Neste 7 de fevereiro transcorre mais um aniversário de nascimento do Prefeito Elmano Ferreira Veloso, que governou a cidade em quatro oportunidades (duas nomeado e duas eleito). Veloso faleceu em 14 de janeiro de 1981 e estaria completando 98 anos. De 1949 a 1970, intercalando mais de 12 anos como Prefeito, Veloso foi peça fundamental na fixação de São José dos Campos como polo tecnológico e industrial. Do CTA à Petrobras, da General Motors ao INPE, quase tudo no período teve o seu apoio incondicional, com uma visão de seu tempo e do futuro, vislumbrando a importância que uma cidade com tal potencial poderia representar para a sua população e para o País.
Pelo tempo em que administrou a cidade, a realização de incontáveis obras físicas seria até natural. A grande marca, no entanto, que ficou de Veloso foi a da geração e implantação de uma cultura de planejamento, que permitiu ao município enfrentar os desafios de um vertiginoso crescimento econômico e demográfico sem perder a perspectiva e a dimensão do ser humano. Veloso dotou a cidade do primeiro Plano Diretor de que se tem notícia no interior do País, em 1961, elaborado pelo Centro de Pesquisa e Estudos Urbanísticos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. E do mais completo e bem elaborado Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado dentre as cidades brasileiras, em 1969, realizado pela Serete S/A Engenharia, SD Consultoria de Planejamento Ltda. e Jorge Wilheim e Arquitetos Associados.
Elmano Ferreira Veloso antecipou-se à responsabilidade fiscal, cultuada nos tempos atuais, de não se gastar mais do que se arrecada, administrando as finanças públicas com austeridade e competência. Antecedeu-se também à responsabilidade social de investir em educação, criando o Departamento Municipal de Educação para o ensino fundamental. Instalou os primeiros cursos de ensino superior (Direito, Economia, Serviço Social, Engenharia, Odontologia, Arquitetura e Urbanismo, etc.), além de implantar estruturas avançadas nas áreas de cultura e esportes com o Conselho Municipal de Cultura e o Departamento Municipal de Educação Física e Esportes.
Carioca de Vila Isabel e torcedor do América do Rio de Janeiro, Veloso veio para São José dos Campos na década de 30 para tratar da saúde. Contemporâneo de Noel Rosa, com o irmão mais velho, Genaro, um exímio violonista, aprendeu a arte do violão. Na cidade já chegou como Coletor Estadual e Fiscal de Rendas do Estado. Casado com dna. Arinda, teve dois filhos, Jardel e Maurício Ney Conceição Veloso. Com o falecimento de sua primeira esposa, em 1950, contraiu núpcias com da Aída Monteiro de Castro com quem teve duas filhas: Maria Amélia e Maria Adelaide de Castro Veloso.
Foi nomeado Prefeito Sanitário de São José dos Campos nos períodos de 1949/1950 e de 1953/1956, por atos dos governadores Adhemar Pereira de Barros e Lucas Nogueira Garcez, mantido pelo governador Jânio da Silva Quadros. Com a autonomia política, elegeu-se para os períodos de 1958/1961 e 1966/1970. Com a perda da autonomia política, em fevereiro de 1970 passou o cargo ao Prefeito nomeado Sérgio Sobral de Oliveira, um ano antes de completar o seu mandato eletivo.
Veloso aliava a uma extraordinária capacidade administrativa e visão de futuro a sensibilidade do músico popular: compositor e solista de violão, promovia saraus e serenatas, principalmente com seus colegas de trabalho Walter Ovalle (cavaquinho) e Bem Costa (violão). Constituindo o conjunto musical “Seresteiros ao Luar”, ao deixar a Prefeitura em 1970, manteve por vários anos programa nas Rádios Clube e Piratininga. Embora voltado ao público joseense, o “Seresteiros ao Luar” chegou a se apresentar no programa “Almoço com as Estrelas”, do casal Airton e Lolita Rodrigues, na TV Tupi, Canal 4, em São Paulo.
Agora, após três décadas, através de fitas magnéticas guardadas por familiares, estão sendo recuperadas algumas gravações radiofônicas de Veloso acompanhado pelo “Seresteiros ao Luar”. A Prefeitura Municipal e a Fundação Cultural Cassiano Ricardo estão registrando este acervo no CD “Seresteiros ao Luar com o Prefeito – Seresteiro Elmano Ferreira Veloso”. Um outro CD vem sendo preparado nos estúdios de som da Fundação Cultural Cassiano Ricardo com execução instrumental atual de choros, valsas, tangos e fox-trottes que Veloso compunha e tocava de ouvido.
A “Sala Veloso”, marco do movimento cultural joseense de 1967 a 1992, através de decreto do prefeito Emanuel Fernandes, voltou no final do ano passado à Praça Afonso Pena, agora denominando o auditório da antiga Câmara Municipal, no Espaço Mário Covas. Mais do que tudo, no entanto, é preciso que a sociedade joseense seja despertada para a necessidade de se comemorar em 7 de fevereiro de 2006, o Centenário de nascimento do Prefeito-Seresteiro Elmano Ferreira Veloso, como indispensável reconhecimento e tributo a quem muito fez por esta grande cidade e por sua gente. (2004)
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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