A Kanebo do Brasil, empresa de origem japonesa atuante no setor têxtil, instalou-se em São José dos Campos na década de 1950 e fez parte da vida de muitos joseenses e moradores da região antes de encerrar a operação fabril neste município no ano 2009.
Mas o relacionamento da Kanebo com a sociedade brasileira é bem mais antigo e remonta ao início do século XX.
Em 1928, a matriz, Kanebo Ltd., atendeu ao pedido do governo japonês e deu subsídio para a criação da Nanbei Takushoku Kabushiki Kaisha (Sociedade Colonizadora Sulamericana S.A.), que seria responsável pela introdução de imigrantes japoneses na região amazônica, em terras cedidas pelo governo do Pará. Após muito esforço, os imigrantes que se instalaram na colônia de Tomé-Açu tornaram-se os maiores produtores brasileiros de pimenta-do-reino e acerola, duas culturas trazidas por eles, entre outros.
Em 1956 era iniciada a construção da fábrica em São José
Em 1954, a Kanebo Ltd. incumbiu ao Sangoro Nobumitsu, chefe da filial de Nova York, a missão de visitar o Brasil e avaliar a possibilidade de implantar uma fábrica de fiação no país. O relatório elaborado por ele ajudou na tomada de decisão para instalação de fábrica e na escolha do município de São José dos Campos – SP para abrigar a planta. Em 1955 foi fundada uma sociedade limitada denominada Fiação e Tecelagem Kanebo Ltda. para receber o investimento da matriz.
Em 9 de novembro de 1956, o sistema organizacional da empresa foi alterado – de sociedade limitada para sociedade anônima – e constituiu-se a Fiação e Tecelagem Kanebo do Brasil S/A. Sangoro Nobumitsu foi empossado diretor presidente. Técnicos vindos do Japão coordenaram a instalação de maquinários e o treinamento de funcionários.
Em 1957 a Kanebo era inaugurada e dava início as operações da fábrica
Aos poucos, a empresa expandiu a atividade no país e incorporou as usinas de descaroçamento de algodão nos municípios de Pirassununga – SP e Leme – SP, as fábricas de fiação em Mogi das Cruzes – SP (no distrito de Sabaúna) e em Guaxupé – MG, e a fábrica de tecelagem em Jundiaí – SP, além de estabelecer escritório comercial na cidade de São Paulo.
A Kanebo do Brasil destacou-se no setor têxtil pela qualidade dos produtos e foi o maior exportador brasileiro de fios de algodão durante mais de uma década. Ela desenvolveu e fabricou também fios sintéticos, mistos e de seda.
Em 1972 foi inaugurada a Kanebo Silk do Brasil S/A, em Cornélio Procópio – PR. A empresa fabricava meadas de seda e abastecia a empresa-irmã Kanebo do Brasil em São José dos Campos para a produção de fio de seda.
A abertura do mercado brasileiro na década de 1990 causou forte impacto à indústria brasileira. Na concorrência com produtos importados que eram favorecidos pelas reduzidas tarifas, muitas empresas foram forçadas a revisar seu processo de produção e a reduzir ou fechar unidades produtivas. Nessa época, a Kanebo do Brasil fechou as unidades de Leme, Pirassununga, Jundiaí e Sabaúna.
Para adaptar-se ao novo contexto, a empresa buscou inovação e iniciou uma ampla reestruturação em 2001, com a modernização do parque fabril e revisão de estratégias comerciais. A empresa fortaleceu o seu negócio, melhorou o desempenho e recuperou sua participação no mercado.
Em 2006, a Kanebo do Brasil desvinculou-se do grupo Kanebo, passou a ser controlada por uma holding norte-americana, a Chestnut Lane Holdings LLC, tornou-se sociedade limitada e teve a razão social alterada para KDB Fiação Ltda. A nova marca institucional, KDB, herdou a tradição e a experiência adquirida em 50 anos de trabalho no Brasil.
Novos investimentos foram realizados em 2008 e, como resultado, a empresa consolidou a sua posição entre os líderes no setor têxtil nacional. A produção mensal era da ordem de 650 toneladas de fio na unidade matriz de São José dos Campos, e de 200 toneladas na unidade filial de Guaxupé.
Em 2009, em um processo de reorganização da estrutura empresarial, as atividades na fábrica de São José dos Campos foram encerradas e as linhas produtivas foram concentradas na unidade de Guaxupé. A dura decisão foi tomada após a realização de um estudo de viabilidade, que apontou dificuldade para a empresa manter-se competitiva em longo prazo operando em uma metrópole como São José dos Campos.
Em 2011, a KDB foi nacionalizada e tornou-se empresa de capital 100% brasileiro. Em 2014, a razão social foi modificada para Textilnova Fiação Ltda.
Meu agradecimento à pesquisadora Juliana Kobayashi por fornecer este rico material ao município, em breve muito mais sobre a KANEBO!
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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente
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