João Batista Peneluppi, Casa Peneluppi e a primeira TV vendida em São José

João Batista Peneluppi


O texto abaixo foi extraído do livro São José dos Campos – O Comércio e o Desenvolvimento.

Os pais de João Batista Peneluppi vieram para o Brasil na segunda metade do século 19, quando mais de meio milhão de imigrantes italianos chegaram no país. Tiveram nove filhos e viviam da lavoura, trabalhando em um sítio que compraram no bairro dos Pinheiros, em São José dos Campos.

João Batista, o oitavo filho do casal, trabalhou com a família até os 18 anos, quando decidiu ir para a cidade e trabalhar com seu irmão Antônio, que havia montado um armazém na rua Antônio Saes, esquina com a Rubião Júnior. Mais tarde, seu pai comprou a parte do outro filho e João continuou na sociedade.

Apesar de encontrarem resistência por parte de suas famílias, João e Adelaide se casaram em 1920 e ele decidiu montar um negócio próprio. Como o pai de Adelaide havia vendido um sítio e dividido o dinheiro da venda entre os filhos, ela aplicou os quatro contos de réis de sua parte na compra de uma casa exatamente em frente ao armazém do sogro.

Ocuparam uma parte da casa e na frente montaram a Casa Peneluppi, que vendia secos e molhados, louças, ferragens, tintas, óleos, cimento, armarinho, papelaria, produtos nacionais e importados.


O primeiro carro

João Peneluppi era apaixonado por carros e em 1926 pôde realizar seu grande sonho, tirou carta de motorista e comprou um automóvel. A partir daí, nunca mais deixou de ter um carro, de preferência novos e de modelos vistosos.

A Casa Peneluppi ficou no mesmo ponto até 1928, quando a casa e o grande salão que João, estava construindo em frente a loja ficaram prontos. Ele e a família se mudaram para a nova residência e a Casa Peneluppi ganhou modernas e amplas instalações. João estava então no seu terceiro ponto comercial, no cruzamento das ruas Antônio Saes e Rubião Júnior. Hoje, seu genro observa que, ao ser enterrado no cemitério existente no local, João Batista Peneluppi completou o círculo de sua vida”.

A Frigidaire

Dez anos mais tarde, em 38, João Batista Peneluppi transferiu seu negócio para a praça Cônego Lima. Fechou a Casa Peneluppi e no novo ponto passou a vender somente material de construção.

Em 1939, em um salão existente na mesma praça, na esquina com a rua 15 de Novembro, João montou uma concessionária Frigidaire e passou a vender geladeiras, rádios e eletrodomésticos em geral. O sucesso foi grande e a loja passou a ser conhecida pelo nome da marca das geladeiras que vendia.

Entre 45 e 50, Peneluppi foi sócio de Badue Cury e Miguel Aguiar, numa fábrica de louças que montaram na av. Rui Barbosa, no bairro de Santana. A inexperiência dos três no setor industrial, rendeu a João um prejuízo de 400 contos de réis.

João Batista Peneluppi foi eleito presidente da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos em 1945 e foi um dos defensores da ideia de se construir uma sede própria para a entidade.

Na mesma época, ele foi presidente da Associação Esportiva São José, onde também foi vice presidente vários anos e conselheiro desde 1935.

Morte anunciada

No dia 24 de novembro de 67, João Peneluppi trabalhou bastante. Estava muito calor e ele foi a São Paulo fazer compra de material para a reforma de sua casa, voltou cansado e foi logo se deitar. Durante a madrugada, acordou Adelaide dizendo que sua mãe estava ali com ele. Na mesma hora parte de seu corpo ficou paralisado por um derrame e ele morreu em seguida, exatamente às 4h20 do dia 25, horário em que, estranhamente, o relógio de sua casa também deixou de funcionar.

A loja de Peneluppi continuou mais alguns meses sob a responsabilidade de seu cunhado, José Ferreira Alvarenga, o conhecido Juca, até que Adelaide decidiu passar o ponto.


A matéria a seguir foi extraída do Jornal Valeparaibano de 9 de fevereiro de 2006.

Um comerciante de visão. Este foi João Batista Peneluppi. Representante da empresa Admiral, ele foi o primeiro comerciante a trazer a televisão para São José. Em sua pequena loja de eletrodomésticos no centro da cidade, ele também vendeu geladeiras da marca Frigidaire, um luxo da época.

Por meio do decreto municipal n° 1.089, o prefeito Elmano Ferreira Veloso homenageou o comerciante nascido em São José, dando seu nome a uma praça do Jardim Diamante, na região leste da cidade.

Filho de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil na segunda metade do século 19, a história de João Batista Peneluppi teve início na lavoura, ajudando o pai e os outros oito irmãos.


Oitavo filho, João trabalhou com a família até os 18 anos de idade, quando decidiu ir para cidade trabalhar com seu irmão Antônio em uma armazém na rua Antônio Saes. Mais tarde seu pai também entrou no negócio.

Segundo os familiares, na década de 20, João se casou com Adelaide e decidiu montar um negócio próprio. Compraram uma casa na região central e montararm a Casa Peneluppi, que vendia secos e molhados, louças, ferragens, papelaria e produtos nacionais e importados.

No final da década de 30, Peneluppi mudou de negócio. Fechou a Casa Peneluppi e se dedicou à venda de material de construção. Em 1939, ele se dedica à concessionaria Frigidaire e passa a vender geladeiras, rádios e eletrodomésticos.

“Eu era menina quando ele começou a vender geladeira na cidade. Todo mundo queria uma em casa. Meu tio trabalhou muito para construir uma boa condição de vida. E nas horas de folga, gostava de passear de carro”, disse sua sobrinha a dona-de-casa Nilce Alves Peneluppi, 72 anos.

TV – Segundo o comerciante Antônio Carlos Peneluppi, 62 anos, também sobrinho de João, seu tio fez grande sucesso ao colocar para vender o primeiro aparelho de televisão da cidade. “Ele foi o precursor a colocar a televisão no mercado de São José.”

Segundo ele, as pessoas se aglomeravam em frente à loja para assistir aos programas de TV.

“Mesmo com a imagem cheia de chuviscos, os aparelhos de televisão da marca Admiral fizeram muito sucesso. Eram poucos os que tinham televisão em casa e muitos ficavam em sua loja até ela fechar para assistir a programação.”

Entre os anos de 1935 e 1951, João atuou na diretoria da Associação Esportiva de São José, informou o secretário geral do clube, Mário Coltro, 64 anos. Peneluppi começou como membro do conselho fiscal, depois foi eleito vice-presidente do clube e em 1948 chegou à presidência.

“Ele sempre priorizou o desenvolvimento do clube. Em meados de 45, o clube estava endividado e ele doou 300 mil réis para sanar as dívidas. Naquela época o dinheiro dava para comprar seis casas na cidade. Foi uma grande demonstração de amor ao clube.”

Ainda em meados dos anos 40, Peneluppi foi eleito por duas vezes presidente da Associação Comercial de São José, onde atuou na defesa da construção de uma sede para entidade.

Em 24 de novembro de 1967, morre em razão de um derrame, depois de um dia extenso de trabalho.

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Wagner Ribeiro – São José dos Campos Antigamente

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