Lembro-me bem dos comícios do Adhemar de Barros: “Povo de São José dos Campos! Meus correligionários! Eu e Leonor…” Eu achava ele parecido com o Gordo da dupla Gordo e o Magro do cinema. Como candidato a governador do Estado, senador ou presidente da República, ele vinha a cidade e depois do comício na Praça da Matriz descia a pé pela Rua 15 de Novembro e entrava na casa (um sobrado até hoje existente) do Alípio Viana, presidente do seu partido, o PSP (Partido Social Progressista), para atender os correligionários.
Consta que certa vez um desarranjo intestinal obrigou Adhemar de Barros a atender os correligionários para despachar sentado no vaso sanitário! Abriu a porta do banheiro e foi chamando um a um: “Vai logo dizendo o que você quer que eu não tenho tempo a perder!”.
Da casa do Alípio Viana seguia até o Jardim da Preguiça (Praça Cônego Lima), onde ficava a casa do amigo lusitano João Lopes Simões, gerente do Banco Mercantil, do banqueiro Gastão Vidigal. Lembro que uma vez ele veio com sua esposa, da Leonor Mendes de Barros. A casa do João Lopes Simões ficava em cima da agência bancária, subindo por uma estreita escada. Ele e da Leonor, bastantes robustos, empurrados por uma pequena multidão, enroscaram no início da escada. Entalados não conseguiam subir a escada. Adhemar não teve dúvidas, afastou-se e desferiu uma palmada na região glútea de da Leonor: “Sobe, Leonor!”. E foi só gargalhadas, principalmente das crianças, com a cena de filme pastelão!
Quando governador do Estado, Adhemar Pereira de Barros foi agraciado com o título de “Cidadão Joseense” e veio recebê-lo após deixar o cargo, em sessão solene da Câmara de Vereadores, que se realizou no salão de festas da Associação Esportiva São José, na Praça da Matriz. O Presidente da Câmara chamou o Vereador autor da honraria e este tirou do bolso um punhado de folhas manuscritas, que passou a ler. Só a leitura do nome das autoridades presentes levou de 10 a 15 minutos. Adhemar cada vez mais inquieto e com o narigão cada vez mais vermelho, se impacientava. Lá pelas tantas, não aguentou, tomou o papelucho das mãos do orador: “Deixa que eu vou ler em casa!” E acabou com os discursos da cerimônia de entrega do título de cidadania…
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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