas o Antônio Leite teve tantas mulheres. Tive mesmo! Não rejeito! Tem gente que não gosta, mas eu adoro! Mas graças a Deus só tenho dois filhos. O resto já vinha com as mães. Eu ajudava até a criar, mas o outro é que já tinha feito. Filho mesmo só o Carlos Alberto e a Ana Paula. Quero agradecer a vocês por terem vindo aqui e inventado essa entrevista. Muita gente gostou. Capricha lá!

FIM
Luiz Paulo Costa – Jornalista

Traga sua história para ser contada!
Digitalização de fotos, vídeos, áudio, documentos, recortes de jornais, gravação de depoimentos, cartas, etc.
Mídias Sociais: sjcantigamente
WhatsApp: (12) 99222-2255
e-mail: sjcantigamente@gmail.com

Comente se há informações extras, escreva suas recordações ou mesmo o que achou desta publicação. Agradeço por sua participação!