Inauguração do trecho ferroviário Caçapava-São José (1951)

COMUNICAÇÕES E TRANSPORTE, QUESTÃO ESSENCIAL E PRIMORDIAL PARA A NAÇÃO

“De nada servirá o aumento da produção, se os nossos produtos ficarem estagnados pela falta de transportes”. “O reaparelhamento das nossas estradas de ferro é problema urgente”, disse o Presidente Getúlio Vargas, por ocasião da inauguração da nova variante que liga Caçapava a São José dos Campos.

Obras e realizações que, em geral, o desconhece e que, de verdade, os fatores que melhoram o standard de vida do nosso cidadão.

O problema das comunicações e transporte é, sem dúvida, um dos assuntos que interessam sobremaneira mais do que qualquer outro país, ao Brasil. Isso porque, sendo a sua extensão territorial das maiores, os seus centros produtores e consumidores se acham espalhados em várias redes, que distam, uma das outras centenas e centenas de quilómetros.

Tendo uma topografia das mais variadas e de acessos mais difíceis e complicados, a questão de comunicações, entre diversas rotas do território brasileiro, por tais razões, não tem sido tarefa fácil de resolver, embora boa vontade e persistente Iniciativa que que tem dedicado de os governantes.

O povo do Vale do Paraíba prestou, em São José dos Campos, justa homenagem ao Presidente Vargas, em que reconheceu o estimular do progresso nacional.
Quando da inauguração da variante Caçapava-São José dos Campos, esta última cidade se engalanou para receber festivamente o presidente Vargas.


Muito se tem feito e se conseguiu nesse sentido. Mas, temos de reconhecer que muito e muito mesmo, ainda é preciso fazer para que possamos alcançar um sistema de comunicação amplo, perfeito e eficiente e que esteja à altura de atender as nossas necessidades.

Um país sem meios de comunicação não pode ter transporte. Sem transporte não pode alcançar sua independência econômica, e sem Independência econômica, não pode existir progresso e bem-estar total do seu povo. A vida normal de uma nação, gira, hoje em dia, mais do que nunca, em torno desse magno problema, pois é sabido que, quanto maior e melhor forem os meios de comunicação de um país, maior será o seu desenvolvimento econômico, financeiro, social, cultural e político. Tais considerações não são nossas. Elas foram difundidas e posta em prática por estadistas de outras épocas que se tornaram famosos e que servem ainda hoje, como exemplos. Ainda recentemente, o Sr. Getúlio Vargas, Presidente da República, discursando por ocasião da solenidade da Inauguração da nova Variante da Central do Brasil que liga Caçapava a São José dos Campos, ressaltou, com palavras Incisivas, que o transporte era essencial e primordial para a nação. Pois que, sem ele, ou sem a circulação, os produtos ou bens econômicos não podiam ser colocados ao alcance das maiores extensões demográficas. E, fazendo, então, promessa de continuar a executar, no seu período governamental, um programa de expansão ferroviária e rodoviária em nosso país, declarou textualmente:

No palanque oficial, o chefe da nação, em companhia do sr. Lucas Garcez, Governador de São Paulo, do Cel. Eurico de Souza Gomes, diretor da Estrada de Ferro Central, e de altas autoridades.
A inauguração da variante Caçapava-São José dos Campos integra um plano de remodelação de São Paulo e representa uma economia de vinte e um quilômetros sobre a linha anterior, o que significa também uma economia de 4.200 toneladas de carvão por ano. É, pois, iniciativa de interesse público.


De nada servirá o aumento da produção, se os nossos produtos ficarem estagnados pela falta de transportes. Por essa razão, governo e esforça na execução de um novo programa de expansão ferroviária e rodovia. O reaparelhamento das nossas estradas de ferro é problema urgente.

Não podiam ser, pois, mais oportunas as afirmações feitas pelo Presidente Getúlio Vargas, naquela cerimônia de tanta significação para a história do nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento ferroviário.

Sendo lamentavelmente, o Brasil, um dos países mais deficientes no mundo, em vias férreas e outros meios de comunicação, temos andes esperanças de que o atual chefe da nação estimule e leve avante o seu anunciado programa de realizações principalmente no que se refere a tão primacial setor, do qual, inegavelmente, tanto depende nossa evolução e emancipação econômica.

O Cel. Eurico de Souza Gomes filho, diretor da Central, quando pronunciava, em São José dos Campos, seu importante discurso sobre a inauguração da nova variante entregue ao tráfego.


ASSIM SE CONSTRÓI PARA O ENGRANDECIMENTO DO BRASIL

Os comentários que acima fazemos nos foram inspirados porque tivemos também a oportunidade de assistir ao recente ato inaugural da nova variante a Estrada de Ferro Central do Brasil que vai de Caçapava a São José dos Campos, no Estado de São Paulo. Acompanhamos com a maior atenção e entusiasmo, todo desenrolar daquele acontecimento. Refletimos, e verificamos de quanto ele representa, ainda que ando apenas uma pequena parcela do muito que precisamos, para a melhoria do nosso sistema ferroviário. E logicamente, para o nosso desenvolvimento econômico.

Obras como que merecem ser mesmo condignamente festejadas, temos tido a feliz oportunidade, de, no desempenho da nossa missão jornalística, acompanhar, através de anos, a execução de vários trabalhos semelhantes e de outros também do maior Interesse nacional.

