São José recuperou, em 1978, através da Lei Robson Marinho, a sua autonomia política. Ia voltar a eleger o prefeito da cidade, depois de oito anos de prefeitos nomeados. O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) realizava na antiga Câmara Municipal a sua Convenção Municipal para escolher os candidatos a prefeito. O deputado federal Joaquim Bevilacqua era o principal postulante e discursava da tribuna.

O presidente do Diretório e da Convenção Municipal era o advogado Fernando Delgado de Almeida, ex-presidente da OAB. Em meio ao discurso, afastou-se da presidência, sem passá-la ao vice-presidente, para ir rapidamente ao banheiro que ficava na lanchonete atrás do plenário da Câmara.

De repente, ouve-se um voz do interior do banheiro: “Me tirem daqui! Me tirem daqui!” Algumas pessoas que estavam na lanchonete bebendo o tradicional cafezinho se aproximaram e verificaram que a porta havia travado. Era como ainda é uma porta imensa e espessa. Um dos presentes, mais afoito, pede que os demais se afastem, toma pequena distância, e investe contra a porta. Foi bater e cair de costas sem que a porta acusasse o tranco que levou. De dentro do banheiro, a voz parecia mais aflita: “Me tirem daqui! Eu sou o presidente!” Evidentemente, o advogado Fernando Delgado de Almeida começou a perceber que o candidato Joaquim Bevilacqua iria terminar o seu pronunciamento e ele deveria estar na presidência para dar continuidade aos trabalhos.

“Eu sou o presidente! Me tirem daqui!”. Foi aí que o guarda da Câmara, Antônio Cândido, comentou do lado de fora: “Excelência, aí todo mundo é igual. Mas eu vou providenciar a sua saída daí!” E, de fato, ele providenciou. Do lado de fora, no estacionamento, conseguiu quebrar o vidro inferior do banheiro e por ali retirou o presidente da Convenção Municipal, que recompondo-se do susto voltou ao plenário a tempo porque o futuro prefeito eleito Joaquim Bevilacqua ainda não havia terminado o seu discurso aos convencionais do MDB.
Luiz Paulo Costa – Jornalista

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