Fábrica de Louças Santo Eugênio – 1921

Texto transcrito do Almanach de São José dos Campos de 1921 sobre a primeira fábrica do município, local este que infelizmente não possui qualquer resquício de sua construção. O ponto citado encontra-se na esquina da rua Eugênio Bonadio com Nelson D’ávila, onde há um comércio de veículos. As fotos receberam tratamento para melhor visualização. A iniciativa do saudoso industrial Eugênio Bonadio, deve a nossa cidade o marco inicial da indústria fabril entre nós, com a fundação do importante estabelecimento destinado a manufatura de louças de pó de pedra e outros artigos de cerâmica, sob a denominação de Fábrica “Santo Eugênio”.

Em todos os tempos a imprensa local tratou do importante problema de fundação de estabelecimento fabris nesta cidade, demonstrando as vantagens que advirão para a localidade, fornecendo trabalho à pessoas que se conservam numa forçada ociosidade por falta de colocação adequada, além de representar uma importante contribuição para a riqueza local com a natural mobilização de capitais que tais estabelecimentos fazem na praça.
Porém, apesar de boa vontade de alguns espíritos clarividentes, todas as tentativas redundaram em fracasso completo, e já ninguém alimentava a esperança de ver surgir uma fábrica que fosse, nesta cidade, quando aqui aportou Eugênio Bonadio, homem enérgico, inteligente e progressista que, num golpe de vista apanhou logo todas as perspectivas vantajosas da fundação de um estabelecimento fabril de especialidade em que era um técnico abalisado e de conceito a fabricação de louças de granito e porcelanas e imediatamente se dispôs a levar por diante tão grandioso empreendimento.

Fábrica “Santo Eugênio” – Seção de encaixotamento. Anna Santoro Bonadio, viúva de Eugênio Bonadio de roupa preta.

Obtidos da nossa Câmara Municipal os favores que ele julgava indispensáveis para a realização dessa magnífica ideia, foi dado o início da construção do grande edifício da Fábrica “Santo Eugênio” e adquirido o maquinário necessário. Infelizmente, quando as obras de construção se encontravam bem adiantadas, a mão inexorável do destino ceifou aquela vida cheia de exuberância e povoada de esperanças, cortando o fio de existência de Eugênio Bonadio, que assim não viu realizada a sua esplendida obra de progresso para a nossa terra. Ao espírito infatigável desse lutador que desapareceu prematuramente, sucedeu a viúva Bonadio, seu filho Conrado, seu genro Cara Antônio e seu sócio Tito Lorenzone, constituindo a firma “Bonadio, Lorenzone & Co.” que tomou a si o encargo de ultimar essa útil realização da qual a nossa cidade já começa a colher excelentes benefícios, vendo trabalhando na Fábrica “Santo Eugenio”, uma centena de pessoas de ambos os sexos, que dali tiram os meios de subsistência.

Fábrica “Santo Eugênio” – Seção de preparo da matéria prima.

A Fábrica “Santo Eugênio” é um importante estabelecimento no gênero, e os produtos de sua indústria estão tendo grande aceitação nos mercados do Rio e São Paulo, pelo bom acabamento da obra, modicidade de preços e boa qualidade do material empregado, não havendo melhores no país.

Fábrica “Santo Eugênio” – Uma das seções da fábrica de louças.

Estando funcionando apenas a 6 meses, a fábrica tem tido um movimento bem acentuado da franca prosperidade, produzindo cerca de 100.000 peças mensalmente. Dirigida com superior critério pela família Bonadio, composta por técnicos de reconhecido merecimento, a Fábrica “Santo Eugênio” está fada a um desenvolvimento bem promissor e dentro de alguns anos será um dos mais importantes estabelecimentos dessa natureza no nosso Estado, com grandes vantagens para a nossa cidade.

Fábrica “Santo Eugênio” – Umas das seções da fábrica.

Conforme esse desenvolvimento, que tudo indica, será o mais auspicioso possível, depende de uma instalação de uma fábrica de porcelanas, que a firma Bonadio, Lorenzone & Co. tem cogitado. O marco inicial da indústria fabril nesta cidade, foi laçado sobre bases sólidas e firmes alicerces, e ao inolvidável Eugênio Bonadio deve a nossa localidade esse inestimável serviço, razão porque a nossa digna edilidade, n’um gesto de justo reconhecimento deu o nome daquele saudoso industrial a rua que passa em frente a Fabrica “Santo Eugênio”, prestando assim uma merecedora homenagem ao fundador da primeira fábrica instalada em São José dos Campos.

Fábrica “Santo Eugênio” – Seção de pintura e decoração. Anna Santoro Bonadio, viúva de Eugênio Bonadio ao centro de roupa preta. Assista abaixo a entrevista com o sr. Roberto Nicodemo sobre seu pai, José Nicodemo, conhecido com Pepino, sobre sua história desde a chegada ao Brasil e iniciando como primeiro empregado da fábrica.



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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente


5 thoughts on “Fábrica de Louças Santo Eugênio – 1921

  1. Boa noite,
    Tenho uma peca aqui na casa dos meus pais, e conversando com eles a respeito da peca que e uma tijela de louca, que ja faz muitos anos que eles possuem ela, e eles me falaram que ganharam de presente de casamento deles….e eles sao de meu pai de 39 e minha mae de 43….casados a maia de cinquenta anos…e resolvi ver o nome que estava no fundo da peca…e cheguei ao nome Eugenio…nome da fabrica de loucas…e cheguei a essa materia sua….por sinal muito boa…gostaria de conversr com o senhor a respeito….mando ate uma foto paravo senhor ver a peca e a marca no fundovda peca….desde ja obrigado!!!

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