O professor Francisco de Assis Rímoli faleceu na quarta feira, 15 de junho de 2022.
Segue abaixo um relato sobre seu histórico, feito por seu filho Flávio Rímoli:
Meu querido pai,
Nasceu em janeiro de 1929, mineiro, de Muzambinho, foi registrado 4 meses depois em Mocóca, virou paulista, e depois foi honrado como cidadão Joseense pela Câmara Municipal.
Nasceu Quico, como chamado na infância. No mineirez era Quiiico, como sempre ouvi as minhas tias chamá-lo. No seminário, no Rio Grande do Sul, aos 13 anos, ficou referendado como Francisco, nome mais litúrgico que Quico, foi só então quando soube que não era mineiro. No seminário tornou-se Frei: Florentino. Mudou-se para São Paulo, onde morava em Republica com o irmão mais velho e dois amigos, lá casou e se formou em letras, na USP.
Logo depois, é que começa a minha história de convívio com o meu querido pai. Nesta época ele já era Rímoli, que se tornou o conhecido e reconhecido professor Rímoli. Durante muitos e muitos anos não tive nome, eu fui com muito orgulho o filho do professor Rímoli.
No início dos anos 60 viemos morar em São José dos Campos, meu pai veio dar aulas no colégio Santana.
Algumas lembranças: dando aula em dois colégios, um estadual, João Cursino, e outro particular, Olavo Bilac, era das 7 ás 12, das 13 ás 18 e 19 as 23, isto de segunda a sexta, pois aos sábados era só de manhã e à tarde. Domingo dia de corrigir provas e preparar aulas, mas sobrava tempo para a família; me lembro de termos jogado pião, futebol de botão e bola de gude.
Todos os anos meu pai era convidado para ser paraninfo ou patrono de turmas que se formavam. Isto era um enorme reconhecimento.
Nunca foi de levantar a voz, mas seu silêncio e sua cara de quem não gostou era pior que isto.
No final dos anos 60 fez faculdade de direito na USP enquanto continuava dando aula. Terminou o curso aqui na Faculdade de Direito de São José dos Campos, tornando-se Dr. Rímoli. Não exerceu a nova profissão, creio que também teria sido um excelente advogado. Mas o filho e a neta seguiram a sua carreira jurídica.
Nos anos 70 passou a dar aula na FATEC, em São Paulo, no ITA, e na Faculdade de Letras de São José. Nestes anos também fez mestrado em literatura na PUC e depois doutorado na USP. Também foi diretor da faculdade de Letras de São José dos Campos, onde conquistou grandes amizades, que perduraram por toda sua vida.
Sempre foi rigoroso como professor, ele reprovava alunos por um décimo. Os que não estudavam ou não se dedicavam, não gostavam muito dele. Uma aluna sua, uma vez me disse: seu pai era muito rigoroso, mas me ensinou a estudar e a pensar. E ele foi sempre assim: muito querido e respeitado. Foi professor de pelo menos três gerações.
Nos anos 80 aposentou-se no João Cursino. Depois nos anos 90 na Fatec.
No começo do novo século aposentou-se na Faculdade de letras de São José dos Campos.
Desde que se aposentou da Faculdade de Letras coordenou a Segunda Produtiva, um grupo de amigos e amantes da literatura brasileira e portuguesa que estudavam e se reuniam para discutir obras literárias. Também, tornou-se um imortal da Academia Joseense de Letras, cadeira 01, cujo patrono é Cassiano Ricardo.
Meu querido pai, quanta paixão pelo que fez, quanta honra, dedicação, amor e amizade. Foi mais do que professor, foi um educador, moldador de caráter, exemplo e reflexão para muitos.
Meu pai, meu parceiro durante todo tempo em que vivemos juntos.
Obrigado e que descanse em paz após 93 anos.”
Flávio Rímoli (filho)
O relato a seguir é de uma de suas alunas, Suely Soares Nogueira.
Triste estamos. O sopro apagou uma chama!
Faleceu hoje o Professor de Português Francisco de Assis Rímoli do IE João Cursino.
Foi Paraninfo da Turma Normal 66.
Aprendemos com ele amar a Língua Portuguesa e a riqueza da Literatura.
Inteligente, charmoso e sempre revelou um grande carinho pela turma Normalistas 66. Sempre presente em todas as comemorações de turma, continuou o carinho. Ainda nos reunimos pouco antes do início da Pandemia e muitas lembranças do tempo acadêmico pudemos trocar. Ele me perguntou:
– Suely ainda tem guardada aquela redação que dei um tema livre e você escreveu:
Eu Sou Um Túmulo? Jamais esqueci, tinha uma riqueza de detalhes e se tiver gostaria de reler. Que ideia foi aquela?
Disse: – Ah sim, aquela que me deu um grande susto, porque estava escrito em letras garrafais em vermelho na minha folha de papel almaço: MONSTRA!!! Pensei que havia tirado zero pela ousadia da escrita, mas fiquei feliz ao ver o 100 embaixo. Rimos muito.
Ainda perguntou: – Continua com suas rimas? Ah! nosso querido e amado professor, lembrava tão bem as várias passagens de suas alunas. Somos gratas pelos seus ensinamentos.
Morreu aos 93 anos! Teve vida longa e produtiva, pois continuou com encontros literários em sua casa …… deixou mesmo seu legado.
E hoje nós suas ex-alunas, não esquecemos e vamos declamar o que nos encantava ao declamar com seu vozeirão os sonetos de Camões:
“Alma minha gentil que te partistes
Tão cedo desta vida descontente
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste”
Siga na Luz junto ao Pai, querido professor! Reacenda a sua chama aí, junto a Deus que o recebe em seu amor infinito!
Publicações de membros do grupo SJC Antigamente:
“Alguns dos professores não sei o nome…talvez alguém aqui possa dizer. A esquerda, Luis Carlos Massuia (Geografia), essa professora não lembro, Professor Rodolfo (não lembro do que), os dois outros não lembro, e o ultimo, o querido Rímoli!” Por Maria Fioratti.
“Oi pessoal! Gentileza do meu amigo Macoto do JC71, Prof. Rímoli. Este foi o álbum que ele recebeu em uma homenagem onde recebeu também o Titulo de Cidadão Joseense. Essa foto foi tirada no nosso encontro de 37 anos de JC (37?…) em Guararema, onde também recebeu da nossa Turma uma singela homenagem. Grande Prof. Rimoli!” Por Heloisa Ribeiro.
“Grande Rímoli!!! Este sim tinha know-how… Eu fechava as matérias menos Literatura. Só no último ano fechei com ele porque aprendi a gostar de Fernando Pessoa. Era, 2,5 ou 4,5 o tempo todo (risos).” Por Francisca Ribeiro de Vasconcelos.
“Pires, Rolando, Cleonice, Ravanelli, ih esqueci o nome da Diretora, rs, Rímoli, Terezinha e Vera.” Por Francisca Ribeiro de Vasconcelos.
Como podemos ver, deixou sua marca não só no município mas nos corações dos moradores.
Veja também a matéria no site Meon.
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