Uma veneração cultural pelos mortos sempre existiu em todos os tempos, e em todas as religiões e seitas.
As homenagens da saudade e do respeito aos que transpuseram os marcos do além-túmulo, é um preceito religiosamente observado por todos os povos, desde os primórdios do universo; pratica essa, imperativamente virtuosa, que continuará até a extinção dos séculos, como um preito da lembrança inesquecível d’aqueles que já se foram.
Privadamente no seu âmbito, a igreja católica impõe como uma obrigação iniludível de consciência, a pratica ou antes o respeito homenagioso pelos entes que transpuseram os umbrais da eternidade.
Diante, pois, das manifestações do maior respeito, em todos os tempos, devotado às cinzas dos mortos, nós que, naturalmente não podíamos dessentir de tão alevantado modo de pensar, achamo-nos a vontade, para entrarmos no assunto que vamos tratar nas linhas que se seguem: A velha necrópole, onde dorme o sonho derradeiro, uma geração toda, é atualmente quase inacessível aos que procuram prestar uma obra de caridade cristã, visitando o seu recinto e ali praticando os atos recomendados pela religião.
Encontra-se ela fechada por altos muros com uma única entrada pela capela de São Miguel. Acresce que a vegetação ali é exuberante, de maneira que não se pode distinguir os raros túmulos que a devastação do tempo tem poupado.
Nestas condições, como um meio eficaz de dar mais condigno destino nos restos mortais dos que se acham sepultados no cemitério velho, lembramos a Câmara Municipal, á cuja frente se encontra um homem da estátua do cel. José Monteiro, que mande construir um ossário para nele serem depositados os despojos d’aqueles que ali repousam das fadigas deste mundo.
Felizes ficaremos se, como esperamos, nossas palavras produzirem alguma coisa, concorrente para a perpetuação do culto nos mortos, o que é praticado por todos os povos.
A medida por nós aventada, deve ser posta em prática, mandando-se construir o ossário no atual cemitério para onde se farão a transladação dos despojos existentes no velho campo santo; cujo terreno a municipalidade poderá aproveitar para qualquer mister.
Ali deixamos a lembrança…
Jornal O Caixeiro, 30 de março 1905
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