Pedro Bala

Durante alguns anos, em minha infância, o domingo era ansiosamente esperado. Por mim e por vários amigos, entre eles os Friggi (Dêgo, Zé Lauro, Fernandinho, Jairo), Zé René, Jordão e outros residentes ou frequentadores do “Bairro Chinês”, na região da Rua Antônio Saes (antigo campo do EC São José). É que o Dêgo (Hermínio José Friggi) comprou um jogo de camisas verde e branco na Casa Confiança, do José Elhage, na rua Siqueira Campos, e formou a equipe do “Palmerinha”. E no domingo de manhã invariavelmente o “Palmerinha” enfrentava o “Corinthinha” do Jardim Paulista. E lá íamos nós, atravessando descalços o córrego do Lavapés, em direção ao planalto do Jardim Paulista para jogar contra o time do Pedro Bala (apelido que ganhou por distribuir balas da Padaria do seu pai, o Zezão, para a criançada), Pato, Fidélis, Clélio, Vagalume, Pastoleiro e tantos outros. Os jogos eram equilibrados. As vitórias se alternavam. E apesar do apelido de “Jardim Paulada”, nunca saiu briga que alguém não conseguisse apartar. E assim passei boa parte de minha infância. Até que um pênalti perdido no infantil do EC São José acabou com meu sonho de ser um craque do futebol! Voltei a conviver com o Pedro Bala Celestino de Freitas como colega Vereador em duas legislaturas (1983 a 1992). E como na infância em partidos diferentes. Ele na ARENA e eu no MDB. Mas como na infância nunca houve uma desavença que alguém não pudesse apartar antes das vias de fato. E nossa amizade foi assim construída, na adversidade, na controvérsia, na divergência. E por esta razão nos permitíamos até críticas contundentes, embora sempre bem humoradas. Na defesa de nossos pontos de vista e do interesse fornecido público.

A perda de Pedro Bala em 1992, sem dúvida alguma, abalou a cidade. Uma vida inteira dedicada ao esporte, ao carnaval, à administração pública e à política. Lembro-me dos inúmeros debates que mantivemos no plenário da Câmara Municipal. E sempre que se tornavam mais acalorados, dizia ao Pedro Bala: “Volte, Pedro, a ser aquele menino pés descalços, que distribuía balas para a criançada, no planalto do Jardim Paulista!” E os ânimos se apaziguavam.
Luiz Paulo Costa – Jornalista

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