Como jornalista e secretário do MDB comparecia a todas as sessões de Câmara. Lá tinha notícia e política. Às vezes era jornalista, outras vezes secretário partidário. Reunia-me sempre com a Bancada de Vereadores, o órgão de ação parlamentar. Nesta noite de 1974, os Vereadores estavam prestes a votar o projeto CURA (Comunidades Urbanas em Reurbanização Acelerada), que era apontado pelos especialistas como causador de um processo de exclusão urbana para as camadas sociais de baixa renda.
O Diretório e a Bancada de Vereadores do MDB fecharam posição contrária à aprovação do projeto de lei. Entretanto, um vereador do MDB havia faltado à sessão e não assumiu o seu substituto. O projeto poderia ser aprovado somente com os votos dos vereadores da ARENA. Encerrada a discussão, quando o projeto ia ser colocado em votação, do reservado da imprensa travei uma tremenda discussão com os vereadores da ARENA. No calor da discussão, subi numa cadeira para ficar em nível superior aos debatedores. A confusão foi total. O presidente da Câmara, vereador Mário Scholz (MDB), tocou várias vezes a campainha e não conseguindo a normalidade, deu por encerrada a sessão. Daí os vereadores da ARENA se voltaram contra ele.
O repórter fotográfico Ernesto de Souza, do jornal “Agora”, estava chegando à cidade. Sem que eu percebesse, ele flagrou o momento em que eu subi na cadeira. Os vereadores da ARENA também viram o fotógrafo do jornal. De volta à redação, contando aos demais jornalistas o que acontecera na Câmara, logo recebeu a informação de quem eu era através dos jornalistas Antônio Augusto de Oliveira, editor chefe, Suely Gonçalves, repórter, Marcos Spíndola, diagramador, etc..
Terminada a sessão legislativa, o vereador Fauze Mètene e outros invadiram a redação do jornal atrás da minha foto em cima da cadeira. Eles queriam porque queriam a fotografia. Como eles procuraram os diretores do jornal, o repórter fotográfico Ernesto de Souza, instado também pelos demais integrantes da redação, pegou o filme e velou. Porém, mesmo sem a fotografia, os vereadores da ARENA entraram com uma representação contra minha atitude, alegando crime contra a segurança nacional. Depois de processado na Delegacia Seccional de Polícia de São José, o inquérito foi encaminhado à Auditoria Militar em São Paulo.
Para encurtar a conversa: depois de ouvido o Procurador da Justiça Militar, o Juiz Auditor sentenciou pelo arquivamento e concluiu: “Subir na cadeira quando muito pode ser considerado falta de educação, nunca crime contra a segurança nacional!”
Luiz Paulo Costa – Jornalista
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