São José não é mais a mesma cidade dos tempos em que conheci o médico, artista plástico e político Oswaldo Martins Toledo, um importante referencial de minha adolescência. A cidade cresceu, urbanizou-se e dispersou as pessoas, dificultando a comunicação entre elas. Há tempos não conversava com o Dr. Toledo e fiquei sabendo de sua morte com o anúncio da Missa de 7° Dia.

Conheci o seu trabalho científico, tal qual o outro Oswaldo, o Cruz, defendendo a saúde pública e comprovando a endemia que contaminava os plantadores de arroz da várzea do Rio Paraíba, a esquistossomose, a doença do caramujo (Schitosoma Mansoni). Depois, como vereador, lutando como um Louis Pasteur pela pasteurização do leite, perigosamente consumido “in natura” pela população da estância climática. Sempre dedicado à saúde pública: Dispensário de Tuberculose, SAMDU, INPS.

Certa feita, o Dr. Toledo involuntariamente colaborou com um episódio do folclore político da cidade. O funcionário José Rubens Barbosa registrava as intervenções dos vereadores levando o microfone do gravador até eles. Não resistiu a uma intervenção do vereador Benedito Alves da Silva e caiu na risada. Contagiou a todos os demais funcionários. Dr. Toledo, então Presidente da Câmara, prontamente repreendeu: “Silêncio! É proibido dar risada de vereador!” A coluna “Mosaico” da revista “Visão” noticiou, no entanto, que em São José, o Presidente da Câmara havia baixado uma Portaria proibindo os funcionários de dar risada dos vereadores. Foi uma gargalhada nacional…

Mais tarde ficamos amigos e lembro com saudades dos saraus em sua acolhedora casa da rua 7 de setembro. As conversas infindáveis com o paisagista Gregório Gurevich e o jornalista Jorge Lemes. Lá cometemos até uma parceria (ele já estava dedicado às artes e à cultura, prenunciando o grande artista plástico que foi), resultando num “sambinha” (letra dele e melodia minha) que a cantora Cidinha Gonçalves, esposa do não menos saudoso Álvaro Gonçalves, radialista que também participava dos saraus, defendeu com galhardia no 2° Sabiá de Ouro, em 1970.
Missão cumprida, Dr. Toledo! (2005)
Luiz Paulo Costa – Jornalista

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