Os serviços, por exemplo, de remodelação de novo ramal de São Paulo, da Central do Brasil foram por nós assistidos, desde o seu início e em todas as fases de execução, graças à boa vontade que sempre encontramos de parte dos responsáveis pela realização de tão vultoso melhoramento, nesse caso, os diretores e engenheiros chefes daquele nos principal via-férrea bem como dos engenheiros encarregados de concretizar tais trabalhos. O Interesse do repórter, nesse caso, tinha sua justificação, no volume e na Importância de obra e na sua grande significância para melhoria, eficiência e economia do transporte e comunicação entre as dos maiores capitais do Brasil.

O grave e urgente problema nacional é o dos transportes.
O Brasil tem necessidade premente de remodelar suas ferrovias e suas rodovias para atender às exigências da circulação da riqueza nacional.


Para que os nossos leitores possam ter um conhecimento exato do que representa e do que foi feito para a remodelação completa do ramal de São Paulo, da E.F.C.B. de cujos planos a parte variante que foi recentemente inaugurada (Caçapava-São José dos Campos), passamos a transcrever, em seguida, os principais dados técnicos de obra e das suas vantagens.

A remodelação do ramal de São Paulo, da Central do Brasil, representa construção de uma linha inteiramente nova, desde Barra do Piarí até São Paulo, numa extensão de 330 km, com um encurtamento real de 34 km.

Quando nova tinha estiver totalmente em tráfego, será possível fazer o percurso entre o Rio e São Paulo, em apenas 6 horas, com uma capacidade de transporte aumentada de 12 vezes, em relação à atual, que sendo de 5 milhões de toneladas por ano, passará para 60 milhões de toneladas em igual período.


Texto de Pereira de Carvalho
Fotos de Lauro Freire
Revista O Cruzeiro, 1951


AMPLIANDO O PARQUE FERROVIÁRIO

Inaugurando a nova variante Caçapava-São José dos Campos, o Presidente Getúlio Vargas anuncia a necessidade de renovar a rede de transportes ferroviários. No Vale do Paraíba o povo presta expressiva e vibrante homenagem ao Presidente da República.

São José dos Campos, cidade tranquila, viveu horas de grandes vibrações cívicas. O povo quebrou os cordões de isolamento para congratular-se com Vargas.
O presidente Getúlio Vargas, ministros de Estado, o Governador Lucas Garcez, o Gel. Eurico Souza Gomes e a caravana chegam a Martins Guimarães.


Às 11:20, precisamente, aterrissou o no Aeroporto de São José dos Campos. O Presidente era esperado ali pelo Sr. Lucas Nogueira Garcez, Governador do Estado de São Paulo; Coronel Eurico de Sousa Gomes, diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil; Sr. Erlindo Salzano, vice-governador do Estado, o secretariado e a comitiva do Sr. Nogueira Garcez; D. Carlos Carmelo Mota; autoridades e numerosa multidão.

De São José, o Presidente, acompanhado do Diretor da Central, do Governador paulista e sua comitiva, constituída pelos Ministros Horácio Lafer, Danton Coelho, Nero Moura, pelo Vice-Presidente Café Filho e Sr. Ricardo Jafet, Presidente do Banco do Brasil, seguiu de automóvel para a Estação Engenheiro Martins Guimarães, inicio do trecho a ser inaugurado.

Os operários fazem demonstrações das novas máquinas. O Cel. Eurico explica ao presidente o serviço inaugurado.
O presidente e o Cel. Eurico aguardam o desfile ferroviário. A comitiva presidencial assistiu ao trabalho mecanizado no leito da estrada.


No palanque ali armado, o Presidente assistiu a uma demonstração de cerca de mais de cem máquinas de terraplanagem. Em seguida, foi à via-férrea, para assistir a interessante demonstração da moderna maquinaria adquirida ultimamente, pela Central do Brasil. Os operários especializados trabalhavam nos diversos tipos de aparelhamento, enquanto o Coronel Eurico Sousa Gomes explicava detalhadamente os mecanismos das mesmas ao Presidente.

Em trem especial a comitiva do Sr. Getúlio Vargas e o público presente iniciaram o trajeto a ser inaugurado, de Martins Guimarães a São José dos Campos. A um quilómetro adiante foi cortada a fita simbólica. A nova variante tem 21 quilômetros de extensão. Foi iniciada durante o primeiro governo do atual Presidente, quando era diretor da Central, o Senador Alencastro Guimarães, que também compareceu à solenidade. Com 1.500.000 metros cúbicos de volume, possui o maior aterro ferroviário da América do Sul. E parte do plano de construção de uma linha inteiramente nova, que vai de Barra do Pirai até São Paulo, numa extensão de 330 quilómetros, com uma economia real de 34 quilômetros. Quando estiver totalmente em tráfego, o percurso entre Rio e São Paulo será reduzido para seis horas apenas e aumentando de doze vezes a capacidade de transporte em relação à atual, que passará de cinco milhões de toneladas anuais para sessenta milhões.


Em São José dos Campos foi oferecido um churrasco ao Presidente da República. Na chegada a São José, a multidão invadiu os cordões de isolamento tendo-se desorganizado toda a programação dos festejos que constava dum desfile dos colegiais e de operários O Sr. Getúlio Vargas pronunciou, de improviso, breve oração.

Este (o povo) disse o Presidente, não reclama, me aplaude e me apoia porque sabe que só prelendo servi-los.

Durante o churrasco, oferecido ao primeiro magistrado da Nação, saudando-o, o Coronel Eurico de Sousa Gomes, diretor da Central do Brasil, pronunciou longo discurso.

Reportagem de Alceu Pereira
Revista O Cruzeiro, 1951


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