Procura-se Aurora

Algo não muito difícil de acontecer na nossa sociedade é o apagamento de antepassados. Principalmente se não foram figuras ricas e famosas. Pior ainda é se foram parar nos antigos leprosários ou manicômios. Parece ser este o caso de Aurora Cursino dos Santos, cidadã legítima de São José dos Campos.

(imagem: Alice Brill/ Instituto Moreira Salles)

Dentre os poucos registros conhecidos nos chega a notícia que teria casado obrigada por seu pai, o comerciante Pedro Cursino dos Santos, com um homem cujo nome permanece desconhecido. Infeliz com aquela situação, teria fugido no primeiro dia de casamento e rumado ao Rio de Janeiro, a partir de onde percorreu longa trajetória, primeiro para a Europa, depois para São Paulo, até ser enviada para Franco da Rocha.

Seu nome está espalhado por vários lugares e até os dias de hoje nenhum parente direto ou indireto se manifestou. Internada no Manicômio do Juquery, foi uma das mais proeminentes artistas plásticas no contexto da arteterapia do hospital. Seus quadros foram expostos em vários locais, mesmo enquanto ela ainda vivia. Talvez tenha produzido mais de uma centena de obras. Foi fotografada pela renomada Alice Brill, em uma das exposições que contavam com suas obras, que chegaram até Paris.

Obra sem título retrata a relação com o compositor Zequinha de Abreu: Foto: Museu de Arte Osório Cesar
“A Brazileira”: foto de Gisele Ottoboni/Prefeitura de Franco da Rocha
Capa do livro Aurora- Memórias e Delírios de uma Mulher da Vida. Foto: Editorial Veneta
Autoretrato (sem data) – óleo sobre papel 50×32,5 cm

Nascida em 06 de março de 1896 e falecida em 30 de outubro de 1959, as obras de Aurora permanecem expostas no MAOC (Museu de Arte Osório César), dentro do Complexo Hospitalar do Juquery. Por diversas vezes seus quadros são emprestados para mostras de arte fora deste espaço, que abriga também produções de outros internos.

A historiadora Silvana Jeha (PUC-RJ), juntamente com o psicanalista Joel Birman, lançou o livro “Aurora: Memórias e Delírios de uma mulher da vida”, pela Editora Veneta como trabalho de seu pós doutorado, analisando boa parte das pinceladas da artista.

A Cia. De Teatro Juquery encena há três anos consecutivos a peça “Filhos do Juquery”, onde Aurora é uma das personagens interpretada por mais de uma atriz: na sua juventude e na idade madura.

Com tamanha exposição, é de se espantar que nenhum parente jamais tenha se manifestado. Apesar do prontuário médico de Aurora ter se perdido no incêndio do prédio da administração do Juquery em 2005, sua certidão de nascimento foi facilmente localizada junto ao Primeiro Cartório de Registro Civil de São José dos Campos, confirmando como pai Pedro Cursino dos Santos, mãe Benedicta Maria de Jesus, avós paternos Miguel Cursino dos Santos e Manuela Maria de Jesus e avós maternos Antônio Pinto do Rego Saes e Maria Saes.

Esperamos encontrar alguém que possua parentesco direto ou indireto com Aurora.

Alessandra Fahl Cordeiro Gurgel – Bacharel em História pela PUC-SP

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