O Amor de Altino Bondesan por São José dos Campos

Este é um discurso feito por Altino Bondesan no plenário da Câmara Municipal. Infelizmente não há uma identificação, deixando apenas a suposição de que possa ter sido durante alguma entrega de honraria em 1985, já que ele chegou aqui em 1935 e ele se refere aos “últimos 50 anos” e cita o prefeito Robson Marinho como último administrador municipal a agradecer.

Senhores. Grato sou à esta Casa de leis, particularmente ao Vereador Jairo Pintos, por esta honraria. Julgo porém deva ela estender a todos dos quantos, nos últimos cinquenta anos, amaram esta cidade e trabalharam pelo seu desenvolvimento.

A cidadezinha da “Rua Vilaça, cheia de graça” imperceptivelmente se fez a metrópole do hoje. Primeiro foi a Estância Hidromineral e obras de infraestruturas, como tratamento de água, de esgotos, profilaxia e higiene. As classes se organizavam: Associação Comercial, Cooperativa de Laticínios, Liga de Assistência Social e Associação a Empregados no Comércio, que veio a ser o primeiro sindicato da região.

Chegou o CTA, com seus Institutos. A vinda dos primeiros alunos do ITA coincidia com a inauguração da Dutra o da Variante do Parateí, Justamente quando a primeira multinacional aqui se instalava, E tudo foi tão rápido, como num sonho. Faculdade de Direito, ETEP, Faculdade de Odontologia… A “Bela Adormecida”, de oito mil habitantes na zona urbana, vinha a despertar como a CAPITAL DO VALE DO PARAÍBA.

Sonho ou realidade, aqui temos São José da era espacial, com o INPE a AVIBRÁS, a ENGESA, A TECNASA, A AEROTEC e, estrela do múltiplos brilhos, a EMBRAER, que leva, em suas asas, a todos os céus, a Bandeira Nacional.

A quem devemos tudo isso? A um pugilo de cidadãos prestante cujos nomes encheram páginas e páginas. Homens que esqueciam divergências, sacrificaram interesses pessoais, sempre que o progresso de São José exigia o esforço comunitário. Citaremos alguns nomes, desses que deveriam hoje ser “medalhados” Médicos: Dória e Nélson; advogado: Barbosa Pereira e Pontes; comerciantes: Rachid e João Lopes Simões; farmacêuticos: D. Genésia e Moraes Lopes; construtores: De Finis e Carnovalli; lavradores: Lico Pinto e Sinésio; pecuaristas: Donatinho João Carioca; alto comércio: Diamante e Saul Vieira; dentistas: Strauss e Messias; esportistas: Lineu e Dr. Florence; atletas: Edwar e Cini; Jornalistas: Napoleão, Gonide e Nenê Cursino; poetas: Roberto Wagner e Hélio Pinto Ferreira; escritores: Renart e Ottoboni; raddialistas: Álvaro e Leito; representantes: Antônio de Paula Ferreira e Possidônio; vereadores: Pedro David e Manoel Costa; padres: Fortunato e João Marcondes; educadores: José Vieira Macedo e Domingos Macedo Custódio; oftalmologistas: Raul Camargo Viana e S. Shinzato; cartorários: Antônio dos Santos e Pedro Salgado; fundadores de Escolas: Everardo Miranda Passos e Luiz Azevedo Castro; tribanos: Orlando Campos e Onadir Marcondes; imprensa diária: Edwar Simões e Joacir Bega; culturas: Luiz G. Guimarães Pinheiro e Aparecida Madureira Ramos; musicistas populares: Walter Ovalle o Bem Costa; amadores de teatro: Miro Cursino e Machadinho; cultores do teatro: Solon Faleck e Genaro T. Guerreiro; industriais: Olivo Gomes e Mário Weiss; beneméritos: Remo Cesaroni e Nica Veneziana.

Senhores, longa iria a lista. Que se excusem nas omissões.

A essas pessoas, nossas homenagens, incluindo aqui os grandes Prefeitos de São José: Francisco José Longo, Pedro Popini Mascarenhas, Benoit de Almeida Victoretti e Elmano Ferreira Veloso, no passado, e atualmente José Marcondes, Sobral, Ednardo, Bevilacqua, Robson Marinho.

São José é produto do esforço de cada um e da obra conjunta de tantos e tantos, alguns adormecidos para sempre, mas vivendo em nossa saudade e na nossa gratidão.

Gratidão… É este orador quem agradece a São José, a este clima, a esta gente, a esta beleza de cidade, tanta ventura que aqui desfrutamos. Obrigado, São José!

Direi, com Martins Fontes, referindo-me a esta cidade, o que elo dizia do São Paulo, parafraseando Alcântara Machado:

Por ela vivo num perpétuo enlevo
E, incapaz de servi-la quanto devo,
Quero, ao menos, amá-la quanto posso.

Aqui termino o discurso, mas há a poesia. É coisa que fiz enfileirando nomes que povoaram São José de meio século passado, cruzando nossa Rua Direita, a rua principal, a rua de Deus;

Rua 15

Rua 15, Rua 15
Dos tempos do Bueninho,
do Moraes, do Bar Camargo,
Dos Irmãos Bráulio de Melo,
Rua 15, onde andarás?

Onde está Manoel Ricardo,
Poeta dos seus oitenta,
Compondo versos suaves,
Qual um jovem de vinte anos?

Onde o velho Hotel Rio Branco,
O Cine-Teatro pulguento,
O barzinho Guarani,
O seu parceiro, Paulista,
Ruína de tanto dono?

Onde a boa roda amiga
Da porta do Klaxon Clube;
Doutor Dória, seu Trindade,
Cerdeira, Lopes Frediano,
Seu Macedo, Candelária,
Everardo, Rosenberg,
Os Becker, Mauro, Maurício,
Lebrão, Danilo, Martins?

Rua 15, Rua 15
De moças lindas, de fato:
Bernadete – uma rainha
Ruth, Bebé, Lourdes, Cecília,
Zica, Tereza, Doly
E outras que nem lembro mais?

Rua 15, Rua 15,
Durval Cruz – o jornalista,
Matarazzo – o da pensão,
Rossi – o da padaria,
Léo – motorista famoso,
Nenê, Miro, Nunes, Max…
Rua 15, onde andarás?

Ficou tudo no passado…
E os meus vinte anos ficaram
-Vagando na Rua 15…

Rua 15 dos vinte anos,
Rua 15, onde andarás?

Altino Bondesan

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