Em 1909 teve início a construção do “Theatro São José”, de propriedade do comerciante de café, Bertolino Leite Machado. Foi inaugurado em 24 de dezembro de 1910 e projetado para servir de teatro e cinema.
Seu construtor foi o Major Constanzo De Finnis, considerado o primeiro arquiteto de São José dos Campos, tendo como mestre de obras Graciano Fachini. Participaram também da construção os carpinteiros Joaquim Maia e Egídio Batista, o pedreiro José Cesário de Abreu e o servente de pedreiro Egídio Pinto.
Durante as décadas de 10 e 20 o “Theatro São José” foi o centro da vida cultural da cidade. Importantes companhias dramáticas e de comédias ali se apresentaram, dentre elas a Companhia Santos Silva, de Portugal e a companhia Brasileira de Comédias.
No carnaval eram realizados grandes bailes a fantasia e, para isso, as poltronas de seu interior eram retiradas a fim de possibilitar que os foliões se divertissem atirando serpentinas e confetes nos camarotes.
As seções de cinema eram muito frequentadas, principalmente para assistir as chamadas “fitas em série”, tais como o Trem Fantasma, O Navio Pirata e a Cabana do Pai Tomás.
Em 1934, a Prefeitura Municipal adquiriu o edifício e posteriormente, em 1941, foi realizada uma reforma para abrigar a sede da Prefeitura. A partir de 1948 a Câmara Municipal também passou a funcionar no edifício, ocupando-o até 1967, quando foi transferida para outro edifício na Rua XV de Novembro.
No final da década de 70, com a construção do novo Paço Municipal, a sede da prefeitura foi transferida e o edifício passou a ser ocupado pela Biblioteca Pública e por outras repartições municipais, tais como o arquivo geral da prefeitura, a Fundação de Apoio ao Estudante, Artesanato da Unipas e a Zona Azul.
No ano de 1986, após a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Comphac) e a legislação municipal de patrimônio, o edifício foi preservado por lei municipal como Elemento de Preservação Nível 1 (EP-1), preservando-o em sua totalidade. Em 1994 foi aprovada pela Câmara Municipal a mudança de classificação do edifício para EP-2, permitindo assim modificações, desde que as características básicas fossem preservadas e as alterações fossem aprovadas pelo Comphac.
Com essa modificação na classificação, foi implementada a proposta de restauração do edifício, elaborado sob orientação do Departamento de Patrimônio Histórico. O projeto de restauro previu a reconstituição das características espaciais do edifício original, desfiguradas por improvisadas intervenções realizadas durante o tempo, e ofereceu condições adequadas de funcionamento da Biblioteca Pública Cassiano Ricardo.
A proposta adotada pelo projeto de restauro procurou conciliar as características originais do edifício do teatro, reconstituindo a sua majestosa proporção interna, com os partidos clássicos empregados nas construções das bibliotecas públicas no final do século XIX. As obras de restauro e ampliação foram concluídas em dezembro de 1996.
O edifício do antigo “Theatro São José” apresentava uma tipologia arquitetônica com setores bem definidos, tais como foyer, plateia, camarotes, boca de cena, palco e as galerias, estas sobrepostas em três níveis.
O edifício, situado numa esquina, tinha uma monumentalidade própria com a fachada principal voltada para a antiga Rua do Fogo (Rua XV de Novembro) e a fachada lateral direita para a Rua do Teatro (Rua Sebastião Humel).
Construído a partir da alvenaria de tijolos, sua cobertura original era composta de quatro águas, com estrutura de madeira e telhas de barro tipo francesa.
De características ecléticas, apresenta vários elementos decorativos em suas fachadas, propondo uma conciliação de estilos, onde destacam-se as referências ao barroco. Sua volumetria é marcada pelo ritmo obtido por cornijas, falsa cantaria (pilares do canto) e pilares intermediários, feitos em argamassa e encimados por capitéis estilizados a partir da ordem jônica. A fachada principal ostenta uma sacada que serve como marquise para o conjunto de portas.
Concentrando na platibanda o maior número de ornamentos, possui pináculos nos cantos, pontuando os extremos do edifício. Possui frontões circulares nas laterais e na fachada principal, sendo dois laterais e um central, maior e em arco pleno. Tem como tema uma concha estilizada muito característica na ornamentação barroca e renascentista.
A sua disposição interna original foi destruída por ocasião da construção de uma laje de concreto armado que subdividiu o espaço interno em dois pisos. O antigo foyer permaneceu abrigando o saguão de entrada; no piso superior a laje de concreto foi mantida.
O projeto de restauro e adaptação realizado no edifício em 1996, reconstituiu o espaço da antiga plateia, demolindo-se a laje de concreto que existia, configurando novamente um único espaço, ladeado por três galerias sobrepostas, onde estão as estantes de livros. Configura-se uma leve e elegante estrutura em aço, relembrando as antigas galerias dos camarotes de madeira. Não há como deixar de reconhecer que as duas tipologias, a biblioteca e o teatro, mantêm familiaridades na ordem de seu principal ambiente interno.
Ao reconstituir sua proporção interna, a proposta de adaptação procurou conciliar as características arquitetônicas originais do antigo teatro, com o partido clássico empregado nas construções das bibliotecas públicas do final do século XIX, inspirando-se, sobretudo, nos modelos formulados pelo arquiteto Henry Labroustre em seus projetos para a Biblioteca de Sainte-Genevière e a Biblioteca Nacional, edificadas em Paris na segunda metade do século XIX.
Localização por foto aérea
Desenho detalhando o Theatro São José
Vídeo
Abaixo um carrossel com 58 fotos externas e internas do Theatro, atual Biblioteca Pública Cassiano Ricardo
(passe as imagens para as laterais esquerda ou direita)
Endereço: Rua XV de Novembro, n°99, Centro
Veja abaixo outras duas publicações sobre o Theatro São José
Denominação: “Theatro São José”.
Localização: Rua XV de Novembro, n°99, Centro.
Uso Original: Teatro.
Uso em 2005: Biblioteca Pública “Cassiano Ricardo”.
Área construída: 372,57 m2.
Construção: 1909.
Autor do Projeto: Desconhecido.
Construtores: Major Constanzo De Finis e Graciano Fachini.
Preservação: Instrumento Legal conforme Legislação Municipal de Patrimônio: Lei n°4.567/94, de 12 de maio de 1994.
Categoria de Preservação conforme Legislação Municipal de Patrimônio: EP-2.
Restauro: 1996 – Projeto e restauro elaborado sob a orientação do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.
Texto, fotos e computação gráfica realizados pelo arquiteto e professor Fabio de Almeida para o projeto “Patrimônio Arquitetônico de São José dos Campos” por meio da Lei Complementar 094/93 de 13/12/93, do Município de São José dos Campos-SP, no ano de 2005.
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Fotos e textos complementares reunidos por Wagner Ribeiro.
Traga sua história para ser contada!
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Wagner Ribeiro… acredite, o professor Edison Braga trabalhou no restauro e reprodução dos pináculos, óculos, frontão e colunas proposta na restauração da fachada. E eu, Edie Braga, trabalhei como desenhista projetista da empresa de projetos na época (Sistemas Engenharia) responsável pelos projetos estruturais e instalações. O autor do projeto de restauração foi o arquiteto Guilherme Motta.
Parabéns Wagner…..mais uma super história contada….vc é muito bom nisso !!